A região de Rio das Pedras, Gardênia Azul e Muzema, na Zona Sudoeste do Rio, pode ser o ponto de partida da retomada de territórios dominados pelo crime organizado, determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento da “ADPF das Favelas”. O governo do estado estuda iniciar o projeto-piloto no Itanhangá, área que reúne características simbólicas e estratégicas para as forças de segurança — e também para as facções criminosas. Retomada: Governo estuda iniciar reocupação de território, determinada pelo STF, no Itanhangá, na Zona Sudoeste do Rio Segredos da Maçonaria atraem jovens cariocas a partir de vídeos virais e influenciadores nas redes A região é considerada estratégica por reunir três fatores: a presença simultânea das principais facções criminosas do estado (Comando Vermelho, milícia e Terceiro Comando Puro), sua localização entre o Recreio e o Maciço da Tijuca — um corredor que facilita fugas e conexões logísticas —, e o fato de concentrar áreas de expansão urbana e econômica, com alta densidade populacional. Nos últimos dois anos, o Comando Vermelho (CV) tomou a tiros pelo menos dez comunidades na nova Zona Sudoeste, numa ofensiva que busca criar um “cinturão” de domínio entre o Recreio dos Bandeirantes e o Maciço da Tijuca. A estratégia da facção visa controlar um corredor territorial que permitiria rotas de fuga pela Floresta da Tijuca e acesso a áreas de expansão urbana e econômica. Enquanto isso, milicianos e integrantes do Terceiro Comando Puro (TCP) reforçam suas posições, transformando a região numa das áreas mais conflagradas do estado. Entre as comunidades em disputa estão Muzema, Morro do Banco, Sítio do Pai João, Tijuquinha, Gardênia Azul e Rio das Pedras — esta última considerada o berço histórico da milícia no Rio. Disputas e prisões recentes Na segunda-feira (13), a Polícia Militar prendeu 14 suspeitos de integrar uma milícia em Jacarepaguá e apreendeu 12 fuzis, 43 carregadores, duas pistolas e um revólver em um esqueleto de construção na Colônia Juliano Moreira, em Curicica. Segundo a PM, os detidos fariam parte do grupo do miliciano André Costa Barros, o André Boto, preso desde 2021, e estariam encarregados de impedir novas invasões do CV na região. A ação, avaliada em R$ 1 milhão em armamentos, fez parte da Operação Contenção, que busca frear o avanço das facções na Zona Sudoeste. Mapa do Crime: veja quais são os bairros mais perigosos do Rio Atualmente, entre as Vargens e o Itanhangá, os paramilitares mantêm domínio apenas em Curicica, Dois Irmãos, Colônia e Rio das Pedras, enquanto o CV avança sobre as demais áreas. O Morro Dois Irmãos, em Curicica, é um dos principais focos de conflito. No fim de setembro, traficantes da Cidade de Deus tentaram invadir a comunidade, mas foram repelidos após uma operação da PM que deixou seis mortos ligados ao CV. Dias depois, o chefe do tráfico na Gardênia Azul e na Cidade de Deus, Ygor Freitas de Andrade, o Matuê, foi morto em confronto com a Polícia Civil na Praça Seca. Plano do governo Segundo o secretário de Segurança Pública do Rio, Victor Santos, a proposta de iniciar o projeto de retomada pela Zona Sudoeste se baseia no potencial de crescimento da região e na necessidade de reocupar áreas dominadas por grupos armados com a presença de serviços públicos. — A Zona Sudoeste tem um potencial de expansão muito grande. E está todo mundo olhando para ela, inclusive os serviços públicos. O eixo econômico saiu do Centro do Rio de Janeiro e foi para aquela região. Isso tem que ser considerado. Sem contar o impacto na vida das pessoas, já que você atinge um número muito maior de moradores — afirmou Santos. Mapa do Crime; veja seu bairro A secretaria criou cinco eixos temáticos para cumprir as 18 determinações do STF após o julgamento da ADPF das Favelas: Segurança pública e justiça; Desenvolvimento social; Urbanismo e infraestrutura; Desenvolvimento econômico; Governança e sustentabilidade. O plano de retomada deverá ser apresentado ao Conselho Nacional do Ministério Público e, em seguida, submetido ao STF até o fim do ano. Se aprovado, o Estado iniciará a execução do projeto. Operação Ordo como ensaio A Operação Ordo, realizada no ano passado, serviu como ensaio do modelo de reocupação pretendido pelo governo. A ação reuniu forças de segurança, concessionárias de serviços e órgãos estaduais e municipais em áreas como Cidade de Deus, Gardênia Azul, Rio das Pedras, Morro do Banco, Muzema, Tijuquinha, Sítio do Pai João, Terreirão e César Maia. Segundo o governo, o objetivo foi restabelecer a presença do Estado e mapear demandas locais de infraestrutura, regularização fundiária e serviços essenciais. Cassinos on-line; operação policial mira cassino on-line clandestino de grupo ligado ao contraventor Adilsinho e ao PCC Medidas determinadas pelo STF Nesta quarta-feira, a Secretaria de Segurança apresentou um relatório sobre o cumprimento das medidas exigidas pelo Supremo. Entre as ações com prazo de 180 dias estavam: Instalação de câmeras em 2.839 viaturas operacionais da PM até novembro; Criação de um programa de saúde mental para policiais, com apoio psiquiátrico e psicológico; Presença obrigatória de ambulâncias em operações com risco de confronto. Initial plugin text