Governo americano afasta críticos do Presidente Trump A cúpula do Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos pediu demissão, nesta quarta-feira (27), por causa da política de vacinação da Casa Branca. Já um grupo de funcionários da agência federal de desastres foi afastado após assinar uma carta com críticas ao presidente Donald Trump. Na carta, os funcionários alertaram que o funcionamento da agência estava em risco, deixando o país despreparado para enfrentar emergências, como a tragédia do furacão Katrina, que devastou Nova Orleans 20 anos atrás. Criticaram a perda de autonomia, a falta de qualificação de quem está no comando da FEMA, o corte de recursos e programas, e a demissão de servidores. Eles terminaram a carta pedindo aos parlamentares proteção contra demissões politicamente motivadas. A carta encaminhada ao Congresso americano tinha 191 assinaturas, mas só 35 incluíram o nome completo. A grande maioria preferiu preservar a identidade, com medo de uma retaliação. E ela veio. Muitos dos que se identificaram publicamente receberam um e-mail na noite de terça-feira (26) da Agência Federal de Gestão de Emergências – a FEMA – informando que estavam sendo colocados em licença administrativa remunerada, “com efeito imediato e até novo aviso”, sem explicar o motivo. A retaliação aos funcionários da FEMA não é um capítulo isolado no segundo mandato de Donald Trump. Desde que tomou posse, o presidente tem assinando medidas para aumenta a ingerência dele sobre agências, esvaziando funções de muitas delas e testando os limites do poder presidencial. Os questionamentos chegaram à Suprema Corte, que, em julho, deu sinal verde para que a Casa Branca seguisse com a reestruturação das agências. Trump demitiu cerca de 600 funcionários do Serviço Nacional de Meteorologia, bem em um ano marcado por tempestades, como a que deixou mais de 130 mortos no Texas, em julho. Trump também fechou a USAID, onde 10 mil funcionários levavam ajuda humanitária e programas de desenvolvimento a outros países. Colocou na rua um terço dos servidores do Departamento de Educação, 3,5 mil da Agência de Vigilância Sanitária – que aprova vacinas e dá diretrizes sobre alimentos e remédios – e demitiu mais de 1,6 mil no Centro de Controle e Prevenção de Doenças. Nesta quarta-feira (27), a diretora da agência, Susan Monarez, pediu para sair. Ela bateu de frente com o secretário de Saúde, Robert Kennedy Junior, conhecido por sua posição contra as vacinas que, nesta quarta-feira (27), restringiu a aplicação das vacinas de Covid. Depois dela, três outros diretores do CDC também pediram demissão. Um deles, responsável pelo setor de imunização e doenças respiratórias, declarou que não podia mais aceitar o uso político da saúde pública. Quem desagradar ao presidente também está em risco. Foi assim com a chefe do Escritório de Estatística do Trabalho, demitida porque os dados fracos de emprego frustraram Trump. Na terça-feira (26), foi a vez de Lissa Cook, do Conselho Diretor do Banco Central, numa forma de pressionar o Fed a baixar juros – medida que, mais uma vez, foi parar na Justiça. Agência federal de desastres dos EUA afasta funcionários que assinaram carta com críticas ao presidente Donald Trump Reprodução/TV Globo