Roleplay na vida sexual: por que assumir personagens pode transformar o prazer e fortalecer o casal

E se, por algumas horas, você pudesse ser outra pessoa? Incorporar um personagem completamente diferente da rotina, capaz de revelar lados mais ousados da sua personalidade? Essa é a proposta do roleplay, uma prática que mistura fantasia, interpretação e desejo para transformar a experiência sexual. Sexo sem tabu: 5 ideias erradas sobre orgasmo que podem atrapalhar sua vida íntima Empoderadas e sem pudores: veja famosas que mandam a real quando o assunto é sexo Segundo o sexólogo Vitor Mello, especialista em harmonização íntima masculina, o roleplay funciona como uma "peça de teatro íntima, onde cada um interpreta um papel fora do cotidiano. O objetivo é quebrar a rotina e ampliar as possibilidades de prazer", explica. A vontade de experimentar não é só teoria. Uma pesquisa do jornal britânico "The Sun", com mais de 2 mil pessoas entre 16 e 55 anos, mostrou que 38% desejam uma vida sexual mais ousada, sendo 44% dos homens e 32% das mulheres. Entre as práticas mencionadas, o roleplay aparece como destaque: 25% dos entrevistados afirmaram ter interesse em tentar. No Brasil, o desejo também é latente. Um levantamento feito pelo aplicativo de relacionamentos MePega revelou que 73% dos brasileiros já fantasiaram experiências sexuais, mas 68% nunca dividiram essas vontades com o parceiro, mostrando que a curiosidade existe, mas o diálogo ainda é um desafio. O que eles mais gostam? Dentro do universo do roleplay, há uma variedade de personagens e cenários, alguns inspirados na imaginação, outros baseados em situações do cotidiano. Vitor lista os estilos mais populares entre os homens: Jogos de poder Uma das temáticas mais comuns envolve dinâmicas de dominação e entrega, seja em versões mais leves ou com inspiração no universo BDSM. "A fantasia de poder e controle, ou de entregar o controle, é um dos gatilhos mais comuns", afirma. O bad boy Motoqueiro, roqueiro, rebelde sem causa, o arquétipo do homem que quebra regras exerce forte apelo. "A transgressão é o tempero. Ele é imprevisível, foge do padrão e cria um clima de liberdade para quem vive uma rotina controlada", diz. O estranho sedutor A fantasia com o desconhecido, aquele encontro misterioso num bar, elevador ou hotel, continua entre as preferidas: "A ideia de ser outra pessoa permite recriar o jogo da conquista do zero, mas com a intimidade de quem já conhece o parceiro." Personagens de fantasia Super-heróis, personagens de filmes, acessórios e uniformes continuam em alta. "Fantasias, algemas, máscaras, orelhas, caudas, roupas temáticas… o mercado erótico está em expansão, e os itens que ajudam a construir esses personagens seguem o mesmo ritmo", detalha. Além disso, o roleplay pode ultrapassar o físico. "Dá para brincar à distância, como no sexo virtual. Vale usar mensagens, chamadas de vídeo ou áudios com teor mais picante. É uma boa alternativa para casais que estão longe ou para quem quer começar com menos exposição", orienta o especialista. Por que funciona? Para além da fantasia, o roleplay também tem um papel importante na saúde da vida sexual masculina. "Assumir um papel permite liberar emoções e desejos que normalmente são contidos pela rotina ou pelo padrão social de masculinidade. É uma forma de explorar sensações sem julgamento", destaca Mello. A prática também pode ser uma aliada para casais que querem reacender a conexão íntima. Mas, para isso, o ponto de partida é sempre o diálogo. Assim como nas práticas do BDSM, o roleplay segue a regra do SSC: são, seguro e consensual. "Combinar os papéis, estabelecer limites e garantir que ambos estejam confortáveis é o que transforma uma fantasia em prazer real, e não em constrangimento", finaliza o sexólogo.