O consumo de certos alimentos é atribuído a efeitos benéficos à saúde, mas seu impacto em certos órgãos tem sido objeto de análise na comunidade científica. Tanto a literatura acadêmica quanto a profissional tentam fornecer uma resposta concreta: esses alimentos são completamente prejudiciais ao corpo ou seu consumo moderado não apresenta riscos? No entanto, o debate permanece ativo. Um caso que se destaca é o da saúde renal, peça fundamental no quebra-cabeça que define uma boa qualidade de vida. Isso porque os rins desempenham um papel fundamental nos processos internos de purificação e equilíbrio do corpo. De acordo com o Instituto Nacional de Diabetes e Doenças Digestivas e Renais dos Estados Unidos, os rins filtram meia xícara de sangue por minuto e contêm aproximadamente um milhão de néfrons — a unidade estrutural e funcional básica do rim, responsável pela purificação do sangue. Graças ao seu trabalho exaustivo, os nutrientes de que o corpo necessita retornam ao sangue, e os resíduos e o excesso de fluidos são separados para eliminação. O paraíso caribenho a quatro horas da Argentina, ideal para este verão As consequências de uma dieta pobre para os rins — Quando os rins não conseguem funcionar corretamente, ocorrem complicações como doenças cardiovasculares, pressão alta, anemia e distúrbios ósseos, entre outras — afirma a nutricionista María Clara Delucchi, da Divisão de Nefrologia do Departamento de Medicina, Nutrição e Dietética do Hospital de Clínicas da Universidade de Buenos Aires (UBA). Um estudo mostra que a dieta é o fator de risco mais importante para morte e incapacidade relacionadas à doença renal crônica (DRC), portanto, uma dieta cuidadosa é essencial para seu tratamento e prevenção. — A saúde renal é fundamental para se manter saudável. É muito comum que as pessoas tenham doença renal e não saibam — revela Gabriel Lapman, nefrologista e autor de "More Shoes, Less Pills". Ela também observa que condições como diabetes tipo 2, pressão alta e obesidade afetam diretamente os rins e muitas vezes estão ligadas à alimentação. 1 - Refrigerantes Os Institutos Nacionais de Saúde (NIH) relatam que, embora o fósforo seja um mineral essencial para o corpo, quando proveniente de fontes artificiais — como as encontradas em bebidas à base de água com gás — pode ser prejudicial à saúde renal. — Eles também fornecem grandes quantidades de sódio, que deve ser restringido em pacientes com doença renal, pois tem implicações para a pressão arterial — diz Delucchi. Em relação ao impacto do fósforo no corpo, uma pesquisa mostra que estudos em animais mostraram uma correlação entre alta ingestão de fósforo e um risco aumentado de danos renais a longo prazo. 2 - Carnes — O excesso de proteína animal pode ser prejudicial aos rins porque produz altos níveis de ácido no sangue, que esses órgãos precisam trabalhar horas extras para eliminar — explica Lapman. Como aponta uma pesquisa publicada no periódico Nutrients, uma dieta com baixo teor de proteína pode proteger contra complicações da DRC, como acidose metabólica, que ocorre quando a função renal se deteriora. — Isso não significa que as carnes devam ser completamente excluídos da sua dieta, mas sim que devem ser consumidos com moderação ou com a aprovação de um profissional, caso você tenha alguma condição subjacente — diz Delucchi. Por isso, segundo a especialista, as quantidades e a frequência de consumo devem ser orientadas por um nutricionista especializado em doenças renais. 3 - Alimentos congelados Alimentos congelados tendem a ser ultraprocessados e, embora facilitem o preparo das refeições, geralmente são ricos em sódio e conservantes, que são prejudiciais aos rins, alerta Lapman. A National Kidney Foundation estima que esses tipos de alimentos normalmente contêm mais de 1.000 miligramas de sódio por porção e recomenda limitar a ingestão de sódio a um total de 2.300 mg por dia. "Pessoas com doença renal ou pressão alta devem limitar a ingestão de sódio a 1.500 mg por dia", acrescentam. Felizmente, existem alguns fabricantes que oferecem refeições congeladas com teor de sódio aceitável, como observa Laura Arentz, especialista em transplante renal, no estudo “Atualizando refeições congeladas adequadas para pessoas com doença renal”. No entanto, ela também alerta: “Infelizmente, em um esforço para reduzir a ingestão de sódio nos alimentos, os fabricantes estão usando cloreto de potássio como substituto do sal, o que aumenta o teor de potássio do alimento e também o torna uma escolha ruim para uma dieta saudável para os rins”.