O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), decidiu se nomear como novo integrante da CPI do INSS após uma série de derrotas da oposição no colegiado. A mais recente foi a rejeição do requerimento de convocação do irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, José Ferreira da Silva, o Frei Chico — vice-presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical (Sindnapi). O sindicato é uma das entidades investigadas pela Polícia Federal no esquema de descontos fraudulentos de aposentados. Frei Chico, porém, não é formalmente investigado. 'Vale tudo': Lula surfa no 'quem matou Odete' antes do final da novela e fala em 'combater a desigualdade com justiça social' STF: Gilmar pede para julgamento do aborto ir a plenário físico e interrompe análise O pedido foi derrotado por 19 votos a 11 e marcou a vitória de uma articulação da bancada governista. O esforço político bem-sucedido representou ainda uma nova fase de aliados do Palácio do Planalto que atuam na comissão. Após a instalação da CPI, o governo perdeu o controle dos postos-chave do colegiado devido às ausências na sessão que elegeu o presidente e o relator, em setembro, mas recentemente passou a ter êxito em votações que blindam nomes próximos à base. — A oposição foi vitoriosa na instauração da CPI. Mas, desde que ela começou, só colhemos derrotas. Perdemos todas. Decidi entrar para ajudar os parlamentares a se organizarem e conseguirem aprovar os requerimentos contra o governo. Não gosto de perder — disse Sóstenes. Vitórias recentes da base de Lula Blindagem a irmão de Lula - A CPI rejeitou um requerimento para o depoimento de José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão do presidente Lula. Frei Chico é vice-presidente do Sindnapi, uma das entidades na mira da apuração sobre esquema de descontos fraudulentos no INSS. Ele não é investigado. Quebras de sigilo barradas - Os aliados de Lula conseguiram barrar as quebras de sigilo da publicitária Danielle Fonteles e de Paulo Boudens, ex-chefe de gabinete de Davi Alcolumbre. A publicitária já prestou serviços a campanhas eleitorais do PT e recebeu R$ 5 milhões do “careca do INSS”. Avanço contra advogado - Outra vitória foi a quebra do sigilo bancário do advogado Eli Cohen, autor das primeiras denúncias sobre as fraudes no INSS. Parlamentares governistas da CPI têm a expectativa que os dados apontem desvios no governo de Jair Bolsonaro. Em votações recentes, a base de Lula também evitou a quebra de sigilo da publicitária Danielle Miranda Fonteles e da sua empresa. Ela recebeu R$ 5 milhões do lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como o “careca do INSS”, entre novembro de 2023 e março de 2025. A publicitária já prestou serviços a campanhas eleitorais do PT, como a de Dilma Rousseff, em 2010. A rejeição consolidou o entendimento que preservou Frei Chico — Danielle não é formalmente investigada. De acordo com as defesas de Antunes e Fonteles, o pagamento foi feito para a compra de um imóvel em Trancoso (BA) em uma negociação que acabou não se concretizando. O caso foi revelado pela revista “Veja” e confirmado pelo GLOBO. Na semana passada, os votos do governo impediram a quebra do sigilo bancário de Paulo Boudens, ex-chefe de gabinete do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que tem sido fiador dos interesses do Executivo no Legislativo. ‘Lista de chamada’ Já a quebra do sigilo bancário do advogado Eli Cohen, autor das primeiras denúncias sobre as fraudes no INSS, foi celebrada como uma vitória governista. Parlamentares da CPI têm a expectativa que os dados apontem desvios no governo Bolsonaro. A “lista de chamada” dos presentes tem sido o principal trunfo dos governistas. Às segundas e quintas-feiras, dias de sessão, o gabinete do deputado Paulo Pimenta (PT-RS), designado líder da bancada na CPI, entra em contato com os parlamentares da base para assegurar o quórum e não permitir que suplentes ligados à oposição votem. Em um grupo de WhatsApp, os deputados e senadores governistas são abastecidos com resumos sobre as atividades dos interrogados e com orientações. Pimenta nega que as vitórias representem uma tentativa de blindar aliados: — Não queremos blindar ninguém, mas temos como diretriz a rejeição dos requerimentos que não tenham vínculo com o escopo da CPI. Os governistas contam com uma “tropa de choque” na comissão, que tem protagonizado embates com a oposição e se posicionado de forma mais técnica durante as sessões.