
'Dieta da tela': como usar as redes sociais a favor da sua saúde e foco, segundo especialista
A relação diária, e muitas vezes automática, com o celular pode estar minando sua energia, fragmentando o foco e até prejudicando o desempenho físico e mental. Aquele hábito comum de desbloquear a tela ainda na cama, rolar o feed durante o café da manhã ou consumir vídeos curtos a todo momento tem um custo mais alto do que parece: cansaço mental, perda de produtividade e maior dificuldade de concentração. Já ouviu falar em 'ghosting' financeiro? Este pode ser o motivo do sumiço repentino daquele crush ou amigo próximo Seu parceiro não posta fotos com você nas redes? Cuidado, pode ser 'pocketing' Foi para propor uma forma mais consciente de se relacionar com a tecnologia que surgiu a chamada "dieta da tela", um protocolo simples que defende o uso intencional das telas, com o objetivo de preservar energia, melhorar o rendimento no treino, no trabalho e até no sono. O conceito foi apresentado pelo médico e comunicador de saúde Rodrigo Schröder. A proposta não é "demonizar" o celular, o computador ou a televisão. Pelo contrário: a ideia é encará-los como ferramentas que devem ser utilizadas com propósito. — A dopamina foi feita para te mover. Se você gasta esses picos em tela aleatória, na hora do treino, do estudo ou do consultório… a bateria já foi — explica Schröder. Segundo ele, cada notificação, meme ou vídeo de 15 segundos provoca uma descarga rápida de prazer, mas também inicia um ciclo de excitação e queda. O resultado é aquele cansaço precoce, mesmo antes de começar o que realmente importa. No caso da atividade física, o alerta é ainda mais claro. O especialista recomenda evitar redes sociais nos 30 a 45 minutos que antecedem o treino. Discussões por mensagem, notícias negativas ou distrações excessivas podem consumir a energia mental e fazer o corpo chegar mais "pesado" ao exercício. — Isso se traduz em pior aquecimento, mais preguiça e maior chance de desistir — afirma. A sugestão é simples: pré-treino sem redes. Se o celular for necessário, que seja apenas para dar play em uma playlist ou ouvir um áudio de respiração. O 'cardápio' da Dieta da Tela Ao contrário de contar tempo de tela como se fosse uma dieta calórica, a proposta da dieta digital é qualitativa: menos sobre minutos e mais sobre intenção. Schröder resume a abordagem em cinco pilares: Curadoria ativa: limpe o feed e mantenha apenas conteúdos que agreguem. Do consumo à ação: para cada três momentos de leitura ou visualização, um de prática (anotar, aplicar, refletir). Janelas de foco: reserve blocos diários de 25 a 50 minutos sem interrupções ou notificações. Desaceleração noturna: evite rolar a tela antes de dormir; prefira conteúdos calmos, brilho baixo e modo noturno ativado. Pré-treino sem estímulo digital: redes sociais e mensagens? Só depois do exercício. Mais do que controlar o uso das telas, a dieta da tela fala sobre autonomia: retomar o controle da própria atenção e não ser levado por algoritmos ou impulsos. De acordo com Rodrigo, os benefícios da mudança são rápidos: mais disposição, foco prolongado, sono de qualidade e maior presença no dia a dia. No fim das contas, o objetivo não é abandonar celular, Netflix ou redes sociais, mas sim reaprender a usá-los sem abrir mão da própria energia. — Não se trata de cortar, mas de trocar excesso por intenção — reforça o médico. Uma dieta que, diferente das alimentares, promete menos culpa, e mais clareza mental.