
Governo de El Salvador diz que destruiu comando das gangues
O governo de El Salvador afirmou nesta quarta-feira (27) que destruiu completamente o comando das gangues no país, mas continuará o regime de exceção imposto pelo presidente Nayib Bukele, muito criticado por organizações de direitos humanos. Vigente desde março de 2022, o regime de exceção dá suporte legal à ofensiva contra as gangues, permitindo prisões sem mandado judicial. "Com todos os princípios de guerra do primeiro ano, do segundo ano, do terceiro, conseguimos, primeiro, destruir completamente a organização criminosa a nível de seu governo (comando)", disse o ministro de Segurança e Justiça de El Salvador, Gustavo Villatoro, ao canal privado Telecorporación Salvadoreña. Ele afirmou que as forças de segurança detiveram "o maior número de membros" de gangues e acabaram com o "monopólio do crime" que essas gangues exerciam, financiando suas operações com extorsão, assassinatos e venda de drogas. O governo de Bukele afirma que as gangues Barrio 18 e Mara Salvatrucha - esta última declarada organização terrorista pelos Estados Unidos - assassinaram cerca de 200 mil pessoas em três décadas, mais do que os 75 mil mortos da guerra civil salvadorenha (1980-1992). El Salvador pediu apoio aos Estados Unidos, México, Guatemala, Honduras e Belize para prender membros de gangues que fugiram do país, enquanto as autoridades "patrulham" as redes sociais para detectar "remanescências" das gangues no território. Segundo dados oficiais, mais de 89 mil supostos membros de gangues foram presos sob o regime de exceção, embora cerca de 8 mil tenham sido libertados por serem inocentes. No entanto, grupos de direitos humanos denunciam abusos e afirmam que milhares de inocentes continuam presos. A "guerra" contra as gangues de Bukele, que está no poder desde 2019, reduziu ao mínimo os índices de violência no país, o que facilitou sua reeleição em 2024. Villatoro previu que El Salvador poderia encerrar 2025 com entre 1 e 1,3 homicídios por cada 100 mil habitantes, após lembrar que 2024 terminou com 1,9. A taxa de 2021 foi de 18 mortos por cada 100 mil habitantes. O ministro descartou a revogação do regime de exceção: "o que estamos fazendo é algo de longo prazo", disse. O regime de exceção "é algo que valeu a pena", afirmou o ministro, ao questionar que organizações de direitos humanos "o vendem como algo ruim". © Agence France-Presse