
Substituí o café pelo chá preto por 30 dias e estas foram as mudanças que percebi no meu corpo
Desde que me tornei adulta, começar o dia com café com leite era uma regra na minha rotina: duas colheres de pó para 250 ml de água quente e dois dedos de leite integral. Ao longo do dia, ainda vinham os cafezinhos extras, no escritório ou em casa. Esse padrão só mudou recentemente, depois que passei uma semana viajando pela Inglaterra, a terra do chá das cinco. Foi lá que experimentei pela primeira vez o tradicional chá preto com leite, bebida que faz parte da rotina britânica há mais de 350 anos, desde que a rainha Catarina de Bragança popularizou o consumo de chá na corte no século 17. Por lá, o chá preto com leite não é apenas uma bebida, é quase um patrimônio cultural: segundo dados da UK Tea & Infusions Association, os britânicos consomem cerca de 100 milhões de xícaras por dia. Sempre achei chá e leite a combinação estranha ao paladar, mas a curiosidade falou mais alto. No primeiro gole, a surpresa: eu gostei. E muito. O encontro com essa tradição veio em boa hora: há anos queria reduzir meu consumo de café – não por falta de amor à bebida, mas porque sei que a cafeína em excesso me deixava ansiosa, acelerada com batimentos cardíacos acelrados. Ainda assim, minhas raízes brasileiras nunca me deixaram trocar o café tradicional por descafeinado ou matchá, por exemplo. O chá preto parecia, então, um meio-termo viável. Em Londres, a diferença cultural me chamou atenção. Enquanto aqui no Brasil o chá ainda é visto como remédio –boldo para o estômago, camomila para relaxar, hortelã para resfriados– no Reino Unido ele é parte importante da alimentação das famílias. E, diferente daqui, em que há uma grande variedade de sachês de chá à disposição, os supermercados britânicos tem poucas opções de ervas, mas muitas marcas de chá preto. É como se cada família tivesse seu “chá oficial”, da mesma forma que muitos brasileiros defendem seu tipo preferido de café. Quando voltei ao Brasil, trouxe comigo uma caixa de 60 sachês de Yorkshire Tea e um desafio pessoal: passar um mês dias sem café, substituindo a bebida por chá preto. Logo na primeira semana, percebi que senti menos agitação mental. O chá preto, afinal, tem cerca de metade da cafeína de uma xícara de café (entre 40 e 70 microgramas por dose, contra 80 a 100 microgramas do café). Essa proporção me garantia energia suficiente para trabalhar, mas sem os picos e as quedas de energia que o café provoca. Outro efeito – esse inesperado – foi no "zumbido" que sentia no ouvido. Embora a relação entre cafeína e tinnitus não seja cientificamente conclusiva, no meu caso a diminuição do consumo de café pareceu suavizar os sintomas. Não se trata de uma observação isolada: alguns estudos já investigam essa possível ligação a partir de relatos semelhantes de diversas pessoas. Além disso, também notei melhora na qualidade do sono, mas mantive o cuidado de evitar o chá preto após as 16h para não prejudicar o descanso, já que ele também é rico em cafeína. Passado um mês, percebi que não precisava escolher se seguiria com café ou chá preto para sempre. Mas foi enriquecedor experimentar uma alternativa, um novo hábito que antes me fazia torcer o nariz. Hoje, alterno entre as duas bebidas, o que é positivo porque consegui diminuir consideravelmente o meu consumo de café. Benefícios do chá preto O chá preto é feito a partir dsa Camellia sinensis, a mesma planta usada para produzir chá verde, chá branco e oolong. A diferença está no processo de oxidação: no chá preto, as folhas passam por um processo de oxidação completa antes da secagem, o que faz com que fiquem mais escuras, com sabor mais encorpado e teor de cafeína mais alto que o chá verde ou o branco. Nutricionalmente, também há diferenças entre as variações da folha. O chá preto é rico em antioxidantes como as teaflavinas e tearubiginas, que contribuem para a saúde cardiovascular e podem auxiliar na redução do colesterol. O café também tem compostos benéficos, mas costuma provocar um aumento mais intenso nos níveis de cortisol (o hormônio do estresse) em pessoas sensíveis à cafeína. Revistas Newsletter