Casos de exploração sexual infantojuvenil aumentam na internet após Lei Felca Nos primeiros seis meses de 2025 foram registrados 124 casos de estupro de vulnerável na região de Sorocaba (SP). O número representa um aumento de 29% em relação ao primeiro semestre de 2024. Segundo Juliana Saraiva, presidente da Comissão de Direitos Infantojuvenis da OAB de Sorocaba, o estupro de vulnerável está previsto no artigo 217-A do Código Penal, que estabelece que qualquer contato sexual com crianças ou adolescentes menores de 14 anos é crime, ainda que haja consentimento. Participe do canal do g1 Sorocaba e Jundiaí no WhatsApp “Mesmo que um adolescente de 13 anos aceite o ato sexual, é crime do mesmo jeito, porque existe uma presunção absoluta de que ele não está preparado para a vida sexual. Qualquer toque sexual já é considerado crime de estupro. Por exemplo, pedir para que o adolescente ou a criança toque no corpo do agressor enquanto ele observa também é crime de estupro de vulnerável”, explica. Juliana também reforça que o estupro de vulnerável não precisa necessariamente de contato físico. “O agressor pode estar do outro lado, online, escondido e até mentindo, fingindo ser um adolescente, enquanto pede para que a vítima pratique atos sexuais em si”, diz. Segundo o delegado Felipe Orosco, cerca de 40 casos de abuso infantojuvenil foram registrados em Sorocaba ainda em 2025. Um dos exemplos é o de um homem de 43 anos, preso em agosto, suspeito de produzir e compartilhar conteúdos de nudez dos próprios filhos. “As operações da polícia identificam criminosos que armazenam esse tipo de material e, além disso, simulam situações para solicitar ou até exigir fotos e vídeos de crianças e adolescentes em situação vulnerável”, explica. Casos de estupro de vulnerável crescem em 29% na região de Sorocaba TV TEM/Reprodução Exposição e adultização Ainda neste ano, o alerta sobre a adultização de crianças e adolescentes ganhou força após a repercussão do influenciador Felipe Bressanim Pereira, conhecido como Felca. Em um vídeo publicado no YouTube, o influenciador denunciou casos em que crianças e adolescentes são tratados como adultos em conteúdos aparentemente descontraídos, que acabam mascarando o abuso. “Essa exposição gera na criança uma preocupação, que é a ansiedade sobre quem ela deve ser. Também pode gerar depressão, quando a criança pensa: ‘eu tenho que fazer isso, mas eu não quero’. Além disso, pode desenvolver TEPT, o transtorno de estresse pós-traumático”, explica a psicóloga Bruna Callado. Ainda conforme a especialista, a exposição pode gerar sentimentos desagradáveis que desencadeiam transtornos como insegurança e medo. Ela alerta que os pais devem ficar atentos à navegação das crianças na internet. “Nós, adultos, precisamos conhecer muito bem a criança que está com a gente. Se é uma criança que demonstra irritabilidade, fica chateada, tem vergonha do que está fazendo ou evita mostrar à família o que vê na internet. Qualquer mudança brusca de comportamento deve ser notada”, diz. Psicóloga Bruna Callado fala sobre exposição de crianças e adolescentes na Internet TV TEM/Reprodução “Às vezes, a criança pode demonstrar felicidade, porque o abusador nem sempre é uma pessoa ruim. Ele usa disso para se aproximar, com atitudes ‘fofinhas’. Então, qualquer mudança deve acender um alerta. Pela segurança da criança, a família precisa ter acesso a tudo o que ela vê na internet”, acrescenta. Caroline Arcari, escritora e pesquisado em enfrentamento à violência sexual infantojuvenil, também reforça o alerta para que os pais sempre mantenham as crianças e adolescentes sobre suas vistorias enquanto estiverem mexendo no celular, tablet ou notebook. "Todos os dispositivos são dos adultos. Esses dispositivos são cedidos, emprestados à criança e ao adolescente. Então, a primeira dica que eu dou é que o uso desses dispositivos fique em um espaço comum, ali dentro da casa, para que as crianças não peguem esse dispositivo e fiquem escondidas dentro do quarto, porque esses dispositivos precisam da mediação dos adultos", diz. "Também é importante fazer combinados sobre não compartilhar fotos, informações e privacidade da família, como o local em que os adultos trabalham, a escola em que a criança estuda, o endereço. Os pais devem saber o que a criança está acessando e como funcionam esses jogos que a criança está jogando", conclui. Juliana Saraiva, presidente da Comissão de Direitos Infantojuvenis da OAB de Sorocaba TV TEM/Reprodução Delegado Felipe Orosco de Sorocaba (SP) TV TEM/Reprodução Caroline Arcari, escritora e pesquisado em enfrentamento à violência sexual infantojuvenil TV TEM/Reprodução Veja mais notícias da região no g1 Sorocaba e Jundiaí VÍDEOS: assista às reportagens da TV TEM