Catto tem propriedade para morder o ‘Fruto proibido’ de Rita Lee & Tutti Frutti em show único e gratuito em São Paulo

A cantora Catto aborda o repertório do álbum 'Fruto proibido' (1975) em show programado para 25 de outubro Ivi Maiga Bugrimenko / Divulgação ♫ ANÁLISE ♪ Ainda dentro das comemorações dos 50 anos do disco Fruto proibido (1975), o segundo e mais relevante dos quatro álbuns gravados por Rita Lee (1947 – 2023) entre 1974 e 1978, a cantora Filipe Catto vai abordar o repertório do LP. A abordagem acontecerá somente vez em show único, programado para 25 de outubro na Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo (SP), cidade onde reside a artista gaúcha. “Vai ser uma brincadeira chique e deliciosa”, avisa Catto. De antemão, resulta feliz a escolha de Catto para essa apresentação agendada na programação do projeto Memória e futuro, criado para festejar os 100 anos da Biblioteca Mário de Andrade. Com o álbum Fruto proibido, Rita Lee hasteou libertárias bandeiras feministas em época em que o Brasil ainda vivia sob o jugo da ditadura militar de 1964. É significativo que 50 anos depois, em 2025, com o Brasil já em estado democrático, mas revolvido por ondas conservadoras, uma cantora trans dê voz ao repertório do álbum em que Rita apresentou músicas como a balada folk Ovelha negra e o blues-rock Cartão postal (este em parceria com Paulo Coelho). Em Fruto proibido, a escrita de Rita Lee falou diretamente com o público jovem, sobretudo com as mulheres e, se o álbum se conserva tão atual após 50 anos, é por ser disco que levantou a bandeira da liberdade sob prisma feminista sem nunca ter caído em tom panfletário. Em Fruto proibido, Rita foi contra a moral machista da época – vigente inclusive no clube masculino do rock – ao reacender a chama da dançarina naturista Dora Vivacqua (1917 – 1967) em Luz Del Fuego (Rita Lee) e ao se permitir encarnar uma Eva maliciosa e finamente irônica na música-título Fruto proibido (Rita Lee). Sem falar que a roqueira citava a bailarina e coreógrafa norte-americana Isadora Duncan (1887 – 1927) em versos (“Faça como Isadora / Que ficou na história / Por dançar como bem quisesse”) do rock Dançar para não dançar. Cantora que sabe transitar pelos caminhos selvagens do rock, Catto saberá ressignificar esse repertório no show de 25 de outubro. A entrada é gratuita.