A possibilidade de os Correios recorrerem a um empréstimo bilionário mobiliza a oposição na Câmara dos Deputados , que promete reação dura diante da proposta de socorro financeiro à estatal. O assunto será pauta do Conselho de Administração da empresa nesta quarta-feira, 15, quando pode ser avaliado um pedido de R$ 20 bilhões em crédito a bancos públicos e privados, com respaldo do Tesouro Nacional. Segundo informações confirmadas pela CNN Brasil, a proposta em discussão prevê a liberação de R$ 10 bilhões ainda neste ano e outros R$ 10 bilhões em 2026. O Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e instituições privadas poderão compor o grupo de financiadores, em condições de mercado e com garantia direta do Tesouro para a operação. O deputado Zucco (PL-RS), líder da oposição na Câmara, afirmou que a bancada atuará de forma rigorosa contra o empréstimo. "O que o Brasil precisa é de gestão responsável, transparência e prioridade para quem trabalha e produz — não de mais rombos e favores a um governo que trata o dinheiro público como se fosse de partido", disse Zucco. "A oposição vai agir com firmeza para impedir essa aberração. Vamos exigir investigação, responsabilização e o bloqueio imediato dessa operação." O parlamentar ressaltou ainda que a Lei de Responsabilidade Fiscal exige autorização legal e previsão orçamentária para o uso de recursos públicos em socorro a empresas estatais. "A norma é clara: nenhum repasse pode ser feito sem autorização legislativa e sem previsão orçamentária. Portanto, qualquer tentativa de socorrer os Correios com garantia do Tesouro, fora dessas condições, viola a LRF e fere o princípio da legalidade fiscal", acrescentou. Os prejuízos crescentes dos Correios Correios registraram rombo histórico | Foto: Reprodução/Facebook No primeiro semestre deste ano, os Correios registraram prejuízo de R$ 4,3 bilhões, resultado que superou em mais de três vezes o déficit de R$ 1,3 bilhão do mesmo período do ano passado. A estatal enfrenta queda de receitas e aumento de despesas, enquanto críticos apontam lentidão das últimas gestões para promover ajustes necessários. Para a equipe econômica do governo, o empréstimo é considerado fundamental para evitar que os Correios se tornem dependentes do Tesouro, o que implicaria sua inclusão no Orçamento Geral da União e impacto direto no resultado das contas públicas. Caso isso ocorra, cerca de R$ 20 bilhões em despesas anuais da empresa passariam a restringir ainda mais os gastos discricionários do governo federal. A estatal anunciou recentemente a intenção de vender imóveis, promover um programa de demissões voluntárias e lançar um marketplace em parceria com a Infracommerce. No entanto, essas iniciativas são vistas por especialistas como insuficientes para reverter o quadro financeiro da companhia. Leia mais: "Uma bomba chamada Correios" , reportagem de Lucas Cheiddi e Uiliam Grizafis publicada na Edição 287 da Revista Oeste Em setembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva promoveu mudanças na liderança dos Correios. O advogado Fabiano Silva deu lugar ao economista Emmanoel Rondon, servidor do Banco do Brasil, como novo presidente da empresa. No início da gestão, Rondon priorizou renegociar um empréstimo de R$ 1,8 bilhão contratado neste ano com um consórcio de bancos formado por BTG Pactual, Citibank e ABC Brasil. O contrato previa pagamento em seis parcelas a partir de junho de 2026. Contudo, cláusulas restritivas permitiam antecipação em caso de problemas jurídicos, situação que se concretizou pelo aumento dos custos judiciais. + Leia mais notícias de Política em Oeste O post Zucco promete ‘firmeza’ da oposição contra empréstimo aos Correios apareceu primeiro em Revista Oeste .