Neymar completa 2 anos longe da seleção, e volta fica cada vez mais distante

Quando Neymar rompeu o ligamento e o menisco do joelho esquerdo, contra o Uruguai, em outubro de 2023, ficou a certeza de que ele não voltaria tão cedo aos gramados e a dúvida de como se daria seu retorno. Dois anos depois, o atacante segue fora da seleção. E os questionamentos já não são mais em torno de que condições tornará a vestir a Amarelinha. Mas, sim, se ainda o veremos com ela de novo. Saiba nova data e horário: jogo atrasado entre Sport e Flamengo é remarcado pela CBF Ex-dono da SAF do Vasco: Josh Wander é denunciado por fraude nos EUA Não que a seleção tenha sido tão bem-sucedida em sua missão de seguir em frente sem o camisa 10 a ponto de hoje estar melhor sem ele. Em todas as vezes em que foi perguntado sobre o jogador, o técnico Carlo Ancelotti sempre fez questão de deixar as portas abertas para seu retorno — desde de que esteja bem fisicamente. O que ainda não ocorreu nestes dois anos. Um dado ilustra bem a situação do atacante de 33 anos. Nos últimos 731 dias, em 529 Neymar esteve fora por lesão (é o caso de agora). Isso equivale a 72% do período, quase três quartos. Entenda: cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno acontecerá em quatro sedes simultaneamente 'Brasileiros querem voltar a ganhar': Ancelotti projeta Copa do Mundo de 2026 'equilibrada' e comenta responsabilidade O primeiro ano pós-ruptura do LCA e do menisco foi totalmente comprometido pela recuperação da artroscopia, o que já era esperado. Só que os 12 meses seguintes foram marcados por novas lesões. Desde seu primeiro retorno aos campos, ainda pelo Al-Hilal, em outubro do ano passado, o atacante voltou a ficar fora de combate mais quatro vezes, totalizando 162 dias. Esta dificuldade de ter uma sequência tem atrapalhado sua passagem pelo Santos. Desde a reestreia do camisa 10, o Peixe foi a campo 37 vezes. Mas só contou com ele em 21 partidas, sendo 17 como titular. Como em quatro delas atuou por 45 minutos ou menos, soma apenas 1.514 jogados (é o 11º do elenco neste quesito). Dos 16 jogos do Santos sem Neymar, em dois o motivo da ausência foi suspensão. Nos demais, ele estava contundido. A 2ª passagem de Neymar pelo Santos 21 partidas (17 como titular) 6 gols 3 assistências 14 jogos perdidos por lesão Na última quarta, diante do Corinthians, o Santos disputou seu quinto clássico seguido sem Neymar, que se recupera de uma contusão na coxa direita. Até agora ele só esteve em campo em um, justamente contra o rival alvinegro, em fevereiro, pelo Paulista (derrota por 2 a 1). Os números de participações em gols estão longe de refletir o protagonismo que se espera dele na Vila Belmiro. Até agora, Neymar balançou as redes seis vezes (sendo três pelo Paulista, onde o nível técnico dos adversários é mais baixo) e deu três assistências (todas no Estadual). Neymar sofreu grave lesão no joelho esquerdo em sua última partida pela seleção, contra o Uruguai Pablo PORCIUNCULA / AFP Nas três convocações feitas por Ancelotti desde que assumiu a seleção, apenas em uma delas Neymar vinha de uma sequência de partidas pelo Santos. Foi também a que rendeu polêmica. O italiano falou em problema físico para justificar a ausência do santista. Só que Neymar não tinha lesão. No jogo seguinte pelo clube, disse ter sido preterido por uma escolha técnica, o que o treinador reconheceu dias depois. — O Ancelotti adota um discurso que é coerente. Mas que, por vezes, induz as pessoas a uma interpretação um pouco enganosa. Confundem o estar bem fisicamente com não ter problema clínico e estar apto a atuar por 90 minutos. Isso o Neymar já fez e não foi suficiente para estar melhor que concorrentes na posição e nem convencer de que está em condição de um enfrentamento com a elite do futebol. No Campeonato Brasileiro ele não tem conseguido ser influente — reflete o colunista do GLOBO Carlos Eduardo Mansur. — O “bem fisicamente” está ligado à melhoria dele no potencial de causar impacto no jogo pelo desempenho técnico. Essas coisas estão interligadas. Ele precisa estar num nível físico em que é capaz de fazer o que um jogador como ele faz para ser influente no jogo. Só o Neymar metedor de bolas, mas com dificuldade de driblar, que não ganha na arrancada, que você não pode confiar uma função sem bola, isso na seleção, numa Copa, não acrescenta. Desde a lesão de Neymar contra o Uruguai, a seleção já disputou 24 jogos. Venceu dez, empatou oito e perdeu outros seis, com 37 gols marcados. Sem uma figura que exercia o protagonismo como o camisa 10 santista, a liderança de gols e assistências foi dividida. A artilharia nestes últimos dois anos é compartilhada entre Raphinha, Vini Jr e Rodrygo, com cinco gols cada. O camisa 7 do Real Madrid também está entre os maiores garçons deste período, ao lado de Lucas Paquetá e de Bruno Guimarães. Cada um deles registra três assistências. Mas o protagonismo passou a ser exercido não por um jogador, e sim por Ancelotti. Desde que assumiu, o treinador passou a ser o centro das atenções. Até aqui, tem procurado dar à seleção um ataque de mobilidade e velocidade, com dois atacantes por fora e uma dupla por dentro que troca posições de forma a abrir espaços e confundir a marcação. Para os especialistas ouvidos pelo GLOBO, tecnicamente Neymar se encaixa no esquema do italiano como um dos que atuam por dentro. O problema é que, até agora, não mostra estar apto fisicamente para cumprir as funções. — O Neymar já faz um tempo que não é mais um ponta. Ele é um meia, um camisa 10. Hoje jogaria na espaço ocupado pelo Vini ou pelo Matheus Cunha — analisa o jornalista Leonardo Miranda, autor do blog Painel Tático, do ge. — O Ancelotti tem razão quando fala que o Neymar não precisa ser testado e que, com 100% de suas condições, tem lugar cativo na seleção. Mas a questão dele não é técnica. Não há dúvida do lugar dele na seleção. O que se duvida é do aspecto físico. Ele voltou para o Santos e ainda não conseguiu ter uma sequência (sem lesão). Hoje é impensável falar dele na Copa dado seu estado. Existem jogadores com mais potencial que merecem estar no grupo. Fico triste, porque ele merecia estar em mais uma por tudo o que já fez na seleção. Os últimos 2 anos de Neymar 17/10/23 - Ruptura do ligamento e do menisco do joelho esquerdo durante Uruguai x Brasil 02/11/23 - Cirurgia em Belo Horizonte 26/12/23 a 29/12/23 - Cruzeiro "Ney em alto mar", no litoral brasileiro, com a presença do próprio Neymar, em processo de recuperação 14/02/24 - Início da recuperação nas instalações do Al-Hilal 29/09/24 - Não inscrito no Campeonato Saudita, Neymar volta a treinar com o grupo 21/10/24 - 369 dias após a lesão, entra no 2º tempo durante a vitória sobre o Al-Ain, pela Champions League da Ásia 01/11/24 - Dorival Jr não convoca Neymar para os jogos contra Venezuela e Uruguai 04/11/24 - Ruptura do tendão da coxa esquerda na 2ª partida após o retorno 30/12/24 - Retorno aos gramados em amistoso do Al-Hilal 16/01/25 - Jorge Jesus revela que Neymar não será inscrito para o 2º semestre do Saudita e diz que ele "não consegue acompanhar a equipe fisicamente" 27/01/25 - Al-Hilal e Neymar rescindem o contrato 30/12/25 - Retorno ao Santos para contrato de 5 meses 05/02/25 - Reestreia pelo Santos contra o Botafogo-SP 09/02/25 - Titular pela 1ª vez na volta ao Peixe contra o Novorizontino 16/02/25 - 1º gol e assistência na volta ao Santos sobre o Água Santa 06/03/25 - Dorival Jr convoca Neymar para jogos contra Colômbia e Argentina 14/03/25 - Com edema na coxa esquerda, Neymar é cortado da seleção (perde 3 jogos pelo Santos) 16/04/25 - Nova lesão na coxa esquerda (perde mais 6 jogos) 26/05/25 - Carlo Ancelotti assume a seleção e diz que só convocará Neymar quando estiver bem fisicamente 24/06/25 - Renovação do contrato com o Santos até dezembro 19/09/25 - Depois de participar de 9 dos 10 jogos do Santos após o Mundial, Neymar lesiona a coxa direita durante treino; ele segue em recuperação