Os títulos soberanos da Argentina subiram nesta quarta-feira após reportagens indicarem que o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, estaria preparando um pacote de ajuda financeira de US$ 40 bilhões para o governo de Javier Milei. Janaína Figueiredo: Socorro de Trump é alívio para Milei, mas não resolve problemas estruturais da Argentina Guerra comercial: Secretário do Tesouro de Trump propõe trégua mais longa em tarifa para China por terras-raras Os títulos com vencimento em 2035 subiram quase dois centavos, sendo negociados acima de 59 centavos por dólar, segundo dados indicativos de preços compilados pela Bloomberg. O peso argentino apagou as perdas anteriores e era negociado estável, a 1.360 pesos por dólar. Segundo o site Semafor, Bessent está elaborando uma linha de financiamento de US$ 20 bilhões, que complementaria a linha de swap cambial do mesmo valor já anunciada. Enquanto isso, o Axios informou que Bessent disse à imprensa que o Tesouro voltou a comprar pesos argentinos no mercado à vista. — Estamos trabalhando em uma linha de crédito de US$ 20 bilhões, que seria complementar à nossa linha de swap de moedas, com bancos privados e fundos soberanos, e que acredito estar mais voltada para o mercado de dívida — afirmou Bessent a jornalistas em Washington, segundo declarações reproduzidas pela imprensa local. — Portanto, isso totalizaria US$ 40 bilhões para a Argentina — explicou o secretário americano. Initial plugin text Sobre essa ajuda complementar, Bessent esclareceu que “se trata de uma solução do setor privado para os próximos pagamentos da dívida da Argentina”. — Muitos bancos estão interessados nela, e muitos fundos soberanos manifestaram interesse em participar. Na verdade, temos trabalhado nisso há semanas — disse Bessent durante a mesa-redonda com jornalistas, segundo publicou o La Nacion. Reação: Declarações de Trump provocam nova turbulência no mercado de câmbio da Argentina O swap de moedas entre o Tesouro e o Banco Central (BCRA) poderia ser respaldado pelas reservas americanas em Direitos Especiais de Saque (DES), ativo de reserva do Fundo Monetário Internacional (FMI). Essa era uma opção que já havia sido colocada sobre a mesa pela diretora-gerente do organismo, Kristalina Georgieva, que mantém diálogo com Bessent sobre a situação argentina. — Uma vitória implicaria manter um nível de bloqueio sobre qualquer política negativa, para que o Presidente possa vetá-las. Portanto, não se trata de uma questão eleitoral, mas de uma questão política. A Argentina terá o respaldo dos Estados Unidos enquanto continuar com essas políticas — afirmou o secretário do Tesouro, o principal articulador das negociações com a equipe econômica argentina para concretizar o pacote de socorro financeiro. De acordo com o La Nacion, o próprio Milei comentou em suas redes sociais os anúncios de Bessent e compartilhou publicações alusivas ao novo apoio do secretário do Tesouro. Os comentários de Bessent serviram como um novo alívio para os ativos argentinos, que vinham sendo pressionados desde terça-feira, quando o presidente Donald Trump pareceu condicionar a ajuda ao país à vitória do partido de Milei nas eleições legislativas de 26 de outubro. Entenda: O que Trump pode exigir de Milei em troca de ajuda financeira para deter crise cambial da Argentina? Os ministros de Milei insistem que o governo conta com o apoio dos EUA até o fim do mandato, em 2027, mas Trump tem feito pouco para esclarecer a questão. Bessent afirmou na semana passada que a linha de swap de US$ 20 bilhões já estava garantida, embora o ministro da Economia argentino, Luis Caputo, tenha reconhecido na terça-feira, em entrevista à imprensa em Washington, que os detalhes ainda estão sendo finalizados. Nesta quarta-feira, Caputo voltou a afirmar que os Estados Unidos mantêm seu compromisso com uma linha de swap de US$ 20 bilhões com seu país, independentemente do resultado das eleições legislativas deste mês na nação sul-americana. Initial plugin text