Faltava pouco para a meia-noite em 11 de setembro de 2023 quando um Audi RS Q8 preto, sem placa, foi parado pela Operação Lei Seca na esquina das ruas Senador Vergueiro com Barão do Flamengo, no Flamengo, Zona Sul do Rio de Janeiro. Ao volante do carro, avaliado em cerca de R$ 1,3 milhão, estava Silas Diniz Carvalho. Os agentes da blitz pediram que o motorista fizesse o teste do bafômetro; Silas se recusou. O carro havia sido comprado um dia antes, segundo a nota fiscal apresentada pelo dono do veículo. Governo estuda iniciar reocupação de território, determinada pelo STF, no Itanhangá, na Zona Sudoeste do Rio Desaparecido em trilha na Urca: buscas por professor aposentado entram no quarto dia com ajuda de mergulhadores e drones Ao ser informado que teria o carro rebocado, o motorista se irritou. Primeiro, alegou que era rico e tinha dinheiro "para comprar mais 15 carros", como descreve o registro de ocorrência de desacato feito na 9ª DP (Catete). Depois, ofendeu a agente do Detran que fazia a ocorrência, chamando-a de "pobre de merda" e pontificando que ela "vai morrer trabalhando". Audi RS Q8 modelo 2024 Divulgação/Audi Quase um mês depois, em 10 de outubro, Silas foi preso pela Polícia Federal com mais dois homens, numa casa dentro de um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, Zona Sudoeste do Rio, com 47 fuzis e centenas de munições para fuzil calibre .556. A Operação Wardogs, da PF, apontava que Silas chefiava uma quadrilha que fabrica e fornece fuzis para traficantes. Nesta quarta-feira, dois anos após ser preso, Silas foi alvo de um desdobramento da operação. Segundo a Polícia Federal, o grupo tinha capacidade para produzir 3.500 fuzis por ano. Segredos da Maçonaria atraem jovens cariocas a partir de vídeos virais e influenciadores nas redes A operação desta quarta, batizada como Forja, prendeu sete suspeitos, dois no Rio de Janeiro e cinco em São Paulo. Foram apreendidos R$ 158 mil no apartamento de Silas, onde ele cumpria prisão domiciliar. Além do dinheiro, os agentes da PF encontraram malas prontas para viagem no local, o que indica, segundo a polícia, que o casal estaria se preparando para deixar o país em direção ao Paraguai. Essa informação levou a Polícia Federal a antecipar a operação. Os fuzis apreendidos pela Polícia Federal na fábrica da quadrilha em Santa Bárbara d'Oeste, interior de São Paulo Divulgação/Polícia Federal Prisão domiciliar e tornozeleira Mesmo em prisão domiciliar e usando tornozeleira, após ser condenado a uma pena de 12 anos de prisão pelo Tribunal de Justiça do Rio, Silas continuou a comandar a organização, afirma a Polícia Federal. Segundo os investigadores, a produção dos fuzis, originalmente em Minas Gerais, foi reestruturada e transferida para uma nova e mais sofisticada planta industrial em Santa Bárbara d'Oeste, no interior de São Paulo. A fábrica onde os fuzis eram fabricados, em Santa Bárbara d'Oeste: segundo a PF, fachada de empresa de peças aeronáuticas Divulgação/Polícia Federal Em agosto de 2025, a PF conseguiu desarticular a fábrica, que operava sob a fachada de uma empresa de peças aeronáuticas. No local foram apreendidos fuzis já montados e mais de 31 mil peças e componentes, material suficiente para a produção de dezenas de outras armas, afirmam os agentes. No ano anterior, a PF havia realizado outra apreensão de fuzis fabricados pela quadrilha. Segundo a corporação, 13 deles, calibre 5,56, que haviam sido enviados de São Paulo foram interceptados na Rodovia Presidente Dutra. O destino das armas na capital carioca seria o Complexo do Alemão.