
Mulheres pardas entre 20 e 29 anos são as principais vítimas de violências notificadas por profissionais de saúde
O levantamento dos atendimentos realizados a pessoas que sofreram algum tipo de violência e recorreram a unidades de saúde mostra que 73,5% das vítimas são mulheres. Somente em 2025, foram registrados 43.803 casos, dos quais 32.202 tiveram mulheres como vítimas. As informações constam no painel de monitoramento lançado pela Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES). A ferramenta, lançada nesta segunda-feira, reúne dados sobre os tipos de violência mais comuns e os locais onde ocorrem. De acordo com o painel, a violência física é a forma mais frequente de agressão, enquanto o estupro aparece como o crime sexual mais recorrente. Crueldade: 'Ela não merecia isso', escreve mãe de jovem morta por traficantes na Zona Oeste do Rio Sonho com ataque: 'Sther sentiu que algo ruim iria acontecer, só não sabia que era com ela', diz irmã de jovem morta por traficante em baile funk no Rio Entre as vítimas mulheres, 47,8% eram pardas e 18,2% negras. As brancas representaram 29,4% das notificações. Segundo o painel, 18,44% tinham idade entre 20 e 29 anos. Os casos de violência física corresponderam a 45,3% do total registrado pelos profissionais de saúde. Já a violência moral e psicológica somou 15,9%, enquanto a sexual representou 10,1%. Os dados também revelam que a residência da vítima foi o principal local das ocorrências: 64,2% dos casos aconteceram em casa, e em 41,8% deles houve repetição da violência. Quando uma pessoa em situação de violência dá entrada em um serviço de saúde com sinais de agressão e é acolhida pelos profissionais, o caso é notificado e registrado em ficha. O documento considera a principal violência sofrida, mesmo que tenham ocorrido diferentes tipos de agressões na mesma situação. Esses registros serviram de base para a construção do painel. Segundo a SES, a notificação dos casos suspeitos ou confirmados não representam uma denúncia oficial, por ser um documento sigiloso. Mas a partir da notificação, os profissionais iniciam na rede de atenção a inclusão das meninas e mulheres na linha de cuidado e proteção necessária a cada caso. “Ao reunir e qualificar esses indicadores, conseguimos mapear os casos de violência no estado e compreender as circunstâncias em que as pessoas em situação de violência estão inseridas. A partir disso, é possível elaborar políticas públicas com base na realidade vivida por nós mulheres e, assim, reduzir as vulnerabilidades sociais e garantir um futuro mais justo", afirmou a secretária de Estado de Saúde, Claudia Mello. Considerando as ocorrências com vítimas homens e mulheres, foram registrados 22.354 casos de violência física, 7.060 de violência psicológica, 550 de tortura, 4.275 de violência sexual, 12 de tráfico humano, 626 de violência financeira e econômica, 6.670 de negligência e abandono, 38 de trabalho infantil, 88 de intervenção legal e 8.476 classificados como “outros”. Os dados também revelam o perfil dos prováveis autores da violência: 49,1% do sexo masculino e 32,6% do sexo feminino. Segundo o painel, 48% dos agressores foram apontados como adultos, com idade entre 25 e 59 anos. Em 2024, foram 74.031 casos notificados pelas unidades de saúde.