Paris Fashion Week: Estreias no comando das maisons e principais tendências do verão 2026

Big Bang, revolução solar, alinhamento cósmico. Em sintonia com os planetas que invadiram a passarela da Chanel no Grand Palais, não faltam metáforas espaciais para sintetizar a bem-sucedida estreia de Matthieu Blazy no comando da grife e a Semana de Moda de Paris como um todo. Encerrada no último dia 7, a temporada de desfiles internacionais (que começou em Nova York, um mês antes) foi marcada por 15 estreias importantes — algo nunca antes visto —, apostas que flertaram com um verão mais alegre e colorido e coleções tão comerciais quanto inspiradoras. “Após a frenética dança das cadeiras e as crises de identidade das grifes, ficou patente o empenho no resgate dos códigos e das narrativas históricas das maisons, ainda que em diferentes interpretações e intensidades”, destaca a analista de moda Paula Acioli. No caso de Blazy, muitos críticos disseram que o designer repetiu o que fazia na Bottega Veneta. O especialista em branding Fábio Monnerat discorda: “Ele fez uma nova Chanel com velhos códigos, capaz de dialogar com quem já é cliente da marca e criar desejo em quem não é”. As outras estreias mais elogiadas da temporada foram a de Pierpaolo Piccioli, na Balenciaga, e as de Jack McCollough e Lazaro Hernandez, substitutos de Jonathan Anderson, na Loewe. Anderson, agora na Dior, causou mais estranhamento do que suspiros. Primoroso ao atualizar clássicos da Balenciaga como o icônico vestido-saco, Piccioli trouxe às passarelas a silhueta com perfume de alta-costura que marcou os seus oito anos à frente da Valentino. Já a dupla Jack & Lorenzo acendeu a Loewe com hits da próxima estação, como colorbloking, vestidos atoalhados e comprimentos míni. Confira outras delas nas próximas páginas. Cintura anos 1920 Coleção de verão da Chanel e da Dior, respectivamente Getty Images A silhueta ampulheta, com ares de new look da Dior, não terá vez no próximo verão, nem mesmo na casa agora dirigida por Jonathan Anderson. O designer reconfigurou o tailleur bar de Mounsier Dior e jogou a cintura ora para cima, ora para baixo. Como nos anos loucos de Great Gatsby, a proporção drop-waist ganhou versões de Blazy para a Chanel e de Piccoli para a Balenciaga. Bolsa aberta Bolsas da coleção de verão da Chanel e Hermès, respectivamente Getty Images Difícil imaginar que essa moda pegue no Brasil, onde todo cuidado é pouco, mas... No que depender da Chanel, da Hermès e da Loewe, as bolsas de couro do próximo verão serão completamente abertas, em shapes e cores variados. Babado forte Coleção de verão da Saint Laurent e da Chloé Getty Images Brincadeiras, jogos e novas silhuetas prenunciam um verão 2026 mais alto-astral do que os anteriores. “Foi uma temporada de peças intercambiáveis, cheias de movimento ou volume, como peplum, drapeados e babados”, diz a analista de moda Paula Acioli. Na Saint Laurent, longos com ares de red carpet eram feitos de nylon, superleves. Color block Coleção de verão da Valentino Getty Images Depois de algumas temporadas de quiet luxury, com looks quase sem cor e sem volume, como lembra o especialista em branding Fabio Monnerat, a moda finalmente voltou a vibrar. “O colorblocking e os volumes mais exagerados resgatam uma alegria que há tempos não víamos nas passarelas. Essa temporada foi da volta do sonho, sem perder o olhar no mercado”, completa Monnerat. Míni, míni mesmo Coleção de verão da Cecile e Valentino, respectivamente Getty Images A míni, que desde a década de 1960 coloca as pernas e a autonomia feminina em foco, não se fez de rogada na semana de Paris. Na Valentino foi uma das estrelas do baile e, na Celine, flertou com o office look. Curtíssima, é radical e chique. Bandeira branca Coleção de verão da Balenciaga Getty Images Hit inconstestável do verão 2026, a camisa branca ganhou cauda longa no desfile da Balenciaga e saias multicoloridas no da Chanel. Para recontar a paixão de Gabrielle Chanel pelo guarda-roupa de Boy Capel, Blazy fez uma parceria entre a maison e a Charvet, tradicional camisaria situada na Place Vendôme. Balneário chique Coleção de verão de Isabel Marant Getty Images Hit inconstestável do verão 2026, a camisa branca ganhou cauda longa no desfile da Balenciaga e saias multicoloridas no da Chanel. Para recontar a paixão de Gabrielle Chanel pelo guarda-roupa de Boy Capel, Blazy fez uma parceria entre a maison e a Charvet, tradicional camisaria situada na Place Vendôme. Ilha das flores Coleção de verão da Chloé Getty Images O verão 2026 terá uma primavera particular. As flores foram cultivadas em aplicações, como se viu na Chanel, efeito 3D, saltando do vestido Balenciaga, e com ares de eternas férias na oitentista Chloé. Sempre um respiro em tempos cinzas. Verde ‘chartreuse’ Coleção de verão 2026 da Hermès e Balmain, respectivamente Getty Images O verde-oliva mudou de nome, em alusão ao Chartreuse, licor francês de tom esverdeado, à base de ervas, feito por monges cartuxos desde 1737. Na praia da Balmain de Rousteing, a cor tingiu do macramê de vestidos a parcas, jaquetas e calças estilo parachute. Já na Hermès de Nadède Vanhee veio em tops, mínis, coletes, botas e bolsas. Sofisticado, como sempre.