Dia do Pão: aprenda três receitas fáceis de chefs para preparar em casa

Dia do Pão: aprenda três receitas fáceis de chefs para preparar em casa

Nesta sexta-feira (16) é celebrado o Dia Mundial do Pão, e nada mais simbólico do que colocar a mão na massa para comemorar. Da frigideira ao forno, chefs e padeiros da cidade ensinam três versões fáceis e saborosas para preparar em casa: o pão pita da padeira Iona Rothstein, do premiado Empório Jardim, o pão de cacau do chef Flavio Alves (Farinha Pura) e o clássico pão italiano de Michele Petenzi (Alba). De receitas simples às fermentações longas, o importante é aproveitar o processo — e o perfume que invade a casa quando sai do forno. Bom apetite! Initial plugin text Pão de cacau Flavio Alves (Farinha Pura) Pão de cacau: Flavio Alves (Farinha Pura) Divulgação/Lipe Borges Ingredientes 1kg de farinha (de preferência 00) Gotas de chocolate 100g de cacau 100% 25g de fermento biológico 700ml de água de açúcar 20 de sal raspa de casca de laranja Preparo Colocar na batedeira fermento, 500ml de água, farinha já misturada com cacau e bater por sete minutos na velocidade 1. Acrescentar o sal, 200 ml de água, as gostas de chocolate e as raspas de laranja e bater na velocidade 2 por três minutos. Dobrar a massa e descansar por 12 horas. Depois, dividir em quatro pedaços e descansar por mais 30 minutos. Aquecer o forno em 240 graus por 10 minutos. Colocar o pão para assar por 20 minutos. Depois de assado, deixar descansar por 30 minutos antes de servir. Pão italiano Michele Petenzi (Alba) Ingredientes 1,2kg de farinha (de preferência 00) 720g de água fria 48g de sal 6g de fermento biológico fresco Preparo Derreter o sal na água, acrescentar a farinha com o fermento. Amassar por cinco minutos, deixar descansar por 20 minutos. Começar as dobras, fazer quatro dobras a cada 30 minutos por duas horas mantendo a massa na geladeira. Deixar descansar por 20 horas na geladeira. Depois, dividir a massa em quatro, dar o formato e colocar numa forma. deixar descansar por oito a dez horas na geladeira. Assar em forno pré-aquecido por 30 minutos a 240 graus e depois por mais 20 minutos a 210 graus. Pão pita Iona Rothstein Pão pita de Iona Rothstein Divulgação/Iona Rothstein Ingredientes 550g de farinha de trigo 330g de água em temperatura ambiente 15g de fermento biológico fresco 15g de sal 20g de açúcar Preparo Se tiver batedeira, misturar tudo com o gancho de massa em velocidade lenta. Quando soltar dos lados, aumentar para velocidade média por mais dois minutos. Terminar de sovar a massa numa bancada com farinha. Sem batedeira, força no braço. Sovar a massa até ficar lisa. Fazer uma bola lisa e cobrir com pano . Esperar 30 minutos até dobrar de tamanho. Dividir a massa em nove pedaços de mais ou menos 100g. Fazer bolas não muito apertadas e deixar descansar por mais 15 minutos. Quando a massa estiver fermentada, espalhe farinha numa bancada e abra as bolas em discos de 10 a 15cm de diâmetro com ajuda de um rolo (ou uma garrafa). Esquentar uma frigideira anti aderente, botar um disco e tampar. Uns três minutos de cada lado ou até ficar bem douradinho. Initial plugin text

Tadáskía: artista visual carioca chama atenção no exterior com obra multidisciplinar e interessada na brincadeira

Tadáskía: artista visual carioca chama atenção no exterior com obra multidisciplinar e interessada na brincadeira

A carioca Tadáskía estava em Düsseldorf para receber o Prêmio Global de Arte K21, concedido a jovens artistas emergentes, quando conversou por vídeo com o GLOBO no começo do mês. Ela ia inaugurar na cidade alemã a instalação “brincando animada: travesti mariposa centopeia”. De lá, voou para Londres, onde apresenta suas obras na Frieze, feira de arte contemporânea que começou nesta quarta-feira (15) e vai até domingo (19). Autora de desenhos, esculturas, instalações, vídeos e poemas, que usa materiais como lápis de cor, esmaltes de unha, bambu e cascas de ovo, Tadáskía voa alto. Matéria exclusiva para assinantes. Para ter acesso completo, acesse o link da matéria e faça o seu cadastro.

Novo francês em Ipanema, Caju em Botafogo e Minimok no Shopping Leblon: radar gastronômico

Novo francês em Ipanema, Caju em Botafogo e Minimok no Shopping Leblon: radar gastronômico

Ophelia O mestre da charcutaria Pedro Attayde, à frente da linha Cochon Rouge, depois de abrir o bar Jurema, na Lapa, inaugura dia 23 o Ophelia. Nessa nova empreitada, o chef levanta a bandeira francesa, cardápio 100% “bleu blanc rouge”, mas farto em embutidos, bien sûr. Fica no mesmo imóvel onde funcionou o espanhol Ízär, em Ipanema. Vai ser lindo. É hoje O Caju Gastrobar, casa concorrida do “Baixo Barata Ribeiro”, em Copacabana, abre nesta quinta0feira (16) uma filial de Botafogo e em pleno agito: no encontro da General Polidoro com Arnaldo Quintela. O balcão com seleção de frios é a aposta da nova casa, que terá na roda os hits da matriz, como a moela de pato na manteiga de garrafa e as bifanas de mignon de carne de sol. Kampai! Minimok, o japinha de Eduardo Preciado, foi das primeiras casas japonesas do Rio e das primeiras a se instalar na Rua Dias Ferreira, no Leblon: lá se vão 28 anos. Em 2015, abriu a filial de Ipanema e, em novembro, o Minimok está aportando na área nova do Shopping Leblon, em espaço vizinho ao Bal Clan, que é também egresso da mesma Dias Ferreira. E fica combinado assim. Initial plugin text

Gonza: saiba o que provar no aguardado restaurante de Gonzalo Vidal no efervescente Horto

Gonza: saiba o que provar no aguardado restaurante de Gonzalo Vidal no efervescente Horto

Quer se divertir, ver gente, comer bem sem frescuras, complicações e confusões? Vai no Gonza, ou melhor, vai pra fila do Gonza, última novidade do agora efervescente Horto. Eu podia ter esperado um pouco para conhecer a casa do chef Gonzalo Vidal, que abriu semana passada em um casarão centenário, após meses de obras — valeu a demora, ficou um charme. Mas como sou “misto quente” de ansiosa e curiosa, baixei lá no terceiro dia de funcionamento. Apesar de todos os anos de estrada de Vidal, esse é o seu primeiro restaurante, que não só traz sua identidade no nome, mas o tipo de cozinha que lhe representa. Ali, serve o que gosta e faz melhor. Esperar por quê? Não seria logo agora que o chef iria errar na mão. E não errou. Matéria exclusiva para assinantes. Para ter acesso completo, acesse o link da matéria e faça o seu cadastro.

Menu executivo todo dia, toda hora: um roteiro com bares e restaurantes que têm cardápio promocional à noite e nos fins de semana

Menu executivo todo dia, toda hora: um roteiro com bares e restaurantes que têm cardápio promocional à noite e nos fins de semana

Comer bem gastando menos é sempre uma ótima pedida. Melhor ainda é não se limitar aos horários dos menus executivos — geralmente em vigor no almoço de segunda a sexta. Em vários restaurantes, fórmulas mais em conta se expandem para os fins de semana e até no jantar. Bom apetite! De volta à cena, Novo Mercado São José vira destino concorrido em Laranjeiras; saiba o que provar Matcha, febre nas redes sociais, é estrela em sobremesas e bebidas no Rio; saiba onde encontrar Caju Gastrobar O bar de comida brasileira — que ganha hoje filial em Botafogo (leia mais na pág. 6) — oferece menu executivo durante a semana (das 12h às 21h) e aos sábados e domingos até 15h. A promoção inclui uma proteína, como bifanas de carne de sol com queijo meia cura (R$ 52), barriga de porco com vinagrete (R$ 40) ou hambúrguer de castanha-de-caju (R$ 40), que chega com dois acompanhamentos, de polentinha e aipim na manteiga aos clássicos arroz e feijão. Praça Demétrio Ribeiro 97, Copacabana. Dom a qui, das 11h30 à meia-noite. Sex e sáb, das 11h30 à 1h. Curadoria & Bar Saudade A casa famosa pelas carnes curadas artesanalmente lançou dois menus de almoço no fim de semana (das 12h às 17h). Um da Curadoria e outro do Bar Saudade, que integram o mesmo espaço. No primeiro, tem salpicão de frango defumado, com batata palha (R$ 45). É também possível montar um prato com proteína e dois acompanhamentos, como o filé suíno grelhado (R$ 59), com creme de milho e legumes salteados. No segundo, opções como rabada com polenta e salada de agrião cítrica (R$ 59). Rua da Matriz 54, Botafogo. Ter a dom, das 12h à meia-noite. dB House Na casa de carnes, o menu executivo se estende ao jantar durante a semana (das 12h às 23h) e aos sábados (das 12h às 16h). A refeição em três etapas (R$ 109) inclui entrada, nove opções de principais e sobremesa. Um caminho possível é croquete de carne com queijo; cupim no bafo com mil-folhas de mandioca trufada e farofa de banana; bolo de chocolate. VillageMall, Barra. Diariamente, das 12h às 23h. Eccellenza Além do menu executivo tradicional durante a semana, das 12h às 16h (a partir de R$ 79,90), o restaurante de pizzas e massas oferece também o executivo de fim de semana (R$ 129), no mesmo horário. A promoção inclui prato principal, como berinjela à parmegiana ou espaguete à carbonara com frutos do mar, mais entrada e sobremesa do dia. VillageMall, Barra. Diariamente, das 12h à meia-noite. Initial plugin text Ferro & Farinha A unidade do Shopping Leblon é a única da premiada pizzaria que abre para o almoço. O menu exclusivo está disponível diariamente (seg a sex, das 12h às 16h, com uma entrada; sáb e dom, das 12h às 17h), e consiste em uma proteína e dois acompanhamentos. Entre as dicas preparadas na lenha, o salmão na manteiga (R$ 85) e o ferro milanesa (R$ 79), filé com manteiga de tomilho e pomodoro. Arroz de forno, capellini com prangattato e salada são algumas opções para escoltar. Diariamente, das 12h às 23h. Jurema Bar Nos fins de semana e feriados, o bar entre a Glória e a Lapa oferece executivos especiais, das 12h às 17h. O menu muda a cada mês. Em outubro, as opções são lasanha de berinjela (R$ 38), servida com creme de espinafre, e barriga de porco (R$ 42), acompanhada de molho de goiabada, batata ao murro e salada de repolho. Rua Morais e Vale 47. Qua a sex, das 17h à 1h. Sáb, das 12h às 2h. Dom, das 12h às 22h. Jurubeba O bar do chef Elia Schramm oferece menu especial de PF diariamente, inclusive aos fins de semana, das 12h às 18h. Entre as opções, carne assada com arroz, feijão, farofa e fritas (R$ 42); bottaveggie (R$ 41), burguer de lentilha, purê de abóbora, coalhada e granola salgada; e rigatoni com ragu de linguiça toscana e parmesão (R$ 43). Rua Real Grandeza 196, Botafogo. Seg e qua a sáb, das 12h à meia-noite. Nonna per Heaven No restaurante italiano da chef Heaven Delhaye, além do tradicional almoço executivo em três etapas, (seg a sex, das 12h às 16h; R$ 79), há menu noturno, o “Senza Fondo” (R$ 89). De domingo a quinta no jantar (das 17h às 22h), a experiência em quatro etapas começa com pizza brotinho de pepperoni e segue com lasanha — à bolonhesa, com 15 camadas de massa fresca, ou de ragu de carne assada e molho bechamel. Para finalizar, panna cotta com geleia de goiaba. ParkJacarepaguá. Sex e sáb, das 12h às 23h. Dom a qui, das 12h às 22h. Olivo Além do executivo durante a semana, com entrada, prato e sobremesa (R$ 89), o restaurante italiano oferece o menu “sugestão do chef”, de domingo a quinta, das 18h às 23h (R$ 98). Entre as opções, arancini de cogumelos com fonduta de parmesão e creme de trufas ou anéis de lula fritos, de entrada. Para o principal, rigatoni à bolonhesa com fonduta de parmesão ou polpetone de mignon com mozzarella e tagliolini na manteiga. E doces como mil-folhas de chantilly e morangos. Shopping Tijuca. Seg a sáb, das 12h às 23h. Dom, das 12h às 22h. Padelli Na casa comandada pelo chef Derek Neto, pupilo de Rafa Costa e Silva, o Menu Bistrô é servido todos os dias, inclusive aos fins de semana e feriados, das 12h às 20h. São cinco opções a preços especiais, como escalopinho de mignon ao molho demi-glacê com arroz cremoso (R$ 59) e tilápia grelhada com risoto de limão-siciliano (R$ 54). Av. Atlântica 3.564, Copacabana. Diariamente, das 7h às 23h. Initial plugin text

Zema nomeia advogado de mineradoras para chefiar órgão ambiental alvo da PF em Minas

Zema nomeia advogado de mineradoras para chefiar órgão ambiental alvo da PF em Minas

O governador Romeu Zema (Novo) nomeou para a presidência da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) o ex-promotor Edson de Resende Castro, que, após se aposentar do Ministério Público de Minas Gerais, fundou um escritório de advocacia com atuação para empresas do setor de mineração. A nomeação foi publicada no último sábado (11), no Diário Oficial do Estado, e ocorre em meio à crise provocada pela Operação Rejeito, deflagrada pela Polícia Federal em 17 de setembro. A operação resultou na prisão de Rodrigo Franco, então presidente da Feam, e outros 21 suspeitos de integrar um esquema que envolvia o pagamento de propina para a liberação irregular de licenças ambientais a mineradoras. Análise: Como Messias tenta driblar preferência por Pacheco no STF e Senado Fernanda Torres, Anitta e Juliette: Artistas engrossam campanha para que Lula indique uma mulher ao STF Edson Resende é o terceiro nome a ocupar o comando do órgão em menos de 40 dias. Antes dele, Maria Amélia Lins havia assumido interinamente o cargo após a exoneração de Franco, afastado dias antes da operação por decisão do próprio governo, que alegou ter recebido “burburinhos e fofocas” sobre possíveis irregularidades. Após 31 anos como promotor, Resende se aposentou no início de 2024 e fundou um escritório de advocacia especializado em direito ambiental e eleitoral. O escritório teria sido contratado por três mineradoras, entre elas a Itaminas, que opera no mesmo complexo da barragem da Vale que se rompeu em Brumadinho, em 2019, deixando 272 mortos. A Feam é o órgão estadual responsável por fiscalizar e conceder licenças ambientais, especialmente para empreendimentos de alto impacto como barragens e minas de ferro, setor diretamente implicado na investigação da PF. A investigação aponta que servidores da Feam, da Agência Nacional de Mineração (ANM) e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) integravam uma rede de corrupção que beneficiava empresas mineradoras. As fraudes teriam permitido a exploração irregular de minério em áreas de proteção e gerado impactos ambientais e sociais severos. A estimativa é que os esquemas tenham movimentado mais de R$ 1,5 bilhão em propinas, fraudes e lavagem de dinheiro. Procurado, o governo de Minas Gerais respondeu por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), e justificou a nomeação de Resende pela sua "reconhecida trajetória de mais de três décadas no Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), com atuação destacada na área ambiental e sólido conhecimento técnico-jurídico". A Semad acrescentou ainda que Edson não foi representante formal da Itaminas. "Após a aposentadoria, Edson exerceu consultoria jurídica por período limitado, em conformidade com a legislação aplicável. Nessa condição, acompanhou a diretoria da Itaminas em visita institucional ao Ministério Público, sem ter atuado como representante formal da empresa, seja em inquérito civil ou em processo decisório correlato", destacou a Semad. Sobre a Operação Rejeito, o governo do estado afirmou que foram tomadas todas as medidas decorrentes da decisão judicial, com o afastamento de servidores envolvidos, a suspensão de todas as licenças e autorizações das empresas citadas no âmbito da decisão e a deflagração de ampla operação de fiscalização para garantir o cumprimento das suspensões. "A Semad iniciou procedimento de revisão interna para analisar processos vinculados às empresas investigadas e avalia, junto à Controladoria-Geral do Estado, a contratação de auditoria externa independente para apoiar e dar maior celeridade aos processos de investigação", informou o governo de Minas Gerais, em nota.

Diretora de 'The mastermind', Kelly Reichardt fala de sua atuação no cinema independente:  'Não faço parte da indústria'

Diretora de 'The mastermind', Kelly Reichardt fala de sua atuação no cinema independente: 'Não faço parte da indústria'

Como professora de cinema da Bard College, no estado de Nova York, Kelly Reichardt adora acompanhar as interações de seus alunos e observar para onde eles gostam de “apontar suas câmeras pela primeira vez”. Como diretora de filmes, a realizadora americana, um dos nomes mais respeitados do cinema independente contemporâneo, costuma revisitar gêneros consagrados para revirá-los e então oferecer um olhar novo sobre ambientes, estruturas narrativas e tipos humanos que, por repetição, viraram clichês. Em “The mastermind”, que chega hoje aos cinemas brasileiros, a autora de “First cow — A primeira vaca da América” (2019), no qual embaralhava os códigos do western viril, agora evoca os dos filmes de assalto à moda antiga, especialmente os produzidos durante a Nova Onda de Hollywood, entre os anos 1960 e o início dos 1970. Além de 'O agente secreto': conheça outros três filmes brasileiros que podem concorrer ao Oscar 'A ressurreição de Cristo': Mel Gibson revela elenco de sequência de 'A paixão de Cristo' com novos atores para Jesus e Maria Madalena Na trama, Josh O’Connor (o príncipe Charles em duas temporadas da série “The Crown”) interpreta James Mooney, um carpinteiro desempregado, pai de família e estudante de arte frustrado que planeja e executa um roubo de quadros de um museu da cidade onde mora, só para descobrir que roubá-los é mais fácil do que usufruir ou desfazer-se deles. Diferentemente de filmes de assalto modernos, como “Onze homens e um segredo” (2001) e “Gênios do crime” (2016), que enfatizam e glamourizam a ação do crime em si, “The mastermind” concentra-se nas consequências do ato inconsequente e nos dilemas que ele impõe ao protagonista, que não tem o charme ou a esperteza de seus pares em produções do mesmo gênero, mais luxuosas e vibrantes: preso numa espiral de erros, James é forçado a pegar a estrada, deixando a mulher e os filhos para trás. — Além de admirar os filmes da Nova Onda de Hollywood, também sou fã de alguns filmes de assalto franceses, como “O círculo vermelho” (1970), ou mesmo “Cai a noite sobre a cidade” (1972), de Jean-Pierre Melville (1917-1973), um diretor que amo. Mas são filmes sobre homens feito por homens. O personagem de Josh vem dessa linhagem de homens meio frustrados e atrapalhados, mas que também são meio heróis, e que consagrou atores como Bruce Stern e Elliot Gould — diz a cineasta, que exibiu seu filme na mostra competitiva do Festival de Cannes. — James Mooney é um cara inteligente o suficiente para se enrascar, mas não é inteligente suficiente para sair do problema. Segui essa tradição, mas também para quebrá-la um pouco. O gênero é desconstruído, assim como o plano de Mooney. Kelly Reichardt está entre os poucos diretores independentes que ainda conseguem manter uma produção regular sem comprometer seus padrões Luca Carlino / NurPhoto via AFP O roteiro, também assinado por Kelly, é inspirado num roubo semelhante ocorrido em 1972, no Museu de Arte de Worcester, no estado de Massachusetts, onde dois quadros de Gauguin, um de Picasso e uma peça de Rembrandt foram levados durante o horário de funcionamento do museu — as obras foram recuperadas rapidamente e os ladrões foram presos. “The mastermind” é ambientado em 1970, e reproduz a precariedade dos sistemas de alarme analógicos da época, sem câmeras de vigilância e protocolos de segurança de que dispomos hoje. A história se passa numa cidade fictícia, que abriga um museu rico em peças do americano Arthur Dove, pioneiro da arte abstrata. Logo no início, acompanhamos James checando a segurança da instituição, escondendo uma pequena estatueta dentro da bolsa de sua mulher, sob o nariz dos guardas. — Durante o trabalho de promoção de “Showing up” (2022), meu filme anterior, estava sob a pressão de encontrar algo novo para trabalhar, e que não fosse parecido com algo que já havia feito antes. Há muito tempo andava interessada no gênero de assalto, lia bastante coisa a respeito, e então topei com a efeméride do aniversário de 50 anos do caso das adolescentes que cruzaram o caminho dos criminosos do museu de Massachusetts. Por coincidência, eu frequentei a escola de artes lá. Essa foi a semente de tudo, e uma forma também de homenagear a obra de Dove — diz Kelly, ganhadora do prêmio Robert Altman do Independent Spirit Awards de 2024 por “Showing up”. — Nos filmes de assalto tudo é grandioso e tudo vai bem, mesmo quando dá errado. Mas eu queria lidar com as coisas pequenas, com os passos de uma pessoa comum diante de um ato tão ambicioso. Conhecida por seus personagens que vivem à margem da sociedade e da História, Kelly Reichardt pinta, com muita sutileza, o pano de fundo político da época. Em 1970, os Estados Unidos estão envolvidos na Guerra do Vietnã, e as manifestações de mães, soldados, hippies e estudantes se multiplicam pelo país, mesmo reprimidas pela polícia. Filho de um juiz e pai de família, ou seja, imune a uma possível convocação, James Mooney parece indiferente ao noticiário da TV e do rádio, às imagens em preto e branco das marchas que cruzam o país, às reivindicações do movimento feminista, ao discurso dos artífices da contracultura. Admirador das artes, aspirante a colecionador e, quem sabe, futuro agente do mercado negro, o protagonista de “The mastermind” é um representante da alma dividida do povo americano à época. Que, de certa forma, ecoa na nação hoje. — Na verdade, não tive o propósito de fazer qualquer associação à situação que vivemos hoje. Mas, em se tratando da trajetória recente dos Estados Unidos, é impossível que isso não aconteça, mesmo inconscientemente. Quando fiz “Antiga alegria” (2006), por exemplo, estávamos no início da era Bush, mas pensávamos que aquele período obscuro iria passar. Mas já deu para perceber que isso não vai acontecer tão cedo, vamos depender da Suprema Corte para o resto da vida, não sei. Talvez eu esteja ficando velha — brinca a diretora, de 61 anos, nascida na Flórida. — Falhamos nos anos 1950, um período muito repressivo, e falhamos nos anos 1970, com a questão do Vietnã e o caso Watergate. Não que não tivéssemos falhado antes, mas ficou a percepção que, desde então, temos vivido um tipo de ideal falido. Kelly está entre os poucos realizadores independentes que ainda conseguem manter uma produção regular, sem comprometer seus padrões. A cineasta conta com o apoio de colaboradores famosos e constantes, como a atriz Michelle Williams, com quem fez quatro filmes (“Showing up”, “Certas mulheres”, “Wendy e Lucy” e “O atalho”). Em sua primeira experiência num set sob o comando da diretora, Josh O’Connor diz que “há algo muito especial em trabalhar com Kelly, uma gentileza na relação entre diretor e ator que não se encontra com frequência, e que acaba influenciando uma performance”. Apesar do momento promissor que o cinema americano atravessa, explicitado pelos Oscars de “Anora”, de Sean Baker, a cineasta não sonha com honrarias grandiosas e se diz satisfeita com a vida equilibrada entre os filmes e as aulas no Bard College. — Fico muito feliz por Baker, sei que é maravilhoso ganhar prêmios, mas gosto da vida comum. Eu dou aulas para sobreviver, e gosto do meu trabalho. Quem concorre ao Oscar leva pelo menos oito meses de sua vida perseguindo aquele prêmio. Fico feliz por quem ganhar, mas imagina se for o seu último ano de vida e você o gastou correndo atrás de um prêmio? — diverte-se. — Gosto do equilíbrio que construí. Dou aulas um semestre por ano, no outro tento fazer filmes. Moro num apartamento pequeno, tomo um trem para chegar lá, e me hospedo numa pensão nos períodos de aula. Meus alunos me visitam no set. Meu plano de saúde, e é isso pelo que todos lutamos nos Estados Unidos, vem do meu trabalho como professora. Não faço parte da indústria do cinema.

Saiba quem são os dois réus por atos golpistas que Moraes mandou soltar

Saiba quem são os dois réus por atos golpistas que Moraes mandou soltar

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que dois réus envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 deixem a cadeia. O relator decidiu revogar as prisões de Alexsandra Aparecida da Silva, diagnosticada com nódulo na mama e detida há dois meses e meio em Três Corações (MG), e de Divanio Natal Gonçalves, morador de Uberlândia (MG) detido desde abril, após se constatar que houve um erro no monitoramento do cumprimento de medidas cautelares. Cotado ao STF: Messias defende em parecer constitucionalidade de emendas Pix e impositivas Fernanda Torres, Anitta e Juliette: Artistas engrossam campanha para que Lula indique uma mulher ao STF Alexsandra deve deixar o encarceramento até o fim da semana, segundo sua defesa. Seu caso foi tema da coluna de Fernando Gabeira no GLOBO publicada na terça-feira. A decisão de Moraes impõe medidas cautelares contra a bolsonarista, como o uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento noturno e nos fins de semana, comparecimento em juízo semanal, proibição de usar as redes sociais e o recolhimento do passaporte. O descumprimento destas medidas implicará em nova decretação de prisão. Alexsandra havia deixado o presídio em março, mas voltou a ser detida em julho, após “diversos descumprimentos não justificados das medidas cautelares”. “A necessária compatibilização entre a Justiça Penal e o direito de liberdade não aponta a permanência das razões para a manutenção da medida cautelar extrema, seja para garantir a ordem pública, seja para impedir eventuais condutas da ré que pudessem atrapalhar a instrução criminal ou a aplicação da lei penal, além de inexistirem, nos autos, quaisquer elementos capazes de evidenciar risco concreto de reiteração da prática delitiva”, afirmou Moraes. Na coluna de terça-feira, Gabeira mostrou que a ré, conhecida por Leca, vivia precariamente e cuidava de nove cachorros após o fim do casamento, que ocorreu após a primeira prisão dela, em Brasília. Ela estava na capital federal apenas em 9 de janeiro de 2023, dia seguinte aos atos golpistas que culminaram na destruição dos prédios dos três Poderes, porque o ônibus em que ela estava quebrou, o que causou um atraso. A defesa de Alexsandra afirma que ela sofre de ansiedade, tem um cisto no punho e sofre com sangramento retal. A coluna de Gabeira aponta que Silva voltou para a pequena cidade mineira em que vivia após deixar a prisão pela primeira vez, em março, e passou por dificuldades financeiras. A falta de recursos teria dificultado a apresentação semanal dela à Justiça, na cidade mineira de Paraguaçu, vizinha à Fama, onde mora. Erro reconhecido Já Gonçalves estava preso desde abril, após uma Vara da Justiça informar que ele tinha descumprido obrigações impostas. O acompanhamento das cautelares, porém, estava sendo feito por outra Vara. Ele foi preso no acampamento em frente ao Quartel-General do Exército, mas recebeu liberdade provisória em março de 2023. Foram impostas uma série de obrigações, como usar tornozeleira eletrônica e comparecer semanalmente à Justiça. Em maio daquele ano, ele virou réu, por incitação ao crime e associação criminosa. A Vara de Execuções Penais de Uberlândia informou, contudo, que ele não compareceu para colocar a tornozeleira eletrônica e cumprir as outras medidas. Moraes determinou a prisão de Gonçalves em setembro de 2024, mas a medida só foi cumprida em abril deste ano. Na semana passada, a defesa do réu informou que o acompanhamento das cautelares estava sendo feito por outro órgão, a Vara de Precatórios, também de Uberlândia. Sua advogada, Tanieli Telles, destacou que ele estava usando tornozeleira no momento em que foi preso, em casa. Na segunda-feira, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, concordou com o pedido de liberdade. Na decisão em que determinou a soltura, Moraes ressaltou que, na audiência de custódia, realizada logo após a prisão, não foi informado que as obrigações estavam sendo cumpridas. Entretanto, o ministro reconheceu que o acompanhamento estava sendo feito por outra vara judicial.

Lula vai ouvir Alcolumbre sobre indicado ao STF e faz gesto a magistrados, mas centraliza decisão, avaliam aliados

Lula vai ouvir Alcolumbre sobre indicado ao STF e faz gesto a magistrados, mas centraliza decisão, avaliam aliados

Depois de ouvir os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a sucessão da vaga de Luis Roberto Barroso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve conversar com o presidente do Senado Davi Alcolumbre (União-AP). A decisão sobre a escolha da indicação será centralizada por Lula independente dessas conversas, afirmam auxiliares. Esses aliados argumentam que o presidente não abre de sua prerrogativa de indicar um nome da sua confiança.  Apesar da preferência no Senado e de uma ala do Supremo pelo senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o entorno presidencial vê o ministro da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, como favorito.  Auxiliares afirmam que ao conversar com um grupo de ministros na noite terça-feira, Lula fez um gesto de respeito a Corte, mas que o encontro não deve mudar o rumo da escolha do presidente.  Estiveram presentes os ministros Gilmar Mendes, Flávio Dino, Cristiano Zanin e Alexandre de Moraes, além de integrantes do primeiro escalão do governo, Ricardo Lewandowski (Justiça) e Rui Costa (Casa Civil).  Como mostrou O GLOBO, ministros do STF aproveitaram a ocasião para transmitir a expectativa de que a escolha seja de “peso” — alguém capaz de preservar a autoridade institucional do tribunal.   Lula, por sua vez, reforçou que ainda está refletindo e que fará uma “boa escolha”. A aposta entre aliados do petista é que ao conversar com Davi Alcolumbre, Lula já terá tomado a decisão e a levará ao presidente do Senado o nome como fato consumado. Lula, no entanto, precisa do apoio de Alcolumbre, que advoga pela indicação de Pacheco, para que a Casa chancele o nome do seu indicado.  O escolhido por Lula precisa ser abatinado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e ter o nome aprovado pelo plenário principal da Casa. São necessários, pelo menos, 41 votos para a aprovação.

Governo Tarcísio e ‘bancada da bala’ aceleram distribuição de pistolas, carabinas e até fuzis para guardas municipais no interior

Governo Tarcísio e ‘bancada da bala’ aceleram distribuição de pistolas, carabinas e até fuzis para guardas municipais no interior

O governo de São Paulo e parlamentares da “bancada da bala” vêm investindo de modo crescente no armamento de Guardas Civis Municipais pelo interior do estado. Se antes as verbas destinadas a essas corporações focavam na compra de câmeras, fardas, veículos e equipamento não letal, como tasers, restringindo o arsenal pesado a grandes cidades, agora a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) e a Assembleia Legislativa acenam com a distribuição massiva de pistolas e repasses para a aquisição até de carabinas e fuzis. Ex-delegado-geral de SP executado: sexto suspeito de envolvimento no assassinato de Ruy Ferraz Fontes é preso Condenação revertida: 'Um grande absurdo', diz advogada do homem solto após 15 anos preso por crime da 113 Sul A política de distribuição sistemática de armas de fogo a agentes municipais, que antes tinham as atribuições principais de zelar pelo patrimônio e colaborar com as polícias, começou nos governos tucanos de João Doria e Rodrigo Garcia, mas ganhou ainda mais força sob Tarcísio. O movimento é chancelado por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), de 2021, de que guardas municipais têm direito a portar arma e fazer policiamento ostensivo e prisões em flagrante, independentemente do tamanho da cidade. A aceleração na distribuição de armas pelo interior paulista ocorre em três frentes. Deputados interessados em propagar o discurso “linha-dura” contra o crime editam emendas impositivas ao orçamento, que precisam ser pagas obrigatoriamente pelo estado. O Executivo, por conta própria, tem autorizado ainda convênios para compra de material bélico, em parceria com as prefeituras. Por fim, o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, já determinou o repasse de pelo menos 1.444 armas da Polícia Civil para as Guardas Civis Metropolitanas (GCM), de acordo com levantamento do GLOBO a partir de despachos publicados no Diário Oficial. Sob o comando de Derrite, capitão da Polícia Militar que chegou ao cargo como deputado federal alinhado com o ex-presidente Jair Bolsonaro, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) entregou lotes de 12 a 250 pistolas calibre .40 modelo MD6, da Imbel, ou PT100 e PT840, da Taurus, para ao menos 21 cidades paulistas. A pasta não enviou detalhes sobre os equipamentos doados, que seriam 2.146 ao todo, alegando apenas que “todos os processos concretizados são publicados no Diário Oficial”, e ignorou pedido para que apontasse os convênios firmados no mesmo período. A doação está prevista em caso de atualização dos equipamentos, de acordo com uma lei proposta pela deputada estadual Carla Morando (PSDB) e sancionada pelo ex-governador João Doria, em março de 2021. A ideia da deputada na época era reforçar o armamento no ABC paulista, uma região populosa — São Bernardo do Campo, por exemplo, recebeu 500 revólveres de uma só vez naquele mesmo ano; o prefeito era marido da parlamentar. O entendimento firmado pelo Supremo, porém, permite agora ao governo paulista direcionar armas de fogo a municípios como Conchal (com 25 mil habitantes, recebeu 46 pistolas) e Serra Negra (com 29 mil habitantes, ficou com 34 pistolas). A pasta de Derrite alega que todos os equipamentos doados ficaram sem uso por conta da padronização das armas dos delegados e policiais civis em pistolas de calibre 9mm, mas o critério de distribuição não fica claro. Entre especialistas, há dúvidas sobre a eficácia da medida. O coronel da reserva da PM José Vicente da Silva Filho, ex-secretário Nacional de Segurança Pública, não vê necessidade de investimento em guardas de cidades que não têm histórico de violências, citando o caso de Serrana, de 45 mil habitantes, que recebeu 26 pistolas — e registrou dois homicídios ao longo do primeiro semestre, além de dois roubos de veículos. — Em municípios desses portes, e com poucos casos de crimes, só vejo necessidade de guarda municipal existir se for para ajudar naqueles problemas que eles têm, como cuidar da segurança das escolas, do pronto-socorro da cidade, ajudar no atendimento à população. Agora, para o patrulhamento, não tem o menor sentido. O que vemos são casos de prefeitos fantasiando atuações de segurança pública para ganhar votos — diz o ex-secretário. A “bancada da bala” reage às críticas com ironia. O deputado federal Delegado Palumbo (MDB-SP), que destinou emenda parlamentar para que Guarulhos pudesse comprar um veículo blindado, logo apelidado de “caveirão” em alusão aos carros da PM do Rio, afirma que o armamento de guardas civis em cidades menores veio para ficar e vai render frutos no futuro: — O bandido não quer morrer e procura oportunidade. Se em determinada cidade a guarda civil está armada, seja com fuzil, seja com pistola, ele vai procurar um local cuja guarda ainda utiliza cassetetes — alega o deputado. Em outubro de 2023, uma das primeiras cidades a receber as pistolas de presente foi Tatuí, de 123 mil habitantes, com 80 armas. O deputado Carlos Cezar (PL), líder do partido na Assembleia Legislativa do Estado (Alesp), alegou que o secretário havia atendido ao seu ofício, que por sua vez tinha partido de um suplente de vereador da cidade. Caminho semelhante ocorreu em Itararé, de 44 mil habitantes, cujo grupo político no poder é ligado ao presidente estadual do Progressistas, o deputado federal Maurício Neves (PP). Amigo pessoal do secretário, ele posou para fotos no evento. “As armas substituídas e que estão ainda em condições de uso não são descartadas, mas reaproveitadas pelas forças públicas municipais. A cessão é feita de acordo com os pedidos do poder municipal à SSP. O processo de doação, para ser concretizado, passa por uma série de etapas e complexa instrução processual que deve ser realizada pelas prefeituras interessadas. O não cumprimento de alguma dessas etapas inviabiliza a conclusão da doação”, afirma a pasta. Nos bastidores, um parlamentar governista diz que tudo é feito “na base da fila mesmo”, mas admite que são os próprios deputados que costumam levar o pedido. Segundo essa mesma fonte, próxima das forças de segurança pública, “pode ser que tenha alguma cidade em que a violência é um pouco maior no interior, que dê mais rápido do que as outras”. Ele alega ainda que a Polícia Civil acabou de adquirir 18 mil novas armas e que uma distribuição nessa mesma escala deve ocorrer nos próximos meses para as guardas municipais. Emenda para comprar fuzil A “bancada da bala” adota como meta a distribuição de armas para os guardas municipais do estado. Figuras como Capitão Telhada (PP), filho de um ex-comandante da Rota que inspirou Derrite a entrar na política, Tenente Coimbra (PL), outro PM influente nas redes sociais, e Letícia Aguiar (PL), deputada bolsonarista que se declara “madrinha da GCM”, aproveitam as emendas obrigatórias do orçamento para direcionar os convênios e bancar as aquisições, mais ou menos explícitas. Telhada destinou R$ 100 mil para Iperó equipar os agentes da GCM com pistolas 9mm, as mesmas defendidas como novo padrão da Polícia Civil. O município tem 36 mil habitantes. Coimbra reservou R$ 95 mil do orçamento para a compra de sete carabinas em Americana, de 237 mil habitantes, que já havia recebido doação de 95 pistolas. Aguiar foi além e determinou a aquisição de seis fuzis calibre 5.56 “Nato” para São José dos Campos, sua cidade natal e onde o vice-governador, Felício Ramuth, já foi prefeito. Ela também mandou R$ 80 mil para “armas longas e munições” a Aparecida, conhecida pelas romarias nesta época do ano e onde moram 32 mil pessoas. — O fuzil não é uma arma feita para a segurança pública. Isso já é um desvirtuamento que a gente tem observado no Brasil faz muito tempo, pois o fuzil é uma arma de longo alcance. Um fuzil dá tiro de um quilômetro. Quando se fala em segurança pública, você vai trabalhar com distâncias muito menores. Isso sem contar o impacto colateral — explica o pesquisador Roberto Uchôa, membro do conselho do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. — Infelizmente, há uma ideia no Brasil como um todo de que quanto mais armada a instituição, mais efetivo será o seu papel. Desde 2023, as emendas que fazem referência direta à “aquisição de material bélico” ou a tipos específicos de armas de fogo para a GCM demandaram pelo menos R$ 2,3 milhões dos cofres públicos. Sem contar com as verbas usadas para estande de tiro, coletes balísticos e carros blindados, que se justificam pelo confronto. A execução é feita de maneira descentralizada, o que dificulta saber quantos equipamentos foram efetivamente comprados com o dinheiro. Mas, considerando o preço médio definido pelo próprio governo para as pistolas doadas, o montante poderia bancar cerca de 1.200 armas. No caso dos convênios, Tarcísio assinou três autorizações para compra de armas para a GCM de Capela do Alto, Jundiaí e Serrana no fim de setembro. A gestão ainda deu aval para que a prefeitura de Salto de Pirapora usasse um saldo remanescente de outro contrato, no valor de R$ 46 mil, para comprar dois revólveres e centenas de munições de carabina e pistolas, além de coletes balísticos. O GLOBO verificou ainda a existência de pelo menos outros sete convênios sem detalhamento, mas referentes à aquisição de material bélico com essa finalidade, além da previsão de compra de outras 112 pistolas via município de Americana. Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que 219 municípios paulistas contavam com guardas em 2023, sendo 49 apenas com armas não letais ou de nenhum tipo e 170 com armas de fogo em parte ou toda a corporação. Destas, 188 tinham órgão de controle, que poderiam ser internos, caso de 165 cidades, e/ou por ouvidoria, num total de 151. O panorama não foi atualizado pelo instituto desde então. No Brasil, as GCM armadas eram 396, dentre as 1.322 existentes, ou seja, numa tendência inversa à do estado de São Paulo.

Classificação indicativa de 6 anos e avaliação de apps: as novidades do governo para proteção infantil em ambiente digital

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O governo federal anunciou na quarta-feira a criação de uma nova faixa etária indicativa para produtos audiovisuais e aplicativos de celular. Ela indicará conteúdos impróprios para crianças abaixo de 6 anos. Atualmente, a classificação começa em “livre” e segue para 10 anos, 12 anos, 14 anos, 16 anos e 18 anos. A nova faixa vai preencher uma faixa entre "livre" e 10 anos. Licenciamento ambiental: Lula recorre a Motta para evitar revés em votação de vetos Oito mortes já foram confirmadas: Brasil confirma 41 casos de intoxicação por metanol A outra novidade, anunciada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, oficializada através de uma portaria assinada pelo ministro Ricardo Lewandowski, foi a criação de classificação indicativa para aplicativos de celular. Ela terá as mesmas faixas de idade do que os produtos audiovisuais. — A primeira infância é etapa essencial do desenvolvimento da pessoa humana. A política pública de classificação indicativa é uma das mais importantes camadas de proteção nos ambientes digitais porque informa as famílias se o conteúdo que está sendo veiculado é seguro para os menores sob sua guarda — diz o ministro. Lewandowski defendeu que a medida é inovadora por incluir interatividade digital, disponível nos aplicativos do celular, como passível de ser submetida à classificação indicativa. Atualmente, conteúdos que contenham sexo, nudez, drogas e violência passam por esses filtros. De acordo com ele, passarão a ser averiguados a possibilidade de contato com adultos desconhecidos, de compras on-line e de interações potencialmente perigosas com agentes de inteligência artificial. — Agora serão avaliados riscos presentes em jogos eletrônicos, aplicativos de todas as espécies a venda nas redes sociais. Em outras palavras, nosso objetivo é criar mecanismos que contribuam para um ambiente mididático digital mais seguro, educativo e respeitoso para as crianças brasileiros — afirmou Lewandowski durante o evento que assinou a portaria. ECA Digital No mês passado, o governo sancionou uma lei que cria regras para proteger crianças e adolescentes no ambiente on-line. Por isso, ficou conhecida como "ECA Digital". O texto abrange redes sociais, sites, aplicativos, jogos eletrônicos e outras plataformas. O texto estabelece um “dever de cuidado” das plataformas em relação a menores de idade, com medidas de proteção e responsabilização em caso de descumprimento Prevê, ainda, mecanismos de controle para que pais e responsáveis restrinjam a visibilidade de conteúdos, limitem a comunicação direta entre adultos e menores e definam tempo de uso. Além disso, crianças poderão ter contas próprias apenas se forem vinculadas às contas dos responsáveis legais. As plataformas também deverão implementar verificação de idade, sistemas de notificação de abuso sexual e configurações mais protetivas de privacidade e de dados pessoais. Provedores precisarão impedir o uso por menores quando o serviço não for destinado a esse público, adotar ações para prevenir e mitigar crimes como bullying e exploração sexual e vedar padrões de uso que incentivem vícios e transtornos. A diretora de Sensibilização da Sociedade da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, Paula Perim, afirmou que a medida é positiva, mas pontuou que "é essencial que as políticas públicas e classificações considerem as evidências científicas sobre o impacto do uso excessivo de telas no desenvolvimento infantil". — Independente da qualidade do conteúdo ao qual a criança está exposta, ou do tipo de tela (celular, TV, tablet) que ela tem acesso, o mais importante é lembrar que entre 2 e 5 anos, a recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria é de no máximo uma hora por dia de telas, sempre com a presença e o acompanhamento de um adulto — afirmou. Dados do Panorama da Primeira Infância, realizado pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal em parceria com o Datafolha, mostram que 78% das crianças de até 3 anos e 94% das de 4 a 6 anos já têm contato diário com telas, muitas vezes por períodos que ultrapassam o recomendado.

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Depois de iniciar um processo de reorganização da base com a demissão de indicados por ex-aliados, o Palácio do Planalto passou a mirar na troca de cargos de um importante espaço para o Centrão: a Caixa. O banco, responsável por financiar políticas públicas regionais, deve ter parte considerável das 12 vice-presidências trocadas. O governo já promoveu mudanças em postos de assessoria da instituição e na Vice-Presidência de Sustentabilidade e Cidadania Digital. Matéria exclusiva para assinantes. Para ter acesso completo, acesse o link da matéria e faça o seu cadastro.

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Apesar do esforço e da pressão do governo, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), manteve para a manhã de hoje a sessão conjunta do Congresso para apreciar os vetos presidenciais a dispositivos da Lei Geral de Licenciamento Ambiental. A expectativa, inclusive na base aliada, é que os vetos sejam majoritária ou integralmente derrubados. Matéria exclusiva para assinantes. Para ter acesso completo, acesse o link da matéria e faça o seu cadastro.