O estado do Rio de Janeiro registrou a maior incidência de sífilis em gestante do país no último ano, com 68,3 casos a cada mil gestantes, segundo o Ministério da Saúde. Tocantins, por sua vez, apresentou a maior incidência de casos de sífilis congênita — infecção transmitida da mãe para o bebê. Quanto à sífilis adquirida, o Espírito Santo apresentou a taxa de detecção da doença mais elevada do país: 212,5 casos por 100 mil habitantes. Os dados foram divulgados na edição deste ano do Boletim Epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA), baseados em notificações realizadas até 30 de junho de 2025. “A sífilis é uma infecção prevenível, tratável e curável. O desafio é garantir o diagnóstico precoce e o tratamento oportuno, especialmente entre gestantes durante o pré-natal. Os dados mostram que estamos avançando e que o trabalho conjunto está salvando vidas”, afirma Pâmela Cristina Gaspar, coordenadora-geral de Vigilância das Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde, em comunicado. Como ocorre a infecção por sífilis? A doença é uma infecção sexualmente transmissível (IST) causada pela bactéria Treponema pallidum. Em seu estágio primário, ela causa lesões no local onde ocorreu a infecção, como pênis, vulva, lábios e boca. Quando é em gestante, se chama sífilis em gestante. Outros casos, se chama sífilis adquirida. Outra maneira conhecida é a transmissão de mãe infectada para o bebê durante a gestação, quando passa a se chamar sífilis congênita. Sífilis adquirida Nos últimos 15 anos, o Brasil registrou 1.902.301 casos de sífilis adquirida. O número de casos mostrou estabilidade, com exceção das regiões do Nordeste e Sudeste, que apresentaram aumentos nos últimos dois anos de 3,6% e 7,6%, respectivamente. O documento também aponta que existe uma concentração persistente dessa variação da doença na região Sul, especialmente no estado de Santa Catarina, ao longo da série histórica. A população mais afetada foi a que está entre 30 e 39 anos, cuja taxa passou de 172,1 para 184,6 por 100 mil habitantes. O número de casos de sífilis em adolescentes do sexo feminino foi maior do que no masculino, sendo sete homens com sífilis para cada dez mulheres com sífilis em 2024. Mas, para aqueles entre 30 e 39 anos, a relação é de 17 homens com sífilis para cada dez mulheres. Sífilis em gestantes Quanto à sífilis em gestantes, foram registrados 810.246 em 20 anos. Quase metade das gestantes (47,5%) infectadas estava localizada na região Sudeste. Mais da metade dos casos (60,1%) eram de mulheres na faixa de 20 a 29 anos. Dentro do estado do Rio — com maior índice da doença entre as gestantes a nível nacional —, se destaca a cidade do Rio de Janeiro, que, em 2024, tinha mais de nove mães diagnosticadas com sífilis a cada 100 nascidos vivos. Os dados mostram que o percentual de gestantes diagnosticadas mais cedo aumentou, especialmente no primeiro trimestre, passando de 28,9% em 2014 para 49,3% em 2024. O que significa que podem iniciar o tratamento e se prevenir contra a transmissão vertical, responsável por passar a infecção para o bebê. "O tratamento materno, quando realizado de forma adequada, é fundamental para prevenir a sífilis congênita. Esse tratamento envolve o uso da penicilina G benzatina, iniciado até 30 dias antes do parto", diz o boletim. Contudo, no ano passado, mais de 80% das mães de crianças com sífilis congênita não passaram por tratamento para controlar a doença ainda na gestação, o que, como consequência, levou à infecção do bebê. Sífilis congênita Foram notificados 369.468 casos de sífilis congênita em menores de 1 ano de idade nos últimos 26 anos. Deles, 43,7% eram do Sudeste. Por outro lado, segundo o boletim, a doença mostrou uma redução de mais de 500 casos no país em relação a 2023. De 1998 até o momento, 3.739 menores de 1 ano tiveram sífilis congênita como causa de morte. Sendo 41,8% deles também na região Sudeste.