
COP 30 impulsiona aulas e projetos de meio ambiente nas escolas do Brasil
A Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30) entrou para o cotidiano das escolas brasileiras. O maior encontro de líderes globais sobre o meio ambiente se tornou a oportunidade ideal para professores e alunos se engajarem em ações voltadas para o futuro do planeta, dentro e fora das salas. Entre as atividades realizadas estão o cultivo de hortas, o plantio de árvores, aulas teóricas e a participação em projetos envolvendo unidades de ensino do país todo, com foco no evento que ocorrerá de 10 a 21 de novembro no coração da Amazônia, em Belém, no Pará. — Diariamente, trabalho o tema das mudanças climáticas e do aquecimento global dentro da escola, independentemente do direcionamento do currículo — afirma Carolina da Silva Werneck, professora de Ciências do Ginásio Experimental Tecnológico (GET) Cuba, uma escola da rede municipal do Rio na Ilha do Governador. — A questão ambiental é um tema transversal essencial para a formação cidadã, e os alunos de hoje são o nosso futuro. Partiu da professora Carolina a iniciativa de criar uma horta em um pátio dentro da escola para que os estudante da unidade colocassem a mão na terra. Eles plantam espécies como o ipê-amarelo e o pau-brasil, espécies típicas da Mata Atlântica. Com a proximidade da primeira Conferência do Clima a ser realizada na Amazônia, o projeto se tornou a base de um amplo projeto pedagógico. — Aproveitamos a oportunidade da conferência para debater com os alunos como podemos contribuir para o enfrentamento das mudanças climáticas, assim como para a criação de cidades mais sustentáveis — conta a professora Roberta Sá Longo, articuladora da escola. Plantio no Ginásio Experimental Tecnológico (GET) Cuba, na Ilha do Governador, no Rio Domingos Peixoto A COP30 também inspirou diferentes colaborações entre colégios no país. A empresa de ensino bilíngue Edify Education, por exemplo, criou o Projeto Empatia 2025, em parceria com o Movimento Escolas pelo Clima e a comunidade global Videos For Change. Aberta a unidades públicas e privadas de todo o Brasil, a iniciativa selecionou cinco estudantes que representarão o país na conferência. Mais de oito mil alunos dos ensinos fundamental e médio participaram do projeto, enviando vídeos com propostas para enfrentar a emergência climática. Cem foram escolhidos para encontros regionais e virtuais, e cinco foram selecionados pela inovação de suas ideias. Outra mobilização com foco na sustentabilidade foi liderada pelo Escola Azul Brasil. O programa, que promove a proteção dos oceanos no ambiente escolar, criou o desafio Nossa Escola É uma Central de Informações sobre a COP. A iniciativa orientou atividades em 129 unidades de ensino de todas as regiões do país, com o intuito de disseminar informações confiáveis sobre a Conferência do Clima e a importância dos assuntos que serão discutidos naquele fórum. O desafio é estruturado em três fases e dez passos, com atividades práticas e reflexivas que estimulam o protagonismo juvenil. Desde a compreensão do papel da COP e da importância dos oceanos para o planeta, passando pela coleta de informações confiáveis e pelo combate às fake news, até a criação de um plano de comunicação e estruturação de uma central de informações na escola, os estudantes são guiados com base em um roteiro dinâmico e colaborativo. Uma das ações elaboradas é uma “mini-COP para crianças”, desenvolvida pelo Instituto Alana. — A ideia é a escola vivenciar a COP se capacitando para que, no final desse ciclo, os alunos assumam os lugares de porta-vozes da comunidade local sobre o que estará acontecendo em Belém — explica Thais Pileggi, coordenadora do Escola Azul Brasil. Alunos da Escola Parque durante plantio no campus do colégio, na Gávea, no Rio Domingos Peixoto Uma das escolas participantes fica em Barcarena, no interior do Pará. Por causa da dificuldade de acesso à internet, a solução para divulgar as informações produzidas por professores e alunos, ao longo deste ano de trabalho, foi gravar podcasts que, durante a COP, serão tocados na rádio comunitária da escola. — Dessa forma, essa escola poderá informar a comunidade local por meio das gravações que os estudantes fizeram — diz Pileggi. — Quando a professora nos procurou perguntando se eles poderiam fazer dessa forma, eu respondi dizendo que era justamente o que a gente queria, que cada escola fizesse do seu jeito, que fizesse sentido para eles. Colégio da rede particular que tem como pilar o ensino da sustentabilidade, a Escola Parque, na Gávea, Zona Sul do Rio, está vivendo um período especial por conta da COP30. Desde o início do ano letivo, os alunos intensificaram os trabalhos de plantio de mudas na área verde que cerca o colégio. Eles também realizaram uma troca de experiências com estudantes de Belém e contribuíram na elaboração da declaração da Cúpula do Youth 20 (Y20), o encontro de jovens da COP30. — Houve um processo em que jovens do mundo inteiro puderam contribuir para essa declaração. Aqui no colégio, o coletivo de alunos que debatem as mudanças climáticas realizou discussões para construir um texto e colaborar com o Y20 — esclarece Bruno Maia, coordenador de Sustentabilidade da Escola Parque. Na Escola Parque, placas identificam espécies de árvores Domingos Peixoto Em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, a proximidade da COP motivou o Colégio Americano Bilíngue a instalar uma estação climática dentro da escola. O projeto, ainda em construção, permitirá que estudantes, famílias e professores tenham acesso, em tempo real, a dados de temperatura, umidade do ar e previsões meteorológicas por meio de um aplicativo com QR Code. Além de monitorar o clima local, a estação estará interligada a outras da capital gaúcha. Assim, os alunos poderão comparar condições climáticas em diferentes pontos da cidade, que, ano passado, foi duramente atingida pelas enchentes no estado. — É uma forma de unir ciência, tecnologia e cidadania, preparando nossos alunos para compreender e agir frente aos desafios discutidos na COP30 — enaltece o diretor pedagógico da escola, Daniel Esteve. Já no Colégio Matriz Educação, na Tijuca, Zona Norte do Rio, os alunos desenvolveram um jogo digital voltado para o uso responsável da água e os impactos da falta de saneamento. Elaborado na plataforma Scratch, o game simula decisões do cotidiano relacionadas ao uso da água. A cada desafio, o participante é conduzido por caminhos distintos, com dicas em caso de erro e incentivo à reflexão sobre atitudes sustentáveis. — Queremos mostrar, de forma divertida, que as pequenas escolhas fazem diferença para o mundo — conta o aluno Rafael Antônio Gomes Covas, do 6º ano. De acordo com o professor e orientador Arthur Jacob, a proposta é que o jogo seja compartilhado com outras turmas da unidade e com escolas da rede, ampliando o alcance da conscientização ambiental entre crianças e adolescentes. — Ao investigar a realidade, levantar dados e propor alternativas viáveis, os alunos desenvolvem pensamento crítico, protagonismo e consciência socioambiental, exatamente como propõe a COP 30 — pontua o professor.