Pré-candidato ao Senado, Derrite critica governo Lula por segurança e diz que oposição precisa de maioria na Casa

O secretário de Segurança de São Paulo, Guilherme Derrite (PP), fez críticas ao governo Lula durante ida ao Congresso nesta terça-feira, onde participou de uma sessão da Comissão Especial sobre Competências Federativas do setor. Tido como nome certo para concorrer ao Senado por São Paulo no ano que vem, com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro, Derrite não poupou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública encampada pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. Segundo o secretário, o governo quer "engessar estados, enquanto faz repasses irrisórios para as unidades federativas". A PEC da Segurança foi aprovada em julho pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, mas ainda não foi analisada pelo plenário da Casa. De acordo com o relator da PEC, o deputado Mendonça Filho (União-PE), de oposição ao governo, a intenção é votar o texto na primeira semana de novembro. Mendonça alterou a proposta, mas o texto ainda continuou alvo de insatisfação de deputados bolsonaristas, que votaram contra na CCJ e criticaram o que consideram uma concentração excessiva de poder na União. — Precisamos retirar o caráter personalíssimo das políticas de segurança pública. O governo não pode centralizar tudo, ditando diretrizes baseadas em um conselho nomeado pelo próprio governo. Hoje, o financiamento da segurança recai sobre os ombros dos estados, algo em torno de 80% dos valores. É preciso ter proporcionalidade nisso. O governo quer dizer onde as diretrizes devem trabalhar, mas não que financiar, além de não trazer fontes para o Fundo Nacional de Segurança Pública, que traz valores irrisórios — afirmou Derrite. Ele também defendeu que as audiências de custódia sejam repensadas. — O que vai resolver o problema da segurança é a resolução dos mecanismos que trazem impunidade. As audiências de custódia libertam até sequestradores. É necessário restringir isso, é necessário criar critérios objetivos de conversão de prisão preventiva para reincidente criminal, ameaça e violência, por exemplo.  Isso é um câncer maligno, afirmou. Isso gera um estímulo para o criminoso seguir cometendo delitos. Cortejado por bolsonaristas e abordado para fazer vídeos com deputados durante a sua chegada, Derrite apresentou números da segurança pública de São Paulo e falou como candidato.ao Senado no ano que vem. Ele deve deixar a secretaria antes do prazo legal de desincompatibilização, previsto para abril de 2026. A saída, articulada com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), deve ocorrer até março e será apresentada como uma estratégia para que Derrite reassuma o mandato de deputado federal e avance em seu projeto de candidatura ao Senado. Derrite não citou os episódios de violência policial e declarações polêmicas que geraram desconforto dentro do governo, especialmente no final de 2024. Embora os índices de homicídios e roubos tenham caído, a letalidade policial aumentou. — O Senado é importante para a direita, temos duas vagas no ano que vem. Tudo o que está sendo feito na Secretaria de Segurança vai nos gerar frutos à frente — completou antes de deixar o Congresso. Antes, a cúpula do PL, partido de Bolsonaro, apostava em uma dobradinha dele com o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Agora, a candidatura do filho do ex-mandatário é considerada improvável, já que ele permanece nos Estados Unidos e teme ser preso ao voltar para o Brasil. A segunda vaga conta com postulantes como Marcos Feliciano (PL) e Cezinha Madureira (PSD).