Entrevista: 'Não adianta lançar nome inviável, e as pesquisas apontam Tarcísio, Ratinho e Michelle', diz Tereza Cristina

Entrevista: 'Não adianta lançar nome inviável, e as pesquisas apontam Tarcísio, Ratinho e Michelle', diz Tereza Cristina

Ex-ministra da Agricultura de Jair Bolsonaro e líder do PP no Senado, Tereza Cristina (MS) afirma que não adianta a oposição lançar um candidato sem viabilidade eleitoral contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2026, e citou os governadores Tarcísio de Freitas (São Paulo), Ratinho Júnior (Paraná) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro como alternativas. Sem criticar diretamente o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que tem feito ataques a nomes da direita, ela afirmou que espera que o bloco tenha "maturidade" de entender que a divisão só favorece o governo. Padrinho de casamento x sátira sobre prisão: o vaivém na relação entre Lula e Neguinho da Beija-Flor, cotado para se filiar ao PT Pré-candidato ao Senado: Derrite critica governo Lula por segurança e diz que oposição precisa de maioria na Casa Em entrevista ao GLOBO, a senadora também disse que é cedo para debater quem será o vice na chapa, posto para o qual ela própria é cotada, e elogiou o avanço das conversas entre Brasil e Estados Unidos pelo fim do tarifaço. O deputado Eduardo Bolsonaro articulou nos EUA sanções econômicas ao país e punições a autoridades brasileiras e criticou parlamentares, como a senhora, que tentaram negociar um acordo com o governo americano. Eduardo está prejudicando a direita? É uma posição dele. Foi embora do país, está lá (nos EUA) e é filho (de Jair Bolsonaro). Ele tem algumas razões diferentes das comerciais, mas o Congresso fez o papel que tinha que fazer: abrir o canal de conversação, fazer a diplomacia parlamentar. Nós temos culpa também, porque deixamos esse canal fechado durante muito tempo. O resultado dessa viagem não foi perdido, alguma sementinha nós plantamos. Conversamos com senadores americanos, e essa conversa fluiu dentro do Senado dos EUA. Eduardo anunciou a intenção de ser candidato à Presidência em 2026 e faz críticas a outros nomes da direita, como o governador Tarcísio de Freitas. Essa postura atrapalha a unidade da oposição para enfrentar Lula? Sempre vai ter gente que acompanha um lado ou outro. O melhor era que estivéssemos todos unidos em torno de um nome para as próximas eleições, mas eu acho que ainda tem tempo. Espero que a direita tenha maturidade para saber que nós temos um adversário, que é o governo que está aí, e não somos adversários entre nós. Quem vai disputar a eleição vai ser o PT contra alguém do campo da direita. O melhor dos mundos é que a direita sente e discuta o nome viável, porque não adianta colocar alguém que não tenha viabilidade. O senador Ciro Nogueira, presidente do PP, citou os governadores Tarcísio de Freitas e Ratinho Júnior como os únicos nomes viáveis da direita. Concorda com ele? São dois ótimos nomes. E tem outros ainda. As pesquisas dizem que são três (viáveis): Tarcísio, Ratinho e Michelle (Bolsonaro, ex-primeira-dama). Os três estão em nível de igualdade? Na pesquisa, sim. Vê o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, largando atrás? A senhora falou de três nomes viáveis para 2026 e ele não estava. Pode aparecer um nome, por exemplo, a Tereza candidata, mas não estava no jogo até esse momento. Está tudo embolado. Na pesquisa (Quaest) você vê Tarcísio, Michelle, Ratinho e Caiado. O que está um pouco atrás é o Eduardo Leite. Isso faz parte desse caminho, mas vai afunilando por conta da data de tomada dessas decisões. A direita pode ter mais de um candidato? Não é o ideal, mas pode ter. Ainda é cedo para isso. Os candidatos estão aí postos. As pesquisas mostram todo mundo da direita embolado. Se juntar, a chance é muito grande. O ideal seria o ex-presidente Jair Bolsonaro indicar o nome ainda este ano? Por que ele não faz isso? Não sei, não tenho conversado com o presidente Bolsonaro por conta da situação dele. Até já pedi para ir lá, mas ainda não recebi o OK. Ele deve ter os motivos. O presidente Bolsonaro é um político diferente. A lógica dele nem sempre é a lógica de todos. Na hora certa, tenho certeza que ele vai fazer isso. Ele erra na estratégia de ainda não ter indicado esse apoio? Ainda não, há tempo. Tarcísio tem dito que vai concorrer à reeleição em São Paulo, mas tem negociado com presidentes de partidos sobre temas nacionais para pressionar o governo Lula. Quais dificuldades vê para ele se assumir candidato a presidente? Por que ele tem que entrar na arena? O PT já o elegeu como alvo. Ele tem que cuidar de São Paulo, tem muita coisa para fazer lá. Na hora que a direita apoiar, se for o nome dele, tenho certeza que ele vai refletir e tomar uma posição rápida. A senhora e Ciro Nogueira são citados como opções para vice em uma chapa de direita. Há chances de um dos dois compor a candidatura? Está tão cedo para isso... A vice é a última coisa que se discute. Tem que ver o que traz mais votos, o que dá mais viabilidade ao candidato. Só não pode ter um vice que tire votos. O advogado-geral da União, Jorge Messias, o senador Rodrigo Pacheco, e o ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União, são os nomes citados para a vaga de Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal. Quem tem mais apoio na oposição? Eu imagino que seja o senador (Pacheco), nosso colega, mas não conversei com ninguém ainda. Concorda com a aprovação de um projeto que reduza penas de envolvidos no 8 de Janeiro em vez de uma anistia total? Não conheço os dois textos. Eu só sei que um é pela anistia ampla, geral e irrestrita, e outro fala de dosimetria, que era um projeto que o senador Davi (Alcolumbre, presidente do Senado) também vinha gestando há mais tempo. A anistia geral traria uma pacificação, mas a dosimetria também trará uma pacificação ao diminuir a pena do presidente Bolsonaro, que foi muito alta. Não tenho dúvida que trará benefícios. O que achou da conversa entre Lula e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o tarifaço? Vejo com muito bons olhos. Sou uma defensora dessa conversa desde o início, já disse que o presidente Lula deveria ter ligado para o presidente Trump há muito tempo. É um avanço nas relações. Vejo que a diplomacia finalmente vai distensionar e abrir um caminho. Os papéis estão definidos, o Itamaraty, o ministro da Indústria e Comércio (Geraldo Alckmin), todo mundo trabalhando para que possamos ter um horizonte.

Em mostra vista por mais de 240 mil pessoas, Flávio Cerqueira reproduz seu ateliê: 'É como se abrisse meu diário ao público'

Em mostra vista por mais de 240 mil pessoas, Flávio Cerqueira reproduz seu ateliê: 'É como se abrisse meu diário ao público'

Quando começou a cursar artes visuais na Faculdade Paulista de Artes (FPA), no início dos anos 2000, Flávio Cerqueira ainda não havia tido a experiência de entrar num museu. Aos 6 anos, em 1989, ao perguntar ao pai o que era o prédio da Pinacoteca de São Paulo, edifício neorrenascentista da região da Luz, no Centro da capital, ouviu a resposta de que era um lugar onde não poderiam entrar, porque “era só para pessoas ricas”. Em 2001, de volta ao mesmo local, ele decidiu entrar para ver a exposição “Auguste Rodin: A Porta do Inferno”, que mudaria não só sua concepção de arte (e de seus espaços de exibição), como também orientaria sua produção pelas décadas seguintes. Inteligência artificial: ferramenta é atual preocupação quando se trata de gerar imagens de arte originais Em 2026: Pavilhão do Brasil na Bienal de Veneza terá obras de Rosana Paulino e Adriana Varejão Quase 25 anos depois, do encantamento com as peças em bronze do mestre francês, Cerqueira criou seu próprio repertório para o metal, transformando-o em obras que, em sua maioria, abordam a vivência de tantos jovens crescidos na periferia, como ele próprio. Hoje um dos mais reconhecidos escultores de sua geração, é ele quem promove filas de visitantes na porta dos museus com seu trabalho. Um exemplo é a panorâmica comemorativa de 15 anos de carreira “Flávio Cerqueira — Um escultor de significados”, que já havia acumulado um público de 216 mil pessoas desde dezembro do ano passado, ao circular pelas sedes do Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo, Belo Horizonte e Brasília, e já passou de 30 mil desde a sua abertura no CCBB do Rio, semana passada. — É curiosa a relação com a Pinacoteca nesses dois momentos da minha vida. Primeiro como o menino que morava na Vila Maria (na Zona Norte de São Paulo), e depois cursando artes, mas sem essa perspectiva que teria futuramente — diz Cerqueira. — Quando entrei na faculdade, fazia bruxa e gnomo de durepóxi, queria ser hippie. Aí vejo ali uma estátua de bronze do Rodin de duas pessoas se beijando, não era o Caxias em cima do cavalo na praça. Eu quis trabalhar com bronze ali, entendendo que podia contar outras histórias. Pelas dificuldades trazidas pelo próprio material, Cerqueira conta que a formação com o bronze veio na prática, em cursos livres, em fundições e no convívio com profissionais que faziam peças para adornar sepulturas. Nos anos seguintes, o metal tomou forma do que via em sua vizinhança, nas ruas, no metrô. Até que, com quase uma década de carreira, a escultura “Amnésia” (2015) ganhou destaque em coletivas como “Queermuseu” (exposta no Santander Cultural, em Porto Alegre, em 2017, e na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio, em 2018) e “Histórias Afro-Atlânticas” (2018), no Masp — no museu paulistano, a obra chegou a estampar peças gráficas da mostra. Além dela, o escultor trouxe ao Rio outras 39 peças, incluindo três inéditas. Numa delas, “Nunca foi a primeira opção”, vê-se um jovem de boné de crochê, óculos juliet e Nike Shox nos pés, pintando a frase-título na parede. — Também é um título autobiográfico, porque para muitas escolhas não fui a primeira opção. Mas me permiti não aceitar as primeiras opções oferecidas a pessoas como eu, de fazer um puxadinho em cima da casa da mãe e só sair do bairro para trabalhar. Isso gera identificação com o público, em vários lugares. Um jovem carioca pode vir aqui e se reconhecer, entender que também não precisa aceitar a primeira opção — comenta o escultor. — Sou um ser humano que cresceu na periferia, mas naveguei em várias camadas da sociedade. Meu trabalho fala de amor, de angústia, de ausência, da raiva,de assuntos que são humanos. Então cada pessoa entende e se reconhece a partir do próprio repertório. 'Escultor de mão cheia' Parceira de trabalho há uma década e colega de Flávio Cerqueira na academia — o escultor conclui ano que vem o doutorado em artes visuais pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) — Lilia Schwarcz assina a curadoria. O processo, segundo a historiadora, antropóloga e imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL), é de troca intensa, com ela assinando o texto de abertura e o artista, os de parede. — Além de ter o domínio de todas as partes do processo, da criação à montagem das mostras, o Flávio é um intelectual, ele está discutindo proporção, profundidade, a expressão, a densidade do bronze — destaca Lilia. — O Flávio subverte esse material, historicamente usado para representar nossas elites, pelo valor e a dificuldade de fundição. Ali, a escultura de bronze, que vai atravessar o tempo, pode representar um menino negro, periférico. Para além da crítica social, tem uma qualidade estética enorme, ele é um escultor de mão cheia. O escultor entre as obras 'Tião' (2017) e 'Amnésia' (2015) Ana Branco Lilia também destaca que a mostra tem um núcleo dedicado ao processo de trabalho, com ferramentas, moldes em barro, látex e gesso, e bancadas trazidas do ateliê do escultor na Barra Funda, na Zona Oeste de São Paulo. — Quando abro meu ateliê ao público, trago meus objetos de uso pessoal, também estou me expondo — ressalta Cerqueira. — O quadro que está aqui é o que eu uso no dia a dia. Está manchado de tinta, de argila, porque faço anotações com a mão suja enquanto trabalho. É como se estivesse abrindo meu diário para o público. 'Nunca foi a primeira opção' (2024): uma das obras inéditas da mostra Ana Branco Numa vitrine, entre catálogos de mostras e publicações a seu respeito, está um caderno de prova de 2019 da Fuvest, responsável pelo vestibular da USP, em que uma das questões dissertativas está relacionada à imagem de “Amnésia”. Outro espaço conquistado pelo escultor, primeiro de sua família a ter um curso superior. — É importante que obras como as minhas e de outros artistas possam estar em provas, em livros escolares, também para uma formação simbólica. Crescemos com as figuras do Debret, do Rugendas nos nossos livros, e podemos trazer outras situações. A gente aprende pela retina — comenta. — Não é só mudar o olhar do menino pobre, mas de todo mundo. Já escutei uma colecionadora dizer que gosta das minhas esculturas, menos dos narizes, “que são muito largos”. Ou que o que faço “parece bandido”. Bandido para quem? Para mim, um cara de terno, colarinho branco e uma liminar na mão é mais bandido que um menino que não teve oportunidade.

Acusado de assassinar nutricionista em ataque a tiros na Bahia entra na lista de procurados da Interpol

Acusado de assassinar nutricionista em ataque a tiros na Bahia entra na lista de procurados da Interpol

A Interpol incluiu o nome do réu Marlon Ribeiro dos Santos, de 25 anos, na Difusão Vermelha, a lista internacional de procurados pela Justiça. Ele é acusado de participar do ataque a tiros que matou a nutricionista Larissa Pavan de Assis, de 27 anos, em Guarajuba, distrito turístico de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador. O crime ocorreu em 7 de dezembro de 2024 e o nome de Marlon foi incluído na lista no início de outubro. 'Nunca matei uma mosca': Aos 65 anos, maior estelionatária do país deixa Tremembé após mais de três décadas presa 'Se estivesse de viatura, levava a JBL': Câmera corporal flagra PMs do Bope furtando casa durante operação no Rio; veja Larissa Pavan de Assis, de 27 anos, morreu em dezembro de 2024 com um tiro na cabeça Reprodução A Interpol, a Organização Internacional de Polícia Criminal, reúne 194 países e funciona como rede de cooperação policial. A Difusão Vermelha é um alerta global que permite que um fugitivo seja localizado e preso em qualquer país-membro para fins de extradição. Na prática, significa que Marlon é agora considerado um foragido internacional, sujeito à prisão imediata caso seja encontrado. A inclusão aconteceu após pedido do Ministério Público da Bahia. O promotor Gilber Santos de Oliveira argumentou que Marlon fugiu para os Estados Unidos e que a prisão preventiva era urgente para garantir a aplicação da lei penal e evitar prejuízos à instrução criminal. Segundo ele, as provas da fuga tornavam inevitável o uso da cooperação internacional para localizar e prender o acusado. O crime ocorreu quando Larissa voltava de Salvador para Guarajuba com os irmãos em um carro de aplicativo. O motorista errou o trajeto e acabou passando pela entrada do condomínio em que Marlon e seu comparsa moravam, em Arembepe. De acordo com a denúncia, o gesto foi interpretado como provocação, levando os acusados a perseguirem o veículo. Pouco depois, um Jeep Renegade branco emparelhou com o carro da família, e os ocupantes abriram fogo. Larissa foi atingida na cabeça e morreu na hora. O motorista ficou ferido por estilhaços, mas sobreviveu. Também estavam no carro os três irmãos da jovem, de 15, 18 e 23 anos, que sobreviveram ao ataque. No entanto, além do homicídio de Larissa, Marlon e Fábio Ribeiro foram denunciados por quatro tentativas de homicídio: contra os três irmãos e o motorista do aplicativo. Três dias depois do crime, Marlon chegou a ser ouvido na delegacia de Monte Gordo, mas foi liberado por falta de provas naquele momento. No dia 12 de dezembro, a Justiça decretou a prisão temporária dele e de Fábio, mas os dois já haviam fugido. Posteriormente, a prisão preventiva foi determinada, e ambos permanecem em local incerto. Segundo o advogado da família, Richard Lacrose Almeida, os acusados desapareceram de forma estratégica. “Eles tiveram condições financeiras para sumir em poucas horas. No caso de Fábio, sabemos que ele possui recursos elevados, o que facilita esconderijos e atrapalha a execução da Justiça. Já Marlon, desde então, é considerado foragido, e as informações que recebemos indicam que ele pode ter saído do país”, disse. Marlon chegou a admitir em depoimento que a arma usada no crime pertencia a Fábio e que teria sido descartada no rio Jacuípe. Apesar de buscas, o revólver nunca foi localizado. Para o advogado, isso mostra a frieza dos acusados. “É um caso típico de dupla criminosa que não mediu esforços para apagar rastros. Estamos falando de homens ligados ao crime organizado, indivíduos com muito dinheiro e periculosos.” O assassinato de Larissa abriu caminho para que a polícia aprofundasse as investigações sobre a vida pregressa dos acusados. Esse desdobramento resultou na deflagração da Operação Dyanamus, em janeiro de 2025, com o objetivo de cumprir mandados de busca e a prisão preventiva de Marlon Ribeiro dos Santos. A ação mobilizou equipes em Camaçari e em cidades vizinhas, mas não conseguiu localizar os principais suspeitos. Durante as diligências, foram detidos apenas dois homens que não tinham ligação direta com o crime: um de 55 anos, por posse ilegal de munição, e um idoso de 62 anos, que já era alvo de um mandado de prisão por homicídio na comarca de Iaçu. Enquanto as diligências seguem, a família de Larissa luta para que o caso não caia no esquecimento. “Nós saímos de Eunápolis para vir a passeio e eu voltei com minha filha dentro de um caixão. Não tem sido fácil, ela faz muita falta para todos nós. Ela tinha uma vida e sonhos pela frente”, disse a mãe, Roseli Pavan. Larissa havia se formado em Nutrição e tinha acabado de abrir uma empresa de marmitas fitness. Descrita como estudiosa e dedicada à família, teria feito aniversário no fim de dezembro de 2024. Para os parentes, a inclusão de Marlon na Difusão Vermelha é um avanço, mas ainda distante da verdadeira justiça. “É fundamental que a sociedade não esqueça este crime. Larissa foi morta de forma covarde, e os culpados precisam ser levados ao Tribunal do Júri”, reforçou Richard.

Prêmio Jovem Cientista levou brasileiro a traçar trajetória de sucesso até doutorado nos EUA

Prêmio Jovem Cientista levou brasileiro a traçar trajetória de sucesso até doutorado nos EUA

O Prêmio Jovem Cientista mudou a trajetória de Célio Moura, de 33 anos. A premiação na edição de 2018 e o reconhecimento nacional do trabalho do pernambucano foram uma ponte para a vida acadêmica no exterior. Célio hoje é doutorando na Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, onde pesquisa a relação entre políticas ambientais e comunidades pesqueiras urbanas. 'Erro judiciário gravíssimo': STJ anula condenação e manda soltar acusado de crime após 15 anos preso PL do Licenciamento Ambiental: Randolfe diz que governo busca acordo às vésperas da COP-30 para sessão do Congresso que pode derrubar vetos — No fim da graduação, não tinha muita certeza do que seguir profissionalmente. O prêmio, ao validar meu trabalho e meu esforço, abriu uma possibilidade concreta de seguir na trajetória acadêmica, de acreditar que isso poderia render bons frutos — lembra. Célio conquistou o primeiro lugar entre 1.500 projetos com um estudo sobre conservação ambiental em áreas urbanas do Recife. A visibilidade da escolha, avalia, abriu o caminho para a aprovação em um programa de doutorado na Universidade de Illinois, mesmo sem vínculos prévios com instituições ou pesquisadores norte-americanos. — Quando me candidatei, meu inglês ainda era básico. Nunca tinha estudado ou publicado com ninguém dos Estados Unidos. Mesmo assim, fui aceito. Acredito que o Prêmio Jovem Cientista teve um papel importante nesse processo. No doutorado, em que é orientado por Onilda Gomes, Célio segue a mesma linha de pesquisa iniciada no projeto premiado, mas agora com foco nas comunidades tradicionais urbanas. O trabalho parte da comunidade do Bode, no Recife, onde sua família viveu nos anos 1970, e busca compreender como políticas de conservação e regularização fundiária impactam modos de vida locais. O pesquisador tem desenvolvido um trabalho etnográfico junto aos pescadores, com visitas frequentes à comunidade, oficinas participativas e a construção de pequenas estruturas que dão suporte à atividade pesqueira, como áreas cobertas para reparo de barcos e cozinhas comunitárias. A ideia é que elas ajudem a demarcar a atividade social no local. — Da última vez que fui ao Brasil, propus na Câmara dos Vereadores do Recife emendas à legislação que regula o uso do território na cidade. Nenhuma foi aceita. Então, decidimos fazer por conta própria, juntos — relata Célio. ‘Alta relevância’ Para Glauco Paiva, gerente executivo de Comunicação e Marca da Shell Brasil, o reconhecimento concedido pelo Prêmio Jovem Cientista ultrapassa o mérito individual de cada vencedor e reflete o papel estratégico da ciência no desenvolvimento do país. — O Prêmio Jovem Cientista se consolida como uma plataforma de alta relevância para que pesquisadores brasileiros sigam contribuindo para um futuro mais sustentável — afirma. Na edição deste ano, que terá os vencedores anunciados em novembro, doutorandos, mestrandos e alunos do ensino médio tiveram que propor soluções para o combate a desastres ambientais. Iniciativa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em parceria com a Fundação Roberto Marinho, o prêmio tem patrocínio da Shell, apoio de mídia da Editora Globo e do Canal Futura.

Pré-COP tem atrito com árabes e ‘surpresa’ chinesa

Pré-COP tem atrito com árabes e ‘surpresa’ chinesa

A reunião preparatória para a conferência mundial sobre o clima, a COP30, que ocorrerá no próximo mês em Belém (PA), terminou com uma posição mais firme em defesa do multilateralismo e de combustíveis sustentáveis entre os países reunidos em Brasília. Ainda assim, não houve consenso em temas como a redução do consumo de combustíveis fósseis — o que gerou atrito com os representantes da Arábia Saudita —, o aumento da contribuição financeira das nações desenvolvidas para medidas de adaptação às mudanças climáticas e o anúncio de metas mais ambiciosas de redução de emissões de gases de efeito estufa. Já a participação ativa de China e Índia foi vista como surpresa positiva. Às vésperas da COP30: Randolfe diz que governo busca acordo para sessão do Congresso que pode derrubar vetos ao PL do Licenciamento Ambiental A menos de um mês da COP 30: países só entregaram 31% das promessas de corte de emissões — O multilateralismo é a maior arma que existe contra o unilateralismo. Estamos vivendo um momento em que as medidas unilaterais estão mais fortes do que há muito tempo — afirmou o presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago. Entre os resultados da rodada de negociação está o compromisso conjunto entre Brasil, Itália, Japão e Índia para quadruplicar a produção e o uso de combustíveis sustentáveis até 2035 — um gesto simbólico de cooperação que indica disposição de alguns países para transformar promessas em ações tangíveis. Pela proposta, haverá uma meta diferente para cada país, a ser atingida até 2035. Os combustíveis sustentáveis incluem biocombustíveis, hidrogênio e e-fuel. A meta para quadruplicar sua produção se baseia em um relatório da Agência Internacional de Energia, e o compromisso busca apoio de outros países para ganhar tração até a Cúpula de Belém. A iniciativa é um sinal político para agentes econômicos investirem em tecnologias de combustíveis sustentáveis. Diante da possibilidade de exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas, o Brasil tem defendido a redução gradual do uso de combustíveis fósseis, com prioridade para que o processo comece pelos países ricos. Durante a reunião, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, reforçou a necessidade de eliminar progressivamente os subsídios aos combustíveis fósseis, estimados entre US$ 1,5 trilhão e US$ 7 trilhões, a depender da metodologia. Em comparação, os subsídios e investimentos em energias renováveis somam cerca de US$ 170 bilhões nos países do G20 — podendo chegar a US$ 500 bilhões, se incluídos recursos privados. — Pela primeira vez, o mundo adotou uma decisão que trata explicitamente da transição justa, ordenada e equitativa para o abandono dos combustíveis fósseis, com o objetivo de acelerar ações até 2050 — afirmou Marina, ao abrir a sessão sobre Balanço Global, Transição Energética e Fórum de Combustíveis Sustentáveis. A fala da ministra provocou reação dos sauditas, grandes produtores de petróleo, que lembraram que a transição energética não precisa ser feita apenas por meio da redução dos fósseis e que há outras opções. A proposta também enfrenta resistência da Bolívia, da Índia, da China e de outros países árabes. Na avaliação de interlocutores do governo e de organizações da sociedade civil, apesar da falta de compromissos mais ousados das grandes economias, sobretudo das nações desenvolvidas, o Brasil conseguiu preservar o protagonismo diplomático. A ausência de representantes dos Estados Unidos foi interpretada como sinal de desinteresse, mas não comprometeu o tom político do encontro. Para Claudio Angelo, coordenador de Política Internacional do Observatório do Clima, apesar das diferentes posições entre os países, a Pré-COP demonstrou alinhamento mínimo, que evitou que o negacionismo do presidente dos EUA, Donald Trump, atrapalhasse as discussões. — Esse alinhamento não deixou Trump dominar esse processo. A ausência dos Estados Unidos e o bullying de Trump sobre o mundo em relação ao clima não podem ser a tônica da COP30 — afirmou. Segundo negociadores, não havia expectativa de acordos formais na Pré-COP, mas de redução das divergências entre os países. Mesmo assim, a poucos dias da COP30, as delegações tiveram dificuldade para alinhar posições em torno de três eixos considerados essenciais: transição justa, adaptação e implementação — conceitos diferentes, porém interligados, que definem o rumo das ações globais contra a crise climática. A transição justa trata da passagem para uma economia de baixo carbono, baseada em energias renováveis e práticas sustentáveis, sem deixar para trás trabalhadores e comunidades dependentes de setores poluentes. Já a adaptação diz respeito às medidas para reduzir os impactos do aquecimento global, como obras de infraestrutura, reflorestamento e políticas públicas voltadas à resiliência climática. O principal desafio é assegurar financiamento previsível para que países em desenvolvimento possam aplicar essas ações. Depois de anos de metas e compromissos — como o Acordo de Paris (2015) —, o foco agora é a implementação, isto é, colocar em prática o que foi prometido. Isso implica cumprir planos nacionais de descarbonização, investir em energias limpas, conter o desmatamento e financiar a adaptação e a transição justa. Autoridades reconhecem que há distância entre discurso e ação, e que o ritmo atual ainda é insuficiente para manter o aquecimento global dentro do limite de 1,5°C. Uma das surpresas da Pré-COP foi a participação ativa de China e Índia. Tradicionalmente ausente dessas etapas preparatórias, Pequim enviou uma delegação de alto nível, enquanto Nova Délhi reconheceu que a fase atual exige implementação efetiva dos compromissos já assumidos — uma mudança de postura em relação a encontros anteriores. A reunião também foi marcada pela defesa de uma reforma no sistema de financiamento climático. Na segunda-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu ajustes nos organismos multilaterais de crédito. No dia seguinte, Marina Silva reforçou o apelo: — É urgente reformar o sistema global de financiamento climático para que os planos dos países mais vulneráveis avancem na escala exigida pela ciência e pela lógica do respeito à vida — afirmou a ministra. Com o encerramento da Pré-COP, delegações estrangeiras que permanecem no Brasil participarão, nesta quinta e sexta-feira, de reuniões fechadas com autoridades brasileiras.

Cotados a vaga no STF apostam em atuação discreta para não irritar Lula

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Cinco dias após o ministro Luís Roberto Barroso anunciar sua aposentadoria do Supremo Tribunal Federal (STF), os favoritos à vaga de ministro da mais alta Corte do país têm optado por se movimentar com discrição — inclusive como forma de não pressionar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem compete indicar um nome. A postura mais contida, ao menos publicamente, vem sendo adotada tanto pelo advogado-geral da União, Jorge Messias, quanto pelo senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Bruno Dantas. Matéria exclusiva para assinantes. Para ter acesso completo, acesse o link da matéria e faça o seu cadastro.

Indicador de qualidade, tempo integral e educação digital e ambiental: entenda tudo o que pode mudar com o novo PNE

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O relatório do Plano Nacional de Educação (PNE), apresentado ontem em uma comissão especial que debate o tema na Câmara, prevê uma nova forma de medir a qualidade da aprendizagem nas redes de ensino, substituindo o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) depois de dez anos. O parecer também amplia objetivos antigos, sendo mais ambicioso no atendimento de jovens em tempo integral e no ensino superior, e cria novas metas, como implementação de educação digital e ambiental. Matéria exclusiva para assinantes. Para ter acesso completo, acesse o link da matéria e faça o seu cadastro.

'Expansão ousada' e 'meta irrealista': os cuidados que especialistas apontam para o novo Plano Nacional de Educação

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O relatório do Plano Nacional de Educação (PNE) apresenta pontos que, segundo especialistas de educação, ainda podem evoluir. O texto, considerado um avanço ao atual PNE, foi entregue ontem em uma comissão especial que debate o tema na Câmara. Matéria exclusiva para assinantes. Para ter acesso completo, acesse o link da matéria e faça o seu cadastro.

"Dona Onete": documentário celebra trajetória e música de lenda viva da música amazônica

"Dona Onete": documentário celebra trajetória e música de lenda viva da música amazônica

Após emocionar o público no Festival do Rio, o documentário Dona Onete – Meu coração neste pedacinho aqui estreia na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que começa nesta quinta-feira (16). Dirigido por Mini Kerti, o filme percorre os rios, as festas e as memórias de uma das vozes mais importantes da música brasileira – uma mulher que transformou a própria vida em melodia, sabedoria e resistência. Professora, militante, ribeirinha e, por fim, estrela tardia da música (seu primeiro álbum, Feitiço Caboclo, foi lançado em 2012), Dona Onete, 86 anos, se tornou um símbolo da Amazônia viva. Sua trajetória é acompanhada por Mini em um registro que vai muito além da cinebiografia. “Essa é a realidade dela – nós apenas seguimos suas pegadas”, conta a diretora à Vogue Brasil. “Cada lugar por onde passou – os igarapés, os rios, os açaizais, a cidade de Igarapé-Miri e a vibrante Belém, ela transformou em canção. Meu desejo foi transmitir ao espectador a sensação desses lugares, dessa floresta, dessas festas – o que ela faz com tanta maestria por meio da música.” Filmado ao longo de um ano e meio no Pará, o documentário mistura paisagens e afetos, costurando o cotidiano de Onete (que neste ano inspirou o enredo da Grande Rio, que desfila pelo Grupo Especial do Rio de Janeiro), com suas cantorias e celebrações. “O filme tem um aspecto sensorial que considero essencial para compreender a personalidade dela”, explica Mini. A floresta, as pessoas, o som e até os silêncios compõem o retrato de uma mulher que carrega o território no corpo e na voz. Aliás, a narrativa propõe um movimento circular — um ir e vir que espelha o próprio ritmo dos rios e da vida. “A volta para Belém marca o início de uma grande transformação. Uma reconexão com ela mesma”, continua a diretora. “No bairro da Pedreira, Dona Onete ressurge como cantora e, a partir dali, conquista o mundo.” Essa virada, que acontece já na maturidade, revela uma artista que só encontrou seu palco depois de uma longa vida dedicada à comunidade, à educação e à cultura popular. Dona Onete e Gaby Amarantos Divulgação No filme, a música se mistura à culinária, às ervas e aos rituais que fazem parte de seu cotidiano. “O desafio foi mostrar não apenas a guardiã dos saberes ancestrais, mas também a mulher que celebra a vida e o cotidiano do seu lugar”, explica Mini Kerti. “É um documentário musical, mas também narrativo — e, nos momentos mais emocionais, a imagem ganha um papel quase poético.” Essa poesia se expande nas participações especiais de nomes como Emicida, Dira Paes, Fafá de Belém e Gaby Amarantos, que se unem para compor um retrato múltiplo e afetuoso da artista. “Cada um trouxe sua própria leitura sobre ela. Emicida fala da simplicidade e da poesia. Fafá, da fé. Gaby relembra sua ligação de infância em Igarapé-Miri e Dira mergulha no glossário paraense que atravessa suas músicas”, explica. Dona Onete Divulgação Entre risos e histórias amorosas, o filme também celebra a sensualidade livre e madura de Dona Onete, uma mulher que se reinventou sem pudores. “Ela mesma conta histórias deliciosas sobre como, aos 55 anos, voltou à vida de solteira”, relembra. “Essa sabedoria amorosa é parte dela. Visualmente, os bailes bregas, as aparelhagens e as imagens de arquivo ajudam a transmitir essa sensualidade legítima das caboclas e das mulheres do seu lugar.” Mini Kerti com Dona Onete ao fundo Divulgação Mas Dona Onete – Meu coração neste pedacinho aqui é, acima de tudo, um gesto de amor à cultura popular e uma forma de resistência. “Registrar sua trajetória é, sim, um ato de resistência — mas também uma declaração de amor à cultura que ela representa”, define. “O público internacional pode perceber, na arte dela, essa singularidade amazônica que é ao mesmo tempo profundamente local e universal. Quem cuida do seu próprio lugar, cuida do planeta.” @mostrasp Serviço Exibições de “Dona Onete – Meu coração neste pedacinho aqui” na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo 26 de outubro | 19h50 – Cinemateca, Sala Grande Otelo 29 de outubro | 16h45 – Cinesesc Mais em Globo Condé Nast Canal da Vogue Quer saber as principais novidades sobre moda, beleza, cultura e lifestyle? Siga o novo canal da Vogue no WhatsApp e receba tudo em primeira mão!

iOS 26.1 beta 3 chegou! Veja como instalar a nova versão do sistema

iOS 26.1 beta 3 chegou! Veja como instalar a nova versão do sistema

O iOS 26.1 beta 3, nova versão do sistema operacional da Apple, começou a ser liberado para desenvolvedores nesta semana. A atualização traz avanços na inteligência artificial da empresa, a Apple Intelligence, melhorias no recurso Live Translate e uma nova identidade visual para o aplicativo de streaming da empresa. A expectativa é que o acesso para testadores públicos seja liberado nos próximos dias, enquanto a versão final do iOS 26.1 deve chegar ao público geral entre o final de outubro e o início de novembro. Veja a seguir todos os detalhes da atualização e como instalá-la. iOS 26 vs iOS 18: o que realmente mudou? Veja comparação dos sistemas Canal do TechTudo no WhatsApp: acompanhe as principais notícias, tutoriais e reviews Qual a última atualização do iPhone (iOS)? Até o momento, a versão 26.0.1 é a mais recente, mas o iOS 26.1 já está em fase de testes; veja como acessar versão beta Letícia Rosa/TechTudo Quais iPhones vão receber o iOS 26? Veja no fórum do TechTudo Initial plugin text iOS 26.1 beta 3 chegou! Veja como instalar a nova versão do sistema Como instalar o iOS 26.1 beta 3? O que mudou no iOS 26.1 beta 3? Quem pode usar o iOS 26.1 beta 3? Quais iPhones vão receber o iOS 26.1 beta 3? 1. Como instalar o iOS 26.1 beta 3? A versão iOS 26.1 beta 3 está disponível, por enquanto, apenas para desenvolvedores. Assim, para ter acesso, é necessário se cadastrar no Programa Apple Developer. O cadastro é simples: basta acessar o site developer.apple.com, fazer login com seu Apple ID e seguir as instruções para ativar a conta. Vale lembrar que o acesso aos betas de desenvolvedor para instalação no dispositivo, via Ajustes, é gratuito, enquanto o programa completo, voltado para a publicação de aplicativos, exige uma assinatura anual. Quem não deseja se tornar desenvolvedor pode participar do Apple Beta Software Program, que permite testar as versões beta públicas gratuitamente, mas é necessário aguardar a liberação dessa versão, que costuma ocorrer alguns dias depois. Para isso, basta se inscrever no site beta.apple.com e cadastrar o iPhone para receber as atualizações. Liquid Glass é um dos grandes destaques dentro das atualizações do iOS 26 Reprodução/Apple Antes de iniciar a instalação, é preciso fazer um backup completo do iPhone no iCloud ou em um computador (Mac ou PC), já que versões beta podem apresentar instabilidades e falhas. Depois, siga o passo a passo: Passo 1. Abra Ajustes > Geral > Atualização de Software > Atualizações Beta; Passo 2. Selecione iOS 26 Developer Beta (se for desenvolvedor) ou iOS 26 Public Beta (se for testador público); Passo 3. Volte para a tela de atualização para que o iPhone procure a nova versão; Passo 4. Toque em Baixar e Instalar e siga as instruções na tela, mantendo o aparelho com bateria acima de 50% e conectado a uma rede Wi-Fi estável; Passo 5. Aguarde o reinício automático após a instalação. 2. O que mudou no iOS 26.1 beta 3? Novo ícone para o Apple TV O aplicativo Apple TV ganhou um novo ícone mais vibrante e colorido, alinhado ao rebranding do serviço de streaming da Apple, que está sendo simplificado de Apple TV+ para apenas Apple TV em alguns contextos. Apple TV + foi rebatizada para Apple TV Reprodução/Apple Pistas de Integração de IAs de Terceiros (Apple Intelligence) No código da nova versão do iOS, foram encontradas indicações de que a integração com Inteligências Artificiais (IAs) de terceiros pode ser ampliada além do ChatGPT, que já havia sido anunciado. Isso fica evidente na alteração de uma opção de relatório de problemas, que mudou de “Relatar uma preocupação relacionada ao ChatGPT” para a mais genérica “Relatar uma preocupação relacionada a um terceiro”, sinalizando que outras IAs, como o Gemini da Google, podem ser adicionadas futuramente. Melhorias e Ajustes de Interface em alguns aplicativos O app Relógio/Alarmes voltou a permitir o gesto de deslizar para parar ou adiar alarmes e temporizadores, em vez de depender dos botões. Além disso, o Apple Music passou a oferecer um novo gesto de deslizar no mini-player para avançar ou retroceder faixas. Uma nova opção de acessibilidade também foi adicionada, permitindo tornar certos itens do sistema mais acessíveis com um único toque. Avanços na Apple Intelligence e Tradução O iOS 26.1 Beta 3 amplia o suporte a idiomas na Apple Intelligence e na Tradução ao Vivo dos AirPods, adicionando dinamarquês, holandês, norueguês, português de Portugal, sueco, turco, chinês tradicional e vietnamita. 3. Quais iPhones vão receber o iOS 26.1 beta 3? iPhone Air iPhone 17 Pro Max iPhone 17 Pro iPhone 17 iPhone 16 Pro Max iPhone 16 Pro iPhone 16 Plus iPhone 16e iPhone 16 iPhone 15 Pro Max iPhone 15 Pro iPhone 15 Plus iPhone 15 iPhone 14 Pro Max iPhone 14 Pro iPhone 14 Plus iPhone 14 iPhone 13 Pro Max iPhone 13 Pro iPhone 13 Mini iPhone 13 iPhone 12 Pro Max iPhone 12 Pro iPhone 12 Mini iPhone 12 iPhone 11 Pro Max iPhone 11 Pro iPhone 11 iPhone SE (2ª geração) Com informações de Apple Mais do TechTudo Veja também: O QUE ACHAMOS DO iOS 26?? Confira nossas impressões! O QUE ACHAMOS DO iOS 26?? Confira nossas impressões!

'Professores da educação infantil fazem o trabalho mais importante da sociedade, mas são desvalorizados', diz pesquisadora de Harvard

'Professores da educação infantil fazem o trabalho mais importante da sociedade, mas são desvalorizados', diz pesquisadora de Harvard

'Professores da educação infantil fazem o trabalho mais importante da sociedade' “Ser levada a sério é o maior desafio.” É assim que Elisangela Lima, de 47 anos, define seu principal obstáculo como professora de educação infantil no Brasil. Ela trabalha em uma creche pública conveniada à prefeitura de São Paulo: são 10 horas por dia dedicadas a uma turma de 25 crianças (de 3 e 4 anos). “A maioria das pessoas acha que é só cuidar e brincar. E não é assim — exige formação e planejamento. Estamos formando cidadãos”, afirma. ‍Neste 15 de outubro, Dia dos Professores, o g1 explica por que os docentes dessa etapa desempenham uma função tão relevante para o país — e como, ainda assim, não são reconhecidos. Em entrevista à reportagem, Dana McCoy, professora da Universidade Harvard e co-presidente do Programa de Desenvolvimento Humano e Educação (HDE) da instituição americana, reforça que a tendência mundial ainda é esta: desvalorizar os profissionais de creches (instituições para bebês de 0 a 3 anos) e pré-escolas (4 e 5 anos). Unidade de Educação Infantil na cidade de SP Reprodução/Prefeitura de São Paulo “Eu ficaria feliz se pelo menos recebessem o mesmo que os outros professores”, afirma ela, que esteve em São Paulo neste mês para o Simpósio Internacional de Educação Infantil da Fundação Bracel. “Eles não só ensinam leitura e matemática, mas também ajudam a desenvolver o ‘todo’ da criança: auxiliam na regulação emocional, nas relações sociais, no cuidado físico.” McCoy diz que eles não têm um status compatível com o impacto que são capazes de produzir. “Fazem o trabalho mais importante de toda a sociedade. O futuro econômico e a capacidade de inovação nascem nas creches e pré-escolas, porque é lá que as habilidades fundamentais serão desenvolvidas”, afirma. Dana McCoy é professora de Harvard e estuda sobre a primeira infância Divulgação Veja 4 fatores que demonstram o peso da fase escolar inicial: ?Os primeiros anos de vida são os mais importantes para o aprimoramento do sistema neurológico. Experiências educativas nessa etapa estimulam áreas do cérebro responsáveis por linguagem, raciocínio lógico e criatividade. A interação com outras crianças em ambientes educativos favorece o desenvolvimento de habilidades sociais, como empatia, cooperação e resolução de conflitos. O acesso à educação infantil de qualidade ajuda a diminuir disparidades socioeconômicas: reduz em 65% o risco de um indivíduo cometer crimes violentos no futuro e em 20% a probabilidade de não ter um trabalho (de acordo com estudo de Sneha, Garcia, Hojman e Heckman, de 2016). Ambientes estimulantes e acolhedores contribuem para a formação de autoestima, autonomia e segurança emocional dos alunos. Em resumo: programas de educação infantil melhoram os resultados dos alunos não só em aprendizado e em habilidades acadêmicas, mas também em bem-estar emocional, saúde física, autonomia e desenvolvimento motor. “Os investimentos que fazemos em políticas e programas voltados para a primeira infância têm maior retorno do que em qualquer outro período da vida. Claro que nunca é tarde para investir, mas, se quisermos ter o maior benefício possível para cada dólar investido, esse é o momento ideal”, explica a professora de Harvard. 'Algumas crianças só se alimentam na escola' Elisangela é professora em escola de educação infantil pública Arquivo pessoal Nos casos de alunos que vivem em contextos de vulnerabilidade, a escola acaba assumindo funções que inicialmente nem seriam atribuídas a ela. Um exemplo básico: o mais importante para uma criança nos primeiros anos de vida é ter uma relação forte e afetiva com um adulto que realmente se importe com ela. Se não houver essa possibilidade na família, é o professor que acaba assumindo o papel, por mais sobrecarregado que já esteja. “Caso seja uma educação infantil de alta qualidade, com um professor dedicado e afetuoso, isso pode proteger alguém dos impactos negativos e das adversidades vividas em casa”, afirma McCoy, de Harvard. Elisangela, professora citada no início da reportagem, conta que, na sua turma de 25 alunos, há três com deficiência. Um deles, com paralisia cerebral, ainda está na fila do Sistema Único de Saúde (SUS) para ter acesso a terapias. “Enquanto a aprovação não sai, a gente tenta desenvolvê-lo com o que tem aqui dentro da escola”, diz Elisangela, citada no início da reportagem. “Há também crianças que só se alimentam aqui dentro. Eu sei que algumas delas precisam da creche também para isso.” O que falta aos professores? Dana McCoy divide as necessidades dos docentes em dois aspectos: Níveis básicos de segurança e de estrutura: por quantas crianças cada professor é responsável? Há acesso a brinquedos, livros, água potável e banheiros infantis? O ambiente é seguro e estimulante? No Brasil, apenas 35% das escolas públicas de educação infantil têm área verde. Nem metade (41%) disponibiliza parquinho, e 30% não possuem material pedagógico específico para crianças, segundo microdados do Censo Escolar da Educação Básica, formulado pelo Inep e analisado pela ONG Todos Pela Educação. Qualidade processual: a remuneração é compatível com a função desempenhada pelos professores? Eles estão sobrecarregados emocionalmente ou recebem cuidados? Os currículos são completos? Todos receberam a formação adequada? “Precisamos oferecer condições para que eles próprios estejam bem. Só assim poderão fazer esse trabalho essencial de cuidar e interagir com as crianças”, diz Dana McCoy. Segundo ela, houve, historicamente, uma tendência nas políticas públicas e nas pesquisas sobre educação infantil de focar apenas na criança — e de ver no educador alguém que apenas transmite conteúdos, “como se ele não fosse um ser humano, mas um ‘agente de entrega’”. “Isso está começando a mudar”, diz. ➡️Entre os avanços, especificamente no Brasil, estão a instituição da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE) com diretrizes sobre a creche e a pré-escola, e a instituição de um piso salarial nacional para todos os professores. Mas nem sempre os documentos e decisões públicas são respeitados no dia a dia. No caso da remuneração, como os responsáveis pelo pagamento são as redes de ensino, cada estado e município oficializa seus valores. Segundo pesquisa do QueroBolsa, professores de educação infantil recebem, em média, R$ 2.604,57, bem abaixo do piso (R$ 4.867,77, para a jornada de 40 horas semanais). A sociedade tende a subvalorizar o trabalho de cuidado de crianças pequenas. “Historicamente, isso foi visto como responsabilidade das famílias, especialmente das mães, que faziam esse trabalho sem apoio social e sem remuneração. Há, portanto, uma dimensão de gênero muito forte”, diz McCoy. No Brasil, as mulheres representam 97% dos professores de creche e 94% dos de pré-escola. Formação frágil dos pedagogos agrava o quadro ✏️No Brasil, outro obstáculo é a qualidade na formação dos professores. Na creche, dos 373.181 docentes, 19% estudaram até o ensino fundamental ou médio, sem faculdade. A situação é parecida na pré-escola, em que, dos 366.042 professores, 17% não têm graduação. E, mesmo no caso daqueles que cursaram pedagogia, existe outro problema: a baixa qualidade dos cursos oferecidos, principalmente à distância. “Estudos que avaliaram os currículos dos cursos de pedagogia mostram que eles não estão tão voltados para a educação infantil. Quando essas disciplinas existem, são muito teóricas e pouco voltadas para a prática docente”, diz Abuchaim, da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal. “O professor acaba não tendo uma formação inicial que realmente o prepare para o que encontrará em sala de aula.” Veja questões que os professores enfrentam na educação infantil e que requerem a formação em pedagogia, e não apenas "instinto" ou "improviso": saber colocar intencionalidade educativa nas brincadeiras e no convívio entre todos, para que mais habilidades sejam desenvolvidas; conhecer os objetivos da etapa de ensino e conseguir organizar o processo escolar para dar conta de todos esses eixos. conseguir elaborar atividades adequadas à idade de cada criança e aos objetivos de aprendizagem a serem atingidos; fazer uma observação sistemática de cada aluno, para monitorar o desenvolvimento dele; saber rever o próprio trabalho e, quando necessário, mudar a estratégia pedagógica. É um ciclo: quanto mais atrativa for a carreira, mais bem preparados estarão os professores. E quanto mais qualificados eles forem, melhor será a educação oferecida às crianças — especialmente nas regiões mais vulneráveis. Vídeos de Educação Por que o alto nº de professores temporários é ruim para o Brasil? Censo Escolar mostra precarização dos professores e descumprimento de meta nas creches

'Professores da educação infantil fazem o trabalho mais importante da sociedade, mas são desvalorizados', diz pesquisadora de Harvard

'Professores da educação infantil fazem o trabalho mais importante da sociedade, mas são desvalorizados', diz pesquisadora de Harvard

'Professores da educação infantil fazem o trabalho mais importante da sociedade' “Ser levada a sério é o maior desafio.” É assim que Elisangela Lima, de 47 anos, define seu principal obstáculo como professora de educação infantil no Brasil. Ela trabalha em uma creche pública conveniada à prefeitura de São Paulo: são 10 horas por dia dedicadas a uma turma de 25 crianças (de 3 e 4 anos). “A maioria das pessoas acha que é só cuidar e brincar. E não é assim — exige formação e planejamento. Estamos formando cidadãos”, afirma. ‍Neste 15 de outubro, Dia dos Professores, o g1 explica por que os docentes dessa etapa desempenham uma função tão relevante para o país — e como, ainda assim, não são reconhecidos. Em entrevista à reportagem, Dana McCoy, professora da Universidade Harvard e co-presidente do Programa de Desenvolvimento Humano e Educação (HDE) da instituição americana, reforça que a tendência mundial ainda é esta: desvalorizar os profissionais de creches (instituições para bebês de 0 a 3 anos) e pré-escolas (4 e 5 anos). Unidade de Educação Infantil na cidade de SP Reprodução/Prefeitura de São Paulo “Eu ficaria feliz se pelo menos recebessem o mesmo que os outros professores”, afirma ela, que esteve em São Paulo neste mês para o Simpósio Internacional de Educação Infantil da Fundação Bracel. “Eles não só ensinam leitura e matemática, mas também ajudam a desenvolver o ‘todo’ da criança: auxiliam na regulação emocional, nas relações sociais, no cuidado físico.” McCoy diz que eles não têm um status compatível com o impacto que são capazes de produzir. “Fazem o trabalho mais importante de toda a sociedade. O futuro econômico e a capacidade de inovação nascem nas creches e pré-escolas, porque é lá que as habilidades fundamentais serão desenvolvidas”, afirma. Dana McCoy é professora de Harvard e estuda sobre a primeira infância Divulgação Veja 4 fatores que demonstram o peso da fase escolar inicial: ?Os primeiros anos de vida são os mais importantes para o aprimoramento do sistema neurológico. Experiências educativas nessa etapa estimulam áreas do cérebro responsáveis por linguagem, raciocínio lógico e criatividade. A interação com outras crianças em ambientes educativos favorece o desenvolvimento de habilidades sociais, como empatia, cooperação e resolução de conflitos. O acesso à educação infantil de qualidade ajuda a diminuir disparidades socioeconômicas: reduz em 65% o risco de um indivíduo cometer crimes violentos no futuro e em 20% a probabilidade de não ter um trabalho (de acordo com estudo de Sneha, Garcia, Hojman e Heckman, de 2016). Ambientes estimulantes e acolhedores contribuem para a formação de autoestima, autonomia e segurança emocional dos alunos. Em resumo: programas de educação infantil melhoram os resultados dos alunos não só em aprendizado e em habilidades acadêmicas, mas também em bem-estar emocional, saúde física, autonomia e desenvolvimento motor. “Os investimentos que fazemos em políticas e programas voltados para a primeira infância têm maior retorno do que em qualquer outro período da vida. Claro que nunca é tarde para investir, mas, se quisermos ter o maior benefício possível para cada dólar investido, esse é o momento ideal”, explica a professora de Harvard. 'Algumas crianças só se alimentam na escola' Elisangela é professora em escola de educação infantil pública Arquivo pessoal Nos casos de alunos que vivem em contextos de vulnerabilidade, a escola acaba assumindo funções que inicialmente nem seriam atribuídas a ela. Um exemplo básico: o mais importante para uma criança nos primeiros anos de vida é ter uma relação forte e afetiva com um adulto que realmente se importe com ela. Se não houver essa possibilidade na família, é o professor que acaba assumindo o papel, por mais sobrecarregado que já esteja. “Caso seja uma educação infantil de alta qualidade, com um professor dedicado e afetuoso, isso pode proteger alguém dos impactos negativos e das adversidades vividas em casa”, afirma McCoy, de Harvard. Elisangela, professora citada no início da reportagem, conta que, na sua turma de 25 alunos, há três com deficiência. Um deles, com paralisia cerebral, ainda está na fila do Sistema Único de Saúde (SUS) para ter acesso a terapias. “Enquanto a aprovação não sai, a gente tenta desenvolvê-lo com o que tem aqui dentro da escola”, diz Elisangela, citada no início da reportagem. “Há também crianças que só se alimentam aqui dentro. Eu sei que algumas delas precisam da creche também para isso.” O que falta aos professores? Dana McCoy divide as necessidades dos docentes em dois aspectos: Níveis básicos de segurança e de estrutura: por quantas crianças cada professor é responsável? Há acesso a brinquedos, livros, água potável e banheiros infantis? O ambiente é seguro e estimulante? No Brasil, apenas 35% das escolas públicas de educação infantil têm área verde. Nem metade (41%) disponibiliza parquinho, e 30% não possuem material pedagógico específico para crianças, segundo microdados do Censo Escolar da Educação Básica, formulado pelo Inep e analisado pela ONG Todos Pela Educação. Qualidade processual: a remuneração é compatível com a função desempenhada pelos professores? Eles estão sobrecarregados emocionalmente ou recebem cuidados? Os currículos são completos? Todos receberam a formação adequada? “Precisamos oferecer condições para que eles próprios estejam bem. Só assim poderão fazer esse trabalho essencial de cuidar e interagir com as crianças”, diz Dana McCoy. Segundo ela, houve, historicamente, uma tendência nas políticas públicas e nas pesquisas sobre educação infantil de focar apenas na criança — e de ver no educador alguém que apenas transmite conteúdos, “como se ele não fosse um ser humano, mas um ‘agente de entrega’”. “Isso está começando a mudar”, diz. ➡️Entre os avanços, especificamente no Brasil, estão a instituição da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE) com diretrizes sobre a creche e a pré-escola, e a instituição de um piso salarial nacional para todos os professores. Mas nem sempre os documentos e decisões públicas são respeitados no dia a dia. No caso da remuneração, como os responsáveis pelo pagamento são as redes de ensino, cada estado e município oficializa seus valores. Segundo pesquisa do QueroBolsa, professores de educação infantil recebem, em média, R$ 2.604,57, bem abaixo do piso (R$ 4.867,77, para a jornada de 40 horas semanais). A sociedade tende a subvalorizar o trabalho de cuidado de crianças pequenas. “Historicamente, isso foi visto como responsabilidade das famílias, especialmente das mães, que faziam esse trabalho sem apoio social e sem remuneração. Há, portanto, uma dimensão de gênero muito forte”, diz McCoy. No Brasil, as mulheres representam 97% dos professores de creche e 94% dos de pré-escola. Formação frágil dos pedagogos agrava o quadro ✏️No Brasil, outro obstáculo é a qualidade na formação dos professores. Na creche, dos 373.181 docentes, 19% estudaram até o ensino fundamental ou médio, sem faculdade. A situação é parecida na pré-escola, em que, dos 366.042 professores, 17% não têm graduação. E, mesmo no caso daqueles que cursaram pedagogia, existe outro problema: a baixa qualidade dos cursos oferecidos, principalmente à distância. “Estudos que avaliaram os currículos dos cursos de pedagogia mostram que eles não estão tão voltados para a educação infantil. Quando essas disciplinas existem, são muito teóricas e pouco voltadas para a prática docente”, diz Abuchaim, da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal. “O professor acaba não tendo uma formação inicial que realmente o prepare para o que encontrará em sala de aula.” Veja questões que os professores enfrentam na educação infantil e que requerem a formação em pedagogia, e não apenas "instinto" ou "improviso": saber colocar intencionalidade educativa nas brincadeiras e no convívio entre todos, para que mais habilidades sejam desenvolvidas; conhecer os objetivos da etapa de ensino e conseguir organizar o processo escolar para dar conta de todos esses eixos. conseguir elaborar atividades adequadas à idade de cada criança e aos objetivos de aprendizagem a serem atingidos; fazer uma observação sistemática de cada aluno, para monitorar o desenvolvimento dele; saber rever o próprio trabalho e, quando necessário, mudar a estratégia pedagógica. É um ciclo: quanto mais atrativa for a carreira, mais bem preparados estarão os professores. E quanto mais qualificados eles forem, melhor será a educação oferecida às crianças — especialmente nas regiões mais vulneráveis. Vídeos de Educação Por que o alto nº de professores temporários é ruim para o Brasil? Censo Escolar mostra precarização dos professores e descumprimento de meta nas creches