Gerhard Richter ganha retrospectiva histórica na Fondation Louis Vuitton em Paris

A partir desta sexta-feira (17.10), a Fondation Louis Vuitton inaugura uma das mostras mais aguardadas da temporada parisiense: uma retrospectiva monumental de Gerhard Richter, reunindo mais de 270 obras que atravessam seis décadas de criação de um artista que jamais se deixou fixar por um estilo, uma técnica ou um rótulo. Nascido em Dresden em 1932, Richter testemunhou e atravessou as fraturas da história alemã do século XX. Em 1961, deixou a Alemanha Oriental e se estabeleceu no Oeste, primeiro em Düsseldorf, depois em Colônia, onde vive até hoje. Seu trabalho, no entanto, nunca se acomodou à narrativa biográfica nem ao conforto do reconhecimento institucional. Ao contrário: sua trajetória é marcada por rupturas constantes — tanto formais quanto simbólicas. A exposição ocupa todos os espaços do edifício assinado por Frank Gehry e propõe um mergulho cronológico na obra do artista, dos primeiros quadros baseados em fotografias familiares e imagens de jornais dos anos 1960 até as últimas abstrações criadas antes de abandonar a pintura, em 2017. Pinturas a óleo, aquarelas, esculturas de vidro e aço, fotografias pintadas e desenhos compõem esse percurso plural e inquieto. Gerhard Richter, Selbstportrait [Selfportrait], 1996 (CR 836-1) Divulgação Os curadores Dieter Schwarz e Nicholas Serota, nomes de peso no circuito internacional, estruturam a exposição como uma sequência de estações — cada uma refletindo uma fase e um gesto distintos. Em vez de buscar uma leitura definitiva da obra, eles oferecem espaço para o olhar individual, para o silêncio que muitas vezes emana das obras de Richter. Há momentos emblemáticos, como a série 48 Portraits — criada para a Bienal de Veneza de 1972 — e a impactante October 18, 1977, emprestada pelo MoMA, que revisita o drama da RAF na Alemanha Ocidental. Mas há também a delicadeza dos retratos da filha Betty, os campos de cor aparentemente aleatórios, os experimentos com vidro, os padrões digitais, os estudos em aquarela — todos revelando uma inquietação constante, uma recusa à repetição. Gerhard Richter, Ema (Akt auf einer Treppe) [Ema (Naked in a staircase)], 1966 (CR 134) Divulgação Desde os anos 2000, Richter flerta com o acaso e a objetividade, em obras como 4900 Colours e as imagens digitais da série Strip Paintings. Em 2017, anuncia que deixará de pintar, mas segue produzindo em outros meios, como os pequenos desenhos e fotografias sobre as quais intervém com pinceladas mínimas — quase respirações. Esta não é a primeira vez que Richter ocupa a Fondation Louis Vuitton — ele já havia participado da mostra inaugural, em 2014. Mas agora, ganha uma exposição solo em escala inédita, que confirma sua posição singular no panteão da arte contemporânea. Gerhard Richter, Venedig (Treppe) [Venezia (stairs)], 1985 (CR 586-3) Divulgação Gerhard Richter, Lesende [Woman reading], 1994 (CR 804) Divulgação Gerhard Richter, Gudrun, 1987 (CR 633) Divulgação Canal da Vogue Quer saber as principais novidades sobre moda, beleza, cultura e lifestyle? Siga o novo canal da Vogue no WhatsApp e receba tudo em primeira mão!