Secretário de Nunes será oficiado para esclarecer gastos de R$ 880 mil com primo cantor

A Corregedoria Geral do Município de São Paulo, que abriu uma investigação para apurar as contratações do cantor Davi Goulart, primo do secretário de Desenvolvimento Econômico e Trabalho, Rodrigo Goulart, vai oficiar o titular da pasta para prestar esclarecimentos sobre os gastos com o artista, que chegaram a R$ 880 mil. Segundo reportagem do GLOBO, Davi Goulart, com apenas sete ouvintes mensais no Spotfy, recebia cachês de R$ 50 mil por apresentação, sem a abertura de licitação, em quermesses paulistanas. Procurado nesta quinta-feira, Rodrigo Goulart ainda não enviou posicionamento sobre o tema. – Nós abrimos a investigação no mesmo dia, como é praxe quando vemos uma notícia com alguma coisa assim mais diferente, mais estranha. Nós mandamos o ofício para a Secretaria da Cultura e também lá para a Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho, para eles darem algum tipo de explicação sobre a reportagem. Abre-se um prazo, de quinze dias, e aí isso retorna (para a Controladoria). Depois podemos ter dois caminhos: pedido de novas explicações ou a gente já toma uma decisão de prosseguimento da investigação ou de arquivamento – afirma o controlador-geral do Município, Daniel Falcão. Repasse: Prefeitura de SP pagou R$ 880 mil para primo de secretário cantar em quermesses Em caso de prosseguimento da investigação, será aberta uma sindicância, momento em que os servidores serão convocados a prestar depoimentos formais. Exceto pelos quinze dias para a primeira resposta, não há prazo para as conclusões das investigações. – O nosso trabalho se baseia em averiguar as atitudes dos servidores e atitudes, eventualmente, de pessoas jurídicas envolvidas. Agora, se nós percebermos que pode ter havido algum crime envolvido, aí nós oficiamos também o Ministério Público – explica Falcão. No dia em que a reportagem foi publicada, o prefeito Ricardo Nunes anunciou a investigação, apesar de afirmar que não há irregularidades automáticas em caso de contratação de parentes. – Olha, o primeiro posicionamento é que não é porque é primo dele que tenha impedimento dele trabalhar. Acho que é importante colocar isso. O segundo, o que a Cultura me passou é que todos os procedimentos foram adotados e não existe irregularidade, mas obviamente, tendo em vista a matéria, eu pedi para se fazer uma nova apuração. E se alguém errou, se houve alguma falha, as pessoas serão responsabilizadas. Mas a princípio a contratação foi legal – disse Nunes. Davi tem sido contratado pela Secretaria de Cultura em projetos que receberam emenda do primo, vereador licenciado. No ano passado, Rodrigo destinou R$ 700 mil em duas emendas ao Circuito Cultural de Rua, programa da prefeitura que paga por shows em quermesses e festas de bairro. Nos dois meses seguintes aos repasses, Davi foi procurado pela Cultura para três contratos que somaram R$ 425 mil em cachês. No Instagram, agradeceu ao primo pelo “apoio”. Nos últimos anos, Rodrigo tem concentrado suas emendas em eventos e artistas da Fino Tom, a produtora que representa Davi. Entre 2023 e 2024, foram 47 emendas, de mais de R$ 3 milhões, condicionadas à contratação de artistas predeterminados.