A Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência ligada à ONU, anunciou nesta quarta-feira que a concentração de dióxido de carbono (CO₂) na atmosfera registrou em 2024 o maior aumento desde o início das medições modernas, em 1957. O salto histórico acende um novo alerta sobre o ritmo acelerado do aquecimento global e coloca o planeta mais próximo de um cenário climático irreversível. Temporais voltam a atingir o Sul, e chuva se espalha pelo país; veja previsão do tempo desta quinta-feira Veja vídeo: Tufão Bualoi deixa mais de 30 mortos no Vietnã e nas Filipinas Segundo o relatório anual da OMM, o avanço das emissões está sendo impulsionado por atividades humanas, incêndios florestais recordes e pela redução da capacidade de absorção de carbono por florestas e oceanos, fenômeno que ameaça instaurar um “círculo vicioso climático” — no qual o aquecimento global reduz a capacidade da Terra de conter o próprio CO₂ que o provoca. Além do dióxido de carbono, os outros principais gases do efeito estufa — metano (CH₄) e óxido nitroso (N₂O) — também atingiram níveis inéditos em 2024. O aumento da concentração média global de CO₂ foi de 3,5 partes por milhão (ppm) entre 2023 e 2024, o maior salto já registrado. Hoje, o índice atinge 423,9 ppm, contra 377,1 ppm em 2004. — O calor retido pelo CO₂ e outros gases do efeito estufa amplifica as condições climáticas extremas e ameaça nossa segurança econômica e o bem-estar da população — alertou Ko Barrett, secretária-geral adjunta da OMM. O que o relatório da ONU revela As taxas de crescimento do CO₂ triplicaram desde a década de 1960, passando de 0,8 ppm ao ano para 2,4 ppm na última década. Cerca de metade do carbono emitido anualmente permanece na atmosfera, enquanto o restante é absorvido temporariamente por ecossistemas terrestres e pelos oceanos. À medida que as temperaturas sobem, os oceanos retêm menos CO₂, e florestas sofrem com secas mais severas, reduzindo sua função de sumidouros de carbono. O fenômeno El Niño, aliado a ondas de calor e incêndios florestais, agravou o cenário em 2024 — o ano mais quente da história. A OMM reforça que o impacto do CO₂ persistirá por séculos, mesmo que as emissões sejam reduzidas imediatamente. A agência defende medidas urgentes e estruturais para conter o avanço do aquecimento global e investir em tecnologias de captura e armazenamento de carbono.