
O que é o treino funcional e como ele pode melhorar a sua vida diária?
Com um enfoque que integra exercícios voltados a melhorar capacidades motoras como força, equilíbrio, coordenação, agilidade e mobilidade, o treinamento funcional propõe um trabalho completo das cadeias musculares e de movimentos multiarticulares que imitam ações do cotidiano, como levantar, empurrar, saltar ou arremessar. Os exercícios são realizados com o auxílio de elementos como kettlebells (pesos russos), bolas medicinais, faixas elásticas e o próprio peso corporal. Descoberta científica: é assim que um gato escolhe sua pessoa favorita dentro de casa Lula e Trump: o que é a ‘química’ nas relações humanas? — Gosto de ver o treinamento funcional aplicado à vida diária. Ao longo do dia, muitas vezes de forma inconsciente, estamos empurrando ou puxando: giramos, rodamos, sustentamos peso; deitamos de costas, de bruços, pulamos, corremos e nos abaixamos, entre muitas outras ações que fazemos sem perceber. Justamente, os exercícios que propomos em cada aula de funcional buscam realizar esses movimentos de forma mais eficiente e simples, evitando lesões futuras — explica Federico Guerra, professor nacional de educação física e responsável pela academia Gallery MTD, em Mataderos. Além disso, o professor comenta sobre a preocupação das pessoas que, ao treinar, só pensam em carregar quantidades grandes de peso, sem pensar no desenvolvimento corporal. — Muitas vezes observo pessoas em centros de treinamento preocupadas em mover cargas, mas que ainda não desenvolveram consciência corporal, e então surgem as lesões. Antes de mover quilos, primeiro precisamos saber mover nosso próprio corpo, algo que parece simples, mas não é — diz Guerra. As origens do treinamento funcional, como é conhecido hoje, remontam aos campos da reabilitação física. Posteriormente, nas décadas de 1980 e 1990, o termo e a metodologia se popularizaram no mundo do fitness e do esporte. Pioneiros como o fisioterapeuta Gray Cook e o treinador Michael Boyle foram fundamentais em seu desenvolvimento, integrando a avaliação dos padrões de movimento para criar programas que não apenas melhorassem o aspecto físico, mas também a funcionalidade e a eficiência do corpo. — Estar em boas condições físicas significa que tudo se torna mais fácil nas tarefas diárias. Pensando no cotidiano, podemos citar ações como subir em um ônibus, fazer uma mudança, subir e descer escadas, levantar caixas pesadas, praticar algum esporte, empurrar um móvel grande, carregar um filho no colo. São ações que parecem simples, mas que não são tão fáceis para pessoas sedentárias — ressalta Guerra. Esclerose múltipla e Alzheimer: cientistas descobrem por que o cérebro das mulheres tem risco maior para as doenças Embora não exista uma figura fundadora do treinamento funcional na Argentina, diversos profissionais e educadores contribuíram para sua difusão e desenvolvimento — como Horacio Anselmi, nome de destaque na preparação física e no alto rendimento nacional, criador de programas baseados em princípios semelhantes ao funcional. A popularização de modalidades como o crossfit, que se baseia em movimentos funcionais de alta intensidade, também teve papel importante em sua disseminação. — Me apaixonei pelo treinamento funcional quando entendi que ele não era apenas exercício, mas uma ferramenta para transformar vidas. Vi pessoas recuperarem força, mobilidade e confiança com movimentos simples e adaptados, e no geral, melhorarem sua qualidade de vida — conta Mercedes de Lima, instrutora. E acrescenta: — Me dediquei a isso porque quero que cada aluno descubra que seu corpo é capaz de muito mais do que imagina, e que treinar não é um castigo, mas uma forma de viver melhor, com mais energia e liberdade. Sempre gostei de treinar, e, quando descobri que podia ensinar e me movimentar ao mesmo tempo, não hesitei em seguir esse caminho. Esse tipo de treino melhora força, postura e energia com movimentos pensados para o dia a dia, o que amplia a faixa etária das pessoas que podem praticá-lo. Trabalho personalizado Segundo especialistas, não existem requisitos para realizar essa atividade. Cabe ao professor adaptar os exercícios, movimentos e diferentes rotinas para cada pessoa e, caso haja alguma patologia, modificá-los conforme suas necessidades para que possam ser realizados sem maiores problemas. — Meus objetivos com meus alunos são melhorar sua qualidade de vida, aumentar força e resistência, corrigir a postura, prevenir lesões, desenvolver coordenação e equilíbrio, motivá-los a serem constantes e ajudá-los a ganhar confiança e bem-estar no dia a dia. Gosto de ver como cada pessoa, com seus próprios objetivos, vai alcançando-os — conclui Mercedes de Lima. Como qualquer atividade esportiva, ela traz seus riscos, embora consideravelmente menores do que outras atividades Freepik Definido como uma abordagem que integra exercícios voltados para melhorar capacidades motoras como força, equilíbrio, coordenação, agilidade e mobilidade, o treinamento funcional tem benefícios e riscos bem caracterizados na literatura médica recente. — Entre os benefícios, estão melhorias clinicamente significativas na mobilidade, evidenciadas por aumentos na pontuação do Short Physical Performance Battery e no índice de Barthel, com efeitos sustentados até seis meses após a intervenção. Ele melhora a capacidade cardiorrespiratória, aumenta a força e o desempenho neuromuscular. Também foi observado que o treinamento funcional melhora as pontuações no Functional Movement Screen (FMS), o que sugere melhor qualidade de movimento e potencial redução do risco de lesões. Além disso, melhora o equilíbrio, a agilidade e ajuda na prevenção de quedas — aponta a médica María Jimena Pérez Pelliser. Dizer não às visitas: saiba o que a psicologia diz para quem prefere ficar sozinho em casa De qualquer forma, a literatura também recomenda o treinamento funcional como parte de programas integrados para adultos mais velhos, não apenas pelos movimentos em si, mas como uma estratégia para aumentar a massa muscular e reduzir lesões ósseas, comuns em quedas. — Como toda atividade física, ele traz alguns riscos, embora consideravelmente menores do que outras modalidades. Podem ocorrer lesões musculoesqueléticas devido à técnica incorreta ou quando o programa não é adaptado ao nível funcional do praticante, especialmente entre pessoas com comorbidades ou baixo condicionamento físico. No entanto, entre todas as atividades, é uma das mais seguras — desde que praticada sob supervisão e com adaptação individual conforme o histórico de saúde e as limitações de cada pessoa — conclui Pérez Pelliser.