As experiências de quase morte sempre despertam curiosidade e espanto — tanto na comunidade científica quanto entre pessoas que buscam compreender o que acontece no limite entre a vida e a morte. Quem passa por situações extremas costuma relatar sensações difíceis de explicar, como a visão de uma luz intensa, uma profunda sensação de paz ou a impressão de estar fora do próprio corpo. Desta vez, o relato vem de um homem que ficou clinicamente morto por sete segundos e contou o que viveu nesse breve, mas marcante, intervalo de tempo. Leia também: Turquia envia dezenas de socorristas especializados para ajudar em busca de corpos dos reféns de Israel em Gaza Amor ou corte? Homens admitem sentir mais culpa por trocar de cabeleireiro do que por trair parceira, diz pesquisa britânica Trata-se do neurocientista Álex Gómez Marín, pesquisador do Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC), na Espanha, que afirma ter vivido uma experiência transformadora. Em entrevista recente aos jornalistas Bruno Cardeñosa e Silvia Casasola, no programa La Rosa de los Vientos, o cientista descreveu o que aconteceu e disse que o que sentiu “não se compara com nada que já tenha experimentado antes”. — Não foi um sonho nem uma alucinação, foi algo mais real que a própria realidade — afirmou, destacando que seu relato desafia qualquer explicação racional ou científica. No livro La ciencia del último umbral (“A ciência do último limiar”, em tradução livre), Gómez Marín narra o episódio que mudou sua visão sobre a existência. Há alguns anos, ele sofreu uma hemorragia interna que o deixou hospitalizado por vários dias e o levou a um estado crítico. Nesse período, viveu o que descreve como uma experiência transcendental: — Estive sete segundos do outro lado. Estava em um poço com uma luz dourada acima e três guias espirituais que me ofereciam ajuda para sair. Nesse momento, pensei em minhas filhas pequenas e pedi para voltar. Segundo ele, durante esses segundos não sentiu medo nem angústia, apenas uma profunda calma. — Lá não é preciso pensar, simplesmente se sabe. Eu sabia que tudo estava bem — relatou com serenidade. A experiência, segundo o neurocientista, deu-lhe uma nova perspectiva sobre a vida e sobre os limites entre o corpo e a consciência. Apesar de afirmar que não é uma pessoa religiosa, Gómez Marín diz acreditar que “o sagrado existe e vai além do material”. — Durante muito tempo o materialismo nos disse que só existe a matéria. Mas o amor, a dor e a consciência também são reais, ainda que não possam ser medidos — afirmou. Meses atrás, ele já havia abordado esse tema em uma conversa com o médico Manuel Sans Segarra, refletindo sobre como experiências de quase morte podem mudar a percepção da existência. O cientista reconhece que o medo da morte é um dos temores mais universais, mas diz que sua vivência o fez encará-la de forma diferente. — Acho que morrer é algo muito bonito. Temos muito medo, mas quem já esteve com um pé lá e voltou sabe que é uma experiência bela. E, enquanto isso, é importante lembrar que também há vida antes da morte — concluiu.