
Cientistas reconstroem rostos de habitantes de civilização de 2.500 anos no sul da Índia; entenda procedimento
Em um laboratório no estado de Tamil Nadu, no sul da Índia, pesquisadores da Universidade Madurai Kamaraj conseguiram reconstruir digitalmente os rostos de dois homens que viveram há cerca de 2.500 anos. As imagens foram feitas a partir de crânios escavados em Kondagai, antigo sítio funerário localizado a poucos quilômetros de Keeladi — local que vem se consolidando como peça-chave para entender a formação das primeiras civilizações indianas. Coreia do Norte testa novos mísseis antiaéreos em meio a exercícios militares dos EUA e da Coreia do Sul Ataques de Israel matam 63 palestinos em Gaza, aponta agência As descobertas de Keeladi, segundo arqueólogos locais, indicam a existência de uma civilização urbana independente no sul da Índia já por volta de 580 a.C. Até então, as narrativas sobre os primórdios da urbanização no país estavam centradas no Vale do Indo, no norte, onde surgiram as primeiras grandes cidades há mais de 5 mil anos. Em Tamil Nadu, de acordo com o jornal inglês BBC, evidências apontam que os habitantes viviam em casas de tijolos, dominavam técnicas de agricultura e comércio, e enterravam seus mortos em urnas funerárias junto a grãos e utensílios. Os cientistas agora buscam extrair DNA de ossadas e objetos encontrados no local para compreender melhor quem eram esses povos. Segundo o professor G. Kumaresan, responsável pelo estudo genético, os traços faciais revelados nos crânios sugerem ligação com os chamados “Antigos Ancestrais do Sul da Índia”, além de indícios de miscigenação com populações do Oriente Médio e da Ásia Central. — A mensagem que fica é que somos mais diversos do que imaginamos, e isso está registrado no nosso DNA — afirmou. A reconstituição das faces foi realizada em parceria com o Face Lab, da Liverpool John Moores University, no Reino Unido, que utilizou softwares para adicionar músculos, pele e características físicas às imagens dos crânios digitalizados. A definição da cor da pele, olhos e cabelo gerou debates, refletindo as divisões históricas entre narrativas que exaltam os arianos do norte como “povo original” da Índia e as que atribuem essa primazia aos dravidianos do sul. Os trabalhos em Keeladi também revelaram aspectos do cotidiano daquela sociedade. Além de cultivar arroz, milheto e criar animais, os habitantes consumiam tâmaras — fruto que não é comum na região atualmente. A maior dificuldade para os cientistas, porém, segue sendo a baixa qualidade do DNA preservado. Ainda assim, Kumaresan é otimista: — Bibliotecas genéticas da antiguidade são como portais para o passado. Elas podem revelar como era a vida então e como chegamos até aqui.