
Genial/Quaest: prisão e tarifaço de Trump afastam eleitor 'nem-nem' de Bolsonaro
Cruciais para a eleição presidencial do ano que vem, os eleitores ‘nem-nem’ — que não são lulistas ou bolsonaristas, tampouco de esquerda ou direita — passaram a impor resultados negativos a Jair Bolsonaro (PL) em diferentes pontos das pesquisas de opinião. A última sondagem Genial/Quaest evidencia como a articulação pelo tarifaço dos Estados Unidos e a prisão domiciliar de Bolsonaro determinada por Alexandre de Moraes fizeram os brasileiros alheios à polarização penderem mais para o lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), apesar de a maioria deles ainda desaprovar o governo. Genial/Quaest: veja como lulistas e bolsonaristas divergem nas opiniões sobre EUA, Israel, Rússia, China e Argentina Mais pesquisa: maioria acredita que Bolsonaro participou de tentativa de golpe; Sudeste e idosos puxam alta Uma pergunta sintomática do descolamento é se o eleitor tem mais medo da continuidade de Lula no Planalto ou da volta de Bolsonaro ao poder. Na comparação com o levantamento de julho, o temor do retorno do ex-presidente subiu oito pontos na faixa nem-nem, impulsionando os três pontos a mais no cenário geral. Hoje, 47% dos brasileiros repelem mais a volta de Bolsonaro, enquanto 39% consideram a continuidade do petista o pior a acontecer. Entre os nem-nem, o placar é de 46% a 25% — uma diferença de 21 pontos, três vezes maior que a registrada no mês anterior. A posição dos nem-nem segundo a Quaest Editoria de Arte Comparação de governos Outro tópico que ilustra como os últimos capítulos do bolsonarismo afugentaram esse eleitor é a comparação direta entre os governos Lula e Bolsonaro. O atual presidente vinha, desde março, levando a pior, mas virou o jogo em agosto, e muito por causa dos nem-nem. Nesse estrato que abarca três de cada dez pessoas da amostra da Quaest, o percentual dos que acham a gestão petista pior que a anterior caiu dez pontos (37% para 27%), enquanto a leitura de que é melhor cresceu quatro (33% para 37%). Completam a lista os que avaliam ambos os governos como iguais (32%). Quando entra em cena a prisão domiciliar de Bolsonaro, fica ainda mais evidente como o estrato rechaça os episódios recentes: 60% deles consideram a prisão justa, contra apenas 29% que a classificam como indevida. Trata-se de uma diferença maior do que a registrada no cenário total, de 55% a 39%. Initial plugin text Ainda na esteira das investigações contra Bolsonaro, os eleitores sem posicionamento definido passaram, ao longo deste ano, a ver mais as digitais do ex-presidente na trama golpista colocada em curso depois da eleição de 2022. Em dezembro do ano passado, 45% identificavam o envolvimento, até que o percentual passou para 52% em março e agora é de 58%, o que foi decisivo para a desvantagem de Bolsonaro no resultado geral: 52% a 36%. Somados à percepção de melhora na economia, os dados ajudam a explicar por que os nem-nem também deram a Lula um pouco mais de aprovação do que davam em julho. O percentual subiu quatro pontos e está hoje em 42%. Ainda é inferior à desaprovação de 53%, mas se trata da menor diferença do ano entre as respostas negativas e as positivas. No geral, o governo está com 46% de aprovação e 51% de desaprovação, melhor resultado desde janeiro. A retomada do viés favorável na curva das pesquisas é explicada pelo CEO da Quaest, Felipe Nunes, como consequência do arrefecimento no preço dos alimentos e da postura de Lula diante do tarifaço americano imposto por Trump, baseada na ideia de “soberania nacional”.