Teve prejuízo em casa com o apagão? Entenda o fenômeno e se proteja

Um apagão afetou todos os 26 estados do Brasil e o Distrito Federal na madrugada desta terça-feira (14). O episódio, causado por um incêndio em uma subestação no Paraná, deixa em foco uma preocupação: a vulnerabilidade de nossos lares e da tecnologia que nos cerca. Geladeiras, televisões e computadores, que representam um investimento significativo para as famílias, ficam à mercê de falhas no sistema elétrico. Entender a complexa rede que leva energia até sua casa é o primeiro passo para se proteger. Vamos explicar por que os apagões acontecem, como uma simples instalação no seu quadro de luz pode salvar os seus eletrônicos, o motivo pelo qual você não deve ligar seus eletrônicos logo assim que a luz voltar, além de detalhar seus direitos como consumidor caso um aparelho queime. Confira. Coisa de vó? Veja os perigos reais dos eletrônicos quando chove Canal de ofertas no WhatsApp: confira promoções, descontos e cupons a qualquer hora Entenda o que causa um apagão e como se proteger disso Reprodução/Freepik Como reconfiguro meu roteador após ter uma pane elétrica? Entenda no Fórum TechTudo Com essas dicas, você vai entender o que causa um apagão e como proteger da maneira correta os seus aparelhos Veja no índice abaixo o que a matéria explicará: O que causa um apagão? Como proteger minha instalação elétrica? Devo tirar tudo da tomada durante a queda de luz? E quando voltar, posso religar os aparelhos? Como observar se meus equipamentos foram danificados? Meu aparelho queimou: o que fazer? 1. O que causa um apagão? Um apagão, ou blecaute, é a interrupção no fornecimento de energia, e suas causas são diversas. Elas podem ser agrupadas em três categorias principais: falhas na infraestrutura, como o desgaste de transformadores e linhas de transmissão; eventos externos, como tempestades severas que derrubam árvores sobre a fiação; e desequilíbrio entre oferta e demanda, que ocorre quando o consumo supera a capacidade de geração do sistema, comum em dias de calor extremo. O Brasil vivenciou recentemente eventos que ilustram essas causas. Nessa madrugada, como já citamos, o problema foi originado após um incêndio na subestação de Bateias, em Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba (PR), que ocorreu perto das 0h30. A normalização completa aconteceu apenas às 2h30, expondo a fragilidade do Sistema Interligado Nacional. Um apagão é resultado de diversas ações climáticas ou estruturais Reprodução/Freepik Em novembro de 2020, a crise no Amapá deixou cidades sem energia por 22 dias após um incêndio em um transformador, um caso emblemático de falta de investimento em infraestrutura. Já em novembro de 2023, um forte temporal em São Paulo evidenciou que a capacidade de resposta da concessionária é tão crítica quanto a causa climática. A vulnerabilidade energética não é exclusiva do Brasil. Grandes nações também enfrentaram blecautes massivos. Nesse ano de 2025, uma boa parte da costa oeste da Europa, incluindo países como Portugal, Espanha e França, ficaram horas sem energia. Já o considerado maior apagão da história ocorreu na Índia em 2012, deixando mais de 600 milhões de pessoas sem energia. Esses eventos reforçam a necessidade universal de modernização da infraestrutura para lidar com as crescentes demandas e os desafios climáticos. 2. Como proteger minha instalação elétrica? O maior perigo para seus aparelhos não é a falta de energia, mas o que acontece quando ela volta. A restauração do serviço pode gerar um "pico" ou "surto de tensão", uma elevação abrupta da voltagem que é potente o suficiente para queimar os circuitos sensíveis dos eletrônicos. A solução mais eficaz é instalar barreiras na sua instalação elétrica. A principal delas é o DPS (Dispositivo de Proteção contra Surtos), que funciona como um "segurança" da sua rede. Um filtro de linha com DPS pode salvar os aparelhos eletrônicos em uma sobrecarga Reprodução/Clamper Instalado no quadro de distribuição, o DPS monitora a tensão e, ao detectar um surto, desvia o excesso de energia para o sistema de aterramento da residência, impedindo que a sobretensão chegue às tomadas. A norma técnica NBR-5410 recomenda a instalação de DPS, e sua eficácia depende diretamente da existência de um sistema de aterramento adequado em sua casa. Sem um caminho para "escoar" o excesso de energia, o DPS perde sua função. Portanto, é crucial que um eletricista qualificado verifique e, se necessário, implemente um sistema de aterramento. Além do DPS, que protege a casa inteira, existem equipamentos para proteção individual. O estabilizador corrige pequenas variações de tensão, mas é uma tecnologia mais antiga e menos eficaz contra grandes surtos. O nobreak (UPS) é a solução mais completa: além de proteger contra surtos, ele possui uma bateria interna que mantém o aparelho ligado por alguns minutos após a queda de energia, permitindo que você desligue tudo com segurança. Para equipamentos críticos como computadores e modems de internet, o nobreak é o investimento mais recomendado. 3. Devo tirar tudo da tomada durante a queda de luz? Sim, a recomendação é categórica: durante um apagão ou chuva intensa, tire da tomada os aparelhos eletrônicos mais sensíveis e caros da tomada. Isso inclui televisores, computadores, videogames, micro-ondas e geladeiras. A razão é simples: ao desconectá-los, você cria um isolamento físico completo entre o equipamento e a rede elétrica. É a medida de proteção mais simples, gratuita e eficaz que qualquer pessoa pode tomar para garantir a segurança dos seus bens. Quando a energia retornar, momento de maior risco de surtos de tensão, seus aparelhos estarão completamente seguros, pois não haverá caminho para a sobretensão alcançá-los. É importante lembrar que essa dica vale para todos os eletrônicos, mas é especialmente crucial para aqueles com circuitos mais sensíveis, como os que possuem microprocessadores. Aparelhos como geladeiras modernas, máquinas de lavar com painéis digitais e fornos elétricos também se beneficiam enormemente dessa proteção. Manter um nobreak para equipamentos essenciais, como o modem de internet, pode ser uma boa estratégia para não ficar totalmente desconectado durante a queda de luz. Retirar os aparelhos eletrônicos da tomada criam uma barreira física contra sobrecargas Reprodução/Freepik 4. E quando voltar, posso religar os aparelhos? Quando as luzes se acendem novamente, resista ao impulso de ligar tudo de volta imediatamente. A rede elétrica não se estabiliza instantaneamente. Nos primeiros minutos após o retorno, podem ocorrer novas flutuações e picos de tensão enquanto a concessionária ajusta a carga no sistema. A prática mais segura é esperar entre 10 a 15 minutos antes de reconectar qualquer aparelho. Esse intervalo permite que o fornecimento de energia se normalize, reduzindo o risco de um surto tardio danificar seus equipamentos. Após a espera estratégica, não conecte tudo de uma vez. Religue os aparelhos gradualmente, um por um. Comece pelos mais essenciais, como a geladeira. Espere um minuto e depois conecte o modem da internet, e assim por diante. Essa prática evita uma "demanda de partida" muito forte e súbita na fiação da sua casa, que poderia sobrecarregar os circuitos internos e até mesmo desarmar um disjuntor. É preciso evitar colocar aparelhos eletrônicos diretamente na tomada quando a luz se reestabelece Reprodução/Freepik Essa atitude também tem um impacto coletivo. Se todos em um bairro religarem seus aparelhos de alta potência (como ar-condicionado e chuveiro) ao mesmo tempo, a sobrecarga de demanda pode desestabilizar a rede recém-restaurada, causando uma segunda queda de energia para toda a vizinhança. Portanto, ao religar seus aparelhos de forma gradual, você não só protege seus bens, mas também contribui para a estabilidade da rede elétrica local. 5. Como observar se meus equipamentos foram danificados? Após religar seus aparelhos, faça uma inspeção para verificar se algum deles foi danificado. Comece inspecionando visualmente o cabo de força e a tomada, procurando por marcas de queimado ou plástico derretido. O sinal mais óbvio de dano é o aparelho simplesmente não ligar. No entanto, os danos podem ser mais sutis. Fique atento a um cheiro de queimado, que é um sinal inequívoco de que componentes internos foram danificados. Observe também o funcionamento errático: o aparelho liga, mas desliga sozinho, trava, ou suas luzes piscam de forma intermitente. Uma TV pode apresentar listras na tela, ou um micro-ondas pode não aquecer corretamente. Ruídos estranhos, como estalos ou zumbidos que não existiam antes, podem indicar problemas na fonte de alimentação. Se suspeitar de dano, pare de usar o aparelho imediatamente para evitar riscos e prossiga para os passos de ressarcimento. Aparelho eletrônico sem ligar ou cheiro de queimado são os principais indicativos de problemas TechTudo Para computadores, um dos componentes mais vulneráveis é a fonte de alimentação (PSU). Se o PC não liga, uma forma de verificar é observar se a ventoinha da fonte gira ao tentar ligar. Se não houver nenhum sinal de vida, é provável que a fonte tenha queimado. Um teste simples para outros aparelhos é conectá-los em uma tomada diferente que você sabe que está funcionando. Se o problema persistir, o defeito é mesmo no equipamento. 6. Meu aparelho queimou: o que fazer? De acordo com a Resolução Normativa 1.000/2021 da ANEEL, a distribuidora de energia é responsável por ressarcir o consumidor por danos elétricos em equipamentos, independentemente de culpa. O consumidor tem até cinco anos para fazer a solicitação. O processo é o seguinte: ligue para a sua concessionária (o número está na conta de luz), registre um pedido de ressarcimento e anote o protocolo. A empresa tem um prazo para inspecionar o equipamento (1 dia útil para geladeiras, 10 dias para os demais) e 15 dias para informar se o pedido foi aceito. É crucial não consertar o aparelho antes da vistoria. Evite consertar o aparelho por conta própria para poder pedir o ressarcimento Reprodução/Freepik É fundamental entender o papel das outras fontes de reparo. A garantia do fabricante cobre defeitos de fabricação, não danos causados por surtos elétricos. Tentar acioná-la por um aparelho queimado em um apagão quase certamente resultará em uma negativa. O seguro residencial pode ser uma excelente opção, isso se você contratou a cobertura adicional de "Danos Elétricos". Se tiver essa cobertura, contate sua seguradora com as notas fiscais e fotos do aparelho. Para qualquer uma das vias, a organização é chave. Tenha em mãos a nota fiscal do produto, fotos do aparelho danificado e o número de protocolo do seu contato com a concessionária. Se a concessionária negar o ressarcimento indevidamente, o próximo passo é registrar uma reclamação na ANEEL e, se necessário, procurar o Procon ou o Juizado Especial Cível da sua cidade. Conhecer seus direitos e os procedimentos corretos é a ferramenta mais poderosa para garantir que seu prejuízo seja reparado. Com informações de Instituto de Defesa de Consumidores, Agência Nacional de Energia Elétrica e Agência Brasil Mais do TechTudo Assista no vídeo abaixo: conheça os vilões da conta de luz e saiba o que mais consome energia, para conseguir economizar Os ‘vilões’ da luz: veja o que mais gasta energia e como economizar