
ONGs pedem à presidência da COP30 que saúde seja eixo estratégico da ação climática
FERNANDA MENA SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) Uma carta com 250 assinaturas de organizações e profissionais da saúde dirigida à presidência da COP30 foi entregue nesta sexta (17) em Brasília à enviada especial para a Saúde da COP30, Ethel Maciel, enfermeira e epidemiologista que foi secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde de 2023 a 2025. Intitulada "Pela Saúde no Centro da Ação Climática", a carta traz propostas para que a saúde pública seja tratada como eixo estratégico nas negociações climáticas que acontecem em Belém durante a conferência das partes. Tema transversal da questão climática, seja pelos danos causados à saúde humana pela poluição atmosférica, seja pela vulnerabilidade gerada por eventos climáticos extremos, o documento pede que a saúde seja considerada como eixo estratégico da ação climática. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a crise climática será responsável por aproximadamente 250 mil mortes anuais entre 2030 e 2050 por desnutrição, malária, diarreia e estresse térmico. Estima-se que os serviços de saúde arcarão com custos da ordem de US$ 2 bilhões a 4 bilhões por ano para responder a esses desafios. A carta é uma iniciativa do Movimento Médicos pelo Clima, criado pelo Instituto Ar, organização que atua no campo das mudanças climáticas e da poluição pela perspectiva da saúde humana. Sua entrega foi realizada durante um encontro na UnB (Universidade de Brasília) com a participação de uma comitiva formada por representantes de entidades médicas e organizações da sociedade civil. Estiveram presentes na entrega a médica embaixadora pelo clima e pneumologista Danielle Bedin, a líder do movimento Médicos pelo Clima, Brenda Kauane, e o professor do Centro Internacional de Bioética e Humanidades da UnB, Swedenberger Barbosa. Entre os signatários do documento estão 70 organizações, movimentos e empresas, além de médicos, profissionais da saúde, lideranças da sociedade civil e ativistas, como a Sociedade Brasileira de Pediatria, a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, a Fundação José Luiz Setúbal, a Associação Brasileira de Asmáticos (ABRA), Projeto Hospitais Saudáveis e Rede de Trabalho Amazônico (GTA), que articula mais de 600 entidades da Amazônia Legal. Maciel, que recebeu o documento da comitiva, terá a função de representar o tema da saúde dentro da conferência, numa atuação de interlocutora estratégica para o assunto. "Ainda vamos ter alguns congressos até a COP, falando para os profissionais de saúde e formadores de opinião dentro da área da saúde, para que a gente crie esse grande movimento, que é a ideia do presidente da COP, o embaixador André Corrêa do Lago, para chegarmos alinhados nesta ideia de que saúde é clima e clima é saúde. Não tem como dissociar isso mais", declarou ela. Maciel explicou que a COP30 eventos dedicados a essa discussão. "Haverá eventos com parceiros estratégicos, como o próprio Ministério da Saúde, mas também com financiadores, como fundações que têm uma grande entrada na saúde, como a Fundação Gates, Fundação Rockefeller e a Wellcome Trust, que há muito tempo financiam questões de adaptação." Para a médica Danielle Bedin, presente na comitiva, os médicos precisam "estar expostos e cientes de que esse é um assunto sobre o qual temos que falar entre outros médicos e também com a população geral, com nossos pacientes". "A mudança climática está acontecendo agora, o calor está aumentando agora e se a gente não cuidar agora, os estragos serão ainda maiores no futuro", defendeu.