Crianças pequenas e meninas são maioria em abrigos no RJ, aponta censo do MP

Crianças de até 6 anos e meninas são maioria em abrigos no RJ, aponta censo do MP Crianças pequenas e meninas são maioria entre os 1.673 menores acolhidos no estado do Rio de Janeiro. É o que aponta o 35º Censo da População Infantojuvenil Acolhida, divulgado nesta quinta-feira (17) pelo Ministério Público do Estado (MPRJ). Segundo o levantamento, o tempo médio de acolhimento também diminuiu nos últimos anos, o que, para o MP, reflete um avanço nas políticas de proteção e adoção. De acordo com o censo, 74% das crianças e adolescentes permanecem nos abrigos por menos de um ano e meio. Baixe o app do g1 para ver notícias do RJ em tempo real e de graça O estado tem atualmente 1.445 jovens em unidades institucionais e 130 em famílias acolhedoras — menos da metade do total registrado em 2008. A capital é o município com maior número de acolhimentos. Perfil dos acolhidos O levantamento mostra que 33,5% têm até seis anos de idade, 25,4% têm entre sete e onze anos e 27,2% estão na faixa de 12 a 15 anos. Outros 14% têm entre 16 e 18 anos. As meninas representam 51,7% do total, enquanto os meninos são 48,3%. Já em relação à cor ou raça, 44,4% são pardos e 33,8% são pretos. O principal motivo de acolhimento é a negligência dos pais ou responsáveis. A promotora Raquel Madruga destacou a importância do monitoramento feito pelo sistema do MP. “Isso é visto de uma forma muito positiva. Significa que essas crianças estão retornando para suas famílias de origem ou sendo colocadas em famílias substitutas, provavelmente por meio da adoção.”, disse. Veja os vídeos que estão em alta no g1 Maternidade por adoção Entre as famílias formadas pela adoção está a da advogada Lilibeth Azevedo, de 44 anos, que adotou a filha Nívea Vitória Jaramilo Azevedo, hoje com 15. O desejo de ser mãe veio aos 30 anos, quando ela trabalhava em um processo de adoção. “Eu sempre quis ser mãe, e aos 30 anos veio muito forte essa possibilidade de adoção, porque eu estava atendendo dois clientes que queriam adotar. Antigamente, a gente via um vídeo no juizado da infância, e quando eu assisti, aquilo tocou muito o meu coração”, contou. Em 2020, durante 4 meses, Lilibeth participou de um grupo de apoio à adoção autorizado pelo Tribunal de Justiça e iniciou o processo de habilitação. Foi assim que conheceu Nívea, então com 11 anos, em um abrigo em Manaus. “Ela começou a falar do vulcão que tinha visto na escola e a desenhar. Eu pensei: com certeza vou ser a mãe dessa criança”, lembrou emocionada. A adaptação da menina no Rio de Janeiro não foi simples. “Nos primeiros anos eu não gostei, foi difícil me adaptar, porque minha mãe me buscou de um lugar muito quente, e eu cheguei aqui morrendo de frio. Eu não gostei. Tive que aprender a me adaptar, e hoje em dia sou muito mais feliz com a minha mãe.”, contou Nívea. Para Lilibeth, adotar transformou sua vida. “Se dar a oportunidade de receber uma criança, duas, três na sua casa e mudar sua vida pra sempre… muda a sua vida, a das crianças e forma um grupo de amor tão grande que reverbera para uma sociedade melhor”, disse Lilibeth. Lilibeth Azevedo e a filha, Nívea Vitória, unidas pela adoção Reprodução/TV Globo