Durante três meses, Tarek Al-Farra dormiu todas as noites com o telemóvel debaixo da almofada. Cada vibração podia ser a mensagem que lhe permitiria sair vivo da Faixa de Gaza - ou a confirmação de que continuaria preso num território sob bombardeamentos constantes. Essa mensagem nunca chegou de Portugal, o país onde tinha sido aceite para estudar. Chegou de Itália. Hoje, Tarek vive em Turim, frequenta um mestrado numa universidade italiana e anda pelas ruas sem olhar constantemente para o céu à procura de drones. A vida que imaginara em Lisboa nunca aconteceu. Não por falta de mérito académico, nem por ausência de documentação, mas porque, quando o tempo era a diferença entre a vida e a morte, o Estado português não agiu