Vídeo de caranguejos migrando é de Cuba g1 Circula nas redes sociais o vídeo de uma multidão de caranguejos ocupando as áreas externas de uma casa. A legenda sugere que o fenômeno ocorreu no Brasil. #NÃO É BEM ASSIM. selo não é bem assim arte ? O que diz a publicação? Publicado em 27 de setembro no Instagram, onde já teve mais de 185 mil curtidas, o post tem a seguinte legenda:"Imagina acordar e, ao abrir a porta de casa, encontrar o chão inteiro coberto por caranguejos? Essa cena, que parece saída de um filme, acontece todos os anos em algumas regiões do Brasil, geralmente entre janeiro e abril, durante as luas cheias e novas, quando a maré favorece a desova. E você, como reagiria se sua casa virasse uma 'rodovia dos caranguejos'?". O vídeo exibe uma multidão de caranguejos de coloração clara tomando vários espaços externos de um imóvel. Sobreposto às imagens, há a mensagem: "VIRALIZOU: Moradores mostram a realidade de casas que ficam em meio à rota migratória de caranguejos". ▶️ Por que não é bem assim? Embora o vídeo seja real – e não algo produzido por inteligência artificial (IA), por exemplo –, a filmagem, na verdade, ocorreu em Cuba. Para encontrar a gravação original, o Fato ou Fake usou a plataforma InViD e fragmentou o vídeo viral em vários frames (imagens estáticas). Depois, fez uma busca reversa por cada uma dessas "fotos" no Google Lens. Essa ação permite verificar se as mesmas cenas já estavam publicadas antes da internet. A pesquisa levou a um vídeo publicado em 28 de junho no YouTube do canal America TeVE Miami, emissora de TV independente sediada em Miami com noticiário sobre Cuba. A descrição da reportagem informa que a casa fica na cidade de Caibarién, na província de Villa Clara. Aquela é uma área situada na área de distribuição natural da espécie de caranguejo Cardisoma guanhumi (leia detalhes abaixo). Outras publicações em redes sociais que compartilham o mesmo material também apontam o local exato do registro. Um post de 28 de julho no TikTok diz: "A gravação mostra o interior da casa praticamente tomado pelos crustáceos, que se espalham pelo chão durante o período migratório da espécie. O episódio foi registrado no município de Caibarién, na província de Villa Clara, em Cuba, uma região conhecida por ser passagem natural desses animais durante a reprodução". Ao Fato ou Fake, a professora e especialista em ecossistemas estuarinos (áreas de encontro do rio com o mar) Tânia Márcia Costa, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), afirma que a espécie vista no vídeo habita em quase toda costa do Atlântico e que a migração dos crustáceos tem finalidade de reprodução. Veja as explicações da professora: "Tudo indica que o caranguejo mostrado no vídeo é o Cardisoma guanhumi, conhecido popularmente como guaiamum. Trata-se de uma espécie amplamente distribuída, ocorrendo desde a Flórida (EUA) até o estado de Santa Catarina, no Brasil, acompanhando a faixa costeira onde existem manguezais". "O guaiamum habita as regiões mais altas dos manguezais, chamadas de apicum, ou áreas de transição entre os manguezais e as restingas. Esses ambientes têm sido fortemente impactados pela ação humana, o que vem contribuindo para o declínio das populações da espécie. Por essa razão, o guaiamum é atualmente considerado 'Vulnerável' à extinção no Brasil". "Assim como ocorre com outras espécies de caranguejos que vivem em manguezais, o guaiamum apresenta um comportamento reprodutivo sazonal e bem definido. Após a cópula, as fêmeas, que carregam os ovos aderidos ao abdômen, precisam migrar para áreas com maior salinidade, próximas ao mar. Isso ocorre porque as larvas só conseguem se desenvolver em águas salgadas, o que explica esse movimento migratório em direção ao oceano". Vídeo de caranguejos migrando é de Cuba g1 Veja também Conflito Israel x Irã: as imagens que são #fato e as que são #fake Conflito Israel x Irã: as imagens que são #fato e as que são #fake VÍDEOS: Os mais vistos agora no g1 Veja os vídeos que estão em alta no g1 VÍDEOS: Fato ou Fake explica VEJA outras checagens feitas pela equipe do FATO ou FAKE Adicione nosso número de WhatsApp +55 (21) 97305-9827 (após adicionar o número, mande uma saudação para ser inscrito)