Dupla é presa e adolescente é apreendido após roubo em Ceilândia

Dupla é presa e adolescente é apreendido após roubo em Ceilândia

A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), por meio do 8º Batalhão, prendeu dois homens e apreendeu um adolescente envolvidos em um roubo na QNN 22, em Ceilândia, na tarde desta segunda-feira (25). Na ação, os policiais recuperaram todos os pertences da vítima, incluindo um veículo e um celular, além de apreenderem um simulacro de arma de fogo utilizado no crime. Os detidos e o menor apreendido foram conduzidos à DCA II e, em seguida, à 15ª Delegacia de Polícia, onde ficaram à disposição da Justiça.

Parede de poeira 'engole' cidade nos EUA e provoca caos em aeroportos e rodovias; veja vídeo

Parede de poeira 'engole' cidade nos EUA e provoca caos em aeroportos e rodovias; veja vídeo

Uma parede de poeira, conhecida como "haboob", encobriu parte da região metropolitana de Phoenix, no Arizona (EUA), na noite desta segunda-feira, reduzindo a visibilidade a quase zero. O fenômeno foi seguido por fortes tempestades que derrubaram árvores, danificaram estruturas e provocaram blecautes em larga escala. Calor extremo força retirada de passageiros de voo na Itália Rio tem dia nublado, e chuva persiste no Sul e no Norte do país; veja previsão para esta terça-feira De acordo com os jornais locais, mais de 60 mil residências e comércios ficaram sem energia elétrica, segundo a plataforma PowerOutage.us, com a maioria das interrupções concentradas no condado de Maricopa. Veja o fenômeno: Initial plugin text Initial plugin text Initial plugin text No Aeroporto Internacional Phoenix Sky Harbor, uma ponte de ligação foi destruída por rajadas de vento que chegaram a 112 km/h. Por cerca de uma hora, voos foram suspensos, e as aeronaves ficaram em solo até que a nuvem de poeira se dissipasse. A operação só foi retomada após inspeções de segurança, mas ainda assim houve atrasos de até 30 minutos, informou o porta-voz Gregory E. Roybal. As autoridades locais emitiram alertas de emergência, orientando motoristas a evitar deslocamentos devido à visibilidade praticamente nula nas rodovias I-10 e I-17, além de pontos de alagamento. Em Gilbert, cidade a 35 quilômetros de Phoenix, a polícia relatou semáforos inoperantes e árvores caídas em diferentes bairros, pedindo que a população permanecesse em casa. Embora tempestades de poeira sejam comuns na temporada de monções do Arizona, especialistas destacam que a intensidade do episódio chamou atenção. O fenômeno se forma quando tempestades de raios colapsam, empurrando ventos fortes para fora e levantando solo do deserto.

Japonês de 102 anos bate recorde ao escalar o Monte Fuji

Japonês de 102 anos bate recorde ao escalar o Monte Fuji

Japonês Kokichi Akuzawa, de 102 anos, bate recorde ao escalar o Monte Fuji em agosto de 2025. Divulgação/Guiness World Records Um japonês de 102 anos com uma doença cardíaca se tornou a pessoa mais velha a escalar o Monte Fuji, no início de agosto. Kokichi Akuzawa, nascido em 1923, alcançou o topo da maior montanha do Japão e teve o feito foi reconhecido pelo Livro Guinness de Recordes. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp "Eu sou seis anos mais velho do que da última vez que subi", declarou Akuzawa à agência de notícias AFP, em referência a sua escalada a montanha de 3.776 metros de altitude aos 96 anos. "Estive lá e observei a vista muitas vezes, não foi nada especial", disse, minimizando a conquista. Akuzawa alcançou a façanha após escalar uma montanha quase toda semana como parte de seu treinamento. Além de ser um bom montanhista, esse fazendeiro aposentado da região central de Gunma é voluntário em um centro de atendimento a idosos e ensina pintura. A escalada ao Monte Fuji ocorreu mesmo após alguns percalços de saúde ao longo deste ano. Em janeiro, ele tropeçou ao subir uma montanha perto de sua casa, depois teve herpes e, em seguida, foi hospitalizado por insuficiência cardíaca. Apesar da preocupação da família com seu estado físico, Akuzawa estava determinado a escalar, segundo contou sua filha Yukiko, de 75 anos. "A recuperação foi tão rápida que os médicos não conseguiam acreditar", disse ela. Para se preparar fisicamente, Akuzawa acordava cedo e caminhava durante uma hora. Também escalava montanhas quase todas as semanas. Akuzawa dividiu a escalada ao Monte Fuji em três dias e passou duas noites em abrigos, mas a altitude quase o obrigou a desistir. Segundo Yukiko, o montanhista centenário chegou ao topo com a ajuda de uma equipe, incluindo uma neta que é enfermeira. Ao ser questionado se repetiria a aventura, Akuzawa foi categórico: "Não, nunca mais". Vídeos em alta g1

Homem é preso por porte ilegal de arma de fogo e tráfico de drogas na Ceilândia

Homem é preso por porte ilegal de arma de fogo e tráfico de drogas na Ceilândia

A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), por meio do PATAMO/BPChoque, prendeu na tarde desta segunda-feira (25) um homem acusado de ameaçar um desafeto com arma de fogo em Ceilândia. Na abordagem, os policiais apreenderam: 01 revólver Taurus; 03 munições calibre .38 SPL; 05 munições calibre 9mm; 1,886 kg de cocaína; 269 g de maconha dry; 01 motocicleta Yamaha MT-03; R$ 1.040,00 em dinheiro; 02 balanças de precisão. O suspeito foi encaminhado à 15ª Delegacia de Polícia, onde ficou à disposição da Justiça.

Anvisa atende a governo Lula e passa canetas emagrecedoras à frente na fila de registro

Anvisa atende a governo Lula e passa canetas emagrecedoras à frente na fila de registro

MATEUS VARGAS BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) Após pedido do Ministério da Saúde, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) irá priorizar a análise dos registros de medicamentos contendo liraglutida ou semaglutida, que são os princípios ativos das canetas usadas para emagrecimento e no tratamento da diabetes. A agência publicou nesta segunda-feira (25) um edital com regras para as empresas pedirem para os seus produtos passarem à frente na fila de análises, que tem mais de 1.900 fármacos aguardando o aval para chegar ao mercado. A Anvisa afirma que serão avaliados mais cedo as canetas fabricadas no Brasil. A agência também cita concentração de mercado e risco de desabastecimento, mas não divulga dados que mostram esse cenário. O edital foi lançado meses antes do fim da validade da patente do Ozempic (semaglutida), uma das canetas mais populares. A fabricante Novo Nordisk ainda tenta no STJ (Supremo Tribunal de Justiça) ampliar o prazo que expira em março de 2026. Empresas EMS, Biomm e Hypera Pharma já se preparam para lançar genéricos do produto. O pedido para as canetas emagrecedoras furarem a fila da Anvisa foi formalizado em 15 de agosto pelo Ministério da Saúde. No documento obtido pela Folha, a pasta comandada por Alexandre Padilha (PT) afirma que deseja promover a fabricação nacional dos medicamentos, além de "ampliar e qualificar" o acesso a tratamentos. O ministério ainda fala em "reduzir a dependência tecnológica do país, fortalecendo a soberania e autonomia nacional". As canetas emagrecedoras são análogas do GLP-1, hormônio produzido no intestino que atua no controle dos níveis de glicose no sangue e nos mecanismos de saciedade. Esse tipo de medicamento foi inicialmente registrado no Brasil para o tratamento da diabetes tipo 2, até que em janeiro de 2023 a Anvisa deu aval para uso como auxiliar para a perda de peso. No último dia 20, a Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias) rejeitou ofertar no SUS os medicamentos semaglutida (Wegovy) e liraglutida (Saxenda), ambos da Novo Nordisk. A decisão foi pautada principalmente por restrições orçamentárias e fiscais —a entrada dos produtos na rede pública custaria R$ 8 bilhões por ano, segundo a Saúde. A Anvisa tem uma série de regras para passar a análise de um registro à frente na fila. No caso das canetas, a agência liberou furar a ordem com base em trecho de uma resolução de 2017 que abre margem para classificar como prioritárias as análises quando houver risco de desabastecimento do mercado com impacto para a saúde pública. No edital publicado nesta segunda, a agência afirma que detectou "concentração de mercado considerável" de canetas emagrecedoras e que esse cenário tem levado a casos de falsificação e roubo de cargas. Ainda diz que a ideia é evitar o "risco de desabastecimento" dos medicamentos. A Folha solicitou o acesso ao relatório que apontaria concentração de mercado e risco de desabastecimento das canetas, mas não recebeu resposta da Anvisa. A agência afirma, ainda no edital, que o objetivo é ampliar o potencial para que novos produtos cheguem ao mercado com preços mais baixos, entre outros pontos. Segundo o órgão regulador, no começo de agosto havia nove pedidos de registro de medicamentos sintéticos de semaglutida e sete de liraglutida, sendo que os processos ainda não começaram a ser avaliados pelas áreas técnicas voltadas à qualidade, segurança e eficácia dos fármacos. Há também três processos ligados a medicamentos biológicos, que "ainda se encontram em fase inicial, aguardando distribuição para análise técnica pelas áreas responsáveis". A Anvisa fixou prazo de 15 dias para as empresas pedirem a prioridade na análise dos seus produtos. Depois, a agência deve apontar, em até 30 dias, os prazos para avaliação dos registros. Mesmo antes de formalizar o pedido, Alexandre Padilha anunciou em 6 de agosto que a Anvisa faria um chamado às empresas interessadas em comercializar os produtos voltados à diabetes e emagrecimento. A agência "quer registrar o mais rápido possível", disse o ministro durante evento da EMS, farmacêutica que lançou no mercado os primeiros medicamentos injetáveis à base de liraglutida fabricados no Brasil. "O governo quer que o Brasil entre de vez, domine essa tecnologia dos peptídeos [como os análogos do GLP-1], que hoje são utilizados para diabetes, para emagrecimento, mas essa tecnologia pode vir a ser utilizada para outras doenças no futuro, como câncer e doenças autoimunes", afirmou o ministro no mesmo evento. Em nota, o ministério disse que o pedido feito à Anvisa segue critérios previstos na legislação, "com foco no incentivo à produção nacional, estímulo à concorrência e maior acesso da população a medicamentos". A pasta disse que a entrada de genéricos no mercado garante preços de 30% a 40% mais baixos. O ministério também pediu priorização da análise da Anivsa sobre produtos à base de darunavir e dasatinibe, usados no tratamento de HIV e leucemia mieloide crônica, respectivamente. A agência irá avaliar os casos em outros processos.

Tariff Revenues Become Key Tool in U.S. Debt Strategy

Tariff Revenues Become Key Tool in U.S. Debt Strategy

According to the U.S. Department of the Treasury, federal debt has reached $37.25 trillion. Treasury Secretary Scott Bessin stated that the administration will use tariff revenues to reduce the national debt rather than return the money through rebate checks. He projected that tariffs could generate more than $300 billion this year alone and possibly up […]

Os bizarros efeitos que a comida pode causar nos remédios que tomamos

Os bizarros efeitos que a comida pode causar nos remédios que tomamos

Alimentos podem interferir com a ação esperada de alguns medicamentos Serenity Strull/BBC A situação em si já era constrangedora. E, depois de cinco horas de uma ereção constante, vieram as dores. Inicialmente, os médicos ficaram perplexos com a situação apresentada por aquele homem de 46 anos de idade que foi parar no pronto-socorro de um hospital em Tamil Nadu, no sul da Índia. Ele havia tomado o medicamento sildenafila (mais conhecido pelo nome comercial Viagra) para disfunção erétil antes de uma relação sexual com a esposa — seguindo a dosagem prescrita. Quando souberam dos detalhes, os médicos descobriram que homem havia tomado um grande copo de suco de romã antes do remédio. Eles, então, o trataram com uma injeção para combater os efeitos e o aconselharam a dispensar o suco no futuro. Os médicos concluíram que a bebida inadvertidamente amplificou a potência da droga. Este caso é apenas um exemplo de como os alimentos que ingerimos podem interagir com medicações de formas imprevisíveis. Existem inúmeras referências na literatura médica que detalham eventos bizarros — e até preocupantes — de combinação de alimentos e remédios, produzindo efeitos colaterais incomuns. Estes casos, em sua maioria, são relatos isolados de indivíduos específicos ou pequenos grupos. Mas, agora, existe também um conjunto cada vez maior de pesquisas detalhando as diversas formas em que os alimentos, bebidas e ervas podem interagir com produtos farmacêuticos no interior do corpo humano. Sabe-se há muito tempo que a toranja, por exemplo, amplifica o poder de uma ampla variedade de remédios, aumenta o risco de efeitos colaterais ou até faz com que as doses normais passem a ser tóxicas. Já alimentos com alto teor de fibras podem reduzir a eficácia de alguns medicamentos. Normalmente, os produtos farmacêuticos passam por décadas de testes e desenvolvimento para garantir sua segurança e eficácia. Mas existem milhares de tipos de drogas no mercado e milhões de combinações de alimentos diferentes. Pesquisas científicas indicam que as interações alimentares podem ser uma importante ameaça à segurança e eficácia da farmacoterapia oral. E os especialistas estão apenas começando a acompanhar sistematicamente essas interações. Alguns deles esperam poder aproveitar essas combinações para fazer os medicamentos funcionarem melhor do que quando tomados isoladamente. "A maioria das drogas não é afetada pelos alimentos", explica o professor de Administração e Prática Farmacêutica Patrick Chan, da Universidade Western de Ciências da Saúde, na Califórnia. "É nos casos específicos em que certas drogas são afetadas pelos alimentos que precisamos ficar atentos", segundo ele. A Administração de Alimentos e Drogas dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) e a Agência Europeia de Medicamentos exigem que as medicações passem por testes de efeitos da alimentação. Estes testes envolvem pessoas em jejum ou que ingeriram uma refeição com alto teor de gorduras e calorias — duas torradas com manteiga, duas fatias de bacon frito, dois ovos fritos, uma porção de batatas fritas e um grande copo de leite integral, por exemplo. Mas testar tudo é quase impossível. E o metabolismo humano é complicado, lembra a pesquisadora Jelena Milešević, do Centro de Excelência de Pesquisa em Nutrição e Metabolismo de Belgrado, na Sérvia. "É meio que uma pequena fábrica e você tem uma porção de insumos e muitos produtos", explica ela. Depois de todas as reações químicas do corpo, do alimento e do medicamento, aquilo "fica enorme e é muito difícil de separar", segundo Milešević. Ela pesquisa como a vitamina D afeta os medicamentos no corpo e vice-versa. Sabe-se que a toranja (grapefruit) interfere com a capacidade do corpo para lidar com uma ampla variedade de medicamentos Getty Images/BBC Os alimentos podem afetar as medicações de duas formas: eles podem interagir com os ingredientes ativos do medicamento ou podem alterar a forma em que o corpo reage em relação ao remédio. Algumas combinações entre alimentos e drogas são conhecidas desde os anos 1980. Um exemplo bem conhecido é como a toranja e seu suco podem interferir com medicações, incluindo algumas drogas redutoras do colesterol, como estatinas, além de medicamentos usados para o tratamento da hipertensão arterial, como nifedipina e felodipina. A fruta também interage com ciclosporina, uma droga usada para suprimir o sistema imunológico, evitando a rejeição após o transplante de órgãos, além de diversos outros produtos farmacêuticos amplamente empregados por pacientes em todo o mundo. A toranja também pode aumentar a quantidade de medicamento disponível para absorção na corrente sanguínea e aumentar a potência da dose, incluindo em alguns remédios contra a malária, como artemeter e praziquantel, e drogas antivirais, como saquinavir. Para isso, ela inibe uma enzima fundamental chamada citocromo P450 3A4, que é responsável pela decomposição de muitos tipos diferentes de remédios. Isso pode gerar acúmulo das drogas até níveis que podem chegar a se tornar tóxicos, como ocorre com a substância para disfunção erétil sildenafila, mencionada no início desta reportagem. "Sem esta enzima, as drogas ficam por mais tempo no corpo e as concentrações podem se tornar muito tóxicas", segundo Maria da Graça Campos, chefe do Observatório de Interações entre Drogas e Ervas da Universidade de Coimbra, em Portugal. E os sucos de frutas costumam apresentar interações mais potentes, pois são frequentemente concentrados. Com isso, eles contêm compostos ativos que interagem com medicamentos em níveis mais altos que a própria fruta. É assim que também se acredita que os cranberries interagem com a varfarina. Existem dezenas de relatos de pacientes que beberam suco de cranberry indicando que a fruta pode amplificar o efeito anticoagulante da varfarina. Houve até o caso de uma pessoa que engoliu meia xícara (113 g) de calda de cranberry todos os dias, por uma semana, para consumir os restos do jantar de Ação de Graças. Testes clínicos e análises sistemáticas das evidências concluíram que os níveis normais de consumo de cranberries não devem interferir com a varfarina. Mas é preciso destacar que um teste randomizado amplamente divulgado que não encontrou essa interação foi financiado por um fabricante de suco de cranberry. "A maior parte da literatura se limita a relatos de qualidade muito ruim que ignoram fatores óbvios de confusão", segundo Anne Holbrook, diretora de toxicologia e farmacologia clínica da Universidade McMaster, em Hamilton, no Canadá. Para responder a estas questões, é preciso reunir pelo menos algumas centenas de pacientes randomizados apenas com varfarina, em comparação com varfarina e cranberry, em cenários com produtos de cranberry padronizados, segundo Holbrook. O tipo de suco (fresco, concentrado ou extrato), aliado à quantidade da fruta e ao momento do consumo, em relação à ingestão do medicamento, também pode afetar a interação, segundo o decano de Farmácia da Universidade de Sydney, na Austrália, Andrew McLachlan. Em 2011, a FDA dos Estados Unidos atualizou suas orientações médicas para warfarina, retirando os alertas sobre cranberry. Mas o serviço de saúde pública do Reino Unido (NHS) continua a aconselhar os pacientes a evitar tomar suco de cranberry quando ingerirem o medicamento. Infindáveis interações Outro alimento que causa interação com medicações é o alcaçuz. Ele age sobre uma série de enzimas de citocromo que, normalmente, decompõem produtos farmacêuticos. O alcaçuz afeta medicamentos como a digoxina, remédio para doenças cardíacas, e alguns antidepressivos. Mas estudos que quantificaram precisamente este efeito indicam que ele também não deve causar efeitos colaterais clinicamente relevantes. Todos estes motivos explicam por que as interações entre alimentos e medicações são mais bem compreendidas pensando nelas como um espectro. "Não podemos pensar em interações de drogas como 'tudo ou nada'", explica Chan. "As interações com medicamentos são graduadas. Elas podem ser severas, moderadas ou pequenas." Em 2017, Campos descobriu outra estranha interação, quando um paciente medicado para artrite foi levado às pressas para o hospital com anemia e dores nos membros. Ele havia tomado uma infusão de alcachofra, que interagiu com seu remédio para a artrite (colchicina), além de outros medicamentos que ele tomava para diabetes e hipertensão. Aparentemente, substâncias bioquímicas da alcachofra inibiram a capacidade do seu corpo de lidar normalmente com as medicações, causando acúmulo tóxico no fígado. "Realmente, foi muito ruim", ela conta. "Inicialmente, pensamos que ele pudesse precisar de um transplante de fígado. Foi muito, muito complexo." Por sorte, o paciente se recuperou totalmente e de forma espontânea. Ervas e seus extratos, como infusão de alcachofra, são empregados na medicina tradicional e não são especificamente regulamentados, afirma Campos, mesmo que alguns deles sejam poderosos como drogas sintéticas. Da mesma forma, Campos também estudou um caso clínico de interação de cúrcuma e um suplemento nutricional à base de algas chlorella com a medicação contra o câncer de um paciente, causando extrema toxicidade no fígado. A cúrcuma também é conhecida por amplificar os efeitos dos anticoagulantes e remédios contra diabetes. E extratos de erva-de-são-joão podem interagir com medicamentos contra ansiedade e depressão, certos anticoncepcionais e algumas drogas quimioterápicas. "É realmente muito importante que as pessoas compreendam que as ervas podem causar muitas interações", orienta Campos. Mas aqui, novamente, mais testes clínicos são necessários para observar se esses padrões são persistentes e generalizados ou, às vezes, apenas casos isolados. Nem sempre as interações tornam as drogas mais tóxicas ou perigosas. Elas também podem prejudicar o seu efeito. A varfarina (além da sua controversa interação com cranberries) parece ter uma relação incomum com a vitamina K existente nas verduras. Quando a varfarina encontra a vitamina K na corrente sanguínea, sua eficácia é reduzida. Isso não significa que os pacientes que consomem varfarina não devam comer verduras, mas a dosagem da sua terapia precisa ser calculada de acordo com sua alimentação habitual — que, por sua vez, também precisa permanecer constante. "Você come muito mais verduras do que eu? O médico provavelmente irá aumentar sua dose de varfarina, para compensar o efeito das verduras", explica Chan. Pacientes que tomam uma classe de antidepressivos conhecida como inibidores da monomina oxidase (MAOIs, na sigla em inglês) também são normalmente aconselhados a adotar uma alimentação com baixo teor de alimentos fermentados e alguns queijos curados, devido aos seus altos níveis de tiramina. Esta enzima altera a capacidade do corpo de metabolizar tiramina e pode acarretar picos da pressão sanguínea. Leite e laticínios, como queijo e iogurte, podem alterar a forma de absorção de certos antibióticos (como ciprofloxacina e norfloxacina) pelo sistema digestivo. Os pesquisadores do setor chamam este mecanismo de "efeito queijo". E alimentos com alto teor de fibras, como cereais integrais, podem apresentar efeito similar. As moléculas dos laticínios e das fibras, aparentemente, "abraçam" eficientemente as moléculas do medicamento nos intestinos, impedindo que elas entrem na corrente sanguínea, segundo Chan. "A droga nem mesmo chega até o sangue, pois, nos intestinos, os produtos lácteos se unem à medicação e ela fica presa no intestino", explica Chan. A solução, segundo ele, é simples: os pacientes devem evitar o consumo de laticínios duas a quatro horas antes ou depois do antibiótico receitado. "Você ainda pode tomar seu leite e comer seu queijo, apenas não ao mesmo tempo [que o remédio]", segundo Chan. Os cientistas esperam ser possível fazer uso das interações entre alimentos e remédios para aumentar e eficácia de certos tratamentos GettyImages/BBC Estas interações podem parecer assustadoras, mas nem tudo está perdido. Alguns pesquisadores esperam fazer uso das interações entre remédios e alimentos, bebidas e ervas que consumimos, na esperança de amplificar o efeito dos tratamentos farmacêuticos de formas úteis. Os oncologistas, por exemplo, vêm tentando aumentar a eficácia dos tratamentos contra o câncer explorando a interação entre a comida e certos tratamentos. O biólogo celular Lewis Cantley, da Faculdade de Medicina Harvard em Boston, no Estado americano de Massachusetts, descobriu que um processo regulador do crescimento celular, alvo de certas medicações contra o câncer, aparentemente reage melhor ao tratamento quando acompanhado por alimentos com baixo teor de açúcar. "Os seres humanos evoluíram, centenas de milhares de anos atrás, para comer carnes e vegetais crus, que não causam rápido aumento da glicose após as refeições", explica Cantley. O câncer, provavelmente, era uma rara causa de morte milhares de anos atrás. E o aumento dos casos de câncer observado nas últimas cinco décadas, "muito provavelmente", está relacionado ao aumento dramático do consumo de alimentos com carboidratos de rápida liberação, segundo ele. Experimentos realizados por Cantley em 2018 com camundongos (que receberam uma dieta cetogênica, com baixo teor de carboidratos e alto teor de carnes e vegetais) apresentaram resultados preliminares promissores. O medicamento contra o câncer funcionou com mais eficácia com os camundongos em dieta. Por isso, sua equipe vem testando os efeitos em um pequeno número de pacientes humanos, em sua start-up chamada Faeth Therapeutics. Ele chama o experimento de tentativa de "repensar a ciência do câncer, usando o metabolismo". Testes similares envolvendo embalagens prontas de refeições de Cantley também estão em andamento no Centro do Câncer Memorial Sloan Kettering, em Nova York, nos Estados Unidos, para o tratamento de mulheres com câncer do endométrio. Mas existe um importante desafio pendente, que é a enorme quantidade de interações entre alimentos e remédios. Para isso, Jelena Milešević chegou a juntar forças com uma equipe de biólogos computacionais para reunir todas as informações disponíveis sobre interações entre alimentos e remédios na literatura em um banco de dados organizado. A esperança é conseguir acompanhar melhor esses dados. "Achávamos que seria mais fácil, mas não foi tão simples", explica o biólogo computacional Enrique Carrillo de Santa Pau, do Instituto Alimentício IMDEA de Madri, na Espanha. Ele trabalhou no projeto e conta que havia poucos bancos de dados disponíveis e nenhum deles apresentava coincidências consistentes. A equipe acabou reunindo dados sobre milhões de interações entre alimentos e remédios em uma nova plataforma, para que os médicos pudessem ter acesso. Este é um quadro complexo e ainda está em desenvolvimento. Mas, no futuro, ele poderá fazer com que os médicos consigam recomendar uma dieta que complemente o tratamento medicamentoso. Enquanto isso, provavelmente é melhor dispensar o Viagra com suco de romã. Importante: todo o conteúdo desta reportagem é fornecido apenas como informação geral e não deverá ser tratado como substituto ao aconselhamento de um médico ou outro profissional de saúde. 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