Weezer: Hit nos anos 1990, banda volta ao Brasil avalizada pela juventude

Reconhecida como uma das maiores bandas de rock da história ainda com aura cult e alguma fama de indie, o Weezer agora não tem mais como disfarçar a sua grandeza. Faixa de seu álbum de 2001 (como muitos deles intitulado de “Weezer” e, por causa da cor da capa, conhecido como “o álbum verde”), “Island in the Sun” recentemente ultrapassou a marca de 1 bilhão de streams no Spotify. Um feito que a banda vai comemorar no Brasil no dia 2, no Parque do Ibirapuera (em São Paulo), como atração principal do festival Indigo (que ainda vai ter Bloc Party, Mogwai, Judeline e Otoboke Beaver). — Há um tempo queria me gabar disso com alguém, porque parece impressionante. Não sabia bem o que fazer com essa informação, porque são streams digitais, sabe? É difícil entender esse número. Mas é uma ótima notícia.... que realmente não muda em nada a minha vida! — diverte-se o guitarrista Brian Bell, integrante do Weezer desde 1993 (a banda americana foi fundada no ano anterior pelo guitarrista, cantor e compositor Rivers Cuomo). — Alguma hora em que alguém estiver se gabando de algo e tentando me fazer sentir pequeno, eu vou soltar essa informação. Eletrodos no cérebro, 5 horas de duração: Conheça a cirurgia que Moacyr Luz fará hoje em SP contra o Parkinson avançado Edson Gomes e Célia Sampaio: Reggae brasileiro se fortalece e renova, celebrando pioneiros Outra particularidade do Weezer no mundo digital que o guitarrista diz achar bizarra é que a faixa “I just threw out the love of my dreams” (um dueto de Cuomo com a cantora Rachel Haden, um lado B que não chegou a entrar primeira na edição álbum “Pinkerton”, de 1996) tenha se tornado uma das músicas mais ouvidas da banda no streaming, mas por causa de uma trend do TikTok. — Agora essa música está nos nossos shows, tenho de saber tocá-la em dois tons diferentes. Nunca sei quando o Rivers vai querer trazer uma cantora convidada, e então temos que tocá-la em um tom mais alto — explica Bell. — Esses desafios tornam as coisas um pouco mais estressantes nos shows, mas eu gosto, fazem me sentir mais músico. A juventude não cessa de descobrir o Weezer, surgida em meio à onda de rock alternativo pós-Nirvana, nos anos 1990. Em agosto, a estrela americana Olivia Rodrigo, de 22 anos, chamou a banda para acompanhá-la em Chigago, no festival Lollapalooza, em “Say it ain’t so” e “Buddy Holly” (canções de “Weezer”, ou melhor, do “álbum azul”, de estreia, lançado em 1994). — Tínhamos acabado uma turnê europeia e ela nos chamou: eu, Rivers e Scott (Shriner, baixista) (Patrick Wilson, o baterista preferiu ficar fora dessa). Nos levaram para lá, nos acomodaram, e foram muito gentis. A voz dela estava ótima e ela até nos deu um conjunto de pickleball (esporte de raquete que combina elementos de tênis, badminton e pingue-pongue) — recorda-se Bell. — O Weezer foi o primeiro show da vida da Olivia. Vi aquela foto, ela parecia ter 9 anos. Às vezes, especialmente quando se é mais jovem, as pessoas precisam que diga o que é aceitável ou legal para ouvir. Ela fez isso por nós, com essa plateia para a qual provavelmente não teríamos tocado de outra forma. Initial plugin text Apesar de um show no Rock in Rio em 2019, as memórias mais vivas do guitarrista no Brasil são as do primeiro show no país, no Curitiba Rock Festival de 2005: — É incrível pensar que já se passou tanto tempo desde aquela primeira vez. Foi um show pequeno. Meio que brincamos sobre isso outro dia, porque quando pensamos em tocar no Brasil, achávamos que ia ser como no Rock in Rio, com centenas de milhares de pessoas. Acabamos tocando em um clube. Tinha a mesma energia, mas com muito, muito menos pessoas. Lembro de que precisávamos de um sintetizador Moog e algum amigo do Scott que morava no Brasil atravessou o país para nos trazer um. O show brasileiro desta vez será dedicado a comemorar os 30 anos do “álbum azul”, que na época do lançamento teve como hits “Buddy Holly”, “Undone — The Sweater Song” e “Say it ain’t so”. — São canções que não podemos evitar e não queremos evitar. Adoramos e é uma sorte que não estejamos cansados delas — diz Bell. — Mas também é legal revisitar algumas que não tocamos com tanta frequência, tipo, “Only in dreams”, que sai sempre diferente cada vez que a gente toca e é explosiva. Ou então “Holiday”, que é num compasso 6/8; “My name is Jonas”; “The world has turned and left me here” e “In the garage”, que me lembra sempre de quando estava no ensino médio e matava aula para ensaiar na garagem, o que eu não recomendo a quem estiver lendo isso fazer! Ah, e ainda “No one else”, que a gente toca no tom original do disco, diferente dos tons das outras canções. Há rumores de que a banda prepara um álbum de inéditas, o que não faz desde 2022: — Isso é sobre o que o mais quero falar com você, mas acho que ainda não tenho permissão. Digamos que se fosse ter um novo álbum, ele seria muito bom — despista o guitarrista. Já tocando nos shows faixas de “Pinkerton” (disco do Weezer que fracassou à época, depois virou cult e em 2026 completa 30 anos), Bell afirma esperar mesmo é pela hora de revisitar o “álbum verde” de 2001. — Há tantas músicas ali além de “Island in the Sun” e “Hash pipe”, que nós já tocamos tanto... o álbum em si quase soa como uma música só, ele é muito conciso em seu som. Adoro músicas como “Smile” e “O girlfriend”, músicas que têm essa energia e um som específico — diz. — O disco também me lembra do Mikey (Welsh, baixista que sairia logo após as gravações e que morreria em 2011) e do Rick Ocasek (cantor do grupo The Cars e produtor dos álbuns azul e verde, falecido em 2019). Eu adoraria fazer um show do álbum verde. Acho esse um disco meio subestimado, mesmo tendo uma música com um bilhão de streams.