Mulher denuncia ter sido estuprada por PM dentro de posto policial: veja cronologia do caso

Mulher denunciou que foi estuprada por PM em posto policial; agente foi preso Uma mulher de 48 anos denunciou ter sido estuprada por um policial militar dentro de um posto da corporação no Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife, após ser parada em uma blitz na noite do dia 10 de outubro (veja vídeo acima). O caso levou à prisão preventiva do subtenente Luciano Valério de Moura, que nega o crime e permanece detido no Centro de Reeducação da Polícia Militar (Creed), em Abreu e Lima. ✅ Receba as notícias do g1 PE no WhatsApp Veja, abaixo, a sequência dos fatos: Abordagem em blitz e denúncia de estupro Dia 10 de outubro Segundo a vítima, ela e uma amiga seguiam com duas filhas adolescentes quando foram paradas em uma blitz na PE-60, em direção à Praia de Gaibu, no Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife. Após checar a documentação, um agente teria informado que havia débitos vinculados ao veículo e pedido que ela o acompanhasse até o interior do posto. A mulher relatou que foi conduzida a um dormitório, onde o policial teria fechado a porta, apagado a luz e a obrigado a praticar sexo oral. Ela afirmou que pediu para ir embora, mas foi impedida, e que temeu que as filhas presenciassem o crime ou também fossem vítimas. O abuso teria durado cerca de 20 minutos. Ela também contou que, após o estupro, o policial acendeu a luz, pegou uma toalha que estava sobre um dos beliches e deu para ela se limpar. Ao sair, a vítima disse que recebeu uma toalha e foi orientada a beber água para “tirar a gala da boca”. Registro do boletim e primeiros procedimentos 11 de outubro No dia seguinte, a mulher trabalhou até as 19h e, em seguida, foi à Delegacia da Mulher do Cabo de Santo Agostinho para registrar o boletim de ocorrência. Lá, foram solicitados à Corregedoria da Secretaria de Defesa Social os nomes dos plantonistas da noite do suposto crime e a mulher disse que reconheceu o policial a partir de fotografias apresentadas. Ela também entregou as roupas usadas no dia para perícia. Caso ganha repercussão 13 de outubro As primeiras reportagens sobre o caso foram publicadas, relatando a denúncia e a resposta da Secretaria de Defesa Social (SDS), que instaurou uma investigação preliminar na Corregedoria. No mesmo dia, a advogada Maria Júlia Leonel, que representa a vítima, foi até a Secretaria Estadual da Mulher, no Bairro do Recife, e pediu a investigação dos demais policiais que estavam no plantão. A advogada disse, também, que procurou a Secretaria da Mulher para pedir um acompanhamento institucional do caso. O órgão informou que acolheu a vítima assim que tomou conhecimento do caso e entrou em contato com a Delegacia da Mulher do Cabo de Santo Agostinho e com a gestora do Departamento de Polícia da Mulher (DPMul). A vítima passou por um exame de coleta de material genético para possível identificação do estuprador. Depoimentos, reconhecimento e atestado do suspeito 14 de outubro O secretário estadual de Defesa Social, Alessandro Carvalho, informou que afastou os três policiais que estavam no posto do Batalhão da BPRv no momento em que a mulher alegou ter sido estuprada. Ele pediu desculpas pelo fato de o crime ter sido praticado por um agente do estado. Também foi realizado o primeiro reconhecimento presencial dos suspeitos na Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM), que fica no quartel do Comando Geral da Polícia Militar, no bairro do Derby, área central do Recife. Apenas dois dos três PMs que estavam de plantão no momento do crime compareceram. Eles não foram reconhecidos pela vítima. Um terceiro suspeito, o subtenente apontado pela vítima, não compareceu ao reconhecimento presencial na DPJM porque apresentou um atestado médico alegando dor na coluna após um acidente de moto. Os dois policiais que estavam no posto e compareceram à Delegacia de Polícia Judiciária Militar para o reconhecimento disseram ter visto a mulher saindo do prédio seguida pelo subtenente, em depoimento. Os agentes, no entanto, se recusaram a fornecer material genético para a realização de perícia. Prisão preventiva e novos depoimentos 15 de outubro Na noite de 15 de outubro, a Justiça Militar expediu um mandado de prisão preventiva contra o subtenente Luciano Valério de Moura, que se apresentou acompanhado de advogado e foi encaminhado ao Centro de Reeducação da Polícia Militar (Creed), em Abreu e Lima, no Grande Recife. Também houve uma reunião na sede da SDS com o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), a Polícia Militar, a Polícia Civil e a defesa da mulher que denunciou o crime. Foram firmados encaminhamentos para o acolhimento da mulher durante a investigação. O secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho, detalhou as investigações, explicando que o subtenente e os outros dois policiais de plantão foram afastados das ruas, que a perícia foi realizada nas roupas da vítima e no posto e que o inquérito seria encaminhado à Corregedoria para instauração, também, de um procedimento administrativo. Defesa do subtenente 16 de outubro Após a prisão preventiva, o subtenente Luciano Valério de Moura teve a custódia mantida em audiência na quinta-feira (16). Seu advogado, Teófilo Carvalho, negou que o policial tenha cometido estupro e afirmou que ele apenas conversou com a vítima depois que ela pediu água. Segundo Teófilo Carvalho, a mulher estava abalada porque o militar havia identificado atrasos em uma multa do veículo e a conduziu a um local iluminado para beber água. Durante o breve diálogo, a vítima teria fornecido informações sobre sua residência de veraneio, mas, segundo o advogado, não houve coação ou abuso nem tentativa de suborno. O advogado afirmou, ainda, que a mulher saiu do posto dirigindo o veículo e trabalhou "normalmente" no dia seguinte antes de procurar a polícia. Depoimento no Creed 17 de outubro Segundo a defesa da vítima, Luciano Valério de Moura foi ouvido do Creed. A advogada Maria Júlia Leonel informou que iria realizar uma representação na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) contra Teófilo Carvalho por ele "ter divulgado o lugar que ele acredita ser o trabalho da vítima". Batalhão de Polícia Rodoviária na PE-60, no Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife Reprodução/Google Street View VÍDEOS: mais vistos de Pernambuco nos últimos 7 dias