Dubai quer transformar a inteligência artificial em seu 'novo petróleo'; entenda

Dubai, símbolo de modernização e ousadia no Oriente Médio, agora mira um novo tipo de riqueza: a inteligência artificial. O emirado, que já transformou o deserto em um dos centros urbanos mais dinâmicos do planeta, aposta que dados e algoritmos podem ocupar o mesmo papel que o petróleo teve no século XX. Segundo a Forbes, o governo pretende transformar a IA em um dos motores de crescimento mais poderosos da economia local até 2030. Leia também: Apple lança MacBook Pro com chip de IA a partir de R$ 20 mil no Brasil. Veja as novidades Saiba mais: IA ajuda historiador a descobrir identidade de nazista em foto de assassinato durante Holocausto À frente dessa estratégia está Dr. Marwan Al Zarouni, CEO de IA do Dubai Department of Economy and Tourism (DET) e uma das vozes mais influentes do setor. “A inteligência artificial será o principal habilitador dos nossos objetivos”, afirmou o executivo durante o GITEX Global, evento de tecnologia que ocorre nesta semana e reúne representantes de todo o mundo. Ele se refere à meta de incubar 30 unicórnios — startups avaliadas em mais de US$ 1 bilhão — e escalar mais de 400 empresas até 2033. Segundo ele, “a IA não é apenas uma ferramenta de automação, mas um pilar estratégico da Dubai Economic Agenda (D33)”, plano que pretende dobrar o tamanho da economia até o fim da próxima década. De acordo com o Dubai State of AI Report, a inteligência artificial deve adicionar mais de AED 235 bilhões (cerca de US$ 64 bilhões) à economia do emirado até 2030. A estimativa é que a IA represente até 14% do PIB dos Emirados Árabes Unidos ao final da década — uma das maiores proporções do mundo. Para Al Zarouni, a explicação está na abertura regulatória. “Dubai oferece transparência e liberdade, o que atrai empresas de IA frustradas com as regras rígidas de outros países”, disse. O governo local também aposta pesado em infraestrutura, pesquisa e parcerias público-privadas. Um dos eixos centrais é a criação de uma “economia de data centers impulsionada por IA”, avaliada em mais de AED 14,3 bilhões até 2028, além de iniciativas voltadas à automação do turismo e dos serviços públicos. De acordo com a Forbes, em parceria com a Avaya, o DET vem digitalizando processos internos e implantando chatbots para agilizar desde o licenciamento de empresas até o atendimento a turistas e investidores — medidas que traduzem a busca por eficiência e inovação. O projeto está alinhado à visão de Sheikh Hamdan bin Mohammed bin Rashid Al Maktoum, príncipe herdeiro de Dubai, que definiu como meta tornar o emirado uma das dez cidades mais avançadas do mundo em inovação e IA. A iniciativa também conta com a supervisão de Omar Sultan Al Olama, Ministro de Estado para Inteligência Artificial, cargo criado em 2017 — o primeiro do gênero no mundo. Ele lidera a estratégia nacional de IA e defende que a tecnologia deve “melhorar a vida das pessoas e aumentar a eficiência do governo, sempre com responsabilidade ética e governança”. Com mais de 20 anos de experiência em segurança da informação e inovação digital, Al Zarouni acredita que o país vive um ponto de inflexão. “Estamos entrando em uma nova fase da economia digital. E a IA é a base que vai sustentar o próximo salto de produtividade, crescimento e competitividade global”, afirmou. Enquanto outras economias ainda discutem os limites da regulação, Dubai segue investindo em um modelo que combina ambição, pragmatismo e investimento público-privado. Assim como fez com o turismo e os serviços financeiros, o emirado aposta agora que poderá transformar a inteligência artificial em seu novo petróleo — a principal fonte de prosperidade e influência global nas próximas décadas.