A base do governo na CPI mista do INSS conseguiu impedir nesta quinta-feira (16) a convocação de José Ferreira da Silva, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e vice-presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical (Sindnapi). O Sindnapi é uma das entidades investigadas pelo esquema de descontos fraudulentos em benefícios previdenciários. A instituição foi alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) na última semana e teve R$ 390 milhões em bens bloqueados por ordem do ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF). Conhecido como "Frei Chico", o irmão de Lula não foi alvo direto de ações e também não é formalmente investigado pela Polícia Federal. Mesmo com a rejeição desta quinta, os membros da CPI ainda poderão apresentar e votar novos pedidos de convocação. CPMI do descontos ilegais de aposentados ouve ex-presidente do INSS O dirigente sindical é um dos alvos preferenciais de parlamentares de oposição no colegiado, que tenta atrelar a gestão Lula ao escândalo de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). No início dos trabalhos da CPI, congressistas aliados ao governo chegaram a anunciar que haviam construído um acordo para centralizar a investigação em presidentes de entidades investigadas e nos ministros e técnicos ligados à Previdência Social. Pela costura, que foi negada pela oposição e pelo Centrão, "Frei Chico" não se tornaria alvo. Em depoimento à CPI mista, o presidente do Sindnapi, Milton Baptista de Souza Filho, afirmou que, dentro da entidade, "Frei Chico" não tinha funções administrativas. Segundo ele, o irmão de Lula exercia um papel "político de representação sindical". "Contrariando o meu advogado, eu quero dizer que ele nunca teve esse papel de administrativo no sindicato, só político, político de representação sindical. Nada mais do que isso. E não precisei, em nenhum momento, solicitar a ele que abrisse qualquer porta do governo", disse o sindicalista conhecido como Milton Cavalo. A Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (Dataprev) informou à comissão que, entre 2020 e 2025, o Sindnapi foi o terceiro maior destinatário dos descontos associativos debitados nas folhas de aposentados e pensionistas. Os dados apontam que, no período, a entidade recebeu cerca de R$ 507,5 milhões. A CPI mista do INSS já quebrou os sigilos bancário e fiscal da entidade e do presidente do Sindnapi e de sua esposa. Endereços do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi) são alvo da Polícia Federal nesta quinta-feira (9). Montagem/g1/Reprodução/GoogleMaps e PF Planalto também consegue livrar Carlos Lupi Além de blindar o irmão de Lula, a base do governo também saiu vitoriosa nesta quinta ao conseguir retirar da pauta de votações requerimentos que pediam quebras dos sigilos bancário, fiscal, telemático e telefônico do ex-ministro da Previdência Carlos Lupi. Lupi comandava o ministério na ocasião da primeira operação deflagrada pela PF sobre os descontos fraudulentos no INSS. Ele pediu demissão da pasta dias depois, em meio a um processo de fritura e ao desgaste provocado pelas investigações. O ex-ministro prestou depoimento à CPI em setembro. Ao longo da oitiva, Carlos Lupi se defendeu das acusações de que teria se omitido diante de denúncias de fraudes.