Polícia identifica postos suspeitos de abastecer fábrica clandestina de bebidas em SP A Polícia de São Paulo identificou dois postos de combustíveis suspeitos de terem vendido o metanol que matou duas pessoas. Enquanto policiais e auditores da Fazenda de São Paulo buscavam documentos, fiscais da Agência Nacional do Petróleo analisavam a qualidade do combustível. O posto em Santo André e um outro em São Bernardo do Campo, no ABC, foram alvos de buscas e apreensão logo cedo. A operação é um desdobramento da investigação que apura a morte de Ricardo Lopes Mira, de 54 anos, e de Marcos Antonio Jorge Junior, de 46, que foram para o hospital depois de consumir bebidas em um bar na Zona Leste de São Paulo. Na semana passada, a polícia prendeu Vanessa Maria da Silva, suspeita de ser a dona da fábrica clandestina, que forneceu para o bar garrafas de vodca com até 45% de metanol. Nesta sexta-feira (17), os ficais não encontraram irregularidades nos postos, mas a polícia afirma que ao menos parte do etanol contaminado com metanol, usado para falsificar bebidas alcoólicas, saiu dessas bombas. “Ou a Vanessa, ou pessoas ligadas à Vanessa tinham transações financeiras de compra de combustíveis com esses postos de gasolina. Então, agora fechou esse círculo. Então, nós temos essas comprovações e nós estamos trazendo para o bojo das investigações muito mais materialidade”, diz Artur José Dian, delegado-geral de Polícia de SP. O que mais chamou a atenção dos investigadores foi um detalhe: o posto investigado por fornecer etanol batizado com metanol fica exatamente em frente a um imóvel de porta azul, onde estavam guardadas as garrafas usadas na falsificação. A polícia cumpriu também mandados de busca e apreensão em outros endereços ligados ao dono das garrafas e ao irmão dele. Segundo as investigações, eles tinham ligação com Vanessa Silva, dona da fábrica clandestina. Os recipientes recolhidos durante todo o dia lotaram dois caminhões. As investigações apontam ainda que o ex-marido de Vanessa, o pai e o cunhado dela atuavam na adulteração de bebidas. “Todos realizavam diversas atividades de envase, de fabricação, de venda. Dá para falar que o núcleo familiar atuava de forma conjunta”, afirma Isa Lea Abramavicus, delegada da Divisão de Investigações contra a Saúde Pública. Polícia de São Paulo identifica postos de combustíveis suspeitos de vender o metanol que matou duas pessoas Jornal Nacional/ Reprodução A polícia já sabe também que foi da fábrica clandestina da família que saiu a vodca contaminada com metanol que afetou a visão de Cláudio Baptista da Freiria, de 62 anos. Ele passou mal e foi internado depois de beber em um bar da Zona Sul de São Paulo. Em cinco garrafas apreendidas lá, os peritos detectaram até 38% de metanol. “A gente começa a estabelecer um vínculo grande de que todas as bebidas saíram, pelo menos em algum momento, desse círculo familiar que envolve a Vanessa. Estamos checando para ver se ela vendeu para outros locais e quais locais, mas a gente não pode precisar se ela vendeu para outros estados”, diz Artur José Dian. A defesa de Vanessa Maria da Silva afirma que ela e os parentes não estão envolvidos na adulteração de bebidas. O gerente do posto de Santo André não quis se manifestar. Em nota, o posto de São Bernardo do Campo declarou que a análise dos combustíveis apresentou resultados normais e que colaborou com a fiscalização. LEIA TAMBÉM Polícia encontra postos de combustível suspeitos de vender etanol adulterado com metanol para batizar bebidas Intoxicação por metanol: Brasil tem 41 casos confirmados, diz ministério Áreas nobres e concentração na Zona Sul: mapa mostra casos confirmados de intoxicação por metanol em SP