Preso nos EUA, ex-general da Venezuela aceita acordo de delação

O ex-general venezuelano Hugo Armando Carvajal Barrios, conhecido como “El Pollo”, aceitou cooperar com as investigações de autoridades dos Estados Unidos. Acusado de chefiar o Cartel de los Soles, organização criminosa formada por oficiais de alto escalão da Venezuela, Carvajal é considerado uma das figuras centrais na conexão entre o regime chavista, o narcotráfico e o financiamento de movimentos políticos no exterior. + Leia mais notícias do Mundo em Oeste Segundo documentos e fontes citadas pelo site espanhol The Objective nesta sexta-feira, 17, Carvajal admitiu ter integrado o cartel e cooperado com a guerrilha colombiana Farc no envio de grandes quantidades de cocaína para a América do Norte. Em junho deste ano, ele se declarou culpado de quatro crimes — narcotráfico, narcoterrorismo, posse e conspiração para o uso de armas de fogo — perante a Corte do Distrito Sul de Nova York. De acordo com o Ministério Público norte-americano, o ex-chefe de inteligência de Hugo Chávez “usou a cocaína como arma, inundando Nova York e outras cidades norte-americanas com veneno”. A acusação sustenta que o Cartel de los Soles funcionava dentro das Forças Armadas venezuelanas e utilizava estruturas estatais para transportar e proteger toneladas de drogas destinadas aos EUA. O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, lidera a celebração do 22º aniversário do retorno Hugo Chávez ao poder, depois de uma tentativa fracassada de golpe em 2002 - 13/4/2024 | Foto: Leonardo Fernandez Viloria/Reuters A confissão de Carvajal abre caminho para uma possível redução significativa de sua pena, que pode variar entre prisão perpétua e cerca de vinte anos. O tribunal autorizou uma audiência final para avaliar as informações que o ex-general se dispõe a fornecer em troca de benefícios judiciais. Segundo The Objective, Carvajal “ está disposto a contar tudo ”, inclusive detalhes sobre os acordos entre o chavismo e as Farc e o repasse de recursos a partidos e líderes de esquerda em diversos países. Fontes próximas ao ex-militar afirmam que ele entregou documentos inéditos sobre redes de financiamento político associadas ao governo venezuelano. Venezuela teria financiado movimentos de esquerda pelo mundo Carvajal foi extraditado da Espanha para os EUA em 2023, depois de passar dois anos foragido. Durante este período, ele apresentou um documento de sete páginas à Justiça em que afirmou que “o governo venezuelano financiou ilegalmente movimentos políticos de esquerda no mundo durante ao menos 15 anos". O ex-diretor de Inteligência e Contrainteligência Militar escreveu ainda que, enquanto ocupava o cargo, recebeu “uma grande quantidade de relatórios indicando que esse financiamento internacional estava ocorrendo”. No mesmo texto, listou líderes e partidos supostamente beneficiados por recursos enviados de Caracas: Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil); Néstor Kirchner (Argentina); Evo Morales (Bolívia); Fernando Lugo (Paraguai); Ollanta Humala (Peru); Mel Zelaya (Honduras); Gustavo Petro (Colômbia); Movimento Cinco Estrelas (Itália); e Partido Podemos (Espanha). Segundo o documento, “todos eles foram mencionados como recebedores de dinheiro enviado pelo governo venezuelano”. Carvajal também afirmou que a prática teria continuado sob o comando de Nicolás Maduro, que utilizou a estatal petrolífera PDVSA como principal fonte de recursos. Leia também: “O vermelho é a nova cor da América Latina” , artigo de Gustavo Segrê publicado na Edição 144 da Revista Oeste O post Preso nos EUA, ex-general da Venezuela aceita acordo de delação apareceu primeiro em Revista Oeste .