Molécula do Ozempic e Wegovy reduz inflamação e fibrose no fígado, mostra estudo

Molécula do Ozempic e Wegovy reduz inflamação e fibrose no fígado, mostra estudo

RAÍSSA BASÍLIO SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) A semaglutida, molécula presente em medicamentos como Ozempic, Wegovy e Rybelsus, mostrou seu potencial para combater gordura no fígado com inflamação associada à disfunção metabólica. Um novo estudo, publicado na revista científica Nature Medicine, evidenciou o potencial da semaglutida, que nos Estados Unidos que foi aprovado para tratar gordura no fígado com inflamação (esteato-hepatite) em adultos com cicatrizes hepáticas (fibrose) de gravidade moderada a avançada, mas sem cirrose hepática. A análise reforça que a semaglutida, da qual a Novo Nordisk é a detentora da patente dentro da classe dos GLPs-1s, tem demonstrado benefícios que vão além da perda de peso. O recente estudo, que combinou dados de modelos pré-clínicos e de um ensaio clínico, identificou 72 proteínas-chave significativamente associadas à resolução da Mash com o uso da semaglutida. A pesquisa também demonstrou que, em modelos pré-clínicos, a semaglutida reduziu a expressão de genes ligados à inflamação e à fibrose no fígado, atuando diretamente nas causas fundamentais da progressão da doença. Isso reforça que a melhora clínica observada é um efeito direto da molécula, e não apenas uma consequência da perda de peso. O estudo contou com a participação de pesquisadores da Novo Nordisk e a colaboração internacional com instituições como a University of Torino (Itália), a University of Florida (Estados Unidos) e o King’s College London (Reino Unido), além de centros acadêmicos na França, China e Reino Unido. O artigo foi submetido e aprovado por peer review, processo de revisão por pares, no qual especialistas independentes da mesma área avaliam o rigor metodológico, a relevância e a consistência dos resultados antes da publicação científica. A endocrinologista Marília Fonseca, diretora médica da Novo Nordisk no Brasil, explica que "a subanálise do estudo Essence mostrou que os benefícios observados incluíram efeitos tanto dependentes quanto independentes da perda de peso, confirmando que mais da metade dos resultados positivos não tiveram relação direta com a redução ponderal". Segundo ela, "o candidato para o tratamento com semaglutida 2,4 mg é o paciente com doença metabólica, especialmente aqueles com sobrepeso, obesidade ou diabetes". A gordura no fígado, também chamada de esteatose metabólica, afeta cerca de 30% da população mundial. No Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Hepatologia, a prevalência é um pouco menor, em torno de 20%. A condição está fortemente associada à obesidade, oito em cada dez pessoas com excesso de peso apresentam o problema. Além de aumentar o risco cardiovascular, a esteatose pode evoluir para Mash, esteato-hepatite, uma inflamação grave que pode levar à cirrose e até à necessidade de transplante hepático se não for diagnosticada e tratada adequadamente. "No contexto da Mash, os dados indicam benefícios em pacientes que já apresentam inflamação e fibrose. Mas, na prática clínica, o uso da semaglutida pode ajudar a evitar a progressão para quadros mais graves ao controlar a disfunção metabólica de base", complementa. O estudo demonstrou que o Wegovy (semaglutida 2,4 mg) foi significativamente mais eficaz que o placebo no tratamento da Mash. Esse cenário sugere efeitos hepáticos diretos da semaglutida, em linha com o que também foi observado no estudo Select, que avaliou o efeito cardiovascular da semaglutida 2,4 mg na prevenção de eventos cardiovasculares graves em pessoas com sobrepeso ou obesidade que já tinham doença cardiovascular estabelecida, mas não diabetes. Os resultados demonstraram que a medicação reduziu em 20% o risco de Mace (Eventos Cardiovasculares Adversos Maiores, na sigla em inglês) em comparação com o placebo. O Mace é composto por três desfechos graves: morte cardiovascular, infarto do miocárdio não fatal e acidente vascular cerebral não fatal. A redução de 20% se aplica ao conjunto desses eventos, e cada um dos três componentes contribuiu positivamente para o resultado geral. Além dos benefícios já conhecidos, os novos resultados demonstram que a molécula atua na modulação das proteínas associadas à gordura no fígado com inflamação ligada à disfunção metabólica, a Mash, estágio mais avançado da doença hepática gordurosa. Essas proteínas são atualmente utilizadas em pesquisas clínicas e, segundo Marília Fonseca, "no futuro, espera-se que possam se consolidar como potenciais biomarcadores não invasivos, embora esse avanço ainda dependa de mais validações e estudos comparativos". De acordo com a Novo Nordisk, o tratamento foi capaz de restaurar o padrão biológico de pacientes com Mash, aproximando-o daquele observado em indivíduos saudáveis.

Adolescente usa simulacro de arma para assaltar papelaria em Pirapora; veja vídeo

Adolescente usa simulacro de arma para assaltar papelaria em Pirapora; veja vídeo

Adolescente usa simulacro de arma para assaltar papelaria em Pirapora Um adolescente de 17 anos foi detido após assaltar uma papelaria no bairro São João, em Pirapora, nesta quarta-feira (15). A ação foi registrada pelas câmeras de segurança do estabelecimento, que flagraram o momento em que o suspeito entra encapuzado, aponta uma arma para a funcionária e exige dinheiro. (Veja acima) Durante o assalto, o adolescente chega a dizer que está desempregado e que usaria o valor para comprar leite para a filha. Clique aqui para seguir o canal do g1 Grande Minas no WhatsApp Em seguida, ele foge levando R$ 50. Mesmo encapuzado, os funcionários reconheceram o suspeito, que é filho de um cliente da papelaria. PM apreendeu simulacro e touca usados pelo adolescente Montagem/g1 A Polícia Militar iniciou as buscas e conseguiu localizá-lo nas proximidades de sua casa. O adolescente confessou o crime e contou que havia trocado de roupa após a ação. Ele levou os policiais até uma casa abandonada, onde havia escondido o simulacro de arma usado no assalto. O menor foi encaminhado para a Delegacia de Polícia Civil, acompanhado da avó. Vídeos do Norte, Centro e Noroeste de MG Veja mais notícias da região em g1 Grande Minas.

“Temos a obrigação de trazê-los de volta”, diz Netanyahu sobre 19 corpos não entregues pelo Hamas

“Temos a obrigação de trazê-los de volta”, diz Netanyahu sobre 19 corpos não entregues pelo Hamas

Os inimigos de Israel estão se esforçando para se rearmar, disse Netanyahu em Jerusalém, na cerimônia em memória aos soldados mortos, referindo-se ao Irã e seus aliados. Ao mesmo tempo, há “grandes e dramáticas oportunidades para expandir o círculo de paz”, disse o primeiro-ministro, citando os esforços para aproximar Israel de outros Estados árabes e... The post “Temos a obrigação de trazê-los de volta”, diz Netanyahu sobre 19 corpos não entregues pelo Hamas appeared first on O Antagonista .

Como Sofá na Caixa foi de sucesso viral nas redes à explosão de reclamações de clientes

Como Sofá na Caixa foi de sucesso viral nas redes à explosão de reclamações de clientes

Veja os vídeos que estão em alta no g1 A catarinense Rebeca Alvarez, de 24 anos, se casou em abril e escolheu um sofá da marca Sofá na Caixa para decorar seu novo apartamento com o marido. "Dia 22 de julho fiz meu pedido, estamos construindo nossa vida do zero, como alugamos um apartamento pequeno, achamos que o Sofá na Caixa seria a melhor opção, pelas milhões de propagandas, e como saíram até na [revista] Forbes, resolvemos confiar", conta a esteticista. Em reportagem publicada em fevereiro de 2024 na revista Forbes, o fundador da Sofá na Caixa, Rubens Stuque, contava sobre como faturou R$ 1,6 milhão na primeira semana de operação da empresa e planejava vender 50 mil sofás e faturar R$ 90 milhões no primeiro ano de atividade. Baixe o app do g1 para ver notícias em tempo real e de graça "O prazo de entrega era 26 de agosto, o que já é um prazo grande em comparação a qualquer fábrica de móveis, mas aceitei. Porém se passaram 78 dias do pedido, um pagamento alto via Pix, e nada de sofá e nem de resposta deles", contou Rebeca à BBC News Brasil no dia 9 de outubro. Assim como Rebeca, diversos consumidores têm passado por problemas ao comprar produtos da Sofá na Caixa, que enfrenta uma explosão de reclamações e centenas de processos na Justiça movidos por clientes insatisfeitos. Reclamações contra a Sofá na Caixa no Procon-SP cresceram 126% em 2025, com atraso na entrega como principal queixa Divulgação via BBC Entre as principais queixas, estão atrasos na entrega, dificuldade para obter resposta da empresa nos canais de atendimento e para cancelar pedidos e receber o dinheiro de volta. Segundo o Procon-SP, o número de reclamações contra a empresa mais do que dobrou entre 2024 e 2025. Já foram 614 só neste ano, de janeiro a agosto, um aumento de 126% em relação a todo ano passado, quando houve 272 queixas. A Secretaria Nacional do Consumidor, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, já recebeu este ano 88% mais reclamações sobre produtos não entregues pela Sofá na Caixa do que em todo o ano de 2024. A cada duas queixas no sistema ProConsumidor da secretaria, uma é sobre sofás não entregues. No Reclame Aqui, a Sofá na Caixa somava 7.861 reclamações até 13 de outubro, sendo 5.419 delas apenas nos últimos 12 meses. No site, a fabricante é classificada como não recomendada pelos consumidores, e apenas 13% dizem que voltariam a comprar da empresa. Em entrevista à BBC News Brasil, o fundador da Sofá na Caixa, Rubens Stuque, reconhece as dificuldades enfrentadas por parte dos clientes, mas afirma que os pedidos em atraso representam apenas 6,5% dos cerca de 100 mil sofás já entregues desde que a empresa começou a operar, em fevereiro de 2024. Stuque diz ainda que resolver os pedidos em atraso e devolver o dinheiro dos clientes que optaram pelo cancelamento é hoje a "prioridade número um". "Temos um compromisso com o Procon de, até o fim do ano, diminuir essas reclamações pela metade", diz ele. Conforme o Procon-SP, após a abertura de um processo de fiscalização contra a empresa em julho devido ao aumento de reclamações, a Sofá na Caixa compareceu a uma reunião presencial no final daquele mês, regularizou seu cadastro junto ao órgão de defesa do consumidor e se comprometeu a resolver as reclamações. Porém, nesta quarta-feira (15/10), a empresa foi novamente notificada pelo Procon-SP por não ter cumprido o plano acordado. Se a Sofá na Caixa não apresentar soluções efetivas para as dezenas de queixas de consumidores, a empresa será multada, terá de responder na Justiça e será incluída na lista "Evite Esses Sites" do Procon, informou o órgão. Segundo Stuque, que falou à BBC antes da segunda notificação pelo Procon-SP, entre as medidas tomadas até agora para resolver os problemas estão o aumento da produção para atender à demanda, a redução na variedade de produtos para aumentar a produtividade e uma equipe dedicada a responder às reclamações pendentes. O empresário diz que a Sofá na Caixa conta hoje com três fábricas próprias, emprega 320 funcionários diretos e gera cerca de 1 mil empregos indiretos. Com um investimento inicial de R$ 700 mil feito pelos próprios fundadores, o executivo diz que a empresa faturou R$ 57 milhões em 2024, e a expectativa é chegar a R$ 117 milhões neste ano, o que representaria um crescimento de 105%. "Esse crescimento foi controlado, poderia ter sido 300%, mas controlamos, justamente pela capacidade de produção e logística hoje", diz Stuque. Do viral nas redes à explosão de reclamações A Sofá na Caixa vende sofás modulares, compostos por peças individuais que podem ser combinadas de diferentes maneiras para criar modelos personalizados. Feitos com uma espuma especial, os módulos são vendidos comprimidos em caixas. Uma vez fora da embalagem, as peças se expandem, recuperando a forma original. Fundada em 2024, a empresa ganhou fama com uma eficiente campanha de marketing, com uma grande quantidade de anúncios impulsionados nas redes sociais e influenciadores testando o produto que viralizou nas redes. Antes da Sofá na Caixa, Rubens Stuque foi fundador da empresa de móveis para áreas externa Eco Flame Garden e foi homenageado em 2022 na lista Forbes Under 30 da revista Forbes, que destaca empreendedores de até 30 anos, por seu trabalho naquela empresa. Questionada pela BBC News Brasil sobre os critérios para inclusão de Stuque na lista, a Forbes disse que não iria se pronunciar. "O modelo de negócios da Sofá na Caixa responde a um problema muito grande, tanto do fabricante, quanto do consumidor", avalia Marcelo Prado, diretor do Instituto de Estudos e Marketing Industrial (Iemi). "Moramos hoje empilhados uns sobre os outros, em imóveis pequenos, em que há muita dificuldade de passar no elevador o sofá, que é um móvel grande. Tem que içar, não é qualquer elevador que entra, não dá pra subir pela escada às vezes", diz o consultor especializado no setor de móveis há mais de 30 anos. Prado observa que a espuma comprimível também reduz o custo de transporte. "Quando você transporta colchão, sofá, ou qualquer coisa feita em espuma, se transporta muito ar. Então, quando você põe isso numa caixa fechada a vácuo, tira todo o ar, a metragem cúbica é muito menor, você também ganha com a logística e com os materiais de embalagem", enumera. Para o consultor, esse pioneirismo da empresa, além de sua estrutura totalmente digital de vendas e estratégia de marketing agressiva, ajudam a explicar as dificuldades enfrentadas pela companhia agora. "O pioneirismo traz um desafio. Traz uma vantagem, porque você chega primeiro, mas tem um ônus", diz Prado. "Tem que ter muito cuidado, muito planejamento, e lidar com a coisa passo a passo, porque a reação do mercado não é necessariamente controlada, ainda mais quando seu grande promotor ou gerador de fluxo é a internet", prossegue. "A loja física é previsível, você tem mais facilidade de controlar e menos risco. A internet, se aquilo viralizar, pode gerar um fluxo muito maior do que a empresa pode atender." Foi o que aconteceu com a Sofá na Caixa, segundo uma pessoa com conhecimento dos negócios da empresa, que preferiu falar à BBC News Brasil sob anonimato. "Acho que vendeu mais do que produz, sistematicamente. Porque foi um boom muito grande. Ele [Stuque] deveria ter pausado as vendas para atender [aos pedidos já realizados]", opina essa pessoa. A paulistana Maíra Della Negra, de 45 anos, foi uma das afetadas pelos produtos não entregues pela Sofá na Caixa. Após 20 anos morando em Vinhedo, no interior de São Paulo, a psicóloga conta que se mudou de volta para a capital paulista e escolheu uma poltrona da marca para seu novo apartamento. "Logo quando comprei, não tinha um código de rastreio, achei estranho, mas OK. Fui cobrando e não tinha uma resposta. E aí começa: 'Olá, estamos com problema na produção, estamos com problema nisso, estamos com problema naquilo'", diz Maíra. Além de ficar irritada com as respostas da empresa, ela diz que se incomodou ao ver que tinha muita gente reclamando e que ninguém fazia nada a respeito: "Pensei, 'não é possível, a gente precisa se juntar'." Foi assim que Maíra criou um perfil no Instagram e um grupo de WhatsApp para clientes insatisfeitos, que chegou a reunir mais de 50 consumidores com pedidos em atraso, alguns deles, com compras feitas ainda no fim de 2024 e nunca entregues. Na quarta-feira (15/10), o perfil "Nunca Sai da Caixa", criado por Maíra, foi suspenso pelo Instagram. Problemas com matéria-prima A BBC News Brasil questionou o fundador da empresa se a Sofá na Caixa de fato vendeu mais sofás do que tinha capacidade de produzir. Rubens Stuque nega, mas afirma que sua produção foi afetada pela aplicação pelo governo federal, em julho deste ano, de direitos antidumping sobre as importações de poliol originárias da China e dos Estados Unidos. O poliol é um dos principais insumos na fabricação de poliuretano, matéria-prima utilizada na indústria de espumas, e a sobretaxa encareceu e reduziu a oferta do produto no Brasil, segundo representantes do setor. A decisão do governo foi resultado de um processo de investigação iniciado em janeiro de 2024, a pedido da Dow Brasil, única fabricante nacional de poliol. A Dow alegou que as importações chinesas e americanas estavam causando danos à indústria doméstica. Mas fabricantes de móveis e colchões questionam a capacidade da companhia de atender à toda demanda nacional. Associações do setor questionaram a medida junto ao governo e, ainda em julho, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) disse que ela poderia ser revista. Procurado pela BBC News Brasil, o MDIC informou que "o tema ainda está em discussão e sem data prevista para apresentar a decisão". "Isso [o antidumping sobre importações de poliol] não afetou só a gente, afetou todo o setor colchoeiro", diz Stuque. "Fornecedores de poliol retiraram o produto [do mercado], alongando o tempo de venda, sabendo que teria esse aumento de taxa e eles poderiam ganhar mais." Segundo o empresário, esse é um dos fatores que explicam os atrasos aos clientes, embora não seja o principal. Além disso, ele cita problemas logísticos com transportadoras. Questionado sobre a possibilidade de pausar vendas e anúncios até a regularização dos pedidos em atraso, Stuque diz que isso não é viável, diante das centenas de pessoas que hoje dependem da empresa. "Aumentamos nosso prazo de entrega, diminuímos a variedade de produtos. Mas são 1 mil pessoas envolvidas no projeto, e os atrasos representam 6,5% [do total de pedidos], nosso foco é a eliminação desses pedidos [em atraso]", diz o empresário, acrescentando que cerca de 60% dos pedidos do grupo de WhatsApp de clientes insatisfeitos criado por Maíra já tiveram seus problemas resolvidos. Stuque refuta, por fim, a acusação de muitos desses clientes insatisfeitos de que a empresa seria um "golpe" ou um "esquema de pirâmide". "A gente não tolera esse tipo de comunicação como 'golpe', 'estelionato'. Todos os dias são feitas soluções de pedidos, de problemas. Muitos clientes têm sim uma resposta, mas não é a resposta que eles gostariam." Meu produto não chegou: o que fazer? O advogado Stéfano Ferri, especialista em Direito do Consumidor e membro da comissão de Direito Civil da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Campinas, explica os passos que o consumidor deve tomar em casos de produtos não entregues. "O primeiro ponto é sempre registrar todos os contatos que as pessoas fazem com a empresa, seja por e-mail, WhatsApp, se for por ligação, lembrar de pedir o número de protocolo, porque tudo isso facilita quando você precisa buscar o Judiciário posteriormente", diz Ferri. O Código de Defesa do Consumidor estabelece que o vendedor é responsável pela entrega do produto dentro do prazo estipulado. Caso o produto não seja entregue, o consumidor pode recorrer à Justiça para exigir o cumprimento forçado da oferta. Outra opção, caso o cumprimento não seja possível, é aceitar outro produto equivalente ou rescindir o contrato, com direito à devolução dos valores pagos. Caso opte por entrar com um processo, isso pode ser feito na Justiça comum ou no Juizado Especial Cível (JEC), antes conhecido como Tribunal de Pequenas Causas. O Juizado Especial pode ser acessado se a causa não superar 40 salários mínimos vigentes (equivalente a R$ 60.720 em outubro de 2025). A vantagem é que não há custo judicial para entrar com a ação e, se o consumidor perde, ele não precisa pagar honorários de sucumbência em primeira instância — valores pagos pela parte perdedora em um processo ao advogado da parte vencedora. No tribunal, também é possível entrar com a ação sem advogado, mas Ferri não recomenda a prática. "Fica muito mais difícil o acompanhamento do processo. E, eventualmente, se a pessoa precisar recorrer, ela vai ter que buscar um advogado", argumenta. O gaúcho Felipe Beckert tentou esse caminho, após não receber o sofá que comprou em janeiro. Ele diz que, depois de tentar diversas vezes cancelar o pedido e reaver o valor diretamente com a empresa, entrou em junho com uma ação no Juizado Especial Cível no Rio Grande do Sul. Em outubro, houve uma audiência de conciliação entre as partes — uma etapa obrigatória em ações movidas no Juizado Especial —, mas a empresa não mandou representantes. "Quando isso acontece, se pede para que seja decretada a revelia da empresa. O caso vai a julgamento, e muito provavelmente o juiz vai considerar como verdade as alegações do autor [da ação] e pode ser até que a empresa venha a pagar uma multa pelo não comparecimento", diz Ferri. Quanto à possibilidade de indenização por danos morais, o advogado explica que isso é possível pela lei, mas improvável num caso como o enfrentado pelos clientes da Sofá na Caixa. "Tem que ter um cenário em que o consumidor passa por um constrangimento, algo mais grave. Não basta o simples inadimplemento para ter direito ao dano moral", explica o advogado. Por fim, Ferri diz que o consumidor também pode recorrer a canais oficiais de reclamação como os Procons estaduais, a plataforma Consumidor.gov.br do governo federal ou sites privados como o Reclame Aqui. E pode expor seus problemas com a empresa nas redes sociais, se assim o desejar, desde que não extrapole o limite da reclamação, passando a ofender a empresa ou difamá-la — nesses casos, o consumidor pode acabar se expondo ao risco de ser processado pela empresa. Após o pedido de entrevista feito pela BBC News Brasil, os consumidores ouvidos pela reportagem relataram que a Sofá na Caixa acelerou o processo de resolução dos problemas. A empresa nega e diz que a condução dos casos ocorre normalmente. A recém-casada Rebeca conseguiu a devolução do seu dinheiro, assim como o gaúcho Felipe. A psicóloga Maíra recebeu seu produto quase três meses depois da compra.

Juíza bloqueia temporariamente demissões de governo Trump

Juíza bloqueia temporariamente demissões de governo Trump

Uma juíza americana ordenou nesta quinta-feira (16) que o presidente do Estados Unidos, Donald Trump, interrompesse as demissões em massa de trabalhadores federais durante o fechamento do governo, depois que a Casa Branca anunciou que planejava demitir 10.000 funcionários públicos. A paralisação orçamentária, que resulta no fechamento das atividades públicas, entrou em sua terceira semana, com o Congresso em impasse sobre o orçamento e Trump cumprindo suas ameaças de reduzir drasticamente a força de trabalho em resposta. A juíza distrital Susan Illston emitiu a ordem de restrição temporária em San Francisco em resposta a uma ação judicial apresentada por sindicatos, que alegam que as demissões são ilegais. Alguns funcionários também não sabiam que estavam sendo demitidos porque os avisos foram enviados para contas de e-mail do governo que não podem ser acessadas durante um fechamento ou "shutdown" como o que está em curso, segundo a ordem de sete páginas a qual a AFP teve acesso. Illston afirmou que os sindicatos ouviram relatos de grávidas e outros trabalhadores que "temem que seu seguro de saúde seja afetado", mas não há ninguém no escritório para responder perguntas. "Aqueles que receberam avisos de redução de pessoal não podem se preparar para suas próximas demissões porque o pessoal de recursos humanos que normalmente os assistiria também está suspenso", acrescentou a magistrada. O chefe de orçamento de Trump, Russ Vought, foi questionado em uma entrevista sobre o número de demissões. "Acho que provavelmente acabaremos ultrapassando os 10.000. Queremos ser muito agressivos onde pudermos para reduzir a burocracia", respondeu. Documentos judiciais apresentados pelo Departamento de Justiça mostraram que mais de 4.000 funcionários foram demitidos na sexta-feira. Os departamentos de Tesouro, Saúde, Educação e Habitação foram os mais afetados. Vought afirmou que isto era apenas uma amostra e que haveria mais demissões. A decisão judicial ocorre no momento em que o Senado falhou, pela nona vez, em aprovar um projeto de lei de financiamento previamente aprovado pela Câmara dos Representantes e defendido pelos republicanos. Trump advertiu que a contínua recusa dos democratas em apoiar a resolução resultaria em demissões em massa de trabalhadores considerados alinhados ao partido de oposição. AFP

Carro pega fogo e fica destruído na avenida Augusto Montenegro, em Belém

Carro pega fogo e fica destruído na avenida Augusto Montenegro, em Belém

Carro pegou fogo na avenida Augusto Montenegro, em Belém. Reprodução / Redes socias Um carro pegou fogo e ficou destruído na avenida Augusto Montenegro, em Belém, nesta quinta-feira (16). O incêndio deixou o trânsito lento na área próxima à rua da Marinha, no sentido ida a Icoaraci. Não houve registro de feridos. A Secretaria Municipal de Segurança, Ordem Pública e Mobilidade (Segbel) informou que equipes de trânsito foram encaminhadas ao local para organizar o fluxo de veículos e orientar os condutores. Acesse o canal do g1 Pará no WhatsApp Segundo o órgão, parte da via foi isolada para garantir que os órgãos de segurança trabalhem e que os demais veículos possam transitar com segurança no entorno do perímetro, onde o acidente ocorreu. O Corpo de Bombeiros Militar do Pará confirmou que as chamas foram controladas e que o carro teve perda total. Além disso, a perícia não foi acionada. VÍDEOS com as principais notícias do Pará Acesse outras notícias do estado no g1 Pará.

Livro resgata Insley Pacheco, pioneiro da fotografia no Brasil

Livro resgata Insley Pacheco, pioneiro da fotografia no Brasil

Por volta de 1855, o Rio de Janeiro estava no período imperial. Foi nesse contexto que um jovem fotógrafo português subia as escadas do sobrado da Rua do Ouvidor, onde montaria o seu estúdio. Joaquim José Insley Pacheco instalava ali mais do que um ofício: fundou uma maneira de olhar o Brasil. Um século depois, sua obra volta a ganhar corpo e brilho em O Espelho de Papel – A fotografia de Joaquim Insley Pacheco na coleção do IHGB (Capivara, 2025), livro de 160 páginas com texto do historiador e pesquisador baiano Daniel Rebouças (foto) e apresentação de Pedro Corrêa do Lago. A publicação, fruto de parceria entre a editora Capivara e o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, reúne mais de 400 imagens, foi álbum do século XIX, tecido de memórias, luz e papel. “A coleção do IHGB guarda parte do imenso legado de Insley Pacheco para a fotografia no Brasil”, observa Rebouças. O pesquisador se debruçou sobre jornais, arquivos e retratos para reconstruir a trajetória do homem que transformou o retrato em arte e status. Na pesquisa do escritor, a descoberta de que foi Insley quem introduziu no país as principais inovações técnicas da época, da carte de visite (pequenos retratos colados em cartões), às fotografias sobre porcelana, vidro e marfim. Um inventor da pose, do gesto e do instante. >> Siga o canal da Agência Brasil no WhatsApp Caçula de três irmãos, órfão ainda menino, Insley Pacheco migrou de Portugal para o Brasil e encontrou na luz uma forma de destino. Antes de firmar-se no Rio, passou por Fortaleza, São Luís e Recife — cidades que o moldaram tanto quanto ele as capturou com sua câmera fotográfica. Em Nova York, foi aprendiz de Mathew Brady, o fotógrafo que eternizou os rostos da Guerra Civil Americana. De Brady, aprendeu o valor do retrato como vitrine, espetáculo e poder. Quando voltou ao Brasil, trouxe consigo um olhar cosmopolita. Incorporou “Insley” ao nome profissional — gesto simbólico de quem queria se alinhar aos mestres estrangeiros — e inaugurou seu estúdio na Rua do Ouvidor, o coração elegante da capital. Ali, sob a luz difusa das janelas e o cheiro de produtos químicos, posaram figuras da elite, políticos, artistas, dândis e senhoras que viam na fotografia uma forma de permanecer. Em 1857, Pacheco foi nomeado fotógrafo oficial da Casa Imperial. D. Pedro II, entusiasta da ciência e da imagem, reconhecia nele um artista capaz de traduzir o espírito de seu tempo: o Império visto através do vidro da lente. A cada retrato, Pacheco compunha uma narrativa de elegância e autoridade, transformando a fotografia em espelho social — uma forma de dizer quem se era e quem se queria ser. Mas o fotógrafo não se limitou à técnica. Foi também pintor e aquarelista, amigo de artistas como Arsênio da Silva e Antônio Parreiras. Sua obra atravessa fronteiras entre artes visuais e ofício, entre documento e invenção. No desenho de Ângelo Agostini, é possível vê-lo ao lado do imperador, contemplando uma exposição. Dois homens unidos pelo fascínio da imagem. A vida de Insley Pacheco foi marcada por brilho e sombras. Viúvo desde 1877, perdeu o filho — o engenheiro Alfredo Pacheco — em 1895, no mesmo ano em que mudou o endereço do estúdio. Mesmo assim, não abandonou a criação. Enviou dezenas de pinturas e aquarelas para os salões do início do século XX, continuando a se reinventar até pouco antes da morte, em 1912. Retratos do escritor José de Alencar e do compositor Carlos Gomes no livro "O Espelho de Papel", com imagens feitas por Joaquim Insley Pacheco, fotógrafo oficial da Casa Imperial de 1857 até a República. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil Ainda assim, sua arte permaneceu como testemunho de uma época. Na Exposição Universal de Chicago, em 1893, representou o Brasil com uma grande amostra de daguerreótipos e retratos. Em 1900, foi convidado para as celebrações dos 400 anos do “descobrimento”. Morreu reconhecido, com a serenidade de quem sabia que a luz — uma vez capturada — não se apaga. Para Daniel Rebouças, estudar Insley Pacheco é revisitar a gênese da nossa cultura visual. “A fotografia no Brasil se tornou, por excelência, a forma do registro de si e das memórias familiares, da construção de nossas identidades sociais”, escreve o historiador. Seu livro devolve ao público não apenas o rosto de um artista, mas também o retrato de um país em formação — um Brasil que aprendeu a se ver, a se imaginar e a se lembrar por meio da fotografia. Nas páginas de O Espelho de Papel , o passado reflete o presente: cada retrato é um lampejo do tempo, cada olhar, uma pergunta sobre o que resta quando a imagem permanece.