Decisão do tribunal de Haia abre nova frente de ação pelo clima, dizem especialistas

Decisão do tribunal de Haia abre nova frente de ação pelo clima, dizem especialistas

A Corte Internacional de Justiça (CIJ), em Haia, emitiu no fim do mês passado uma decisão que não está atrelada a uma sentença, mas pode mudar a dinâmica de como os países tratam o combate à crise do clima. Em um parecer consultivo solicitado pela Aliança de Pequenos Estados-Ilha (Aosis), reforçado por um pedido aprovado na Assembleia Geral da ONU, o tribunal respondeu no mês passado a questionamentos sobre a validade do direito internacional para tratar do aquecimento global. No documento, os juízes afirmam que sim, os governos têm obrigação formal de combater as mudanças climáticas, incluindo a regulamentação de atores privados em seus territórios. A corte decidiu também que os países deve ser responsabilizados legalmente se não tomarem as medidas necessárias para limitar suas emissões de gases de efeito estuga, ainda que tenha deixado menos claro como isso pode ser feito. Segundo os juízes de Haia, há uma série de obrigações das nações que tem o statos "Erga omnes", ou seja, são obrigações de todos os governos soberanos do planeta. "Todos os Estados têm um interesse comum na proteção dos bens ambientais globais, como a atmosfera e o alto mar", afirma o texto do parecer. "Consequentemente, as obrigações dos Estados relativas à proteção do sistema climático e de outras partes do meio ambiente contra as emissões antropogênicas de gases de efeito estufa, em particular a obrigação de prevenir danos transfronteiriços significativos, de acordo com os princípios consuetudinários internacionais, são obrigações Erga omnes." Algumas das obrigações apontadas no documento são da classe "Erga omnes partes", ou seja, dirigidas apenas aos Estados-membros signatários de algum tratado relevante. Além de citar a Convenção do Clima da ONU (UNFCCC), o documento dirige esse dever também aos países aderentes ao Acordo de Paris para o clima, do Protocolo de Montreal para proteger a camada de ozônio e diversos outros tratados na área. Com o enfraquecimento de Paris, do qual o maior emissor histórico de carbono, os Estados Unidos, estão prestes a desembarcar, a entrada da CIJ no jogo do clima é vista com bons olhos por diplomatas e ambientalistas. A medida abre um caminho para não apenas pressionar entes americanos a agirem, mas também para a sociedade civil realizar pressões internas em outros países que não têm cumprido suas promessas de corte de emissões de CO2. Na opinião de Helena Rocha, co-diretora de programa de Brasil no Centro pela Justiça e Direito Internacional (Cejil), com a decisão o direito internacional passa a ser uma frente de combate ao clima, em fez de uma oportunidade para subterfúgios no cumprimento de tratados. — Muitos estados, quando se posicionaram perante a corte no período de consulta, falavam que esses tratados emitiam recomendações, que eles eram orientações, e que não existiria uma obrigação legal de cumprimento daqueles requisitos — afirma a advogada. — Agora, o que se esclareceu em Haia é que existe essa obrigação legal e que o não cumprimento dessas obrigações gera consequências. Sutileza policial Quais são essas consequências e como aplicá-las, porém, são a parte mais complicada para a CIJ. — É muito complexo avaliar isso quando se trata da decisão de uma Corte que não tem poder de polícia — diz Paulo Busse, advogado do Observatório do Clima, maior coalizão de ONGs ambientais do Brasil. — Se os Estados Unidos, por exemplo, tiverem um presidente como o Trump é agora, que nega a mudança climática, está saindo do Acordo de Paris e se recusa a cumprir qualquer coisa, qual autoridade internacional vai obrigar os EUA a agir diferente? Busse, que já venceu uma ação em nome de jovens ativistas no Brasil em 2022 para obrigar o governo a corrigir sua meta de cortes de emissão, afirma que o principal diferencial do parecer da CIJ será em assuntos domésticos, mas não no Brasil. — Essa decisão é mais importante para países que não têm o sistema jurídico que o Brasil tem, começando pelo artigo 225 da Constituição e passando por uma série de leis e instrumentos para proteger o meio ambiente — diz. Para Christopher Bartlett, chefe da diplomacia climática do pequeno país-ilha de Vanuatu e um dos articuladores do movimento pelo parecer em Haia, um dos trunfos da decisão em Haia é que ela não se restringe apenas a signatários de acordos. — Nós pedimos aos juízes que examinassem todo o direito internacional e as formas como as obrigações em relação às mudanças climáticas se vinculam a esses diversos tratados — afirma o diplomata. — Portanto, o fato de um Estado se retirar de apenas um tratado não significa que ele tenha perdido suas obrigações em relação às mudanças climáticas sob os outros tratados dos quais ainda faz parte. Segundo Rocha, do Cejil, um aspecto importante do parecer diz respeito à munição que ele oferece a advogados para ancorar suas argumentações, uma forma mais sutil de poder. Em um mundo onde o ceticismo climático ainda sobrevive, às vezes as convicções pessoais de juízes podem levá-los a crer que a queima de petróleo nos EUA nada teria a ver com a elevação do nível do mar em Vanuatu. Com Haia conferindo peso jurídico à ciência do clima, isso fica mais difícil. — O parecer define quais os parâmetros as prova de causalidade requerem, que eram questões que eram ainda bastante questionadas, inclusive nos tribunais — explica a advogada. — Isso abre um novo caminho, com pautas mais claras e com parâmetros mais nítidos, sobre o que pode ser exigido dos Estados.

Projeto de revitalização do centro de SP deve permitir reabertura da galeria Prestes Maia; licitação é prevista para este mês

Projeto de revitalização do centro de SP deve permitir reabertura da galeria Prestes Maia; licitação é prevista para este mês

A prefeitura de São Paulo deve publicar ainda neste mês uma licitação de mais de R$ 58 milhões para a revitalização de um trecho do centro vizinho ao prédio da administração municipal: a Praça do Patriarca, o Viaduto do Chá e as imediações do Theatro Municipal. As obras devem facilitar a reabertura da histórica galeria Prestes Maia, entregue à concessionária Novo Anhangabaú em 2021, que ainda planeja o que fazer com o espaço de seis mil metros quadrados que já funcionou como anexo do Masp e quase foi shopping 24 horas e museu. Praça do Patriarca: Família de Paulo Mendes da Rocha é contra remoção de marquise polêmica do arquiteto A região vive sob críticas de abandono, insegurança e falta de atenção da prefeitura. Para lidar com o tema, a gestão de Ricardo Nunes (MDB) aposta no projeto de revitalização. De acordo com o secretário de Infraestrutura Urbana e Obras São Paulo, Marcos Monteiro, os R$ 58 milhões previstos para as reformas são valores do ano passado, e o montante deve ser atualizado. O plano mais recente prevê mudanças que incluem o restauro do piso da Praça Patriarca, o reposicionamento do ponto de ônibus e de bancas de jornal da região e a implantação do bonde histórico para informações turísticas. Também estão previstas reformas no Vale do Anhangabaú, sob concessão desde 2021. Além da área visível da região, a concessionária é responsável pelo uso e manutenção das subterrâneas galerias Formosa e Prestes Maia. Essa segunda, que liga a Praça do Patriarca ao Vale, seria beneficiada pelas reformas da gestão municipal. Inaugurada em 1940 pelo então prefeito Francisco Prestes Maia (1896-1965), a galeria que leva seu nome já teve diferentes usos. Logo após a inauguração, o Salão Almeida Júnior se transformou em Salão Paulista de Belas Artes, com a presença de artistas nacionais como Anita Malfatti. Na década de 1970, depois de um processo de degradação, chegou a abrigar postos administrativos de órgãos públicos, como a Cohab e o Centro de Orientação e Aconselhamento (COA), para pessoas com Aids. Passagem subterrânea da Galeria Prestes Maia Edilson Dantas Nas gestões municipais seguintes, até mesmo a ideia de transformá-la em um shopping center foi colocada em pauta — o que não seguiu adiante. Já em 2000, como resultado de um convênio com o Masp, a galeria funcionou como um espaço anexo ao museu. Chamada de Masp-Centro, a “filial” recebeu exposições temporárias e eventos até 2008, embora nunca tenha tido um acervo permanente. Em 2020, o prefeito da época, Bruno Covas (1980-2021), cogitou construir no local o Museu dos Direitos Humanos e Cidadania. Mais uma ideia que não saiu do papel. Hoje, apesar de não estar fechada, a galeria segue sem uma destinação definitiva. Segundo a gestão da concessão, o local recebe eventos pontuais desde 2022. Ao total, foram cinco ações comerciais, como festas e eventos corporativos, e outras seis culturais, como uma edição da Casa dos Criadores e uma exposição atual sobre arte de rua, aberta até setembro. — Não adiantava pensarmos em atrair comércio, varejo ou outras marcas enquanto o fluxo (de pessoas) ainda não estava estabelecido. A movimentação no entorno tem ajudado. A galeria Prestes Maia tem uma visibilidade muito grande para a cultura e para o entretenimento — diz Marcelo Frazão, vice-presidente executivo da WTorre Entretenimento, que integra o consórcio Viva o Vale, responsável pela concessão. Atualmente, a galeria recebe uma exposição temporária sobre arte de rua Edilson Dantas Mesmo que não haja uma previsão para a instauração de um projeto fixo, Frazão acredita que a galeria será diretamente beneficiada pela restauração da prefeitura na área. — Ela permite um planejamento mais perene para o espaço. Há uma questão de maturação de ideias da nossa parte, claro, mas a ação da prefeitura nos proporciona condições estruturais — completa. Com uma possível utilização fixa, a galeria também precisará passar por um processo de reestruturação e preservação. Novidades no entorno Quando tiver um projeto perene, a galeria Prestes Maia deve ser integrada às ações no Vale do Anhangabaú, como shows e atividades gratuitas diárias. Por hora, as movimentações no entorno já têm sido suficientes para impulsionar a ideia de uma utilização fixa. É o caso da recente inauguração do bar Formosa Hi-Fi, aberto na Galeria Formosa, localizada sob o viaduto do Chá. Há poucos metros do Theatro Municipal, o bar é comandado pelos empresários Facundo Guerra, Alê Youssef e Ale Natacci — todos tradicionais apoiadores do centro de São Paulo. Equipado com um sistema de som que se assemelha ao de salas de concerto, a ideia é ter toda noite algum convidado que toque uma seleção de mídias físicas, como discos de vinil. Bar Formosa Hi-Fi, novidade na região central de São Paulo, tem diferentes curadorias de discos de vinil a cada convidado Divulgação/Ana Vohs — A ideia foi desenvolvida por dez anos e há três a gente decidiu que seria na Formosa. Quando o espaço ficou na mão da concessão, aí conseguimos a abertura para fazer o projeto acontecer. — explica Facundo Guerra, que “namorava” a galeria há alguns anos. O empresário — conhecido por projetos como o Vegas e o Bar dos Arcos — afirma que foi o maior investimento feito por ele até o momento. O projeto não pôde alterar a estrutura da galeria, tombada pelo patrimônio histórico, e manteve seus pisos e colunas de mármore. Além da preservação, eles recuperaram a Fonte dos Desejos da Praça Ramos de Azevedo e a passagem subterrânea entre o Viaduto do Chá e a entrada da antiga loja do Mappin. A fonte já foi reinaugurada, mas ainda não há previsão para a abertura da passagem. A região também contará com uma nova unidade SESC. O espaço será inaugurado onde funcionava o antigo Mappin, de frente para o Theatro Municipal. Batizado de SESC Galeria, a unidade já tem realizado algumas atividades, mas ainda está em reforma. A previsão é que o espaço seja inaugurado de forma parcial. No primeiro semestre do ano que vem, três andares podem estar disponíveis para visitação, com um serviço de cafeteria. Posteriormente, todo o edifício deve ser revitalizado até 2027. Mesmo enquanto não é inaugurada, a instituição já realiza alguns eventos em parceria com a prefeitura, como a SESC Verão, no início deste ano, que contou com a ambientação especial “Praia do Centro”, sob o Viaduto do Chá.

Museu Vassouras: espaço no Vale do Café abre após sete anos de obras em antigo hospital do século XIX

Museu Vassouras: espaço no Vale do Café abre após sete anos de obras em antigo hospital do século XIX

Datado de 1848, em homenagem a uma viagem de Dom Pedro II à região, o casarão colonial que abrigou o Hospital Nossa Senhora da Conceição (Santa Casa da Misericórdia), no centro histórico de Vassouras (RJ), teve, ao longo dos anos, um destino que pouco lembrava a opulência do Ciclo do Café e levou o município do Sul Fluminense a ser conhecido como a Cidade dos Barões. Após deixar de ser hospital, em 1910, o espaço abrigou o Asilo Barão do Amparo até 2007, mas no ano seguinte um incêndio atingiu parte de sua estrutura, deixando suas ruínas à vista no principal ponto turístico da cidade, ao lado da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição e da Praça Barão de Campo Belo. Daniel Senise: Com mostra no Rio e livro sobre carreira a ser lançado ainda em 2025, artista reinventa relação com a pintura Jaguar: Companheiros do Pasquim, Sérgio Augusto, Miguel Paiva, Claudius e Chico Caruso lembram o cartunista O cenário começou a mudar há sete anos, quando teve início o projeto do Museu Vassouras, que recuperou a estrutura do antigo casarão, adaptando-o como um espaço multiuso, que, além de áreas expositivas, terá espaços para apresentações variadas, programas educativos, ambiente multimídia, pátio e jardins, além de áreas de loja e café. A abertura para convidados será neste sábado (30), e no domingo (31) o equipamento estará aberto à visitação para o grande público, das 10h às 17h. Depois, a equipe volta a trabalhar nos últimos detalhes do projeto e na montagem da exposição “Chegança”, prevista para ser inaugurada em novembro, quando o museu passa a ter uma programação permanente. Fachada reformada do antigo Hospital Nossa Senhora da Conceição Leo Martins O museu é uma ação do Instituto Vassouras Cultural (IVC), organização sem fins lucrativos fundada em 2017 pelo empresário e colecionador Ronaldo Cezar Coelho, voltada à valorização histórica, cultural e da identidade do Vale do Café, região que abarca 15 municípios, como Vassouras, Valença, Miguel Pereira, Mendes, Rio das Flores, Engenheiro Paulo de Frontin, Paracambi e Volta Redonda. Com 3.331m² de área construída, o projeto e a execução ficaram a cargo da Prochnik Arquitetura, responsável por obras de revitalização como a do Sítio Roberto Burle Marx, em Barra de Guaratiba, na Zona Oeste do Rio, e a do Museu Náutico do Rio Grande, em Porto Velho (RS). O valor total do projeto não é divulgado pelo IVC, mas só a compra das ruínas junto à Santa Casa ficou em torno de R$ 3 milhões. Proprietário da Fazenda São Fernando, no distrito de Massambará, desde 1983, Coelho espera que a inauguração do museu dê novo fôlego ao turismo cultural do lugar. — A região tem um história riquíssima, bem preservada em suas cidades, suas fazendas. O museu não é apenas para Vassouras, mas para trazer autoestima, emprego e renda a todo o Vale do Café. Ele nasce para, com sua programação, se firmar como um dos pontos de interesse da região, que tem a seresta de Conservatória (distrito de Valença), o patrimônio histórico de Rio das Flores, Paty do Alferes, por exemplo — destaca Coelho. — Por vários fatores, o século XIX acabou apagado, e temos que resgatar esse legado, mas de forma a gerar reflexões. Esse é o propósito do museu. Uma das salas de exposição: projeto recuperou características originais, como as janelas em guilhotina Leo Martins Diretora artística da instituição, Catarina Duncan conta que, durante as obras, a articulação com a região foi realizada em um projeto chamado Vozes do Vale, no qual a equipe participou de encontros com lideranças do jongo, das folias de reis e de áreas de quilombo, além de professores, religiosos e outros profissionais, em torno da produção cultural local. Além de entender a expectativa da população em relação ao papel do museu, os registros das entrevistas poderão ser usados em futuras exposições e ações. — Não daria para chegar com um conceito fechado sem que esse espaço fizesse sentido no território. Então buscamos essa memória viva, sobre as formas de viver, de plantar, de celebrar, para entender qual a missão dessa instituição — diz Catarina, que morou em Vassouras por um ano durante a pesquisa. — O programa educativo foi iniciado em janeiro, meses antes da abertura do museu, em ações de capacitação de profissionais locais. O envolvimento da comunidade se deu em paralelo às obras. A reforma teve início na parte estrutural, já que havia risco de desabamento após o incêndio e a perda de parte da cobertura. Tombado com o conjunto paisagístico e urbanístico de Vassouras em 1989 pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), o imóvel recuperou as características originais da fachada, modificadas ao longo do tempo, e teve seu interior adaptado às finalidades do museu. — A primeira etapa, emergencial, foi de consolidação, para que evitar que o imóvel caísse, dando segurança ao prosseguimento dos trabalhos. Depois recuperamos os detalhes originais, como as janelas em guilhotina, que foram trocadas no passado. Toda a estrutura estava depauperada por intervenções durante anos — detalha o arquiteto Mauricio Prochnik. — Só então foi possível trabalhar na unidade do conjunto, que tem construções do século XIX e início do XX, pensar a acessibilidade, criar áreas expositivas com flexibilidade de uso. A diretora artística Catarina Duncan, no espaço que será ocupado pelo café e as áreas administrativas Leo Martins O museu tem uma estrutura em três níveis, interligados por elevadores: na parte posterior, o antigo espaço de porão e cavalariças foi transformado em café e área administrativa. Um corte abaixo, fica o Memorial Judaico, construído em homenagem a Benjamin Benatar e Morluf Levy, judeus ali sepultados no século XIX. O monumento, que também foi restaurado e integrado ao projeto, tem curadoria de Ilana Feldman e também a assinatura do Escritório de Paisagismo Burle Marx (o paisagismo do museu é assinado por Marcos Sá). No local, um grande pátio integra a instituição à praça da cidade e receberá apresentações, mostras, oficinas e palestras. Para pensar os fluxos e os diferentes usos dos espaços, o projeto de interiores e a ambientação ficaram a cargo de Gabriela de Matos, vencedora, junto a Paulo Tavares, do Leão de Ouro na Bienal de Arquitetura de Veneza pelo Pavilhão do Brasil em 2023. — Trouxe a equipe de arquitetos para fazer uma imersão, ficamos trabalhando aqui dois dias no museu vazio, que é muito diferente de uma visita técnica de algumas horas. A gente via a incidência da luz ao longo do dia, conseguia pensar a experiência do público e das equipes, entender como as pessoas podem se sentir parte dessa história — comenta Gabriela. — Trabalhamos com um mobiliário multifuncional, para atender aos diferentes usos dos espaços, com materiais sustentáveis. Detalhe de uma das portas do museu Leo Martins Em novembro, a exposição inicial, “Chegança”, terá três eixos relacionados à memória e à cultura do Vale do Café. “Folias” vai abordar celebrações como as folias de reis e o jongo; “Vapor” diz respeito às transformações surgidas sobre os trilhos dos trens, saindo do Sul Fluminense até a capital, cortando a Baixada; e “Milagre” terá como tema as histórias e vivências da região do Rio Paraíba do Sul. Assinada por Marcelo Campos (curador chefe do MAR) e Thayná Trindade, a coletiva contará com obras de artistas contemporâneos, como Aline Motta, Sônia Gomes, Beatriz Milhazes e Wallace Pato, além de empréstimos de coleções — do acervo de Ronaldo Cezar Coelho virá “Composição (Figura só)” (1930), de Tarsila do Amaral, atualmente em comodato no Masp. — A exposição vai abordar essa tradição cultural e como ela se transforma, as relações do palhaço da folia de reis com os bate-bolas, como o jongo vai influenciar o samba... Também pensando neste movimentos nos territórios que nós mesmo vivenciamos. A minha família é de Mendes, a da Thayná, de Valença, por exemplo — diz Campos. — Além da pesquisa já feita pela Catarina (Duncan), também estivemos em quilombo, terreiros, festas, e pudemos trazer obras de artistas da região para a mostra. 'Composição (Figura só)' (1930), de Tarsila do Amaral, que virá do Masp para a mostra inaugural Jaime Acioli

Antes do Criança Esperança, Angélica e Eliana participarão juntas de outra atração da Globo. Veja qual

Antes do Criança Esperança, Angélica e Eliana participarão juntas de outra atração da Globo. Veja qual

Angélica e Eliana aparecerão nesta terça-feira (26) no “Estrela da casa”. As duas participarão da “Prova do jingle”, que valerá imunidade. Os cantores precisarão criar uma música para a campanha de 40 anos do Criança Esperança. A edição deste ano do show será apresentada por elas junto com Xuxa no dia 27 de outubro, na TV Globo. Matéria exclusiva para assinantes. Para ter acesso completo, acesse o link da matéria e faça o seu cadastro.

MPF cobra Ministério Público do Acre para localizar acervo de Chico Mendes, desaparecido desde 2019

MPF cobra Ministério Público do Acre para localizar acervo de Chico Mendes, desaparecido desde 2019

O Ministério Público Federal (MPF) anunciou nesta segunda-feira ter enviado um ofício ao Ministério Público do Acre (MP-AC) para que o órgão atue para localizar o acervo do líder seringueiro Chico Mendes, morto em 1988. Segundo o MPF, a coletânea de itens ligados a Mendes está desaparecida desde 2019. COP30: ministério propõe disponibilizar 'agências flutuantes' da Previdência para servir como hospedagens em Belém Brasil: Saneamento avança entre famílias mais pobres e cobertura nacional chega a quase 70% dos lares, indica estudo Na representação, o MPF pede ao MP-AC para que tome providências para localizar e preservar o acervo do seringueiro. A coletânea estava sob guarda da Biblioteca da Floresta, espaço cultural administrado pelo governo do Acre. A biblioteca, inaugurada em 2007 e projetada para abrigar acervos relatos à história da Amazônia e de suas populações tradicionais, está fechada desde 2019 para reforma e manutenção. Em 2021, o MP-AC chegou a dar início a uma apuração sobre o abandono do local. Em maio de 2022, prédio onde está a biblioteca pegou fogo. Na época, o Corpo de Bombeiros disse ter gasto 6 mil litros de água para combater as chamas, que atingiram ao menos parte do acervo da instituição. O desaparecimento dos itens de Mendes teria acontecido em algum momento após o fechamento da biblioteca, segundo o MPF. O órgão afirma que "a falta de informações sobre a localização e as condições do material representa uma 'iminente lacuna na memória coletiva' e 'dano e prejuízo concreto à coletividade'". O MPF destaca também "a inestimável importância do acervo para a preservação da memória e da identidade cultural do estado do Acre".

Marinha avança em compra de navio de guerra britânico e vai enviar militares para treinamento no Reino Unido

Marinha avança em compra de navio de guerra britânico e vai enviar militares para treinamento no Reino Unido

A Marinha do Brasil avançou nas negociações para comprar o navio de guerra britânico HMS Bulwark, segundo divulgado pela Força nesta segunda-feira. No mês de setembro, deverá ocorrer a assinatura do contrato de aquisição da embarcação, que se encontra na cidade de Plymouth, onde passa por uma obra de revitalização prevista para durar até o próximo ano. Entenda: Marinha assina acordo com o Reino Unido e dá início a processo para compra de navios de guerra COP30: ministério propõe disponibilizar 'agências flutuantes' da Previdência para servir como hospedagens em Belém Também no mês de setembro, 48 militares brasileiros vão viajar à Inglaterra, onde serão treinados para operar o HMS Bulwark, além de acompanharem o reparo do navio. Em novembro, outros 44 militares serão capacitados para atuar na embarcação. O restante da tripulação deve ir ao Reino Unido apenas em 2026, após o fim da reforma do navio. "Este navio desempenhará um papel crucial nas missões operativas da Marinha do Brasil na defesa da Amazônia Azul, bem como ser empregado em missões de caráter humanitário e resposta a desastres naturais", destaca a Marinha, em nota. Classificado como um "navio doca-multipropósito", o Bulwark é um tipo de embarcação empregado no transporte de tropas, veículos, helicópteros, equipamentos, munições e provisões. Com 176 metros de comprimento, o navio britânico tem capacidade para 290 tripulantes, além de conseguir transportar uma tropa de até 710 militares. O convés de voo consegue operar até duas aeronaves de grande porte. Polêmica no Reino Unido A existência de negociações vislumbrando a compra dos navios já havia sido confirmada pela Marinha brasileira. Em fevereiro, o caso repercutiu na imprensa inglesa e virou alvo de controvérsia no parlamento britânico. As embarcações militares estariam sendo vendidas pelo equivalente a R$ 145 milhões, uma fração do valor gasto pelo Ministério da Defesa do Reino Unido com os Albion e o Bulwark nos últimos 14 anos. "Há alguns anos, o Comitê de Defesa da Câmara dos Comuns descreveu a ideia de eliminar estes dois navios anfíbios importantes como analfabetismo militar", disse o parlamentar Mark Francois, do Partido Conservador, ao jornal The Daily Mail na ocasião. Francois ocupa a função de Ministro da Defesa das Sombras, cargo sem poderes executivos, mas que tem como dever fiscalizar as ações do titular da pasta. "Dado o quanto o Ministério da Defesa gastou para reequipá-los nos últimos anos, vendê-los repentinamente a um preço de banana também é 'analfabetismo financeiro''", completou Francois ao jornal britânico. Os navios teriam sido ofertados ao Brasil pelo valor de 20 milhões de libras, o equivalente a R$ 145 milhões. Em novembro de 2024, a atual ministra da Indústria de Defesa, Maria Eagle, afirmou que, desde 2010, o Albion e o Bulwark custaram £132,7 milhões (R$ 966 milhões) em reformas. Em janeiro do ano passado, o então ministro britânico das Relações Exteriores, o conservador Andrew Mitchell, declarou que os dois navios não seriam descartados antes do planejado, no início da década de 2030. Na época, a aposentadoria do Albion e do Bulwark foi aventada como uma solução para liberar marinheiros para outros navios em meio a uma crise de recrutamento na Marinha. Com a mudança de governo nos meses seguintes, os planos dos britânicos mudaram. Em 20 de novembro, o Secretário de Defesa John Healey, do Partido Trabalhista, anunciou que o Albion e o Bulwark seriam desativados. Os dois navios já se encontravam na prática fora de operação e custavam aos cofres públicos R$ 65 milhões ao ano: "De acordo com o planejamento atual, nenhum dos dois deveria voltar ao mar antes das datas planejadas de desativação, em 2033 e 2034", disse Healey, segundo o jornal britânico.

Partidos do Centrão e PL são os mais afetados pelo bloqueio de Dino a emendas Pix

Partidos do Centrão e PL são os mais afetados pelo bloqueio de Dino a emendas Pix

Parlamentares do PL e de partidos do Centrão são os mais afetados pela trava na liberação de emendas Pix provocada, em sua maioria, pelo descumprimento de critérios ligados a transparência e rastreabilidade. Levantamento feito pelo GLOBO a partir de dados da plataforma Transfere.gov mostra que, do total de 525 pedidos de transferências especiais bloqueadas — que somam cerca de R$ 306 milhões — mais da metade (358) foi protocolada pela sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro e por legendas como União Brasil, PP, Republicanos, PSD e MDB. Tom eleitoral: Em evento, Tarcísio diz que mulheres tem a ‘característica de cuidar do lar’ e podem estar à frente do país Após alerta de risco de fuga: PGR recomenda que PF 'monitore em tempo real' cumprimento de medidas cautelares por Bolsonaro A lista é encabeçada pelo PL, que tem a maior bancada no Congresso, e registra 132 pedidos de transferências Pix impedidas até o momento por restrições técnicas ligadas à falta de planos de trabalho para o uso das verbas. A sigla também registra máxima de até nove encaminhamentos negados feitos por uma só parlamentar, a deputada Detinha (PL-MA), mulher do também deputado Josimar Maranhãozinho (PL-MA). No ano passado, o parlamentar foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) no âmbito de um esquema de desvio de recursos de emendas enviadas para prefeituras do interior de seu estado. Em seguida ao PL, aparece o União Brasil, com 58 pedidos de encaminhamento de recursos bloqueados. Junto ao PP, que contabilizou 49 emendas Pix travadas, o partido planeja o desembarque do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva até o final deste ano. A demora para o acesso ao Orçamento deste ano é um dos pontos de divergências que levaram ao afastamento do partido do comando do Executivo. Emendas Pix travadas por falta de plano de trabalho Arte O Globo MDB e PSD reclamam A cobrança também tem vindo de legendas como o MDB e o PSD, que, mesmo compondo a base do governo no Congresso, tiveram 53 e 40 direcionamentos de recursos barrados, respectivamente. As travas atingem ainda o PT, partido do presidente, que teve 50 pedidos de recursos bloqueados até agora. Entre os parlamentares, prevalece a percepção de que os fatores que impedem o direcionamento dos recursos estão relacionados às novas exigências feitas pelo ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF). Desde o ano passado, o magistrado tem suspendido repasses em função do descumprimento de critérios de transparência. Os recursos passaram a ser liberados apenas mediante à disponibilização de detalhes sobre o uso e após a abertura de uma conta bancária específica para o encaminhamento da verba. Em função disso, no último domingo, Dino deu um prazo de dez dias para o Tribunal de Contas da União (TCU) detalhar um total de R$ 694,6 milhões em emendas Pix referentes ao intervalo de 2020 a 2024 que não tiveram o plano de trabalho apresentado. Na decisão, o magistrado também determinou o envio desses dados para a Polícia Federal, buscando a instauração de inquéritos que investiguem possíveis irregularidades. Dino afirma que há “situação de parcial descumprimento de decisão judicial” pela não apresentação desses planos. O ministro reforçou que é de competência do TCU a fiscalização dessas emendas, mas que isso não impede a cooperação dos tribunais de contas estaduais na apreciação das prestações de contas. Essa colaboração pode se concretizar, cita o ministro, mediante a celebração de parcerias entre o TCU e as áreas técnicas dos TCEs . Como mostrou o GLOBO, as travas impostas aos envios de recursos pelo descumprimento de critérios de transparência correspondem a um dos fatores que levaram ao atraso da liberação de R$ 7,3 bilhões previstos para este ano para emendas Pix — valor que, até o fim da semana, não havia sido pago. Parte de interlocutores de Lula também atribui a lentidão nas liberações à demora na votação do Orçamento, aprovado somente em maio, atrasando no cronograma de pagamentos.

Reservatórios da Grande SP têm pior nível desde a crise hídrica de 2015; governo autorizou redução da pressão à noite

Reservatórios da Grande SP têm pior nível desde a crise hídrica de 2015; governo autorizou redução da pressão à noite

Os mananciais que abastecem a Região Metropolitana de São Paulo operam hoje com 38,4% da capacidade, o menor índice em dez anos. O volume armazenado está acima apenas dos níveis registrados durante a crise hídrica de 2015. A trajetória de queda vem desde 2023, quando os reservatórios estavam em 72,5%. No ano passado, o índice recuou para 59,6% e, em agosto deste ano, chegou a 38,4% — perda de 34,1 pontos percentuais em dois anos. Leia mais: Em meio a falta de chuvas, São Paulo autoriza redução na pressão da água durante a madrugada Veja também: Saneamento avança entre famílias mais pobres e cobertura nacional chega a quase 70% dos lares, indica estudo A região da Grande São Paulo é abastecida pelo Sistema Integrado Metropolitano (SIM), que interliga diversos mananciais e permite a transferência de água entre os sistemas, fator crucial para a regularidade no abastecimento mesmo em cenários de estiagem. Mesmo assim, em meio a falta de chuvas e o estado de atenção no nível dos reservatórios, o governo de São Paulo anunciou o início de medidas de contingência como a redução da pressão do fornecimento de água durante a madrugada. Reservatório da Cantareira, em Nazaré Paulista (SP), em 2023 Edilson Datas/ O Globo No que diz respeito ao clima, os dados meteorológicos indicam que a estiagem deste inverno deve ser mais rigorosa do que a média histórica, o que agrava o quadro. Agosto tende a terminar com acumulados de chuva muito abaixo do esperado e, segundo as projeções, somente a partir da segunda quinzena de setembro, com a chegada da primavera, é que os volumes de precipitação devem ganhar força suficiente para reverter a tendência de queda. Até lá, o nível dos reservatórios deve continuar recuando diariamente. — As chuvas regulares devem voltar apenas na primavera, de modo que a manutenção de volumes baixos pode pressionar o abastecimento e exigir medidas preventivas para evitar maiores impactos no fornecimento de água à população — afirma Guilherme Borges, meteorologista da Climatempo. A situação do sistema Cantareira, considerado o maior da região, é de atenção, já que opera atualmente com apenas 35,9% de sua capacidade. Mantido o ritmo atual de perda, de 0,3 ponto percentual por dia, o volume útil pode despencar para a faixa de 15% no início da temporada de chuvas. O Alto Tietê tem 30,5% de volume armazenado, 0,3% a menos do que no dia anterior. No mês, acumula 2,5 mm de chuva, bem abaixo da média de 30 mm. O Guarapiranga opera com 55,3% da capacidade, uma queda de 0,3%. A pluviometria do mês é de 4 mm, muito inferior à média de 39,8 mm. Volume no Sistema Integrado Metropolitano Sabesp O Cotia, com 60,1% de volume armazenado, reduziu 0,4% e registrou pluviometria de apenas 3,6 mm no mês. A média histórica é de 40 mm. O Rio Grande, com 59,2% armazenado, caiu 0,3%. A média histórica de chuvas em agosto é de 48,4 mm, porém choveu apenas 8,2 mm. O sistema Rio Claro foi o que recebeu mais chuva até o momento, com 25,4 mm registrados, frente à média histórica de 100,1 mm. Está operando com 23,2% da capacidade, 0,5% a menos que o dia anterior. Já o sistema São Lourenço tem uma média histórica de 60,7 mm de chuva e só registrou 2,8 mm. Encontra-se com 56,6% de armazenamento, 0,5% a menos que o dia anterior. — A falta de chuvas significativas agrava a queda nos níveis de armazenamento, situação que é típica para o período seco, mas que preocupa pelo ritmo de redução dos índices pluviométricos — afirma Borges. Mananciais interligados A Sabesp afirmou ao GLOBO que não há risco de desabastecimento e argumentou que a estrutura formada por sete mananciais interligados garante maior segurança e flexibilidade no abastecimento da Grande São Paulo. Essa estrutura permite atender diferentes regiões a partir de mais de uma fonte, com o apoio de reservatórios importantes que ajudam a equilibrar a distribuição. O mecanismo foi aprimorado em especial após a crise hídrica que atingiu São Paulo e levou a ações de racionamento de água. A Sabesp iniciou a operação do Sistema São Lourenço, a interligação Jaguari-Atibaia e a modernização de estações de tratamento, como as do Guarapiranga e do Rio Grande. Apesar de os índices atuais serem os menores dos últimos dez anos, a companhia afirma que a situação é distinta da de 2015, devido à robustez alcançada pela rede nos últimos anos. Vista aérea da reserva do Cantareira, o maior reservatório de São Paulo Edilson Dantas O governo do Estado de São Paulo, por meio da Semil e da Arsesp, afirmou que monitora diariamente os dados e projeções dos mananciais. O Executivo declarou ter confiança na resiliência do SIM, mas reforçou a importância do consumo consciente durante o período de estiagem. Uma campanha de conscientização será lançada nos próximos dias para orientar a população sobre o uso racional da água. Como vai funcionar a redução da pressão? Diante do cenário de estiagem, medidas paleativas como a redução da pressão da água durante a madrugada começam a ser colocadas em prática. Segundo o governo, a Sabesp poderá definir um período de oito horas, com intervalo que será definido pela companhia, em que a diminuição na pressão fica autorizada de forma excepcional. A medida ficará válida até que os níveis dos reservatórios que abastecem a Região Metropolitana sejam recuperados. A ação, segundo a Sabesp, pode gerar uma economia de 4 metros cúbicos de água (ou 4.000 litros) por segundo. A agência de Águas do Estado de São Paul, a SP Águas, recomendou para a Arsesp a adoção de medidas que reduzam o volume de retirada de água dos reservatórios. Segundo a agência, a Grande São Paulo enfrenta uma sequência de anos com chuvas abaixo da média. Em nota, a Sabesp confirmou que fará a redução da pressão noturna para minimizar as perdas e que os imóveis residenciais que possuem caixa d’água não devem sentir os efeitos desta ação. "Diante dos eventos climáticos, cenário de chuvas abaixo do esperado e da variação no nível dos mananciais, a Sabesp adotará as manobras operacionais temporariamente, evitando perdas de água por vazamentos e rompimento de tubulações. A iniciativa terá início após 48 horas da deliberação da Arsesp", informou a Sabesp.

Além da hospedagem, COP em Belém sofre com escassez de mão de obra e já 'importa' profissionais

Além da hospedagem, COP em Belém sofre com escassez de mão de obra e já 'importa' profissionais

Os altos preços para hospedagens na COP30 não são o único obstáculo de logística enfrentado por delegações e ONGs em Belém. Diante da demanda excepcional, há dificuldade para contratar prestadores de serviços como motoristas, operadores de som e tradutores, o que resultou até na “importação” de profissionais de São Luís e no uso de equipes remotas. Além disso, especialistas em políticas de turismo da Universidade de São Paulo (USP) que analisaram documentos oficiais do evento identificaram falhas na definição de rotas de transporte e na padronização de cardápios, conforme exigido em megaeventos internacionais. Matéria exclusiva para assinantes. Para ter acesso completo, acesse o link da matéria e faça o seu cadastro.

Eleitores 'nem Lula, nem Bolsonaro' fazem crescer percepção sobre culpa do ex-presidente na trama golpista

Eleitores 'nem Lula, nem Bolsonaro' fazem crescer percepção sobre culpa do ex-presidente na trama golpista

A uma semana do início do julgamento do núcleo crucial da trama golpista, a maioria da população considera justa a prisão domiciliar imposta a Jair Bolsonaro (PL), avalia que o ex-presidente participou da tentativa de golpe depois da eleição de 2022 e acredita que ele quis provocar o ministro Alexandre de Moraes ao participar por vídeo das manifestações do dia 3, quando descumpriu as medidas cautelares que o levaram à prisão. Dados da pesquisa Genial/Quaest divulgada ontem mostram ainda que os eleitores “nem-nem” — que não se consideram de esquerda ou de direita —, tiveram peso nesta avaliação desfavorável do ex-presidente, que se será julgado ao lado de outros sete aliados. Matéria exclusiva para assinantes. Para ter acesso completo, acesse o link da matéria e faça o seu cadastro.

Verba de aposentados em Belford Roxo abasteceu aliados de Waguinho

Verba de aposentados em Belford Roxo abasteceu aliados de Waguinho

Alvo de inquérito da Polícia Civil do Rio por suspeita de fraude, o repasse de R$ 14 milhões feito em dezembro pelo Instituto de Previdência (Previde) de Belford Roxo, município da Baixada Fluminense, abasteceu políticos ligados ao ex-prefeito Waguinho (Republicanos). Levantamento do GLOBO com base em documentos da prefeitura aponta que ao menos 11 pessoas, incluindo candidatos que disputaram o pleito de 2024 e parentes de primeiro grau, receberam R$ 316 mil no apagar das luzes da antiga gestão. 'Nossos 5%': Funcionárias acusadas de desviar R$ 14 milhões da prefeitura de Belford Roxo discutiram comissão Genial/Quaest: 49% acham injusta a aplicação da lei Magnitsky contra Moraes, e 39% consideram sanção justa Como O GLOBO revelou ontem, o inquérito da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) encontrou indícios de que as funcionárias do Previde responsáveis pelos pagamentos discutiram receber uma comissão de 5% sobre os repasses. A polícia apontou, na conclusão da investigação, que os repasses contemplaram 539 pessoas que “não tinham qualquer vínculo legítimo” com o Previde, responsável por pagar os salários de aposentados e pensionistas do município. Um dos políticos beneficiados na suposta fraude foi Rogelson Sanches Fontoura, o Gelsinho Guerreiro (Republicanos). Ex-prefeito de Mesquita — cidade vizinha a Belford Roxo —, cargo que disputou novamente em 2024, ele recebeu R$ 50 mil do Previde no dia 4 de dezembro do ano passado. Na mesma data, com intervalos de segundos entre os pagamentos, também foram contemplados com repasses a ex-deputada Daniele Guerreiro, mulher de Gelsinho, e os filhos do casal, Daniel e Marina, com R$ 50 mil cada. Procurado, Gelsinho não se manifestou. Nas redes sociais, ele mostrou alinhamento no ano passado a Waguinho, em cuja gestão ocorreram os repasses do Previde que beneficiaram sua família. Em março de 2024, ele registrou uma visita à inauguração de uma unidade de atendimento à população idosa em Belford Roxo, e rasgou elogios ao então prefeito. “Waguinho é um exemplo de líder, político humano, que ouve e caminha próximo do povo para atender suas demandas”, postou na ocasião. Outro beneficiado com os repasses foi o candidato a vereador Alex Pagniez (PDT), que concorreu em Belford Roxo como aliado da chapa de Matheus do Waguinho (Republicanos) à prefeitura. Alex recebeu R$ 20 mil num único pagamento, em 23 de dezembro. Sua mãe, Adilea Pagniez, servidora aposentada do município, recebeu três pagamentos no mesmo mês. A atual gestão, sob o comando de Márcio Canella (União), levantou suspeita sobre um desses repasses, de R$ 20 mil, que ocorreu no mesmo dia e horário do pagamento ao filho. A lista de repasses suspeitos de fraude consta numa ação de improbidade ajuizada pela atual gestão de Canella contra Waguinho. Procurado, Alex não se manifestou. A família Pagniez caminhou dividida na última eleição: primo de Alex, o ex-vereador e ex-presidente da Câmara Municipal Márcio Pagniez Cardoso se alinhou a Canella. Conhecido como Marcinho Bombeiro, ele está preso desde 2019 sob suspeita de integrar uma milícia e de participar de dois homicídios em Belford Roxo. Suas redes sociais, que seguem ativas, foram usadas para pedir votos a Canella e para seu filho, Matheus Pagniez, que concorreu a vereador pelo PL. Outro político contemplado pelos pagamentos também indica o nível de entrelaçamento entre as gestões de Waguinho e Canella — hoje adversários, foram aliados até 2023. Candidato a vereador em 2024 em Belford Roxo pelo Solidariedade, sigla aliada a Waguinho, Raphael Simonin Matias recebeu R$ 10 mil do Previde em dezembro, pagamento listado no inquérito como suspeito de fraude. Em julho, foi nomeado ao cargo de secretário-executivo no gabinete de Canella. Retorno à prefeitura Simonin havia ocupado a mesma posição na gestão de Waguinho. No ano passado, ele publicou fotos fazendo campanha ao lado da deputada federal Daniela Carneiro (União-RJ), mulher de Waguinho, e escreveu que “inspiração temos de sobra”: “Nosso líder Waguinho nos ensina diariamente como fazer uma gestão que realmente cuida das pessoas”, elogiou Simonin. Já em julho, após ser nomeado novamente na prefeitura, Simonin publicou uma foto ao lado de Canella e de seu irmão e chefe de gabinete, Marcelo Canella. “Com muita felicidade e senso de responsabilidade, compartilho com vocês que inicio um novo ciclo na política. Essa nova etapa representa mais do que um cargo: é uma oportunidade de continuar lutando pelos ideais que acredito”, postou. Procurado, Simonin não retornou. Questionada sobre as suspostas fraudes no Previde, a assessoria de Canella disse ter encontrado dificuldades para fazer a transição da antiga gestão, com necessidade de exonerar e nomear centenas de pessoas, e que eventuais falhas serão apuradas. Waguinho não comentou o fato de políticos e suas famílias terem recebido recursos destinados a aposentadorias. Ele disse ser vítima de uma tentativa de “deslegitimação de sua figura por meio da judicialização abusiva de narrativas políticas”, e alegou que o inquérito não demonstra ligação entre ele e os repasses da Previde. Quem é Waguinho No último dia 26, perfilado com três homens engravatados, Waguinho parabenizou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “pelas escolhas acertadas que fortalecem a presença do Rio em decisões nacionais”. Traduzindo: pelos três cargos que o Diário Oficial de julho carimbou com indicações do ex-prefeito de Belford Roxo. Na órbita de Lula desde o segundo turno de 2022, em decisão que rachou seu grupo político — o ex-aliado Marcio Canella preferiu seguir com Jair Bolsonaro —, Waguinho começou o governo petista agraciado com a esposa, Daniela Carneiro, à frente do Ministério do Turismo. Daniela durou só sete meses no cargo, Waguinho perdeu a eleição de sua cidade para Canella e foi apeado da presidência estadual do partido Republicanos. Perdeu quase tudo, exceto os favores de Lula. Ex-secretário de Saúde de Belford Roxo, Flávio Vieira foi alçado a diretor da estatal Portos do Rio. Outros dois aliados do ex-prefeito, Sandoval Gomes e Agnaldo Pinto, viraram superintendentes de Patrimônio e de Agricultura, respectivamente. Com poucos amigos na Baixada Fluminense, Lula segue encontrando lugar para seu enrolado aliado.

Como tirar mancha de ferro da roupa? Veja passos para cada tecido

Como tirar mancha de ferro da roupa? Veja passos para cada tecido

Um descuido de segundos é suficiente para transformar uma peça impecável em um problema difícil de resolver. Marcas escuras, amareladas ou até brilhantes podem surgir no tecido após o contato com o ferro de passar. Muitas vezes, o susto vem acompanhado da dúvida: será que a roupa está perdida ou existe solução? As manchas de ferro podem ter várias origens, mas com técnicas específicas, é possível retirá-las sem comprometer a fibra do tecido. Conhecer cada uma das origens ajuda a identificar o tratamento certo e evitar que o problema se repita. É por isso que o TechTudo preparou um guia prático, que mostra como reconhecer cada tipo de mancha, quais métodos funcionam em diferentes tecidos e quais cuidados prolongam a vida útil tanto da peça quanto do ferro. Confira! Ferro de passar roupa gasta muita energia? Entenda o consumo do item Canal do TechTudo no WhatsApp: acompanhe as principais notícias, tutoriais e reviews Como tirar mancha de ferro de passar da roupa? Veja passos para cada tecido Arte/TechTudo Qual o melhor dispositivo para controlar voltagem de aparelhos com watt diferentes? Veja no Fórum do TechTudo Como tirar mancha de ferro da roupa? Tudo que você precisa saber Tipos de manchas causadas por ferro de passar roupa Métodos para tirar mancha de ferro da roupa Como tirar mancha de ferro de cada tipo de tecido? Passo a passo de como tirar mancha de ferro da roupa Ferro manchou a roupa: o que fazer? Dicas para prevenir manchas de ferro na roupa 1. Tipos de manchas causadas por ferro de passar roupa a. Manchas por queimadura Esse é o tipo de problema que mais assusta na hora de passar roupa. As chamadas “marcas de calor” aparecem quando o ferro está quente demais ou fica apoiado no tecido por mais tempo do que deveria. O resultado varia: em tecidos claros, podem surgir manchas amareladas ou escurecidas; já nos tecidos escuros, o risco é de brilho indesejado ou até desbotamento. Em situações mais graves, o calor excessivo ainda pode deixar o tecido rígido e quebradiço. b. Manchas por base suja do ferro Com o uso frequente, a base do ferro acaba acumulando restos de tecidos sintéticos, poeira e até resíduos de produtos. Quando o aparelho aquece, essa sujeira derrete e pode se transferir para outras roupas, deixando manchas. Elas podem aparecer em tom escuro, resultado de queimaduras ou acúmulo de resíduos, ou em tom amarelado, dependendo do tecido. Também costumam deixar uma textura pegajosa, difícil de remover. Limpeza ferro de passar com pano Electrolux/Divulgação c. Manchas por acúmulo de calcário Esse tipo de mancha costuma aparecer em forma de pontos ou listras: esbranquiçadas nos tecidos escuros e amareladas nos claros. Elas surgem porque a água da torneira, quando é rica em minerais (a chamada água dura), libera esses resíduos pelos orifícios de vapor do ferro. Para não ter esse problema, a dica é usar sempre água filtrada no reservatório. Se a mancha já se formou, algumas soluções simples podem ser úteis, como usar vinagre, que ajuda a dissolver os depósitos minerais. E para não ter dor de cabeça de novo, manter o ferro limpo com ciclos de higienização frequentes faz toda a diferença. d. Manchas por produtos químicos no reservatório do ferro Muita gente acredita que adicionar desinfetante, fragrâncias ou até amaciante no reservatório do ferro deixa as roupas mais cheirosas. Na prática, acontece o contrário: o calor faz com que esses produtos se decomponham, formando resíduos que acabam manchando o tecido. As marcas costumam aparecer em tons amarelados ou marrons. Mancha de ferro de passar por queimado: descuido pode causar a destruição do tecido Arte/TechTudo 2. Métodos para tirar mancha de ferro da roupa Gelo: não é um removedor em si, mas serve para esfriar rapidamente a área manchada, impedindo que o dano se espalhe. Além disso, prepara o tecido para um tratamento posterior. Funciona melhor em manchas superficiais; Vinagre branco: muito usado até por lavanderias profissionais, o vinagre branco tem ação clareadora suave. Para aplicar, misture vinagre e água na proporção 1:1 e espalhe sobre a marca de ferro. Deixe agir por alguns minutos antes de prosseguir com a limpeza usual do aparelho; Água sanitária: indicada apenas para roupas brancas, pois remove a pigmentação do tecido. Nunca aplique diretamente na mancha e dilua em água na proporção 1:1 antes do uso; Limão e sal: essa combinação ácida e levemente abrasiva ajuda a clarear manchas de ferro. Assim, espalhe sal sobre a mancha, aplique suco de limão fresco e deixe ao sol por alguns minutos ou até secar. O ácido do limão reage com o óxido de ferro, facilitando a remoção da mancha; Café: útil para disfarçar manchas em roupas escuras, mas não elimina o dano. Use café bem forte e frio, deixando agir por cerca de 10 minutos; Bicarbonato de sódio: um bom aliado para remover manchas persistentes. Misture 1 colher de sopa de bicarbonato de sódio com 2 colheres de sopa de água quente, formando uma pasta. Aplique sobre a mancha e deixe agir por 30 minutos; Clareador específico para tecidos: desenvolvido para agir sem danificar a roupa, é ideal para peças delicadas. O tempo de ação varia entre 5 e 30 minutos, dependendo do produto. Por isso, leia o rótulo antes de usar. Bicarbonato de sódio, água e vinagre Reprodução/Getty Images 3. Como tirar mancha de ferro de cada tipo de tecido? Algodão: misture suco de limão com sal e aplique sobre a mancha. Deixe agir por 30 a 60 minutos, esfregue suavemente e lave com água morna. Para manchas persistentes, faça uma pasta com bicarbonato de sódio e água, deixe agir por algumas horas e lave normalmente. O vinagre branco puro também pode ser aplicado diretamente, deixado por 15 minutos antes da lavagem; Sintéticos (Poliéster, Nylon, Acrílico): use vinagre branco diluído em água (proporção 1:1) e aplique com um pano limpo, pressionando suavemente a superfície. Deixe agir por 15 a 20 minutos e enxágue sempre com água fria. Nessas peças, evite produtos ácidos concentrados e nunca use água quente; Seda e Cetim: dilua vinagre branco em água fria (1 parte vinagre para 3 partes água) e aplique com pano limpo, pressionando devagar. Deixe agir por, no máximo, 10 minutos e enxágue com água fria; Linho: use a mistura de suco de limão com sal, deixando agir por até 2 horas em manchas antigas. O vinagre branco também funciona bem, mas sempre use água na temperatura ambiente; Lã: dilua vinagre branco em água fria (1 parte vinagre para 4 partes água) e pressione suavemente com pano limpo. Deixe agir por 5 a 10 minutos, enxágue com água fria da mesma temperatura e pressione suavemente para remover água; Jeans: faça uma mistura com água e bicarbonato de sódio. Use escova de dentes macia para trabalhar a pasta na mancha com movimentos circulares suaves. Se o tecido for muito grosso, deixe agir por 1 a 2 horas, ou até faça mais de uma aplicação; Roupas Brancas: para tecidos resistentes, use a mistura de água sanitária diluída em água (sempre com luvas, já que a solução é uma química forte). Alternativa natural aos tecidos brancos menos resistentes: limão com sal seguido de exposição ao sol. Em ambos casos, se não resolver, aposte na pasta de bicarbonato de sódio; Roupas Coloridas: use vinagre branco diluído em água (1:1). A pasta de bicarbonato com água é ainda mais suave para cores delicadas. Trabalhe rapidamente e enxágue imediatamente após o tempo recomendado para preservar as cores. Jamais use água sanitária, pois ela pode descolorir a peça. Vapor do ferro a vapor ajuda a alisar as fibras das roupas Reprodução/Shutterstock 4. Passo a passo de como tirar mancha de ferro da roupa Assim que notar a mancha, desligue o ferro e retire a roupa da passadeira, colocando-a sobre uma superfície limpa. Dê uma olhada com cuidado no dano, virando a peça do avesso se precisar. Em seguida, escolha o removedor mais adequado conforme a gravidade da mancha e o tipo de tecido, aplicando-o com cuidado sobre a área afetada. É possível perceber rapidamente se o produto foi eficaz: a mancha começará a se levantar das fibras do tecido. Depois, enxágue bem a peça até que a marca quase desapareça. Por fim, lave a roupa normalmente e deixe secar como de costume. 5. Ferro manchou a roupa: o que fazer? Ao perceber uma mancha durante o uso do ferro, a maneira como você reage pode definir se a peça será salva ou ficará permanentemente danificada. O primeiro passo é afastar o ferro do tecido imediatamente, já que esfregar a área com ele ainda quente espalha a mancha e intensifica a descoloração. Com o ferro afastado, coloque a roupa sobre uma superfície limpa e plana, como uma mesa ou tábua de passar, garantindo que o tecido não forme dobras nem ganhe novas marcas. Depois, resfrie a região afetada com gelo, como mencionamos anteriormente. Alguns ferros de passar roupa contam com funções para evitar manchas nas roupas, como o desligamento automático Divulgação/Electrolux 6. Dicas para prevenir manchas de ferro na roupa Para conservar o ferro de passar e proteger as roupas, ajuste a temperatura de acordo com cada tipo de tecido, já que o calor excessivo pode queimar fibras e deixar marcas amareladas. Também limpe a base regularmente com uma mistura suave de vinagre e água, o que ajuda a remover resíduos e facilita o deslizamento. Outra dica é usar água destilada ou filtrada no reservatório, pois reduz o acúmulo de minerais que podem causar vazamentos e manchas. Ainda, mantenha o ferro em movimento durante o uso e verifique se as peças estão limpas, pois restos de sabão, amaciante ou sujeira podem reagir com o calor e formar manchas. Por fim, lembre de guardar o aparelho em local seco, sempre com o reservatório vazio. Com informações de ABT, Drywash Lavanderia e Love2Laundry Initial plugin text Vídeo: Melhor comprar eletrodoméstico 110 ou 220 V? Decida! Melhor comprar eletrodoméstico 110 ou 220 V? Decida! Mais do TechTudo

Parceira ou terapeuta? Estudo mostra por que tantas mulheres viram porto seguro emocional dos homens

Parceira ou terapeuta? Estudo mostra por que tantas mulheres viram porto seguro emocional dos homens

"Ele não fala com os amigos sobre o que está acontecendo", "Ele não quer fazer terapia", "Ele só se abre comigo", "Os amigos dele nunca o viram chorar". Frases como essas soam familiares para muitas mulheres em relacionamentos heterossexuais. Com o surgimento de conceitos como “sobrecarga mental” e “trabalho doméstico não remunerado”, também passou a ganhar espaço a discussão sobre como, em muitas dinâmicas de casal, a mulher acaba assumindo o papel de apoio emocional do parceiro. Quem precisa de namorado? Estudo explica por que estar sozinho pode ser melhor Confiança em si mesmo: oito formas de fortalecer a autoconfiança, segundo a ciência O que é “mankeeping”? O termo foi proposto pela psicóloga Ángelica Puzio Ferrara, da Universidade de Stanford. Ele descreve o trabalho emocional invisível — e frequentemente subestimado — em que as mulheres ajudam os companheiros a manter laços sociais, comunicar-se emocionalmente, registrar sentimentos e lidar com situações difíceis. Em outras palavras, uma espécie de mistura entre planejadora, tradutora emocional, psicóloga e rede de apoio. Segundo estudo publicado pela instituição, o fenômeno se manifesta principalmente de três formas: facilitação social (quando as mulheres lembram ou organizam compromissos sociais, desde avisar sobre o aniversário de um amigo até marcar encontros); educação emocional (quando elas ajudam o parceiro a identificar e expressar sentimentos ou a se comunicar melhor); e terceirização emocional (quando os homens dependem quase exclusivamente delas para processar emoções, por falta de outras redes de apoio). O que muitas vezes começa como gesto de amor, solidariedade ou camaradagem acaba se tornando unilateral, sistemático e esperado como parte do relacionamento — sem reciprocidade nem reconhecimento. Como quebrar o ciclo? De acordo com o estudo, interromper essa dinâmica não significa deixar de cuidar, mas sim distribuir o cuidado de maneira mais equilibrada. Nomear o problema: reconhecer esse tipo de carga emocional ajuda a entender seu peso. Promover redes próprias: incentivar todos a construírem espaços emocionais fora do casal. Definir limites claros: apoiar não significa assumir o controle de tudo. Refletir em conjunto: como as tarefas emocionais são divididas? Quem apoia quem? Vulnerabilidade, solidão e masculinidade: o pano de fundo do “mankeeping” Para entender o contexto dessa sobrecarga, é preciso olhar além da relação. Nos últimos anos, diversos estudos apontam uma crise silenciosa na vida emocional de muitos homens. Nos Estados Unidos, por exemplo, estima-se que 27% deles não tenham amigos próximos, e quase metade relata não ter a quem recorrer quando enfrenta um problema pessoal. Esse fenômeno, conhecido como “recessão das amizades masculinas”, está ligado aos padrões da masculinidade tradicional: evitar demonstrar vulnerabilidade, não falar sobre sentimentos e se conectar mais pelo apoio funcional do que pelo emocional. O resultado é evidente: mulheres em relacionamentos heterossexuais acabam sendo, com frequência, as únicas fontes estáveis de suporte emocional para seus parceiros.