
Helicópteros de operações especiais reforçam presença militar do governo Trump perto da Venezuela, diz jornal
Imagem de arquivo mostra um avião bombardeiro B-52 da Força Aérea dos Estados Unidos decolando da base aérea em Gloucestershire, Inglaterra REUTERS/DarrenStaples/Files Um esquadrão de helicópteros de ataque dos Estados Unidos foram vistos sobrevoando uma região próxima da costa da Venezuela, afirmou o jornal americano "The Washington Post" nesta quinta-feira (16). ✅ Siga o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp Nesta semana, três bombardeiros B-52 sobrevoarem a região e o presidente Donald Trump confirmar que autorizou operações secretas da CIA em território venezuelano. As aeronaves se juntam a uma frota militar composta por pelo menos oito navios americanos, um submarino nuclear e um esquadrão de caças de guerra F-35 que está estacionada no mar do Caribe em meio a uma escalada de tensões entre o governo Trump e o regime Maduro. A presença militar e as declarações do governo americano dão sinais de que Trump está disposto a derrubar Maduro na Venezuela, segundo especialistas ouvidos pelo g1. Veja os vídeos que estão em alta no g1 Na quarta, os três B-52 foram vistos sobrevoando a chamada “FIR” —Região de Informação de Voo, na sigla em inglês—, área fora do território venezuelano, mas sob jurisdição do país. Segundo imagens do site de monitoramento aéreo FlightRadar, a rota traçada pelos aviões lembrava um desenho obsceno, o que pode integrar uma estratégia de guerra psicológica do governo Trump. Operações no Caribe EUA bombardeiam barco perto da costa da Venezuela Desde setembro, os Estados Unidos vêm bombardeando barcos que, segundo o governo, pertencem a organizações narcoterroristas envolvidas no transporte de drogas para o território norte-americano. O bombardeio mais recente foi autorizado na terça-feira (14), quando militares atingiram um barco em águas internacionais próximas à costa da Venezuela. Seis pessoas morreram, segundo Trump. "A inteligência confirmou que a embarcação estava traficando narcóticos, estava associada a redes ilícitas de narcoterrorismo e transitava por uma rota conhecida de organização terrorista", publicou o presidente em uma rede social. Essas operações, no entanto, têm sido alvo de críticas de entidades internacionais. A Human Rights Watch afirmou que os bombardeios violam a lei internacional por se tratar de "execuções extrajudiciais ilegais". O tema também foi discutido no Conselho de Segurança da ONU na sexta-feira (10), que levantou preocupações sobre a execução de civis sem julgamento, além da possibilidade de uma escalada militar na região. Já o governo da Venezuela pediu para que a comunidade internacional investigue os ataques, afirmando que as vítimas — que os EUA alegam ser narcotraficantes — eram apenas pescadores. Escalada de tensões Imagem mostra o presidente dos EUA, Donald Trump (E), em Washington, DC, em 9 de julho de 2025, e o presidente venezuelano, Nicolás Maduro (D), em Caracas, em 31 de julho de 2024. AFP/Jim Watson Especialistas ouvidos pelo g1 afirmam que o aparato enviado pelos EUA ao sul do Caribe é incompatível com uma operação militar para combater o tráfico de drogas. "Se você olhar o tipo de equipamento enviado para a Venezuela, não é um equipamento de prevenção ou de ação contra o tráfico, ou contra cartéis", aponta o cientista Carlos Gustavo Poggio, professor do Berea College, nos EUA. Maurício Santoro, doutor em Ciência Política pelo IUPERJ e colaborador do Centro de Estudos Político-Estratégicos da Marinha do Brasil, avalia que os EUA podem estar se preparando para uma intervenção militar na Venezuela. “É uma situação muito semelhante àquela do Irã, alguns meses atrás. O volume de recursos militares que os Estados Unidos transferiram para o Oriente Médio naquela ocasião, e agora para o Caribe, são indicações de que eles estão falando sério”, disse. Veja a seguir o que se sabe sobre a operação dos EUA: Pelo menos sete navios dos EUA foram enviados para o sul do Caribe, incluindo um esquadrão anfíbio, além de 4.500 militares e um submarino nuclear. Aviões espiões P-8 também sobrevoaram a região, em águas internacionais. A operação se apoia no argumento de que Maduro é líder do suposto Cartel de los Soles, classificado pelos EUA como organização terrorista. Os EUA consideram o presidente venezuelano um fugitivo da Justiça e oferecem recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à prisão dele. A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, se recusou a comentar objetivos militares, mas disse que o governo Trump vai usar "toda a força" contra Maduro. O site Axios revelou que Trump pediu um "menu de opções" sobre a Venezuela. Autoridades ouvidas pela imprensa americana não descartam uma invasão no futuro. Trump vem se recusando a comentar se irá ordenar um ataque direto ao território venezuelano. Por outro lado, o presidente já autorizou que militares atirem contra caças da Venezuela que oferecerem risco à operação americana. Enquanto isso, Caracas vem mobilizando militares e milicianos para se defender de um possível ataque. Civis também estão sendo treinados.