Com novas regras para jornalistas, Pentágono questiona alcance da 1ª Emenda

FOLHAPRESS Dezenas de repórteres que tinham acesso à sede do Departamento de Defesa dos Estados Unidos devolveram suas credenciais nesta quarta-feira (15), após a entrada em vigor de uma nova diretriz do secretário Pete Hegseth, que impõe restrições à cobertura jornalística no Pentágono. Até o prazo final para assinatura do documento, na terça-feira (14), apenas o canal conservador One America News havia concordado com os termos. Veículos como Fox News, Newsmax e Washington Times se recusaram a assinar. O documento de 21 páginas representa uma mudança significativa na relação do departamento com os jornalistas. Antes, bastava assinar um termo de uma página, aceitando inspeções de segurança e mantendo o crachá visível. Não havia restrições sobre circulação no prédio nem sobre o acesso a funcionários. Com as novas regras, há um mapa com áreas permitidas e restritas, e o repórter precisa ser acompanhado por um servidor em zonas proibidas, mesmo que tenha entrevista marcada com uma autoridade. O documento também relativiza aspectos da Primeira Emenda, indicando que direitos da imprensa não são absolutos frente à necessidade do governo de proteger informações sensíveis. A diretriz afirma que o recebimento de informações confidenciais não compromete a credencial, mas solicitações para violar leis ou políticas de sigilo podem gerar revogação do acesso. Trechos vagos sobre "solicitação" e atuação jornalística provocaram críticas de entidades e veículos, com o New York Times chamando-os de "particularmente problemáticos". Junto com Trump, na terça-feira (14), Hegseth defendeu que as regras são "coisas de bom senso", e o presidente endossou indiretamente a medida, ressaltando preocupações com a segurança em áreas de guerra. Repórteres que aceitarem os novos termos deverão usar crachá vermelho identificando-os como imprensa, diferente do modelo anterior, que era discreto e similar ao dos visitantes.