PMs envolvidos na morte de estudante de medicina mentiram sobre câmeras corporais

PMs envolvidos na morte de estudante de medicina mentiram sobre câmeras corporais

Os policiais militares envolvidos na morte do estudante de medicina Marco Aurélio Cardenas Acosta, de 22 anos, informaram na delegacia, no momento do registro do boletim de ocorrência, que não usavam câmeras corporais durante a abordagem. Mas imagens inéditas obtidas pelos advogados da família após pedidos na Justiça mostram os agentes conversando sobre as gravações logo após o disparo do tiro. Marco Aurélio foi baleado na barriga dentro de um hotel na Vila Mariana, na região Sul de São Paulo, em novembro do ano passado. Ele morreu depois de ser socorrido. Em uma das imagens, gravada minutos depois de o estudante ser baleado, o soldado da PM Guilherme Augusto Macedo reporta a um sargento os fatos que se sucederam até o momento do tiro. Ele também informa ao superior a respeito das câmeras: “E sargento, foi filmado desde o início, desde o início. Desde a hora que ele deu o tapa na viatura, até quando ele veio aqui pra dentro”. Momentos depois, o mesmo equipamento registra o sargento perguntando ao soldado Guilherme se ele tem a ocorrência filmada. Quando o sargento se afasta, Guilherme questiona os colegas se, com o equipamento ligado e gravando, é possível ver um trecho anterior. “Tem como isso ai, mano? Ver o bagulho acionado já?”. Na sequência, ele informa ao sargento que com a câmera acionada não é possível ver as imagens anteriores, e diz que vai desligar o equipamento. A equipe jurídica que auxilia a família de Marco Aurélio alega que os PMs envolvidos na ocorrência não colaboraram com a justiça. “Exemplo disso é a informação mentirosa de que os acusados não faziam uso da chamada “Body Cam”. É chocante que uma informação tão relevante tenha sido deliberadamente omitida no boletim de ocorrência. Esta omissão se torna ainda mais grave com as informações existentes nas gravações recentemente juntadas aos autos, onde resta demonstrado que ambos os acusados sabiam que as câmeras corporais estavam em pleno funcionamento e tinham acesso às respectivas gravações”, dizem os advogados. Segundo a defesa, os policiais enviaram as primeiras imagens das câmeras corporais só dois meses depois da morte, em janeiro, e apenas trechos curtos do momento do tiro. Só na semana passada, uma decisão judicial obrigou Guilherme Macedo e Bruno Carvalho do Prado - envolvidos diretamente no episódio - a mandarem a íntegra das câmeras. A Justiça também determinou que fossem anexadas gravações de outros agentes do batalhao que estavam na cena. Em razão das novas imagens, os advogados da vítima pediram ontem (14) a prisão preventiva dos policiais. A defesa dos policiais Guilherme e Bruno foi procurada, mas não retornou. O espaço permanece aberto para manifestação. ‘Tem que sofrer’ Outro trecho da gravação das câmeras corporais mostra que o estado de saúde do estudante foi motivo de risada entre bombeiros e um PM durante o atendimento dele no hospital. A conversa se deu na entrada do centro cirúrgico, para onde o jovem foi encaminhado após ser baleado. "As meninas falaram que eles estão sem tomografia, não tem como localizar nada, vai ser na mão”, diz um bombeiro. "Estavam mexendo nele lá", acrescenta ele, ao outro responde: "Tem que sofrer mesmo, pô". Os agentes, então, sorriem. Assista aqui: 'Tem que sofrer mesmo', afirmou bombeiro durante socorro a estudante de medicina baleado O socorro foi feito por uma ambulância do Corpo de Bombeiros da PM. O GLOBO questionou a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo sobre a conduta dos agentes e aguarda resposta. Os registros exibem o jovem agonizando depois de ser baleado. Novo trecho das imagens obtidas pelo GLOBO mostram a chegada de Marco Aurélio ao hospital até o encaminhamento à sala de cirurgia. A equipe jurídica da família do estudante destaca que, pelos registros, ele chega à unidade "sem nenhum curativo ou intervenção aparente de primeiros socorros". Numa maca, os bombeiros cruzam os braços de Marco Aurélio. A defesa afirma que o jovem foi tratado "com violência". O PM pergunta a um dos bombeiros se o estudante havia usado drogas, e o bombeiro responde que não, apenas álcool. "Eu já abordei ele, folgado para caramba", diz o policial. Mais adiante nas imagens, um policial militar afirma a colegas de farda que já conhecia Marco Aurélio da favela Mario Cardim, na Vila Mariana, que seria frequentada pelo jovem. Outros PMs envolvidos também afirmaram conhecer o estudante. Demora no atendimento Segundo a família, o jovem só chegou a um hospital para receber atendimento médico 47 minutos depois que levou o tiro. O médico Júlio César Acosta Navarro, pai da vítima, afirma que o disparo da PM ocorreu às 2h49. Os bombeiros, segundo Júlio, demoraram aproximadamente 20 minutos para chegar, mais 15 minutos para deixarem o local com o jovem e outros 12 minutos até o pronto atendimento. O filho chegou ao Hospital Ipiranga às 3h36. Assista aqui: Novas imagens mostram estudante morto pela PM agonizando antes de socorro chegar A família questiona a demora no atendimento e a escolha do pronto socorro de destino, diante da grande oferta de unidades hospitalares mais próximas ao local do crime. — Como médico, sei todas as falhas. Foi uma verdadeira conspiração contra o meu filho. A 20 metros do hotel onde tudo aconteceu, tem um hospital que oferece cirurgia. Deixaram meu filho agonizar. Demoraram para atender. Levaram longe, para um local sem tomografia, mesmo depois de alertados. Não fizeram a compressão do sangramento, não deram um soro — lamentou o pai. Em outra imagem gravada pelas câmeras corporais, Júlio aparece descendo de um carro, após ter a notícia do ocorrido com o filho, e pedindo informações aos mesmos policiais envolvidos na morte. Em nota, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo informa que o caso mencionado pela reportagem, ocorrido em novembro de 2024, foi investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que encaminhou o inquérito policial à Justiça. “Desde então, não houve retorno do caso ao departamento. O policial já havia sido indiciado no Inquérito Policial Militar (IPM) por homicídio doloso e permanece afastado das atividades. A Polícia Militar aguarda a conclusão do processo criminal e manifestação do Poder Judiciário”. A pasta diz ainda que o atendimento a ocorrências com vítimas segue protocolos integrados de emergência, realizados em conjunto pelo Corpo de Bombeiros e pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). "Após o acionamento, as equipes são despachadas conforme a disponibilidade de cada instituição".

Baile da Amada retorna com curadoria pulsante no MADA 2025

Baile da Amada retorna com curadoria pulsante no MADA 2025

Baile da Amada retorna ao MADA com programação eletrônica diversa Carcara Audiovisual Criado em 2023, o Baile da Amada retorna ao Festival MADA 2025 com ainda mais fôlego e presença artística. O espaço se consolidou como um festival dentro do festival, trazendo um recorte pulsante da música eletrônica e urbana que ecoa das pistas do Brasil. Entre os nomes confirmados estão Jadsa, Irmãs de Pau, AFREEKASSIA (DJ Set), D.SILVESTRE, KENYA 20HZ, MC RB convida Mika, Jennify C convida Casixtranha, Bateu Pode Comemorar, Taj Ma House, AYA IBEJI, Seed Selector, Brisa e Val Pescador. Festival MADA reúne públicos diversos Carcara Audiovisual O Baile da Amada conecta ritmos, territórios e narrativas, criando uma pista que celebra o presente e o futuro da música, incentivando a pluralidade e inovação sonora. As apresentações atravessam a madrugada, reforçando a experiência imersiva e a energia única do festival. Festival MADA apresenta Baile da Amada com line-up diverso Carcara Audiovisual O palco é ponto de encontro da cena eletrônica e urbana, atraindo novos públicos e promovendo diálogos entre artistas de diferentes gerações e regiões do país. A curadoria do Baile da Amada reforça a busca por diversidade sonora e oportunidades para artistas emergentes, mantendo a proposta de renovação constante do MADA. O espaço contribui para ampliar a identidade do festival, tornando-o referência de pluralidade e inovação no cenário cultural nacional.

Perícia vai analisar armas apreendidas em carro de vereador preso em Santa Rita, PB, para verificar se foram usadas em homicídio de jovem

Perícia vai analisar armas apreendidas em carro de vereador preso em Santa Rita, PB, para verificar se foram usadas em homicídio de jovem

Vereador Wagner de Bebe (PSB), de Santa Rita, é preso suspeito de homicídio Duas armas que foram apreendidas no carro do vereador Wagner de Bebé, da cidade de Santa Rita, na Grande João Pessoa, preso nesta quinta-feira (16), vão passar por perícia para verificar se foram utilizadas em um homicídio de um jovem de 20 anos, do qual o político é suspeito de participar. De acordo com o delegado Cristiano Santana, em uma entrevista coletiva, o jovem identificado como Luis Felipe, foi morto na manhã da segunda-feira (13) e, um dia antes, no domingo (12), sofreu uma tentativa de homicídio. A Polícia Civil aponta que o vereador tem participação nas duas ações, que não foram detalhadas com intuito de não atrapalhar as investigações. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 PB no WhatsApp No carro do parlamentar, foram apreendidas essas duas armas de fogo que vão passar por perícia. Conforme a polícia, no momento da prisão o vereador disse que uma das armas encontradas era dele e a outra não era. Após consulta, foi analisado que o vereador não tinha porte de arma, o que é irregular. Durante a coletiva, a Polícia Civil também informou que foram apreendidas 60 munições com o vereador, além de aparelhos eletrônicos. Munições e os aparelhos também vão ser periciadas. Não há um prazo para a realização dessas perícias. O vereador Wagner de Bebé foi preso em caráter de prisão temporária, de até 30 dias, para ajudar as autoridades nas investigações. A defesa informou à TV Cabo Branco que aguarda a audiência de custódia e o acesso aos documentos do caso. A prisão do vereador Vereador Wagner de Bebe, de Santa Rita (PB), é levado para a Central de Polícia Civil de João Pessoa Reprodução/TV Cabo Branco O vereador Wagner de Bebé, é o 2º vice-presidente da Câmara Municipal de Santa Rita, na Região Metropolitana de João Pessoa. Foram cumpridos um mandado de prisão temporária, bem como um de busca e apreensão no gabinete do parlamentar. Wagner de Bebé também é réu por tentativa de homicídio, em um caso que aconteceu em 2016. Na época, ele não era vereador. O julgamento deste caso está previsto para o dia 12 de novembro de 2025. Vídeos mais assistidos do g1 Paraíba

Depois de Justiça proibir vídeos de criminosos, Havan registra recorde de furtos

Depois de Justiça proibir vídeos de criminosos, Havan registra recorde de furtos

O número de furtos nas lojas da rede Havan apresentou forte redução depois do início da divulgação de vídeos com flagrantes de crimes, estratégia lançada como “Amostradinhos do Mês”. Essa ação, que exibia o rosto dos suspeitos nas redes sociais, manteve média de 25 milhões de visualizações por vídeo e acabou influenciando outros comerciantes a adotar medidas semelhantes. No entanto, depois de uma representação do Ministério Público de Santa Catarina , a Agência Nacional de Proteção de Dados exigiu a retirada dos vídeos em julho, sob risco de multa de R$ 50 milhões, até conclusão de análise interna. Desde então, os casos de furtos nas lojas voltaram a crescer, especialmente no período noturno, segundo dados da Havan. O ponto de vista da Havan Uma loja da Havan | Foto: Reprodução/Wikimedia Commons A rede informou que, só em setembro, foram 64 furtos registrados à noite, representando quase metade dos delitos de 2025. O acumulado do ano já chega a 131 ocorrências, incluindo arrombamentos e depredações. "Criminosos não temem a Justiça, mas sentem vergonha da exposição", afirmou Luciano Hang, dono da Havan, ao jornal Gazeta do Povo . Hang atribuiu a elevação dos crimes ao veto dos vídeos e relatou que, mesmo sem expor rostos, a rede manteve o monitoramento e registro de ocorrências. "Temos uma central que opera 24 horas e todas as pessoas flagradas são abordadas e cadastradas em nosso banco de dados", explicou o empresário. Projeto de lei propõe mudança na legislação Diante da suspensão, a deputada federal Bia Kicis (PL-DF) apresentou o projeto de lei 3630/2025, que pretende autorizar a divulgação de imagens de infratores dentro de estabelecimentos comerciais, alterando a Lei Geral de Proteção de Dados. A proposta foi encaminhada à Comissão de Constituição e Justiça da Câma r a . Bia Kicis destacou que o intuito é permitir que todos os comerciantes possam usar o recurso para coibir crimes. "É claro que o caso da Havan nos inspirou, porque o que aconteceu foi tão absurdo que chamou muito a atenção", declarou ao jornal. Segundo a deputada, o clima na Câmara é favorável à aprovação do texto ainda neste ano. A Agência Nacional de Proteção de Dados, questionada sobre o andamento da apuração, não respondeu aos pedidos de atualização até o fechamento da reportagem da Gazeta do Povo . O post Depois de Justiça proibir vídeos de criminosos, Havan registra recorde de furtos apareceu primeiro em Revista Oeste .

Conheça a Soul Electric: pioneira de scooters elétricas em Praia Grande

Conheça a Soul Electric: pioneira de scooters elétricas em Praia Grande

Loja fica localizada na rua Espírito Santo, 369 Divulgação Em um cenário onde a mobilidade urbana sustentável ganha cada vez mais espaço, Praia Grande encontrou sua pioneira. A Soul Electric, primeira loja especializada em scooters elétricas da cidade, nasceu em 2021 das mãos de Mariana Lolo, uma empreendedora que transformou um momento de recomeço pessoal em uma história de sucesso empresarial. Do Caos da Pandemia ao Sonho Empreendedor A história da Soul Electric começa longe do litoral paulista, em Sorocaba, onde Mariana vivia uma rotina corporativa que não a realizava. "Eu trabalhava em banco, mas quando me separei, tive que retomar o mercado e já não encontrei a minha área", relembra a empresária, que passou por diferentes segmentos profissionais sem encontrar sua verdadeira vocação. Foi durante a pandemia de COVID-19, enquanto fazia home office e acompanhava as aulas online da filha, que Mariana começou a frequentar Praia Grande. "Eu vinha muito pra cá enquanto trabalhava remoto. O mundo estava aquele caos que todo mundo sentiu", conta. Era o prenúncio de uma mudança que transformaria sua vida. A Virada de Chave Divorciada há cinco anos e em busca de uma nova direção profissional, Mariana via na pandemia não um obstáculo, mas uma oportunidade. "Quando já fazia um tempo que eu pensava em abrir algo, eu pensei: agora é o momento. Se não fizer agora, não vou fazer nunca", reflete. Mariana na primeira vez que pilotou uma scooter elétrica Reprodução O insight veio através de uma amiga que mencionou um conhecido vendendo scooters elétricas em Porto Feliz. "Fui conhecer e adorei, e fui embora decidida", lembra Mariana. Inicialmente, a ideia era trabalhar com locação de veículos elétricos, mas o projeto evoluiu para algo maior. Construindo um Sonho no Litoral A mudança para Praia Grande não foi sem desafios. Após uma breve e malsucedida passagem pelo Guarujá, Mariana se estabeleceu definitivamente em PG com a filha. "Comecei a procurar pontos, fiz meu CNPJ, fiz tudo bem devagar", conta. O início foi modesto: um espaço pequeno onde ela foi "plantando essa semente de pouco em pouco". Na época, as scooters elétricas eram praticamente inexistentes na cidade, o que representava tanto uma oportunidade quanto um desafio. "Foi um acompanhamento desse mercado crescendo também. Foi um desafio bem grande", admite a empreendedora. Superando Obstáculos Regulatórios Um dos maiores desafios enfrentados pela Soul Electric foi a questão da regularização e da necessidade de CNH para conduzir scooters elétricas. "A gente achou que era a morte. Quem que ia querer fazer a CNH?", relembra Mariana. A solução veio com os modelos autopropelidos, versões menores que não exigem habilitação. "Tem até de roda larga, que é o que a gente vê muito por aí, que é por conta do tamanho dela, ela se encaixa na versão autopropelido", explica. Mais que Vendas: Um Ecossistema Completo Hoje, a Soul Electric não é apenas uma loja de veículos elétricos 0km. A empresa desenvolveu um ecossistema completo que inclui uma oficina especializada em reparos, atendendo tanto clientes próprios quanto proprietários de scooters de outras marcas. "Hoje em dia é a minha vida", resume Mariana, que vê na Soul Electric não apenas um negócio, mas a realização de um sonho que combina sustentabilidade, inovação e qualidade de vida. Como primeira loja especializada em veículos elétricos de Praia Grande, a Soul Electric abriu caminho para um mercado que hoje se mostra cada vez mais promissor. A empresa se consolidou como referência, contribuindo para a popularização de uma modalidade de transporte mais limpa e eficiente. A trajetória de Mariana Lolo e da Soul Electric representa mais que uma história de empreendedorismo bem-sucedido. É um exemplo de como a coragem de recomeçar, aliada à visão de futuro e à persistência, pode transformar não apenas a vida de uma pessoa, mas também contribuir para a evolução de toda uma comunidade em direção a práticas mais sustentáveis. A Soul Electric está localizada em Praia Grande e atende clientes de toda a Baixada Santista, oferecendo veículos elétricos 0km e serviços especializados de manutenção. Serviço Soul Electric Telefone: (13) 99748-6527 para vendas e (13) 99602-3893 para manutenção Instagram: @soulelectric_ Endereço: R. Espírito Santo, 369 - Canto do Forte, Praia Grande - SP, 11700-190

Mulher gasta mais de 30 milhões para reconstruir mansão e processa arquiteto

Mulher gasta mais de 30 milhões para reconstruir mansão e processa arquiteto

Em meio a um cenário idílico, Derrybawn House, uma mansão histórica na pitoresca região de Wicklow, na Irlanda, se tornou o centro de uma complexa disputa judicial. A protagonista deste episódio foi Aysar Barbouti, que, em 2013, adquiriu a propriedade em um momento em que necessitava de significativas reformas. O edifício, datado de 1780, tinha... The post Mulher gasta mais de 30 milhões para reconstruir mansão e processa arquiteto appeared first on O Antagonista .

À sombra do tarifaço, Alckmin busca abrir mercados na Índia

À sombra do tarifaço, Alckmin busca abrir mercados na Índia

Um marco nas relações entre Brasil e Índia. Em tempos de tarifaço, assim o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, definiu nesta quarta o momento em que ocorre sua visita a Nova Délhi. Em três dias na capital indiana, ele tem no programa reuniões com ao menos quatro ministros, além do vice-presidente. O objetivo é fortalecer a parceria estratégica e incentivar o comércio bilateral, que embora esteja em alta é considerado modesto diante do tamanho das duas economias. Disputa de gigantes: CEOs de gigantes globais se reúnem com negociador comercial chinês em meio a tensões entre EUA e China Desejo presidencial: Trump planeja arco do triunfo em Washington para comemorar o 250º aniversário de independência dos EUA O tarifaço dos Estados Unidos, que impôs uma sobretaxa semelhante aos dois países, de 50% cada, não é mencionada abertamente por autoridades indianas e brasileiras, mas é um tema que paira sobre a visita de Alckmin. Para diplomatas e representantes do mundo dos negócios de ambos os países, a escalada tarifária americana é um alerta sobre a necessidade de diversificar parcerias. Sem exceção, todos os empresários ouvidos pelo GLOBO mencionaram o tarifaço como incentivo para aproximar os dois países. Entre os anúncios feitos até agora durante a visita de Alckmin, que se encerra nesta sexta, estão a abertura de uma representação da ApexBrasil e de um escritório da Embraer em Nova Délhi, além da assinatura de um contrato da Petrobras para o fornecimento de mais 6 milhões de barris de petróleo para o país. Alckmin também conversou sobre possíveis negócios na indústria militar com o ministro indiano da Defesa, Raksha Mantri. O setor é um dos principais focos da visita do vice-presidente. Tanto que fazem parte da comitiva brasileira, além do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, vários comandantes militares, entre eles o almirante Renato de Aguiar Freire, chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas. Existe há anos uma colaboração entre os dois países para a formação de seus militares, com cursos no Brasil e na Índia. Segundo a imprensa local, o ministro indiano promoveu a possibilidade de vender ao Brasil o sistema de defesa antiaérea Akash, de mísseis de médio alcance. Já o Brasil explora o interesse da Índia em adquirir seis aeronaves E-145 da Embraer, além de parcerias na manutenção de submarinos franceses Scorpène, usados pelos dois países. Nesta quinta, depois de encontro com o vice-presidente indiano, Chandrapuram Ponnusami Radhakrishnan, Alckmin reuniu-se com o ministro do Comércio do país, Piyush Goyal, que também participou de evento com empresários dos dois países. Goyal ressaltou o potencial de investimento da Índia, “a grande economia que mais cresce no mundo”, com projeção de expandir a um ritmo anual de 6,6% em 2025, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Alckmin lembrou que a meta estabelecida pelos governo no comércio bilateral é superar a marca de US$ 20 bilhões até 2030, a partir dos US$ 12 bilhões alcançados em 2024. — O Brasil vê na Índia um parceiro prioritário para a diversificação de exportações e investimentos — disse o vice-presidente. — Dois países que não competem, complementam-se, que não se isolam, se unem, que não esperam o futuro, constróem-no juntos. Votação apertada: Premier da França sobrevive a moções de censura após suspender reforma da Previdência As afinidades facilitam a aproximação, principalmente pela agenda de cooperação sul-sul, a parceria no BRICS e a aliança de Índia e Brasil em temas estratégicos como segurança alimentar e transição energética, disse Ana Paula Repezza, diretora de negócios da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). Já havia um movimento em busca de uma interação econômica maior e o tarifaço serviu como estímulo adicional, disse ela. — Com certeza é um fator externo que faz com que as duas economias olhem mais uma para a outra. Ambas têm relações importantes com os Estados Unidos e no momento em que essas relações se fragilizam, existe essa complementaridade de pauta, acho que isso é importante. Não é só por causa do tarifaço. Mas ele veio trazer mais um impulso para a aproximação — afirmou Repezza. De certa forma, os temas energéticos da pauta bilateral também acabam tendo alguma relação com o tarifaço, ainda que não de forma declarada. A importação de petróleo russo pela Índia foi a justificativa usada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, para punir o país com sobretaxas, que totalizaram 50%. Com a compra de mais petróleo do Brasil e investimentos em biocombustíveis como o etanol, a Índia poderia reduzir a pressão americana. Nesta quarta, Trump afirmou que o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, teria concordado em suspender a compra de petróleo russo. Nova Délhi, entretanto, não confirmou. Após o encontro com Alckmin, o ministro do Petróleo, Hardeep Singh Puri, disse ao GLOBO que “a relação com o Brasil é estratégica e vai se fortalecer ainda mais”, independentemente dos EUA. Puri, que foi embaixador da Índia no Brasil entre 2006 e 2008, ressaltou a parceria em iniciativas multilaterais e o crescimento contínuo do comércio e do fluxo de investimentos. — Nossa interação econômica com o Brasil está crescendo, mas ainda acredito que há mais potenciais a serem descobertos. Nós compramos anualmente petróleo no valor de US$ 2,5 bilhões do Brasil e muitas de nossas empresas entraram em acordos com a Petrobras. Acho que poderíamos comprar mais — disse o ministro. Tensão no Caribe: Plano dos EUA para pressionar Maduro deve ser abordado em reunião entre Vieira e Rubio A missão liderada por Alckmin também serve para preparar o terreno para a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Índia, confirmada para fevereiro. Numa medida destinada a facilitar os intercâmbios, Alckmin anunciou que o Brasil passará a emitir vistos de negócio eletrônicos para indianos na embaixada de Nova Délhi e no consulado em Mumbai. Para Hariom Singh, dono de uma agência de viagens com sede em Nova Délhi que opera entre os dois países, a medida é um incentivo a mais para empresários da Índia viajarem ao Brasil, num momento em que o país olha para outros destinos, do turismo aos negócios. — Se uma porta é fechada, outras se abrem, e certamente o Brasil é visto como uma das oportunidades mais promissoras — disse Singh. *O repórter viajou à Índia a convite da ApexBrasil

Advogado explica como aposentar por invalidez

Advogado explica como aposentar por invalidez

A aposentadoria por invalidez, atualmente denominada aposentadoria por incapacidade permanente, é devida ao segurado do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) considerado incapaz de forma definitiva para o trabalho, após perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), conforme a Lei nº 8.213/1991. "Quando a perícia conclui pela incapacidade permanente e insuscetível de reabilitação, aplica-se a regra de aposentadoria por invalidez; o histórico contributivo e a carência afetam o direito e no valor do benefício", explica Robson Gonçalves, advogado previdenciário. Requisitos e carência São exigidos: qualidade de segurado, carência de 12 contribuições (salvo dispensa legal) e incapacidade total e permanente, comprovada em perícia oficial. A conversão de auxílio por incapacidade temporária em aposentadoria por incapacidade permanente é prevista na legislação. Doenças que dispensam carência O art. 26, II, da Lei nº 8.213/1991 admite concessão sem carência nos casos definidos em norma conjunta dos Ministérios do Trabalho/Previdência e da Saúde. A Portaria Interministerial MTP/MS nº 22/2022 lista as doenças que isentam carência: Tuberculose ativa Hanseníase Transtorno mental grave com alienação mental Neoplasia maligna Cegueira Paralisia irreversível e incapacitante Cardiopatia grave Doença de Parkinson Espondilite anquilosante Nefropatia grave Estado avançado da doença de Paget (osteíte deformante) Síndrome da deficiência imunológica adquirida (Aids) Contaminação por radiação Hepatopatia grave Esclerose múltipla Acidente vascular encefálico (agudo) Abdome agudo cirúrgico A isenção, em regra, exige que a moléstia tenha início após a filiação ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS). Cálculo após a reforma da previdência Desde a Emenda Constitucional nº 103/2019, a aposentadoria por incapacidade permanente não acidentária é calculada em 60% da média de todos os salários de contribuição (a partir de 07/1994), acrescida de 2% por ano que exceder 20 anos de contribuição (homens) ou 15 anos (mulheres). A renda não pode ser inferior ao salário-mínimo nem superior ao teto do INSS. Já a aposentadoria por incapacidade permanente acidentária, quando decorrente de acidente de trabalho, doença profissional ou doença do trabalho, tem coeficiente de 100% da mesma média aritmética da base contributiva. "Em termos simples: depois da reforma, a regra geral parte de 60% da média e vai aumentando conforme o tempo de contribuição. Já quando é acidente de trabalho, o valor fica em 100% da média. Essa diferença explica por que alguns benefícios são maiores do que outros", esclarece Gonçalves. Acréscimo de 25% na aposentadoria por invalidez O valor da aposentadoria por incapacidade permanente pode ser majorado em 25% quando a perícia do INSS constata que o aposentado necessita de assistência permanente de outra pessoa para atividades cotidianas, nos termos do art. 45 da Lei nº 8.213/1991. Por decisão do Supremo Tribunal Federal (Tema 1095), o adicional é restrito à aposentadoria por invalidez (incapacidade permanente), não se estendendo às demais espécies de aposentadoria. "Se a perícia comprova que o aposentado precisa de ajuda de outra pessoa no dia a dia, a aposentadoria pode ter um acréscimo de 25%. O STF decidiu que esse adicional vale apenas para a aposentadoria por invalidez", alerta o advogado previdenciário.

Franquias de crédito crescem com gestão enxuta e retorno ágil

Franquias de crédito crescem com gestão enxuta e retorno ágil

Segundo a Pesquisa de Desempenho do Franchising 2024, divulgada pela Associação Brasileira de Franchising (ABF), o setor registrou alta de 13,5% no faturamento em relação a 2023, alcançando R$ 273,08 bilhões. O levantamento mostra que todos os segmentos cresceram, com destaque para "Serviços e Outros Negócios", que avançou 13,5% no período. Em número de operações, o sistema de franquias como um todo variou positivamente em 0,9%, totalizando 197.709 unidades em funcionamento no país. Nesse contexto, as franquias de crédito — que atuam como correspondentes bancários e intermediadores de operações financeiras — têm atraído empreendedores pela combinação de baixo investimento inicial, estrutura simplificada e suporte integral das franqueadoras. O modelo dispensa estoques, reduz custos fixos e permite que o franqueado se concentre em atividades comerciais e de relacionamento. Segundo Leandro Tamai, sócio-fundador da empresa Empréstimoney, que é uma franquia de crédito, esse formato é estratégico: "Com uma operação enxuta, o franqueado pode focar no atendimento e venda, enquanto a franqueadora assume o suporte tecnológico, compliance e relacionamento com instituições financeiras". Operação leve como vantagem competitiva O especialista pontua que franquias de crédito costumam operar em ambientes compactos — espaços reduzidos, ou mesmo em formato home office ou modelo híbrido —, com equipe pequena e uso de sistemas digitais para análise de risco, concessão e gestão de clientes. Dessa forma, os custos fixos são minimizados. "Quanto menor for a estrutura necessária para manter a operação, mais rápido será o ponto de equilíbrio", afirma Tamai. Além disso, a franqueadora costuma entregar ao franqueado um sistema completo: plataforma de crédito já homologada, integração com bancos e instituições de crédito, automação de processos de verificação documental e scoring, e treinamento. O franqueado "entra já estruturado", observa Tamai, e evita muitos dos entraves que surgem quando alguém monta um negócio financeiro do zero. Em casos de franquias bem estruturadas, parte dos processos de back office (como análise, aprovação e controle de risco) permanece na franqueadora ou em unidades centrais, o que reduz ainda mais a necessidade de equipe especializada local. Essa divisão de responsabilidades tende a aumentar a velocidade com que um novo ponto franqueado alcança rentabilidade. Retorno mais rápido e riscos Algumas redes de franquias do setor divulgam informações de retorno considerando prazos entre 12 e 24 meses. Em casos mais otimistas, especialmente em localidades com boa demanda por crédito consignado ou crédito pessoal, o retorno pode ocorrer ainda mais rapidamente. Para Tamai, "o retorno rápido só é viável se o franqueado respeitar o plano de negócio: investir em prospecção, digitalização e eficiência na operação". Ele ressalta que suportar sazonalidades é parte do desafio e que franquias de crédito devem estar preparadas para períodos de inadimplência ou retração econômica. Desafios e cautelas para o investidor Apesar das vantagens, não é garantido que toda franquia de crédito terá desempenho imediato. Fatores como localização, perfil demográfico, concorrência de fintechs e nível de digitalização local podem afetar o desempenho. O cumprimento de normas regulatórias financeiras também impôe rigor à operação. Tamai alerta: "Mesmo com estrutura preparada, o franqueado precisa dedicar esforço comercial e manter disciplina operacional. Sem isso, o modelo não entrega o retorno esperado". Ele reforça que é importante analisar o contrato de franquia, os níveis de royalties, metas de faturamento e suporte para marketing e compliance.