
Prefeito de São Bernardo: MP abre inquérito civil para investigar Marcelo Lima por improbidade administrativa
STJ determina volta de Marcelo Lima ao cargo de prefeito de São Bernardo O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) instaurou um inquérito civil para investigar o prefeito de São Bernardo do Campo, Marcelo Lima (Podemos), por suspeita de improbidade administrativa. A apuração ocorre após a Operação Estafeta da Polícia Federal — que completou dois meses nesta terça-feira (14) — apontar o prefeito como principal beneficiado de um esquema de corrução que desviava recursos de contratos de empresas nas áreas de obras, saúde e manutenção com o município para benefício pessoal. Segundo a portaria de instauração do inquérito, obtida pelo g1, o MP-SP apura desvio de recursos públicos, enriquecimento ilícito de agentes públicos, lesão ao erário municipal e violação aos princípios administrativos no âmbito da prefeitura. A investigação foi aberta pela 12ª Promotoria de Justiça de São Bernardo do Campo no dia 5 de outubro e tem prazo de um ano para ser concluída. ✅ Clique aqui para se inscrever no canal do g1 SP no WhatsApp Além do prefeito, é alvo do inquérito o ex-servidor da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) Paulo Iran, que comandava o esquema de corrupção. Na casa de Iran, a PF encontrou quase R$ 14 milhões em dinheiro vivo e várias anotações com o nome dos beneficiários do esquema. (Leia mais abaixo.) A defesa de Iran afirmou que "buscará nos autos a nulidade da apreensão e de todas as provas dela derivadas, pois não existia ordem judicial para entrada no domicílio". O vereador Danilo Lima Ramos (Podemos) — primo do prefeito e afastado do cargo de presidente da Câmara Municipal de São Bernardo — também é investigado, assim como outros oito alvos da Operação Estafeta. A prefeitura foi oficiada pelo MP a enviar: cópias dos processos de licitação, contratos e comprovantes de pagamentos com as prestadoras de serviços que estariam envolvidas no esquema de corrupção; relação dos ocupantes de cargos comissionados na Secretaria de Coordenação Governamental com as folhas de pagamento; informações sobre procedimentos administrativos disciplinares em curso contra os investigados. O g1 procurou a Prefeitura de São Bernardo do Campo e as defesas de Marcelo Lima e Danilo Lima, e aguarda resposta. LEIA TAMBÉM: VÍDEO: Prefeito de São Bernardo investigado pela PF ouve bispo criticar corrupção em missa: 'Dragão que devora' Após 2 meses afastado, prefeito de São Bernardo alvo da PF tem 1° dia oficial de trabalho Paulo Iran é acusado pela PF de ser operador do esquema que afastou o prefeito de São Bernardo, Marcelo Lima Montagem/g1/Reprodução/TV Globo/Câmara dos Deputados Volta ao gabinete em SBC Reconduzido ao cargo pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), depois de quase dois meses de afastamento judicial, o prefeito de São Bernardo, Marcelo Lima (Podemos), retornou à Prefeitura de São Bernardo em último dia 10. O STJ também acatou parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) de quinta (9), que reconheceu não haver mais elementos que justificassem a continuidade do afastamento. Na decisão, que atende ao pedido de habeas corpus da defesa do prefeito, o ministro afirma que manter Lima fora do cargo por um ano “criou uma espécie de cassação judicial temporária do mandato eletivo”, sem condenação e sem base legal. Marcelo Lima (Podemos) voltou ao cargo de prefeito na sexta (10) e foi recebido pela vice, Jéssica Cormick Reprodução/TV Globo O esquema em São Bernardo Prefeito de São Bernardo é afastado do cargo após operação da PF sobre esquema de corrupçã A investigação da Polícia Federal começou após a polícia encontrar em julho cerca de R$ 14 milhões (considerando uma parte em dólar) com o servidor Paulo Iran, apontado como o operador financeiro do prefeito. Na época, ele não chegou a ser preso, mas os agentes se debruçaram na análise do celular dele e descobriram uma relação muito próxima e direta com o prefeito da cidade. Segundo a polícia, o servidor pagava contas do prefeito, da esposa e da filha dele. A PF afirma ainda haver indícios de corrupção e pagamento de propina em contratos com empresas nas áreas de obras, saúde e manutenção. Cerca de R$ 1,9 milhão em dinheiro vivo foi apreendido. Na época, a polícia chegou a requerer a prisão de Lima, mas a Justiça negou o pedido. No entanto, determinou o afastamento dele do cargo e o uso de tornozeleira eletrônica, que foi colocada logo após as buscas na casa dele. Ele também foi proibido de sair de casa à noite e nos finais de semanas, de ter contato com os demais investigados e de sair da cidade sem autorização judicial. A tornozeleira eletrônica foi removida em 16 de setembro, em decisão do próprio desembargador que mandou colocar o acessório. Com o afastamento do prefeito, quem assumiu o comando da cidade é a vice-prefeita, Jessica Cormick, do Avante. Aos 38 anos, ela é sargento da Polícia Militar e está no seu primeiro cargo público eletivo. O prefeito de São Bernardo, Marcelo Lima, e o presidente da Câmara da cidade, Danilo Lima: primos afastados do cargo pela Justiça. Reprodução/Instagram VÍDEO: Prefeito de São Bernardo investigado pela PF ouve bispo criticar corrupção em missa: 'Dragão que devora'